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sábado, 17 de março de 2012

Billy Cobham tocará no Brasil em junho


O baterista de jazz Billy Cobham - com quem Tommy Bolin gravou o disco que impressionou David Coverdale ao procurar um sucessor para Ritchie Blackmore - vai tocar em junho na décima edição do festival Rio das Ostras Jazz & Blues.

Cobham tem pedigree profissional. Em 1969, fez parte do grupo de Miles Davis que gravou o disco "Bitches Brew".

É o segundo disco mais bem-sucedido do trumpetista, escancarando sua abertura para uma fase em que ele não queria saber de encaixar sua música numa "gaveta" de estilo. Especialmente na gaveta do jazz, que ele já havia sacudido várias vezes nos 20 anos anteriores.

Por essa época, Davis já ouvia Jimi Hendrix, Sly Stone, James Brown. Queria fazer algo mais pra esse lado, sem deixar de lado o maior tesão do jazz - improvisar dentro de uma estrutura mínima, com músicos talentosos se ouvindo e improvisando de volta. Não importava quantos minutos durasse.

Não é muito diferente do que o Deep Purple fazia ao vivo nessa mesma época, em números como "Wring That Neck" e "Mandrake Root". Muita improvisação genial, com um ritmo marcado para segurar enquanto os outros piravam.

Com o guitarrista John McLaughlin, que também participou de "Bitches Brew", Cobham fez uma participação em 1970 na Mahavishnu Orchestra e gravou "Inner Mounting Flame".

Foi em 1973 que Cobham gravou seu primeiro disco solo, "Spectrum". O grande atrativo do disco é a bateria furiosa de Cobham e uma guitarra ácida, distorcida, completamente pirada, tentando acompanhar.

Os dedos que comandavam aquela guitarra eram os de um moleque de 22 anos chamado Tommy Bolin. Deles saíam coisas assim:



"Spectrum" foi o vinil que David Coverdale jogou nas mãos de Jon Lord quando estava insistindo com ele e Ian Paice que procurassem um sucessor para Ritchie Blackmore. "Se esse aí não for bom o bastante, ninguém é", disse Coverdale.

Talvez por influência desse disco, Paice fez uma jam especial com Bolin enquanto ensaiavam o Come Taste the Band. Só os dois. Essa jam saiu no remaster do único disco de estúdio da Mk4. Saca só.



Vou tentar ir a esse festival. Os shows são de graça, o maior trabalho é chegar lá (e talvez achar hospedagem). De certa maneira, devo a Billy Cobham a ampliação dos meus horizontes musicais. Só fui atrás do Miles Davis elétrico depois que registrei a conexão. Hoje em dia, meu hobby musical favorito é explorar as gravações ao vivo dessa fase de Miles Davis.

sábado, 25 de junho de 2011

Um documentário dolorido. E fascinante.



Acabo de assistir ao documentário do DVD de Phoenix Rising, que conta a história do Deep Purple desde o final da Mk2 até o fim da banda, em 1976. Foram entrevistados Jon Lord e Glenn Hughes, e a sinceridade deles chega a ser brutal em várias partes do documentário. Especialmente a sinceridade do Hughes.

O DVD, que ainda não foi lançado no Brasil, tem feito certo sucesso comercial na Europa. E tem ótimos motivos. Phoenix Rising é um documento definitivo sobre os excessos que acabaram com as melhores bandas de rock do mundo - inclusive o Deep Purple.

Veja o trailer aqui:



Ele não tem comparação, por exemplo, com "Classic Albums: Machine Head". Naquele, o grande fascínio é a música (o que não é pouco) - mas nem as brigas entre os membros aparecem. Não se compara também com "Heavy Metal Pioneers", o documentário lançado durante os anos em que Joe Lynn Turner estava na banda. O DVD novo não busca contar o passado da banda do ponto de vista de seu presente.

Em Phoenix Rising, o ponto central é a história de uma grande banda em plena desintegração. Contada em primeira pessoa por dois ex-membros.

Dói ver a banda que eu mais aprecio no mundo chegando ao fim. Tudo bem que foi antes de eu nascer. Mas dói igual.

Dói ver músicos talentosos, como Hughes e Tommy Bolin, se detonando do jeito como se detonaram. Por sorte, e basicamente apenas sorte, Hughes sobrou pra contar a história.

Dói ver músicos ainda mais talentosos e extremamente disciplinados, como Jon Lord, contarem das vezes em que tinham que empurrar os colegas mais displicentes para o palco ou chamar sua atenção devido aos excessos. Lord, sempre carinhoso com os amigos, faz questão de fazer várias vezes a ressalva "não estou dizendo que eu era santo, mas...". Quando você acha que ele contou podres muito fortes dos ex-colegas, vem Hughes e conta seus próprios podres com mais detalhes.

Exatamente por isso, trata-se de um documentário fabuloso. Eles não estão preocupados em agradar ninguém - e nem precisam ter vergonha de expor colegas. Bolin, o que mais pisou na jaca, morreu há 35 anos. O vice-campeão, Hughes, faz questão de falar da jaca em que pisou até pra contrastar com o quanto sua vida melhorou.

Algumas notícias a respeito anunciam como inéditos os 30 minutos do show no Japão.

É mentira. "Rises Over Japan" foi lançado em VHS, nos anos 80. Está fora de catálogo há muitos anos, mas é facinho de achar no YouTube. Partes dele já saíram oficialmente em DVDs como o "History, Hits and Highlights". Inédito é ele ser lançado inteiro em DVD.



Mas esse DVD tem cenas inéditas, sim. Delas, pouquíssimo se falou até agora. Pelas minhas contas, são:

* Alguns segundos de "Smoke on the Water" do Made in Japan, na parte onde se fala do final da Mk2. As imagens do mais mitológico show do Deep Purple estão sendo lançadas a conta-gotas. No "History, Hits and Highlights", saíram segundos de "Highway Star". No "Deepest Purple", saíram segundos de "Space Truckin'". Um dia ainda sai a gravação completa, espera-se.

* Alguns segundos em preto-e-branco com o Gillan usando um traje meio que de marinheiro.

* Algumas cenas em vídeo de shows da Mk3, possivelmente do finalzinho da formação, lá em 1975. Impossível para mim identificar qual é o show.

* Trechos fabulosos da turnê do Deep Purple na Indonésia, em dezembro de 1975. Eles filmaram desde a chegada da banda à capital, Jacarta, até o momento em que roadies tiveram de encher o pneu do avião para a banda conseguir sair do país. Trechos dos dois shows, incluindo a polícia ameaçando a plateia com cachorros, estão lá.

Como não podia deixar de ser, a parte mais dolorosa do documentário é aquela que se aproxima do final. Toda a descrição da turnê do Deep Purple em Jacarta - a corrupção, os achaques, o calote, as drogas, a morte de Patsy Collins - é muito forte. E fica mais forte ainda com os depoimentos de Lord e Hughes sendo contrastados com as imagens daqueles dias pesados.



E fica ainda mais pesado quando você chega ao final do DVD, aos créditos, e aparece uma declaração de que as opiniões emitidas por Hughes e Lord sobre a morte de Patsy Collins não refletem a opinião de David Coverdale a respeito. Os dois acreditam que Collins - um homem forte, treinado como segurança - não tropeçaria assim tão fácil pra cair no poço de um elevador desativado e fechado. Lord diz que Collins foi certamente assassinado. Hughes, que chegou a ser preso por ter sido um dos últimos a ver o roadie vivo, diz que precisaria da ajuda de cinco homens fortes pra um homem daquele porte cair por acidente no poço de um elevador.

