sábado, 28 de julho de 2007

Deep Purple In Pod

DEEP PURPLE IN POD

Vamos expandir um pouco os limites deste blog. Hoje, inauguramos a primeira edição do podcast DEEP PURPLE IN POD, o podcast do Purpendicular. Você pode ouvir neste link ou aqui:



Nesta edição, o podcast traz algumas lembranças da minha viagem a Londres, há poucos dias. Fiz uma peregrinação a alguns dos lugares que marcaram a história da banda. Deixei de tirar fotos de dois deles - o antigo Speakeasy, onde o Gillan cantou pela primeira vez com o Purple, e o estúdio De Lane Lea, onde a maior parte dos primeiros discos foi gravada. O primeiro porque a bateria da máquina estava enchendo o saco, o segundo porque um mendigo estava enchendo o saco.

Antes, vejam as músicas tocadas no podcast, em ordem:

1. Grabsplatter - na BBC
2. Child in Time - Ian Gillan Band
3. Kneel and Pray - na BBC
4. Bloodsucker - na BBC
5. Black Night - na BBC
6. Aranea - Butterfly Ball, ao vivo (cantada por Judi Kuhl, ex-mulher do Roger Glover)
7. 69 - Abandon
8. Show me the Way to Go Home - outtake, 1971

Posto algumas imagens nos próximos dias.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

In Pod

Estou preparando para este final de semana a primeira edição do IN POD, o podcast do Purpendicular. A primeira edição terá material da minha viagem a Londres, na semana passada.

Quem é muçulmano sempre sonha visitar Meca. Quem é judeu faz de tudo por uma visita ao Muro das Lamentações. Os seguidores de Paulo Coelho sentam e choram no caminho de Santiago de Compostela. Alguns cristãos refazem a via-crúcis em Jerusalém.

Eu, que sou purpleano, caminhei pelas redondezas da Oxford Street, em Londres, para conhecer alguns lugares que marcaram a história do Deep Purple: escritório, estúdios, ruas - e alguns botecos, claro. Muitos desses lugares não têm mais relação com o que já foram. Mas os prédios ainda estão lá.

As narrações, feitas in loco, mostram o som desses lugares, o vento, o cansaço deste gordo subindo a lomba.

Aguardem o IN POD.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

O que Gillan fez com a voz

Há uns três anos, quando alguém diz que o Gillan não tem mais voz porque ele não grita mais, costumo responder que ele mudou o jeito de cantar - que, em vez de tentar imitar depois dos 60 o que fazia aos 20, ele nos últimos anos saboreia mais as palavras, brinca mais com outros recursos da voz como a entonação. Ele nunca tinha falado claramente sobre isso até esta semana, no Q&A de seu site:

"In Rock" foi um catalizador (da minha voz), porque ali foi a primeira vez em que eu me soltei, e depois veio "JC Superstar". Desde então, tem sido toda uma jornada de descoberta. Outro grande momento foi o conselho que eu recebi de Roger Glover há uns cinco ou seis anos. Acho que todos nós deterioramos durante os traumas do começo dos anos 90. Jon Lord, Paicey e Rog se recuperaram bem rápido quando o Stevie entrou pra banda, mas eu nunca me recuperei a ponto de voltar aos altos padrões anteriores até que Rog resolveu o problema. Ele disse que eu devia relaxar, simples assim. Eu sofria em cada nota, o que dava um toque chato à minha voz e limitava severamente o alcance de expressão que eu aproveitava em anos anteriores. Então, eu relaxei, e com a ajuda da meditação e encorajamento do meu querido Roger, tudo voltou.

Houve uma crise semelhante no começo dos anos 80, antes de eu tirar minhas amígdalas. Acho que foi ao me recuperar desses tempos horríveis que eu "descobri" como fui agraciado por ter este instrumento natural, e como eu tenho sorte de ele estar ainda funcionando.

domingo, 1 de julho de 2007

Soares on the Water

Estão chegando ao Flickr as fotos tiradas na festa de 25 anos de carreira do grande baterista André Gonzales, que toca na Fireball. Eu participei como convidado em duas músicas: Lady Double Dealer e Smoke on the Water. Vejam só que momento.

sábado, 23 de junho de 2007

O mestre do gênio

Parte do motivo pelo qual o Ritchie Blackmore tem aquela presença ao mesmo tempo discreta e inflada no palco é o fato de ele ter tocado com Screaming Lord Sutch nos anos 60. Sutch tinha bandas malucas, homenageando o império romano e Jack, o Estripador. Presença de palco era tudo, até o fim de sua vida. Em 1999, quando Sutch se suicidou, seus amigos cumpriram à risca seu último desejo expresso no testamento: uma grande festa de rock'n'roll até o dia clarear.

