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sábado, 25 de junho de 2011

Um documentário dolorido. E fascinante.



Acabo de assistir ao documentário do DVD de Phoenix Rising, que conta a história do Deep Purple desde o final da Mk2 até o fim da banda, em 1976. Foram entrevistados Jon Lord e Glenn Hughes, e a sinceridade deles chega a ser brutal em várias partes do documentário. Especialmente a sinceridade do Hughes.

O DVD, que ainda não foi lançado no Brasil, tem feito certo sucesso comercial na Europa. E tem ótimos motivos. Phoenix Rising é um documento definitivo sobre os excessos que acabaram com as melhores bandas de rock do mundo - inclusive o Deep Purple.

Veja o trailer aqui:



Ele não tem comparação, por exemplo, com "Classic Albums: Machine Head". Naquele, o grande fascínio é a música (o que não é pouco) - mas nem as brigas entre os membros aparecem. Não se compara também com "Heavy Metal Pioneers", o documentário lançado durante os anos em que Joe Lynn Turner estava na banda. O DVD novo não busca contar o passado da banda do ponto de vista de seu presente.

Em Phoenix Rising, o ponto central é a história de uma grande banda em plena desintegração. Contada em primeira pessoa por dois ex-membros.

Dói ver a banda que eu mais aprecio no mundo chegando ao fim. Tudo bem que foi antes de eu nascer. Mas dói igual.

Dói ver músicos talentosos, como Hughes e Tommy Bolin, se detonando do jeito como se detonaram. Por sorte, e basicamente apenas sorte, Hughes sobrou pra contar a história.

Dói ver músicos ainda mais talentosos e extremamente disciplinados, como Jon Lord, contarem das vezes em que tinham que empurrar os colegas mais displicentes para o palco ou chamar sua atenção devido aos excessos. Lord, sempre carinhoso com os amigos, faz questão de fazer várias vezes a ressalva "não estou dizendo que eu era santo, mas...". Quando você acha que ele contou podres muito fortes dos ex-colegas, vem Hughes e conta seus próprios podres com mais detalhes.

Exatamente por isso, trata-se de um documentário fabuloso. Eles não estão preocupados em agradar ninguém - e nem precisam ter vergonha de expor colegas. Bolin, o que mais pisou na jaca, morreu há 35 anos. O vice-campeão, Hughes, faz questão de falar da jaca em que pisou até pra contrastar com o quanto sua vida melhorou.

Algumas notícias a respeito anunciam como inéditos os 30 minutos do show no Japão.

É mentira. "Rises Over Japan" foi lançado em VHS, nos anos 80. Está fora de catálogo há muitos anos, mas é facinho de achar no YouTube. Partes dele já saíram oficialmente em DVDs como o "History, Hits and Highlights". Inédito é ele ser lançado inteiro em DVD.



Mas esse DVD tem cenas inéditas, sim. Delas, pouquíssimo se falou até agora. Pelas minhas contas, são:

* Alguns segundos de "Smoke on the Water" do Made in Japan, na parte onde se fala do final da Mk2. As imagens do mais mitológico show do Deep Purple estão sendo lançadas a conta-gotas. No "History, Hits and Highlights", saíram segundos de "Highway Star". No "Deepest Purple", saíram segundos de "Space Truckin'". Um dia ainda sai a gravação completa, espera-se.

* Alguns segundos em preto-e-branco com o Gillan usando um traje meio que de marinheiro.

* Algumas cenas em vídeo de shows da Mk3, possivelmente do finalzinho da formação, lá em 1975. Impossível para mim identificar qual é o show.

* Trechos fabulosos da turnê do Deep Purple na Indonésia, em dezembro de 1975. Eles filmaram desde a chegada da banda à capital, Jacarta, até o momento em que roadies tiveram de encher o pneu do avião para a banda conseguir sair do país. Trechos dos dois shows, incluindo a polícia ameaçando a plateia com cachorros, estão lá.