Eu lembro da primeira vez em que ouvi pedaços do "Last Concert in Japan". Foi num sebo de discos em Porto Alegre, acho que em 1992. O vendedor, Paulo, me mostrava o disco e lamentava o quanto as drogas haviam detonado aquele guitarrista. Sua guitarra estava inaudível. Anos depois, quando comprei o "This Time Around", com a versão completa e remasterizada do mesmo show, consegui ouvir a guitarra e disse a mim mesmo: "uau, o cara não estava tão mal assim".

No DVD de agora, Hughes coloca a coisa em contexto ao lembrar que o show do Japão foi o primeiro logo depois da experiência traumática em Jacarta. Segundo ele e Lord, o que detonou Bolin ali não foram as drogas. Não exatamente. O promotor local deu morfina para o guitarrista, e ele acabou dormindo em cima de sua própria mão esquerda. Assim, tudo o que ele conseguia fazer era uma posição só. Suas guitarras foram afinadas cada uma num tom diferente para ele poder tocar.

O final do Deep Purple, em março de 1976, foi melancólico. Sua última turnê foi praticamente em casa, no interior do Reino Unido. Hughes, literalmente o homem que tocou a última nota num show da primeira encarnação do Deep Purple, conta que nos últimos dias da banda ele virou de um show a outro sem dormir e sem comer, apenas bebendo e usando drogas. A bronca que Jon Lord conta ter dado no colega é daquele tipo que você nunca gostaria de ouvir de ninguém. Já contei aqui um par de vezes o final daquele show.

Se você é fã do Deep Purple, assista Phoenix Rising. Seus depoimentos são muito sinceros e chocantes. Você é trazido para os bastidores da fase mais shakespeariana da banda.

Se você é fã de rock, ainda que não especialmente do Deep Purple, assista Phoenix Rising. É um documento de uma fase do rock, tão completo e pungente quanto "The Decline Of Western Civilization Part 2: The Metal Years".

Se você não curte nem rock e nem Deep Purple, mas tem interesse em antropologia e sociologia, ou quem sabe em documentários em geral, assista Phoenix Rising. É um documentário fascinante.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trechos da biografia de Glenn Hughes

O site oficial do Glenn Hughes postou e depois tirou do ar um preview de várias páginas da autobiografia do baixista e segunda voz do Deep Purple entre 1973 e 1976. A edição de luxo do livro custa 500 libras, mas é um troço vistoso pra caramba. Tem fotos raríssimas, incluindo uma do Roger Glover dando um pedala no Coverdale.

Enquanto ela esteve no ar, havia vários trechos interessantes disponíveis. Eles tratam de sexo, drogas e rock'n'roll - a tríade de excessos que acabou com o Deep Purple em 76, como o próprio Hughes admitiu a este blog numa entrevista há algum tempo.

SEXO

Hughes fala do seu namoro com Vicky, gêmea da mulher do Ian Paice e há 35 anos patroa do Jon Lord. O preview não entra no trecho sertanejo da história. Mas tem uma foto das gêmeas na época em que derretiam corações. Sinceramente? Pode ser que eu conheça mais mulheres bonitas do que a média (duvido), mas achei bem normaizinhas.

As aventuras de Hughes na chifrolândia continuam quando ele menciona ter casado posteriormente com a namorada do Tommy Bolin. Não fica claro se é a mesma moça exuberante que vestia quase nada quando o guitarrista chegou pra fazer teste no Purple.


DROGAS

A autobiografia do Hughes é um livro altamente sincero. Hughes não tem motivo pra esconder o que fez ou deixou de fazer. Pelo contrário: ele faz questão de contar, até pra mostrar do que se livrou. E não tem pudor de apontar o dedo pra quem fazia junto.

Segundo ele, até ele e Coverdale entrarem, o Deep Purple não era uma banda chegada a drogas. O negócio da banda era cachaça mesmo. "Remy Martin [o conhaque] era a droga favorita dele [Lord]". Talvez experiências, mas nada de hábito - e certamente não vício.

A coisa começou a mudar lá por 1974, com mais grana e mais viagens pros EUA. Segundo Hughes, seu primeiro acesso fácil à cocaína foi ao lado do Paice e das respectivas namoradas. Também diz que costumava "dar um teco" com Lord e Coverdale, embora os dois não tenham se viciado.

Hughes admite que foi perdendo o limite com a química gradualmente, até que sentia não ter ninguém no Purple que acompanhasse seu pique pra cair na farra. Aí entrou o Tommy Bolin, que tinha menos limite ainda - e a partir deste ponto os trechos se tornam mais espaçados.


ROCK'N'ROLL

Esta parte é a minha favorita. Os trechos pulam muito, então não dá pra ler o Hughes contar como ele e o Coverdale pesaram forte a mão na direção musical do grupo.

Mas é divertido saber finalmente qual foi a música que Coverdale gravou bêbado na fita que mandou pro teste do Deep Purple: "You've Lost That Lovin' Feeling". O teste do Coverdale foi no Scorpio Sound Studios, na Marylebone Road.

Hughes queria ser o principal cantor do Deep Purple ("esta é a verdade, e eu tô cagando se parecer arrogante: eu nasci pra estar no palco com uma banda como essa"). E descreve assim o papel que, segundo ele, Blackmore tinha em mente:

"Ritchie achava que o meu papel seria o de ser a cola entre os membros da banda, unindo as harmonias. Ele me via como um instrumentista-cantor tipo Paul McCartney, trabalhando ao lado de outro cara (...) que seria mais tipo Paul Rodgers, com aquela voz de blues."

Aqui tem o primeiro de dois exageros, ouso dizer. Pode ser que o papel buscado para Hughes fosse esse mesmo. Mas, possivelmente por imaturidade, um tanto também por conta da química, Hughes não conseguiu cumprir bem esse papel.

Isso fica bastante claro quando a gente ouve a Mk3 tocar "Space Truckin" ao vivo. Na Mk2, Glover fica de canto segurando a linha de baixo enquanto seus colegas piram. Um ano depois, na Mk3, Hughes quer mostrar seu talento tanto quanto os outros. Natural, em se tratando de uma banda cheia de gênios. Mas com isso ele perde o pulso no baixo, e como a música se estende os solos degringolam. Pena, mas acaba não sendo a cola.

O segundo exagero é que Hughes força um pouco a barra ao classificar como sempre muito amigável a relação entre ele e Coverdale no palco. Faz sentido se for olhar pelo ponto de vista de hoje, quando são dois tiozinhos sessentões que praticamente "serviram juntos" quando moleques. Coverdale hoje é o ex-membro que mais tem contato com ele. Hughes sempre se refere a ele como "meu irmão".

Eu acho muito legal que eles se dêem bem hoje - e eu adoraria que mais deles se dessem bem entre si. Mas qualquer um que ouça os registros ao vivo de 1974 a 1976 percebe que havia uma clara competição entre os dois - provocada especialmente por Hughes, que às vezes invadia o espaço da voz do Coverdale. Infelizmente, foi o que aconteceu. No estúdio, era perfeito. Ao vivo, a coisa mudava de figura.

Enfim: o livro parece bem interessante, mas vou esperar sair o paperback em outubro para comprar. A edição de luxo custa 500 libras!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Pro seu bolso chorar, como o meu

Encomendei da DPAS nesta semana o DVD "Phoenix Rising", que deve sair no final de maio. Hoje, recebi um simpático email da Ann Warburton, administradora da Purple Records (e, salvo engano, mulher do Simon Robinson), contando o que mais vai sair neste ano. Algumas coisas eu não tinha ouvido falar. Olha só:

* Ainda não tem data, mas está em planejamento uma edição especial de Perfect Strangers com 3 discos. Da DPAS: "CD1 será o remaster incluindo 'Not Responsible'. CD3 será o velho disco de entrevistas que a Polydor lançou como promo no final de 1984. CD2 será um disco de material variado, com faixas do show de Knebworth (já lançado como um pacote por si), Son Of Alerik e com espera-se que também as jams que sobraram da gravação" (Cozmic Jazz e RIJIR). Cozmic Jazz já circula há tempos por aí como pirataria:



* Vai sair uma edição limitada de 2 mil cópias do Phoenix Rising em vinil. Ela não disse o que vai ter nessa versão, mas suponho que seja algo como o Last Concert in Japan (base do Rises Over Japan, vídeo que estará incluído no documentário). Eu não tenho onde ouvir vinil, então não me emociono ainda. O trailer do documentário:



* Vai sair uma versão em CD do single beneficiente "Who Cares", com Ian Gillan, Tony Iommi e Jon Lord. São duas faixas. Uma delas, "Out of My Mind", vai estar à venda oficialmente em 6 de maio.
Um gostinho do single:



* Já foi anunciado antes que vai sair uma reedição do Born Again, o famoso disco do Black Sabbath com o Gillan que é fabuloso musicalmente mas tem o som abafado. "Infelizmente não conseguiram achar as fitas master, então um remix não foi possível. Ao invés disso, o disco será remasterizado, e vão pelo menos acrescentar a apresentação no festival de Reading feita para a Radio 1 da BBC (o único show da banda no Reino Unido) como disco bônus, mais o single", escreveu Ann. Ou seja: pela primeira vez, oficialmente, teremos "The Fallen" (yeah!) e o Gillan cantando "War Pigs" - minha versão favorita da música - e "Paranoid", como no vídeo abaixo:



* Já dá pra encomendar o segundo disco da Black Country Communion, o genial projeto do Glenn Hughes com o Joe Bonamassa e o Jason Bonham. Ainda não se sabe os formatos finais. O primeiro vídeo do novo disco deve sair agora em junho. Eu fiquei fascinado por BCC logo na primeira faixa do primeiro disco, com este baixo aqui:



* Vai sair um musical italiano sobre a vida do Blackmore. "Já me garantiram que não é tosco!", disse Ann. Eu ainda não tinha ouvido falar a respeito. Pedi mais detalhes.

* Blackmore e Paice vão tocar no disco "Seeking Major Tom", do capitão Kirk William Shatner. Paice vai tocar "Space Truckin'", do Deep Purple, e o Blackmore vai tocar "Space Oddity", do David Bowie. Já está no YouTube um vídeo com Shatner gravando "Iron Man" com Zakk Wylde - e encarnando o personagem de "S@#$ My Dad Says".



* Vai sair uma versão remasterizada do Long Live Rock'n'Roll, do Rainbow com o Dio. Sempre faz bem rever:

domingo, 15 de março de 2009

O dia em que o Deep Purple acabou, em 1976


Há 33 anos, neste mesmo dia, o Deep Purple acabava. Segundo Glenn Hughes, foi por um misto de sexo, drogas e rock'n'roll. Ele e o guitarrista Tommy Bolin andavam com sapatos de jaca, Coverdale bebia como nunca e Paice e Lord seguravam as pontas. Havia alguns shows ótimos e outros horríveis.

Em certo ponto, Lord e Paice chegaram à triste conclusão de que os shows daquela formação haviam virado "uma pálida imitação do Deep Purple". Isso apesar de ela contar com ótimos músicos e de ter gravado um disco fabuloso.

Naquele 15 de março de 1976, o Deep Purple subiu ao palco do Empire Theatre, em Liverpool, como uma banda que existia. Ao final do show, Coverdale chegou para o Lord pedindo pra sair do Deep Purple. "Não existe mais Deep Purple pra você sair", respondeu o tecladista. A banda acabou DURANTE o show, ao contrário do que houve em todas as outras mudanças em sua formação. E continuaria acabada durante oito anos.

O que houve durante aquela hora e meia para levar a banda a acabar?

Antes de mais nada, já estava combinado entre os únicos dois membros fundadores remanescentes, Lord e Paice, que seria o último show. Só que o Coverdale não sabia disso e também decidiu ali. Para isso, ouvi o show.

A gravação não é grande coisa. É chiada.

Nela, Bolin faz barulhos com os efeitos de sua guitarra nos solos. Entra atrasado nas músicas. Perde o pé em Lazy. Hughes abusa da goela em Georgia - gosto da voz dele, mas ao vivo ele era um mala. Durante o solo de Homeward Strut, Bolin faz uma barulheira danada. Noutro solo, após "Owed to G", alguém grita: "Queremos o Ritchie!" Isso vira uma multidão. Todos pedindo o Blackmore de volta. Em Stormbringer, ele recupera a forma. O bis, Highway Star, foi no padrão da Mk4 - enérgica, mas absolutamente nada a ver com a música herdada da Mk2.

Glenn Hughes chegou a voltar ao palco para um segundo bis, diz um resenhista que estava no show. Ninguém mais veio. Puto, ele jogou o baixo pro alto e foi embora. Consta que o barulho foi horrível.

É um espetáculo triste, esse de ouvir uma banda boa acabar. Ainda mais pelos motivos com que acabou. Eu acho os momentos ruins da Mk4 especialmente deprimentes.

(A foto vem do site do Glenn Hughes)

domingo, 20 de abril de 2008

40 - the best of

Em 20 de abril de 1968, uma banda inglesa nova chamada Roundabout foi tocar um cover dos Beatles num programa de TV dinamarquês. Na última hora, avisaram a produção de que o nome tinha mudado: a partir dali, seria Deep Purple. Desde então, eles foram e voltaram e mudaram nove vezes a formação e fizeram 2.014 shows - dos quais 49 foram no Brasil.

Vida longa e próspera aos mestres. Abaixo, alguns vídeos - vários deles bem raros - pra relembrar os grandes momentos da nossa banda favorita, quase ano a ano.

1968 (Mk1) - KENTUCKY WOMAN, ao vivo em Los Angeles.
A qualidade do vídeo é uma bosta - a fita se deteriorou muito ao longo dos anos -, mas é um dos poucos registros da Mk1 ao vivo tocando algo além de Hush.



1968 (Mk1) - AND THE ADDRESS, ao vivo na Mansão Playboy
Todo mundo quase só conhece o vídeo de Hush. Mas eles também tocaram na abertura do programa. Destaque para Hugh Hefner ainda antes da mania do robe de chambre. Olhe para o Rod Evans e cante: "VAI LACRAIA, VAI LACRAIA"!



1969 (Mk2) - WRING THAT NECK, ao vivo no Bilzen Jazz Festival.
Raridade das boas. Aqui, eles estão no auge da improvisação.



1970 (Mk2) - MANDRAKE ROOT, ao vivo no South Bank Summer Festival
Mais uma vez, uma improvisação de cair o queixo.



1971 (Mk2) - DEMON'S EYE, ao vivo em Berlim
Este é o mais antigo vídeo que mostra o duelo entre Gillan e Blackmore que se tornaria famoso em Strange Kind of Woman.



1972 (Mk2) - CHILD IN TIME, ao vivo em Copenhagen
Vocês já conhecem esta versão. Mas eu não podia deixar passar sem Child in Time.



1973 (Mk2) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo na Universidade de Hofstra, nos EUA
Único registro conhecido em vídeo da verdadeira Mk2 da Era de Prata Amigos tocando a música que se tornou a mais famosa do grupo.



1974 (Mk3) - BLACKMORE DETONA O PALCO, no California Jam
Vocês também conhecem isto aqui.



1975 (Mk4) - YOU KEEP ON MOVING, ao vivo no Budokan, no Japão
Hughes e Coverdale fazendo dueto. É de arrepiar os pêlos do braço.



Terminada a Mk4, terminou o Deep Purple. Eles ficaram oito anos parados e voltaram em 1984. No segundo show, tiveram um convidado ilustre.

1984 (Mk2a) - LUCILLE, ao vivo na Austrália com George Harrison
Filmado atrás do palco.



1985 (Mk2a) - GYPSY'S KISS, ao vivo no Rockpalast
Eles não tocam mais essas músicas.



1987 (Mk2a) - HARD LOVIN'WOMAN, ao vivo em Viena
Eles não tocam mais essas músicas.



1988 (Mk2a) - HUSH, ao vivo em Copenhagen
É a versão regravada em estúdio no disco Nobody's Perfect.



1991 (Mk5) - THE CUT RUNS DEEP, ao vivo em São Paulo
Era a primeira vez em que o Deep Purple vinha ao Brasil. Com Joe Lynn Turner. Uma das melhores faixas de Slaves & Masters. Destaques: Turner errando sua própria letra (sem falar na de Hush), Blackmore e Glover rebolando de costas um para o outro e o tango do Turner com o Glover. Paice arrebenta na bateria e Lord destroça o teclado.



1993 (Mk2b) - THE BATTLE RAGES ON, ao vivo em Birmingham
É o famoso show de Come Hell or High Water.



1994 (Mk6) - WHEN A BLIND MAN CRIES, ao vivo em Saarbrucken
Ritchie Blackmore se recusava a tocar essa música, gravada nas sessões do Machine Head. Desde 1991, porém, o Gillan já a tinha colocado em seu setlist solo. Quando Blackmore saiu e Satriani entrou, a música veio junto.



1995 (Mk7) - BLACK NIGHT, ao vivo em Bombaim, na Índia
Um dos mais antigos shows conhecidos em vídeo com Steve Morse. Ainda era mais ou menos o mesmo setlist do Satriani, que era mais ou menos o mesmo setlist do Blackmore.



1996 (Mk7) - THE AVIATOR, ao vivo em Chicago, nos EUA
Esta faixa do disco Purpendicular, feita em homenagem a Steve Morse, que além de guitarrista é piloto de aviões, infelizmente sumiu dos setlists. Repare que o Gillan está sentado na borda do palco, do lado da galera, e ninguém sequer toca nele. Se fosse no Brasil, ele teria saído sem roupa.



1997 (Mk7) - CASCADES (I'M NOT YOUR LOVER NOW), ao vivo em São Paulo
A segunda vinda do Deep Purple ao Brasil foi emocionante. Foi a primeira do Purple com o Gillan por estas terras. E foi quando eu aprendi a confiar no Steve Morse. Outra bela faixa que sumiu dos setlists.



1998 (Mk7) - FINGERS TO THE BONE, ao vivo em Sófia, na Bulgária
Hoje em dia, nenhuma música do Abandon sobrevive no setlist. Mas vejam que preciosidade esta.



1999 (Mk7) - WATCHING THE SKY, com a Orquestra Sinfônica de Londres
Esta é uma das minhas músicas favoritas do Abandon. No tratamento da orquestra, ficou genial.



2000 (Mk7) - FOOLS, ao vivo na Transilvânia
Levou quase 30 anos para o Deep Purple incluir esta gloriosa faixa de Fireball em seu setlist.



2001 (Mk7) - NESSUN DORMA, com Luciano Pavarotti, em Módena (Itália)
Pavarotti dizia que os melhores tenores do mundo têm algum receio em cantar essa música. Ian Gillan não apenas mergulhou nela como também traduziu a letra.



2002 (Mk8) - CHILD IN TIME, ao vivo na Rússia
Em janeiro, a Mk7 fez metade de sua última turnê, na Inglaterra. Seria a despedida de Jon Lord, embora eles demorassem a confirmar. Para comemorar, Child in Time foi incluída no setlist, mas Ian Gillan caiu doente depois de poucos dias de shows. No recesso, Jon Lord confirmou que sairia da banda. Ao voltar, eles iriam à Rússia - mas com Don Airey, substituto do TOMATO. Foi nessa fase que começou este blog. Naquelas terras geladas, onde Child in Time tem um significado especial, Ian Gillan topou cantar a música pelas últimas vezes. Esta é uma delas.



2003 (Mk8) - HOUSE OF PAIN, no Casseta e Planeta
O Deep Purple ficou pop quando veio ao Brasil daquela vez, na turnê de Bananas. Eu queria ter achado o vídeo de Fucker & Sucker, mas não achei. Fica pra próxima. De qualquer forma, eles estão ali no meio da fuzarca toda.



2004 (Mk8) - BLACK NIGHT, ao vivo na Califórnia
No palco, dois dos grandes guitarristas que já passaram pelo Deep Purple: Steve Morse e Joe Satriani.



2005 (Mk8) - I'VE GOT YOUR NUMBER, ao vivo em Londres
O que eu acho genial nesse show é que o palco do Hard Rock Café londrino não é muito maior que o do Café Piu-Piu paulistano. A música é do Bananas, mas a turnê já é do Rapture of the Deep.



2006 (Mk8) - HIGHWAY STAR, ao vivo em São Paulo
Nesse show, um imbecil mijou na minha perna.



2007 (Mk8) - PICTURES OF HOME, ao vivo em Glasgow, na Escócia
Salvo engano, aqui eles estavam tocando todo o Machine Head.



2008 (Mk8) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo no Kremlin, na Rússia
O show mais polêmico do ano do quarentenário da banda.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Da bola de cristal da DPAS

Sente só o que pode vir em 2008, segundo a DPAS:

- A EMI deve lançar uma caixa de singles em vinil;

- O remaster de Stormbringer ficou para abril/maio;

- Já estão trabalhando no remaster de Come Taste the Band, mas eles preferem não prometer nada em termos de datas;

- O terceiro DVD de arquivos do Deep Purple pode ser finalizado neste ano. O primeiro foi o Machine Head Live. O segundo foi o de California Jam. O que será que vem aí? Rises Over Japan?

- A Purple Records deve lançar pela primeira vez em CD a gravação de estúdio do Gemini Suite, de Jon Lord, gravado sem o restante do Deep Purple e com letra diferente da versão ao vivo com a banda.

- É possível também que a Purple Records lance o show do Deep Purple em Springfield, em 1976. Embora haja 110 minutos de gravação, algumas canções estão incompletas.

- Pela primeira vez, estão falando em lançar remasters dos discos gravados pelo Deep Purple nos anos 80, Perfect Strangers e House of Blue Light. "Adoraríamos ouvir Roger Glover tirar fora o verniz comercial dos anos 80 de algumas das faixas", diz a DPAS.

- Alguns livros também devem sair.

- Glenn Hughes e David Coverdale devem lançar novos discos em 2008. Será o primeiro disco do Coverdale com novas faixas em vários anos.

- Don Airey prepara um novo disco solo. Roger Glover também.

- Deve sair um DVD com gravações raras da banda Gillan. Será que isso inclui o ótimo material da caixa dos singles?