Mais de 30 anos antes de dar cabo à vida, porém, Sutch era um gênio do rock. Descobriu grandes como Blackmore e Jeff Beck. Beck, aliás, apareceria no filme "Blow Up", de Michelangelo Antonioni, tocando uma música famosa na versão de Sutch: "Train Kept a-Rolling". No filme, porém, a letra da música foi mudada.

Abaixo, dois vídeos do Lorde Gritão Sutch. O primeiro mostra um Blackmore MUITO novinho tocando (e cantando!) "Jack the Ripper". O segundo mostra Sutch usando o suspeito traje da banda Screaming Lord Sutch and the Roman Empire para cantar a música do cara que entrou no trem e conheceu uma dama que não era muito bonita, mas que ele não podia deixar passar. Chega junto, mocinha maneira, chega junto...



sexta-feira, 8 de junho de 2007

A eterna polêmica do setlist

O The Highway Star colocou no ar uma pesquisa para cada um votar quais são as 15 músicas que acha que deviam estar no setlist do Deep Purple.

Só quatro das que eu escolhi ficaram entre as 15 primeiras.

O mais legal é o seguinte: as 15 primeiras não mudam em quase nada a estrutura das últimas turnês. Do que eles não andaram tocando ultimamente, só Anya e Rat Bat Blue. Se for olhar as 25 primeiras, só duas músicas da turnê atual, mais o solo do Steve Morse, não estão na lista.

Ou seja: a gente reclama, reclama, reclama que o setlist é engessado, mas na hora de brincar de escolher a média não varia muito. Continuam as mesmas seis músicas do Machine Head e as mesmas duas do Perfect Strangers.

Ou seja: na média, as escolhas que eles fazem agradam à maioria. Não a cada um especificamente, mas à maioria. Eles acertam ao usar a lógica do "em time que está ganhando não se mexe" - embora um golzinho a mais não faça mal a ninguém.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Sim, Blackmore tem senso de humor

Um violão, uma voz, duas pints de Guinness. Uma câmera. Isso é tudo de que Ritchie Blackmore precisa para mostrar que tem um senso de humor. Ele e o vocalista Dougie White, que fez parte da última formação para o Rainbow, gravaram um improviso acústico na turnê japonesa de 1995. Ele até sorri, brevemente. Alguma alma caridosa pôs no YouTube, um serendipitoso pôs no The Highway Star e eu comento aqui.

Já pensou Ritchie Blackmore tocando Hey Joe no violão? Com uma letra satirizando o caso do O.J. Simpson, conhecido no mundo inteiro na época por ter esfaqueado a esposa? ("O.J., where are you going with that knife in your hand?")

Uma parte engraçada da coisa é quando Blackmore propõe um tema para o cantor improvisar sobre uma "melodia perfeita" que ele tocaria. O tema: bebida. A música: "Greensleeves". Aí saem coisas como "Drinking is my only love..." Depois, uma homenagem ao Japão: "Rainbow will do its thing in Tokyo, Osaka and somewhere else...", ao que o Blackmore corrige cantando: "Nagoya..."

Altamente recomendado. Não tirem o olho da mão esquerda do Blackmore - vendo, até parece fácil. O cara é um MONSTRO.

domingo, 6 de maio de 2007

With a little help from a friend

Em abril de 1984, corria mundo a notícia de que o Deep Purple voltara e gravara um disco - Perfect Strangers. A turnê, porém, só ocorreria em dezembro, começando pela Austrália. No segundo show, em 13 de dezembro, um convidado muito especial subiu ao palco: George Harrison, para tocar Lucille. Esse foi o mesmo dia da famosa foto da meia.

Um benfeitor da humanidade, no fundo do palco, teve a presença de espírito de pegar uma câmera. Algum gênio do Deep Purple Hub achou o vídeo. Alguma alma caridosa dentre as tantas que freqüentam o site pôs no Youtube. Vejam como os tios estão descontraídos e o Blackmore não pára de sorrir:


sábado, 28 de abril de 2007

Um sonho realizado

Ontem, no tributo ao Deep Purple da Fireball, no bar Blackmore, eu realizei um sonho de 17 anos.

Quando eu tinha 13 anos, minha mãe tinha acabado de comprar um toca-discos novo. Eu queria testar, mas sequer sabia o que eu gostava em música.

Era o dia da "formatura" da minha turma da oitava série. As professoras nos homenagearam com um banquete de salgadinhos com um coquetel de vinho com frutas e refrigerante. Acho que chamavam de "bole", mas já vi chamarem de sangria. Pra nós, as mestras disseram que não havia álcool. (Eu notei que havia porque uma professora com problemas de saúde perguntou pra uma colega, que respondeu no ouvido, e só bebeu água.) Saí alegrinho. Nunca atravessei a Cristóvão Colombo tão feliz.

Achei na estante uns discos empoeirados e com a capa comida pelos cupins. Pertenceram à minha prima, mais velha, que morou lá em casa por um tempo uns anos antes. Eram "A Night at the Opera", do Queen; "Abraxas", do Santana; "Saracura", do Saracura; e "Stormbringer", do Deep Purple.

Peguei primeiro o disco que tinha o Pégaso na capa. Puxei pra fora.

O lado A estava mais ou menos comido pelos cupins, então preferi o lado B.

Quando coloquei a agulha em Lady Double Dealer, aquela bateria já me chamou a atenção. O riff, mais ainda. Os duetos me vidraram. Mas o solo de guitarra me jogou ao chão, com espasmos semelhantes aos do Lacraia, tocando guitarra no ar.

    Get outta my way! I'm getting tired of you! There ain't no chance! Doing what you wanna do! I've been down, down, down, down, down! Got to get my feel back on the ground!

Passei as férias ouvindo aquele disco. No começo do segundo grau, eu ia caminhando pra escola cantando o Stormbringer inteiro. Antes disso, eu fazia pequenos serviços bancários para minha tia, que me dava uns trocos pra comprar gibi, e ia cantando o tempo todo. Adorava isso. E dava especial atenção pra Lady Double Dealer. Só comprei o Made in Europe porque tinha essa música ao vivo. (Depois atualizei com o The Final Concerts.)

    Lady Double Dealer Get outta my way! Lady Double Dealer You got nothing to say!

Logo comecei a trabalhar e a comprar meus discos. Comecei com a fase do Coverdale (Burn), comprei o disco então atual (Slaves & Masters) depois descobri os sebos de Porto Alegre. Descobri a fase do Gillan, descobri os discos do Purple ao vivo, comprei um pôster que ficou 15 anos lá na casa da mãe e hoje adorna o quarto do Abdalla, achei umas revistas-pôster antigas da Somtrês, babei pelo photobook, completei a coleção.

    I ain't satisfied dealin' with second hand goods You wanted somethin' for nothin', taking everything you could You been round - oh - I got the news But you ain't waitin' round for me to lose

De qualquer forma, eu estava perdido pra sempre. Foi naquele dia, alegrinho de sangria, deitado no chão da sala tocando guitarra no ar ao som de Lady Double Dealer, que eu descobri o que me agrada em música.
    Lady Double Dealer get outta my way! Lady Double Dealer you got nothing to say!"

Ontem, o Abdalla - que só não é meu irmão de sangue porque se fosse não tinha graça - me chamou pra cantar os duetos de Lady Double Dealer com ele.
    I gave love to you did what you wanted me to but all you did was bring me down so I just had to try try the reason why you took advantage of my loooooooooove!!!!"

Nunca ensaiamos, mas eu ensaio pra isso desde a adolescência. Subi ao palco do Blackmore, ao lado do André Carvalho e do Márcio Porto, segurando o microfone e olhando pro Abdalla, e mandei ver.

    Two timin' woman, trying to take me for a ride You are a hard lover, honey, but you sure don't keep me satisfied I wanna be there, to try to make you see There ain't no woman gonna make a fool outta me>

Depois de 17 anos, eu me senti de novo um moleque cheio de espinhas.

    Get outta my way! Get outta my way! Get outta my way! Get outta my way!

Agora, se cantei direito ou não é outra história bem diferente...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Entrevista esclarecedora do Blackmore

Em 1975, quando Ritchie Blackmore saiu do Deep Purple e formou o Ritchie Blackmore's Rainbow, ele deu uma gloriosa entrevista ao jornalista Steven Rosen. Nela, ele abre o coração sobre sua saída do Purple. Deixa de lado alguns fatos, como os detalhes da sua saída no meio da turnê européia de abril daquele ano. Mas vale muito a pena ler.

Clique aqui e saiba de tudo.