Como não podia deixar de ser, a parte mais dolorosa do documentário é aquela que se aproxima do final. Toda a descrição da turnê do Deep Purple em Jacarta - a corrupção, os achaques, o calote, as drogas, a morte de Patsy Collins - é muito forte. E fica mais forte ainda com os depoimentos de Lord e Hughes sendo contrastados com as imagens daqueles dias pesados.



E fica ainda mais pesado quando você chega ao final do DVD, aos créditos, e aparece uma declaração de que as opiniões emitidas por Hughes e Lord sobre a morte de Patsy Collins não refletem a opinião de David Coverdale a respeito. Os dois acreditam que Collins - um homem forte, treinado como segurança - não tropeçaria assim tão fácil pra cair no poço de um elevador desativado e fechado. Lord diz que Collins foi certamente assassinado. Hughes, que chegou a ser preso por ter sido um dos últimos a ver o roadie vivo, diz que precisaria da ajuda de cinco homens fortes pra um homem daquele porte cair por acidente no poço de um elevador.

Eu lembro da primeira vez em que ouvi pedaços do "Last Concert in Japan". Foi num sebo de discos em Porto Alegre, acho que em 1992. O vendedor, Paulo, me mostrava o disco e lamentava o quanto as drogas haviam detonado aquele guitarrista. Sua guitarra estava inaudível. Anos depois, quando comprei o "This Time Around", com a versão completa e remasterizada do mesmo show, consegui ouvir a guitarra e disse a mim mesmo: "uau, o cara não estava tão mal assim".

No DVD de agora, Hughes coloca a coisa em contexto ao lembrar que o show do Japão foi o primeiro logo depois da experiência traumática em Jacarta. Segundo ele e Lord, o que detonou Bolin ali não foram as drogas. Não exatamente. O promotor local deu morfina para o guitarrista, e ele acabou dormindo em cima de sua própria mão esquerda. Assim, tudo o que ele conseguia fazer era uma posição só. Suas guitarras foram afinadas cada uma num tom diferente para ele poder tocar.

O final do Deep Purple, em março de 1976, foi melancólico. Sua última turnê foi praticamente em casa, no interior do Reino Unido. Hughes, literalmente o homem que tocou a última nota num show da primeira encarnação do Deep Purple, conta que nos últimos dias da banda ele virou de um show a outro sem dormir e sem comer, apenas bebendo e usando drogas. A bronca que Jon Lord conta ter dado no colega é daquele tipo que você nunca gostaria de ouvir de ninguém. Já contei aqui um par de vezes o final daquele show.

Se você é fã do Deep Purple, assista Phoenix Rising. Seus depoimentos são muito sinceros e chocantes. Você é trazido para os bastidores da fase mais shakespeariana da banda.

Se você é fã de rock, ainda que não especialmente do Deep Purple, assista Phoenix Rising. É um documento de uma fase do rock, tão completo e pungente quanto "The Decline Of Western Civilization Part 2: The Metal Years".

Se você não curte nem rock e nem Deep Purple, mas tem interesse em antropologia e sociologia, ou quem sabe em documentários em geral, assista Phoenix Rising. É um documentário fascinante.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ecos de um assassinato na Indonésia?

Em 1975, quando o Deep Purple tocou em Jacarta com a Mk4, uma coisa horrível aconteceu. Um roadie da banda foi encontrado morto no fosso de um elevador. Uma queda de seis andares.

O Deep Purple tinha tocado para 55 mil pessoas em 3 de dezembro. Na volta do show, o roadie Patsy Collins discutiu com dois caras da equipe. Saiu do quarto deles pra ir pro seu, no andar acima. A história que contam é que o elevador estava lento, então ele teria resolvido pegar a escada de incêndio. A porta do andar estava trancada. Ele voltou por onde deu e encontrou uma porta destrancada, sem indicação nenhuma. Era a do fosso do elevador, de onde ele caiu. Morreu na manhã seguinte. Logo em seguida, a polícia chegou querendo prender os dois roadies que teriam discutido com Collins, mais o empresário da banda, Rob Cooksey. E a polícia ainda pedia autógrafos.