- Aparentemente, Blackmore's Night vai lançar um novo disco de estúdio.

- Jon Lord tem três trabalhos orquestrais na gaveta pra lançar: o Concerto de Durham, o Boom of the Tingling Strings e Disguises. Ele deve fazer mais um show do Concerto de Durham em Liverpool. Talvez haja shows da Hoochie Coochie Men, com quem Lord já gravou dois discos.

domingo, 9 de setembro de 2007

Venha provar a banda

Achei agora há pouco um arquivo com todas as cifras de Come Taste the Band. Se você toca violão, é um prato cheio.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Poupe seus dólares

Sabe aquele disco ao vivo do Deep Purple que você andava louco pra comprar mas só existia em versão importada? Não sacrifique seu cartão de crédito tão rapidamente. A Biplane Records está lançando no Brasil três novos discos do Purple ao vivo, lançados pela Purple Records, que só se conseguia importado.

Todos eles são versões mais completas de discos que já eram conhecidos e reverenciados pelos fãs brasileiros:

Stockholm 70 - É a versão remasterizada do disco antigamente conhecido como Scandinavian Nights, gravado na Suécia durante a turnê de In Rock. Tem versões gloriosamente longas de Child in Time, Wring That Neck e Mandrake Root. Algumas dessas versões você pode encontrar num CDzinho tabajara italiano, de capa preta, vendido em lojas por aí a menos de R$ 10. Prefira esta. (Aliás, não tenho certeza sobre se Scandinavian Nights chegou a ser lançado oficialmente no Brasil. Só lembro de ver em vinil e CD importados.)

Paris 75 - É a íntegra, remasterizada, do último show com o Ritchie Blackmore na Mark 3. Partes dessa performance já saíram anteriormente nos discos Made in Europe e The Final Concerts. Apesar de ser o último dia da terceira formação do Purple, é um de seus melhores momentos ao vivo: o Coverdale não estava mais tão verde quanto no California Jam e no Live in London, sem falar que tem Lady Double Dealer (OBA!). Pra não ficar só nos elogios, eu certamente dispenso a versão de Highway Star que é tocada aí. Tem meia hora de material nunca antes lançado, segundo a DPAS.

This Time Around - É a versão completa, remasterizada e sem edições canhestras daquilo que os fãs mais antigos conheciam como Last Concert in Japan. Vale a pena para conhecer melhor a fase que tem o Tommy Bolin. Embora o guitarrista estivesse num mau momento, o resto da banda estava com todo o gás. Com Bolin travadão, restou ao Lord fazer o riff de Burn, por exemplo - e segurou imensamente bem. Salvo engano, é o primeiro lançamento oficial da Mk4 em CD no Brasil. (O Days May Come and Days May Go que andou circulando há poucos anos nas lojas brasileiras era tabajara.)

Serão edições limitadas, com 1.500 cópias. Não se preocupem: sobrarão 1.499 de cada um para vocês. No site da Biplane, cada um custa R$ 49,90. Já solicitei mais informações.

Mas comprem mesmo: possivelmente, se o selo se empolgar com os lançamentos, pode ter mais coisas a caminho. Lá fora está para sair uma versão integral de Live in London. Sem falar que já foram lançados outros shows ótimos, como Montreux 1969, Perks and Tit (um show antes do California Jam) e Space 1970 (que tem um dos melhores instrumentais do Purple que já ouvi).

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Entrevista esclarecedora do Blackmore

Em 1975, quando Ritchie Blackmore saiu do Deep Purple e formou o Ritchie Blackmore's Rainbow, ele deu uma gloriosa entrevista ao jornalista Steven Rosen. Nela, ele abre o coração sobre sua saída do Purple. Deixa de lado alguns fatos, como os detalhes da sua saída no meio da turnê européia de abril daquele ano. Mas vale muito a pena ler.

Clique aqui e saiba de tudo.

domingo, 17 de dezembro de 2006

30 anos, já faz

Há 30 anos no dia 4 de dezembro, morria o guitarrista Tommy Bolin, primeiro norte-americano a fazer parte do Deep Purple. Sua passagem pelo grupo durou pouquíssimos meses e foi tumultuada. Em março de 1976, o grupo estava tão bagunçado pelos excessos - especialmente os protagonizados por Bolin e pelo baixista/vocalista Glenn Hughes - que implodiu. Em vários shows, como o registrado em "Last Concert in Japan", Bolin não conseguia tocar porque seu braço estava anestesiado pelas drogas. Apesar de todo seu talento, sofria de insegurança e baixa auto-estima, o que alavancou todos os problemas que levaram à sua morte.

Por tudo isso, demorei um tempão na vida pra conseguir levar o guitarrista a sério e ouvir o que ele tinha a dizer com os dedos. Quando abri a guarda, fiquei de queixo caído. "Come Taste The Band" foi o último disco antigo do Deep Purple que comprei. Eu tinha ouvido na adolescência e não tinha gostado. Ouvi alguns anos depois e achei interessante. Quando comprei, eu já achava o disco genial - em que pese sua sonoridade ser um tanto diferente do Deep Purple a que eu estava acostumado. Desde então, me acostumei com a idéia de que a grande marca do Deep Purple é a mudança.

Bolin era um cara jovem - morreu com 25 anos -, tocava guitarra como poucos e tinha idéias avançadas para a criação musical. Sua guitarra ácida não se restringia a um gênero específico, como o rock. Era um músico instintivo: não sabia ler partituras, tocava apenas de ouvido. Antes de morrer, vinha conversando com Hughes e outros sobre a possibilidade de criar um grupo de jazz elétrico. Quando morreu, estava despontando como um músico importante nessa cruza de gêneros.

Nos fóruns de discussão na internet, muita gente se pergunta o que Bolin produziria hoje, caso não tivesse morrido. Acho esse tipo de questão uma mistura de chutologia com ilusão. Era difícil ele não ter morrido, dada a forma como vivia. Mas em sua curta carreira produziu muita coisa boa. Vale a pena ler a última entrevista do guitarrista, publicada pela Guitar Player americana três meses após sua morte.

Uma das maiores preciosidades que já ouvi de seu trabalho fora do Deep Purple é sua colaboração com o baterista Billy Cobham, no disco "Spectrum" (1973), aos 22 anos. Cobham fizera parte do grupo de jazz elétrico de Miles Davis. Gravou com o gênio o disco "Bitches Brew", em 1969. A família de Bolin vem lançando, aos poucos, tudo o que o guitarrista produziu.

Ouça abaixo o que era o talento desse triste personagem da história da música. São as faixas "Quadrant 4" e "Anxiety, Taurian Matador", gravadas com Cobham. Logo depois, ouça a faixa "Wild Dogs", composta e cantada por Bolin, emoldurada por imagens da curta porém prolífica carreira do guitarrista.



segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Datapurple geográfico

O Deep Purple já visitou 71 países ao longo de sua carreira.

Nos dez anos com Steve Morse, a banda visitou 68 deles. A nova fase do Deep Purple desbravou 36 países onde o Deep Purple nunca havia pisado antes.

Nos 17 anos com Blackmore, foram 30 países. Com a Mk1, ele visitou apenas 6 países.

David Coverdale conheceu com o Deep Purple 18 países. Eles incluem a Iugoslávia (Belgrado e Zagreb, em março de 1975) e uma tentativa frustrada de ir a Hong Kong, em dezembro do mesmo ano. Três meses depois do show cancelado, acabaria o Deep Purple.

Joe Lynn Turner foi a 20 países. Eles incluem dois shows em Israel, onde o Deep Purple nunca tinha ido e aonde nunca mais voltou. Foram os últimos shows da banda antes da volta do Gillan.

Hoje em dia, o Deep Purple faz em média a mesma quantidade de shows que fazia no auge dos vinte e poucos anos dos mestres. É possível ver exatamente em que fase eles andavam apenas pela quantidade de shows dos anos mais movimentados:

1) 1972 - 123 apresentações (lançamento do Machine Head, primeira turnê no Japão, auge do sucesso da banda)
2) 1970 - 119 apresentações (lançamento do In Rock, Deep Purple toda hora na BBC, matando a pau)
3) 1996 - 116 apresentações (entrada do Steve Morse, lançamento do Purpendicular)
4) 1969 - 112 apresentações (duas formações, entrada do Ian Gillan e do Roger Glover, Concerto...)
5) 2004 - 110 apresentações (turnê de Bananas)

Até o final do ano, 2006 deve ultrapassar a quantidade de apresentações de 2004. Lembre que esses dados são até o dia 14 de novembro.

Ao final da turnê do Deep Purple no Brasil, dia 3, o Bananão passará a ser o nono país onde o Deep Purple mais tocou em toda sua carreira, com 45 shows - empatado com o Canadá. Na ordem:

USA - 542
UK - 334
Germany - 234
France - 65
Italy - 63
Japan - 61
Australia - 57
Canada - 45
Sweden - 41


17 países viram o Deep Purple uma só vez. Isso inclui a Província Cisplatina, o Peru, a Romênia, a Bolívia e Belarus.

O nome mais comum de lugares onde o Deep Purple tocou em toda sua existência é Stadthalle. Por 26 vezes, estádios assim chamados em cidades alemãs abrigaram os mestres. Logo em seguida vêm os lugares chamados "Coliseum" e "Entertainment Centre" - 19 vezes. Nas "House of Blues", o Deep Purple tocou 13 vezes.

Há nove shows em lugares chamados Olympia - do lendário clube parisiense à extinta casa de shows de São Paulo. Se somarmos os "Olympiahalle", são 18.

domingo, 15 de outubro de 2006

O martelo dos deuses

Gosto muito do rock inglês do final dos anos 60 e começo dos anos 70. Acho ridículas as competições que o pessoal gosta de fazer entre Deep Purple e Led Zeppelin, por exemplo. Embora prefira Deep Purple, ouço as duas e sou felicíssimo (quando eu era moleque, com uns 15 anos, era outra história). Ultimamente, tenho tentado ouvir um pouco mais de Led Zeppelin e conhecer um pouco mais sobre a banda.

Comprei baratinho o livro Hammer of the Gods: The Led Zeppelin Saga, hoje na Livraria Cultura. Passei boa parte da tarde tomando café e ouvindo Led Zeppelin e iniciando a leitura do jeito que eu mais gosto: pelo índice remissivo, que afinal eu sou um velho curioso.

A única referência ao Deep Purple no livro fala sobre dois queridos e falecidos músicos, cujas mortes a seu tempo marcaram o fim das suas bandas. Com a palavra, Stephen Davis.

"Quando a mixagem do som estava encaminhada, Bonzo ficava à solta, cuidando dos negócios do seu próprio jeito. Numa noite, ele apareceu nos bastidores de um show do Deep Purple no Nassau Coliseum, em Long Island. Bonzo estava bêbado e muito exaltado, e estava bambeando as pernas nas coxias quando percebeu um microfone livre durante uma fase calma da música. Atirando-se para a frente, Bonzo caminhou até o palco antes que os roadies do Deep Purple pudessem pegá-lo. O grupo parou de tocar, estupefato, quando Bonzo agarrou o microfone e gritou:

-- Meu nome é John Bonham do Led Zeppelin, e eu queria dizer pra todo mundo que temos um novo disco saindo chamado Presence e que vai ser bom pra caralho!

Aí, Bonzo fez menção de sair, mas antes disso ele virou para trás e insultou gratuitamente o guitarrista do Deep Purple.

-- E esse tal de Tommy Bolin aí não toca merda nenhuma!"


Tentei identificar esse show no Deep Purple Diary, pra tentar achar o pirata correspondente. Não encontrei nenhum show em Long Island em 1976 - só encontrei menção a um show da Mk3 no Nassau Coliseum, em março de 1974. Ou é lenda ou Nigel Young não conhece esse show. Ou Davis errou de lugar.

EDITADO: Segundo gente que manja de Deep Purple mais do que eu, realmente rolou isso e provavelmente o Deep Purple Diary não tem esse registro na Web. Mas, segundo eles, há várias lacunas no Diary na internet - muitas das quais o Nigel Young já conseguiu completar mas ainda não pôs na rede. Aparentemente, não existe pirataria desse show.

EDITADO 2: Outra versão pro evento surgiu no Deep Purple Hub. "Uma biografia alemã do Deep Purple diz que isso aconteceu em 23 de janeiro de 1976 em Nova York (Radio City Music Hall). Bonzo anunciou que o filme 'The Song Remains the Same' seria lançado em breve e afirmou que Bolin era mais macho que o Blackmore." Existe pirataria desse show, mas não sei se tem a história.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

A entrevista

Não faz meia hora que eu falei com o Glenn Hughes. Liguei pra casa dele, em Los Angeles. Atendeu a mulher dele, chamou o mestre e começamos a falar. Eu quase não acreditei. Passamos 15 minutos muito agradáveis conversando.

Ele é um grande cara, mas eu tive certeza de que não sirvo pra ser jornalista de rock full-time. Não sei entrevistar direito caras que eu admiro (como eu trabalho normalmente com jornalismo de política, não corro esse risco). Gaguejei, me perdi, elogiei, falei besteira e tudo mais.

Algumas perguntas que eu queria fazer não foram feitas. Outras, sobre a história do Deep Purple, foram. Mas as principais declarações dele seguem abaixo.

“Estamos fechando nas próximas semanas um acordo com uma gravadora brasileira pra lançar Songs for the Divine por aí. Já me sondaram pra ir a um festival em outubro, que vai passar pelo Rio. Adoro o Brasil, sou louco por São Paulo, mas infelizmente ainda não conheço o Rio. Vai ser uma boa chance.”

“Quando eu entrei no Deep Purple, em 1973, a indústria da música era muito diferente de como é hoje. Era mais simples. Tinha mais a ver com grandes bandas e boa música. Nos últimos 20 anos é que mudou bastante. Pra minha carreira, foi um passo natural saltar do Trapeze para o Deep Purple. O Trapeze era muito popular na América, mas ainda não nos conheciam na Europa.”

“Eu entrei no Deep Purple com 21 anos, em junho de 1973. A idéia de ter um dueto de vozes no Deep Purple já andava pela cabeça do Ritchie e do Jon. Desde o começo estavam convidando o Paul Rodgers. Fiquei amigo, individualmente, de todos os colegas da banda.”

“Quando eu cheguei na banda, cheguei trazendo elementos de blues. Eu era um dos poucos caras brancos que entendiam a música dos cantores negros. Eu e o Bolin conhecíamos a fórmula secreta pra misturar o rock com o funk. Todo mundo curtiu, no começo. Especialmente depois da entrada do Bolin, a gente começou a aprofundar isso.”

“O Ritchie é um cara mais difícil, mas até aí todos os grandes guitarristas são difíceis. O Jimmy Page é difícil, o Jeff Beck é. Todos são. O Tony Iommi é mais tranqüilo, mas é exceção.”

“Tommy Bolin era uma figuraça. Gente boa, crianção... só que ele tinha aquele problema muito sério com a heroína. Em 1975, eu comecei a pegar pesado com as drogas. Cocaína, Heroína... nessa época o Bolin já estava começando a experimentar com morfina.”

“Quando o cara é famoso, vive cercado de gente oferecendo drogas, bebida, carros, aviões, mulher. Tudo de graça. Infelizmente, eu era muito jovem, não estava preparado pra tudo isso. Não queria ficar viciado, mas infelizmente depois que a coisa começa o cara fica querendo mais. A coisa foi mais pesada comigo e com o Bolin. Não digo que os outros não viessem junto, mas eles eram mais da bebida. Eu nunca fui de beber, mas acabei pegando pesado com a cocaína. As drogas são uma merda, fodem a vida do cara. Eu estou há 15 anos lutando com elas.”

“O que acabou com o Deep Purple, há 30 anos, foi uma combinação de sexo, drogas e rock’n’roll. Rolava muita doideira. Tinha troca de mulheres, muita droga e o negócio de a música ir numa direção diferente.”

“Agora em agosto ou setembro, devo ir a um estúdio pra ouvir as fitas dos ensaios de Stormbringer pro disco novo. Infelizmente, parece que não sobraram músicas extras. Mas eu vou vasculhar tudo aquilo, todas aquelas fitas dos ensaios. Devo achar alguma coisa nova e diferente. Mas o disco ainda vai demorar um pouco, talvez só saia em janeiro.”

“Diga aos fãs brasileiros que eu vou adorar voltar lá pra cantar minhas músicas. Adoro o país e sua musicalidade.”

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Fala Hughes

Glenn Hughes deu uma entrevista à Rock'n'Roll Universe e falou sobre o Purple. Algumas declarações:

"O Blackmore é bem doido. Acho que uma galera foi a nocaute com as guitarras que ele jogou na platéia (em California Jam). Uma vez ele me bateu com a guitarra. Ele disse pra eu nunca ir pro lado dele do palco. Claro, eu queria saber o motivo, então uma noite eu fui. Ele jogou a guitarra pro alto e me deu uma raquetada com ela nas costas. Doideira. Mas isso é parte de quem ele é, e eu o adoro por isso."

(Sobre o fim do Deep Purple, em 1976) "As coisas começaram a ficar malucas. Acho que tinha um monte de coisas rolando. Muita coisa rola nos bastidores que pouca gente percebe. Só digo que foi sexo, drogas e roquenrôu. Todos esses elementos-chave foram as coisas que acabaram com a banda. Tinha coisas fodidas rolando nos bastidores, com drogas, esposas, namoradas (Jon Lord roubou na época a namorada de Hughes e até hoje é casado com ela). Foi por isso que a banda acabou. O David Coverdale e eu estávamos indo pra lados diferentes, mas acho que a banda estava cansada. Acho que precisava de férias, foi uma boa hora pra acabar a banda. Eu mesmo andava meio desiludido. Comecei a me afundar na cocaína, e queria tocar mais funk. (...)"

(Sobre a intenção de reunir a Mk3) "Acho que David e eu faríamos isso. Falo em nome do David, e o David e eu conversamos sobre isso no natal. Acho que lá pelas tantas começou a rolar na imprensa. Mas, enquanto o Gillan, o Glover e o Paice estiverem lá, acho que não acontece. Acho que se um dia o Deep Purple parar de fazer turnês com os dois Ians e o Roger, que são gente muito boa por sinal, talvez role. Não quero pisar no pé de ninguém e fazer algo errado. Mas acho que, se juntasse Ritchie Blackmore, Glenn Hughes, David Coverdale, Ian Paice e Jon Lord de novo, provavelmente seria uma baita turnê. David e eu já conversamos sobre como seria legal voltarmos a cantar juntos. Mas só rolaria se fosse no Deep Purple. E só se fosse com o Ritchie Blackmore. Na minha idade de agora, 53, as coisas têm que fazer sentido. Não quero fazer uma coisa errada. (...) Nunca falei com o Ritchie a respeito. Não dei nenhum telefonema, ninguém deu. Acho que ele curte o negócio lá com a mulher dele. Só acho que na hora certa, pode rolar. Acho que, se for acontecer, seria nos próximos 2 ou 3 anos."

sábado, 13 de maio de 2006

O ataque das guitarras do Purple

Aos 15, 16 anos, meu ídolo absoluto era um certo Richard Hugh Blackmore. Eu estava começando a tocar guitarra, e pra mim nada superava a possibilidade de extrair dos meus dedos um som parecido com o que ele tirava. Acabei desviando de carreira, deixei de aprender a tocar guitarra e hoje em dia só o que eu tenho em casa é um violão fabricado com trabalho escravo na China. O mais barato que achei.

Hoje, passeando pela Teodoro Sampaio, entrei na Matic e brinquei um pouco com uma Fender cor de creme (R$ 3.200) plugada num amplificador Marshall valvulado. Basicamente, brinquei com algumas introduções, como Burn, Mandrake Root, Lay Down Stay Down, Lazy e Strange Kind of Woman. Estou caminhando nas nuvens - pela primeira vez na vida, senti que tocava Deep Purple direito. Ficou igualzinho, pela primeira vez na minha vida, saído diretamente dos meus dedos. Nada substitui essa sensação. Absolutamente nada. Eu me senti realizando o sonho dos meus 15 anos.

Em homenagem a isso, vamos ver em ação cada um dos guitarristas que o Deep Purple já teve em toda sua história. Começando por...

1) O homem de camisa de seda azul, ainda com uma Gibson, tocando Hush no Playboy Late Night Club, em 1968:


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2) Tommy Bolin, tocando Love Child no Rises Over Japan:


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3) Joe Satriani, com Maybe I'm a Leo, num vídeo pirata:


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4) Steve Morse, com Contact Lost:


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quinta-feira, 4 de maio de 2006

Rolam as pedras

Esta aqui embaixo é a capa do número mil da revista Rolling Stone, lendária bíblia da música pop. Vocês conseguem identificar algum membro do Deep Purple nesse onde-está-Wally? Eu ainda não procurei direito.



Vale a pena ler, no site da Rolling Stone, as resenhas de alguns discos do Deep Purple. Eles começam em Machine Head e resenham todos os principais discos até House of Blue Light (incrivelmente considerado melhor do que Perfect Strangers pela revista).

Como muitos de nós não vivemos a época original do lançamento dos discos (eu nasci uma semana antes da resenha de Made in Europe), ainda mais nos EUA, é sempre uma preciosidade encontrar essas coisas pra ver como os vaivéns do Deep Purple foram recebidos na época. Sente só, no original:

Machine Head - "Now, I can't be that much of a purist, because I'm sure that "Highway Star" and "Space Truckin'" took at least 20 minutes each to compose, but I do know that this very banality is half the fun of rock 'n' roll. And I am confident that I will love the next five Deep Purple albums madly so long as they sound exactly like these last three." (Ele comenta três músicas na resenha. Nenhuma delas é Smoke on the Water.)

Made in Japan - "While Purple refuses to take themselves too seriously, all of the solos on Made In Japan are technically superior to most instrumental melodramatics one hears from supposedly more serious bands."

Who Do We Think We Are - "Jeez, what an unsettling album! For the life of Reilly I can't understand how Deep Purple evidently lost the macho glory which made their In Rock LP such an Owsleyan mindfuck."

Burn - "Deep Purple's first album since last year's departure of vocalist Ian Gillan and bassist/composer Roger Glover is a passable but disappointing effort. On Burn, new lead singer David Coverdale sounds suitably histrionic, like Free's brilliant Paul Rodgers (rumored to have been Purple's first replacement choice). But the new material is largely drab and ordinary, without the runaway locomotive power of the group's best work."

Stormbringer - "While the two newcomers are just as competent as their predecessors (as witnessed on the title cut, one of the few real throwbacks to Machine Head days), the attempts that the band has made at diversifying its sound have been only partly successful. (...) Stormbringer still exhibits a few points of flash—the occasional familiar Blackmore riff or Lord organ wail—but in toto it's a far cry from the band's peak."

Come Taste The Band - "Like Blackmore, Bolin establishes tension between Purple's solid rhythm foundation and his own sustained clarity and agitated upper-fret playing. While Blackmore was largely confined by this style, Bolin employs it as only one of many. His more flexible approach to writing and arranging produces a more melodic and dynamic feel. With him, Purple's music has outgrown the predictability of the past. Textures replace a reliance on volume, and changes in tone and pace more frequently contrast and augment each other. There is evidence of give and take that Deep Purple hasn't shown for some time. (...) A visible attempt to experiment has expanded the group's music beyond the heavy-metal trap, and this could lead them to rediscover the progressive style that somehow vanished after In Rock."

Made in Europe - "Composed of five extended tracks from three European concerts in early 1975, Made in Europe chronicles the last moments of guitarist Ritchie Blackmore's membership in Deep Purple, and the opportunity to glean a few more bucks from Blackmore's currently rising status seems to be the sole reason for its release. (...) The only interesting moments occur on "Burn," the seven-minute opening cut. It's a well-done, solid rocker, but its fascination stems largely from how hard vocalist David Coverdale tries to mimic his popular predecessor Ian Gillan." (Acuma?)

Perfect Strangers - "Excepting the title cut and the rambunctious but less effective "Knocking at Your Back Door," the material consists of hastily knocked-off jams that allow guitar demigod Ritchie Blackmore to whip out his finger exercises in public. The band spent about six to eight weeks recording this comeback. (The current lineup is actually neither the original nor the final Deep Purple but the most successful – of "Smoke on the Water" fame.) It doesn't sound as if they spent much more time thinking about it, either. (...) Then again, did Deep Purple ever have more than one or two really good, concise numbers on an album? Maybe they're just making the kind of record they always did, the only kind they know how to make."

House of Blue Light - "Of the seventies hard-rock dinosaurs that still roam the earth, Deep Purple is one of the few with any credibility left in its crunch. The House of Blue Light – the second album by Purple's classic In Rock lineup since their return to active duty – is certainly a marked improvement over their lukewarm '84 comeback, Perfect Strangers, and, except for a couple of outright duds on side two, is as good as this band has ever been since its "Smoke on the Water" salad days."

O que eles falam de outros discos:

Os primeiros - "Their first two American albums on Tetragrammaton were mostly uninspired, despite some good cover versions of songs like "I'm So Glad" and "Hush." The basic problem seemed to be that the group hadn't really learned to write yet, so the covers were the best way to grow without losing the audience. Except that no self-respecting late-Sixties rock band wants to put out an album with nothing but covers on it, so we were left with a bunch of boring originals, half of them instrumental. When, that is, they weren't indulging in long "improvisational" forays such as their first album's bolero rendition of Hey Joe."

Concerto - "The pretentious side of Deep Purple found its fullest expression in their first album for Warner's, Concerto For Group and Orchestra, written by Lord and performed with the aid of Malcolm Arnold and the "Royal Philharmonic Orchestra." It was an atrocity."

In Rock - Deep Purple in Rock was a dynamic, frenzied piece of work sounding not a little like the MC5 (anybody who thinks that all heavy bands put out thudding slabs of "downer" music just hasn't gotten into Deep Purple).

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Sobre Tommy Bolin

Pra não dizerem que abandonei o Purpendicular, colo aqui um texto que escrevi na comunidade Deep Purple Brasil, do Orkut:

O Bolin era um grande guitarrista que se destruiu cedo demais. Mas o Deep Purple não acabou por causa dele, em si - acabou porque chegou ao topo em 1973/74. Ficou grande demais. Perceba: em cinco anos, a banda passou de pequenos clubes a uma platéia do tamanho absurdo de California Jam. Isso, grana e ego têm tudo a ver.

Os "novos" membros - especialmente o Hughes e o Bolin - eram moleques talentosos de vinte e muito poucos anos que de repente estavam tocando numa das maiores bandas do mundo, uma máquina de chamar dinheiro, mulher e fama. Se o cara não tem o pé MUITO no chão, ele perde o equilíbrio. Imagina o contexto da banda na época com isso.

O Bolin e o Hughes, logo de cara, ficaram amicíssimos de química. O Bolin deu no que deu. O Hughes chegou perto. Só nos últimos 15 anos é que ele conseguiu se livrar de vez das drogas. O Coverdale era gordinho, aí os produtores deram uns remédios pra ele emagrecer, que davam barato. O Blackmore virou estrela chiliquenta nessa fase. O Paice pegava o avião Starship 1, caríssimo, que todas as bandas usavam, pra ir jantar na Califórnia se desse na telha (no caminho, ficava vendo filme pornô). O Jon Lord roubou a namorada do Hughes, irmã gêmea da então namorada do Paice. Ambas hoje são as respectivas mães dos filhos dos dois tiozinhos, mas o Hughes nunca superou isso (não faz dois anos que eu li uma entrevista em que ele se queixava de "wife-swapping" nessa fase do Purple).

O Bolin tinha um agravante: baixa auto-estima. Não importa que fosse um gênio da guitarra (ouça o Spectrum, do Billy Cobham) e fosse comparado ao Hendrix - auto-estima é foda e sem razão. Exatamente por causa dessa genialidade é que ele foi chamado por duas grandes bandas pra substituir seus guitarristas: primeiro a James Gang, depois o Deep Purple. Mas ele não suportava ser comparado pelos fãs. No Purple, ele até xingou gente no palco. Quando o Deep Purple acabou, oito meses antes da morte do Bolin, ele queria mais era fazer projetos-solo. Coisa que não deixa de ser muito mais segura do que encarar as multidões que seguiam o Purple.

É uma fase deprê, mas de uma complexidade humana única. Canso de escutar os shows, mas não de ler sobre essa época. Rendia um filmaço.

(Cá pra nós: em 1975, após a saída do Blackmore, o Deep Purple não tinha como NÃO acabar em muito pouco tempo. Em 1994, o Blackmore contou com isso e quebrou a cara. O que mudou em 19 anos? Todos os quatro remanescentes, mais o substituto, eram muito maduros e não corriam mais o perigo de ficarem embriagados com o sucesso.)

sábado, 21 de dezembro de 2002

Tá na mão

A DPAS já botou no ar o artigo da Mojo Magazine sobre o Deep Purple. Tá aqui: On The Roundabout With Deep Purple

quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Eles na fita

A edição de janeiro da Mojo Magazine, uma das maiores revistas britânicas sobre música pop, traz uma matéria imensa sobre o Deep Purple. Na chamada deles:

"A história completa por trás do monstro sagrado dos anos 70 - ego, bebida, riffs, ego, negócios, pompa e ego."

O site da DPAS promete publicar a matéria inteira depois do natal. Se alguém achar essa revista na banca e não souber o que me dar de presente de natal, não fico NEM UM POUCO triste.