Era 4 de dezembro de 1975. Ouça "Getting Tighter" aqui. O som não está bom, nem na gravação, nem na execução:



No show do dia seguinte, seis mil policiais patrulhavam o estádio - que tinha mais dezenas de milhares de pessoas. Mal começou o show, começou a pancadaria - a polícia baixava o cacete em quem tentasse dançar. O show acabou na metade.

Esse é o episódio mais sombrio da história do Deep Purple, sem sombra de dúvida. Ainda mais que exatamente um ano depois dele o Tommy Bolin morreu.

Pois o DVD Phoenix Rising vai ter, além do velho "Rises Over Japan", um documentário que vai do fim da Mk2 até o fim da Mk4, mais uma entrevista com Lord e Hughes especialmente sobre esse episódio macabro.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Pro seu bolso chorar, como o meu

Encomendei da DPAS nesta semana o DVD "Phoenix Rising", que deve sair no final de maio. Hoje, recebi um simpático email da Ann Warburton, administradora da Purple Records (e, salvo engano, mulher do Simon Robinson), contando o que mais vai sair neste ano. Algumas coisas eu não tinha ouvido falar. Olha só:

* Ainda não tem data, mas está em planejamento uma edição especial de Perfect Strangers com 3 discos. Da DPAS: "CD1 será o remaster incluindo 'Not Responsible'. CD3 será o velho disco de entrevistas que a Polydor lançou como promo no final de 1984. CD2 será um disco de material variado, com faixas do show de Knebworth (já lançado como um pacote por si), Son Of Alerik e com espera-se que também as jams que sobraram da gravação" (Cozmic Jazz e RIJIR). Cozmic Jazz já circula há tempos por aí como pirataria:



* Vai sair uma edição limitada de 2 mil cópias do Phoenix Rising em vinil. Ela não disse o que vai ter nessa versão, mas suponho que seja algo como o Last Concert in Japan (base do Rises Over Japan, vídeo que estará incluído no documentário). Eu não tenho onde ouvir vinil, então não me emociono ainda. O trailer do documentário:



* Vai sair uma versão em CD do single beneficiente "Who Cares", com Ian Gillan, Tony Iommi e Jon Lord. São duas faixas. Uma delas, "Out of My Mind", vai estar à venda oficialmente em 6 de maio.
Um gostinho do single:



* Já foi anunciado antes que vai sair uma reedição do Born Again, o famoso disco do Black Sabbath com o Gillan que é fabuloso musicalmente mas tem o som abafado. "Infelizmente não conseguiram achar as fitas master, então um remix não foi possível. Ao invés disso, o disco será remasterizado, e vão pelo menos acrescentar a apresentação no festival de Reading feita para a Radio 1 da BBC (o único show da banda no Reino Unido) como disco bônus, mais o single", escreveu Ann. Ou seja: pela primeira vez, oficialmente, teremos "The Fallen" (yeah!) e o Gillan cantando "War Pigs" - minha versão favorita da música - e "Paranoid", como no vídeo abaixo:



* Já dá pra encomendar o segundo disco da Black Country Communion, o genial projeto do Glenn Hughes com o Joe Bonamassa e o Jason Bonham. Ainda não se sabe os formatos finais. O primeiro vídeo do novo disco deve sair agora em junho. Eu fiquei fascinado por BCC logo na primeira faixa do primeiro disco, com este baixo aqui:



* Vai sair um musical italiano sobre a vida do Blackmore. "Já me garantiram que não é tosco!", disse Ann. Eu ainda não tinha ouvido falar a respeito. Pedi mais detalhes.

* Blackmore e Paice vão tocar no disco "Seeking Major Tom", do capitão Kirk William Shatner. Paice vai tocar "Space Truckin'", do Deep Purple, e o Blackmore vai tocar "Space Oddity", do David Bowie. Já está no YouTube um vídeo com Shatner gravando "Iron Man" com Zakk Wylde - e encarnando o personagem de "S@#$ My Dad Says".



* Vai sair uma versão remasterizada do Long Live Rock'n'Roll, do Rainbow com o Dio. Sempre faz bem rever: