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sábado, 25 de junho de 2011

Um documentário dolorido. E fascinante.



Acabo de assistir ao documentário do DVD de Phoenix Rising, que conta a história do Deep Purple desde o final da Mk2 até o fim da banda, em 1976. Foram entrevistados Jon Lord e Glenn Hughes, e a sinceridade deles chega a ser brutal em várias partes do documentário. Especialmente a sinceridade do Hughes.

O DVD, que ainda não foi lançado no Brasil, tem feito certo sucesso comercial na Europa. E tem ótimos motivos. Phoenix Rising é um documento definitivo sobre os excessos que acabaram com as melhores bandas de rock do mundo - inclusive o Deep Purple.

Veja o trailer aqui:



Ele não tem comparação, por exemplo, com "Classic Albums: Machine Head". Naquele, o grande fascínio é a música (o que não é pouco) - mas nem as brigas entre os membros aparecem. Não se compara também com "Heavy Metal Pioneers", o documentário lançado durante os anos em que Joe Lynn Turner estava na banda. O DVD novo não busca contar o passado da banda do ponto de vista de seu presente.

Em Phoenix Rising, o ponto central é a história de uma grande banda em plena desintegração. Contada em primeira pessoa por dois ex-membros.

Dói ver a banda que eu mais aprecio no mundo chegando ao fim. Tudo bem que foi antes de eu nascer. Mas dói igual.

Dói ver músicos talentosos, como Hughes e Tommy Bolin, se detonando do jeito como se detonaram. Por sorte, e basicamente apenas sorte, Hughes sobrou pra contar a história.

Dói ver músicos ainda mais talentosos e extremamente disciplinados, como Jon Lord, contarem das vezes em que tinham que empurrar os colegas mais displicentes para o palco ou chamar sua atenção devido aos excessos. Lord, sempre carinhoso com os amigos, faz questão de fazer várias vezes a ressalva "não estou dizendo que eu era santo, mas...". Quando você acha que ele contou podres muito fortes dos ex-colegas, vem Hughes e conta seus próprios podres com mais detalhes.

Exatamente por isso, trata-se de um documentário fabuloso. Eles não estão preocupados em agradar ninguém - e nem precisam ter vergonha de expor colegas. Bolin, o que mais pisou na jaca, morreu há 35 anos. O vice-campeão, Hughes, faz questão de falar da jaca em que pisou até pra contrastar com o quanto sua vida melhorou.

Algumas notícias a respeito anunciam como inéditos os 30 minutos do show no Japão.

É mentira. "Rises Over Japan" foi lançado em VHS, nos anos 80. Está fora de catálogo há muitos anos, mas é facinho de achar no YouTube. Partes dele já saíram oficialmente em DVDs como o "History, Hits and Highlights". Inédito é ele ser lançado inteiro em DVD.



Mas esse DVD tem cenas inéditas, sim. Delas, pouquíssimo se falou até agora. Pelas minhas contas, são:

* Alguns segundos de "Smoke on the Water" do Made in Japan, na parte onde se fala do final da Mk2. As imagens do mais mitológico show do Deep Purple estão sendo lançadas a conta-gotas. No "History, Hits and Highlights", saíram segundos de "Highway Star". No "Deepest Purple", saíram segundos de "Space Truckin'". Um dia ainda sai a gravação completa, espera-se.

* Alguns segundos em preto-e-branco com o Gillan usando um traje meio que de marinheiro.

* Algumas cenas em vídeo de shows da Mk3, possivelmente do finalzinho da formação, lá em 1975. Impossível para mim identificar qual é o show.

* Trechos fabulosos da turnê do Deep Purple na Indonésia, em dezembro de 1975. Eles filmaram desde a chegada da banda à capital, Jacarta, até o momento em que roadies tiveram de encher o pneu do avião para a banda conseguir sair do país. Trechos dos dois shows, incluindo a polícia ameaçando a plateia com cachorros, estão lá.

Como não podia deixar de ser, a parte mais dolorosa do documentário é aquela que se aproxima do final. Toda a descrição da turnê do Deep Purple em Jacarta - a corrupção, os achaques, o calote, as drogas, a morte de Patsy Collins - é muito forte. E fica mais forte ainda com os depoimentos de Lord e Hughes sendo contrastados com as imagens daqueles dias pesados.



E fica ainda mais pesado quando você chega ao final do DVD, aos créditos, e aparece uma declaração de que as opiniões emitidas por Hughes e Lord sobre a morte de Patsy Collins não refletem a opinião de David Coverdale a respeito. Os dois acreditam que Collins - um homem forte, treinado como segurança - não tropeçaria assim tão fácil pra cair no poço de um elevador desativado e fechado. Lord diz que Collins foi certamente assassinado. Hughes, que chegou a ser preso por ter sido um dos últimos a ver o roadie vivo, diz que precisaria da ajuda de cinco homens fortes pra um homem daquele porte cair por acidente no poço de um elevador.

Eu lembro da primeira vez em que ouvi pedaços do "Last Concert in Japan". Foi num sebo de discos em Porto Alegre, acho que em 1992. O vendedor, Paulo, me mostrava o disco e lamentava o quanto as drogas haviam detonado aquele guitarrista. Sua guitarra estava inaudível. Anos depois, quando comprei o "This Time Around", com a versão completa e remasterizada do mesmo show, consegui ouvir a guitarra e disse a mim mesmo: "uau, o cara não estava tão mal assim".

No DVD de agora, Hughes coloca a coisa em contexto ao lembrar que o show do Japão foi o primeiro logo depois da experiência traumática em Jacarta. Segundo ele e Lord, o que detonou Bolin ali não foram as drogas. Não exatamente. O promotor local deu morfina para o guitarrista, e ele acabou dormindo em cima de sua própria mão esquerda. Assim, tudo o que ele conseguia fazer era uma posição só. Suas guitarras foram afinadas cada uma num tom diferente para ele poder tocar.

O final do Deep Purple, em março de 1976, foi melancólico. Sua última turnê foi praticamente em casa, no interior do Reino Unido. Hughes, literalmente o homem que tocou a última nota num show da primeira encarnação do Deep Purple, conta que nos últimos dias da banda ele virou de um show a outro sem dormir e sem comer, apenas bebendo e usando drogas. A bronca que Jon Lord conta ter dado no colega é daquele tipo que você nunca gostaria de ouvir de ninguém. Já contei aqui um par de vezes o final daquele show.

Se você é fã do Deep Purple, assista Phoenix Rising. Seus depoimentos são muito sinceros e chocantes. Você é trazido para os bastidores da fase mais shakespeariana da banda.

Se você é fã de rock, ainda que não especialmente do Deep Purple, assista Phoenix Rising. É um documento de uma fase do rock, tão completo e pungente quanto "The Decline Of Western Civilization Part 2: The Metal Years".

Se você não curte nem rock e nem Deep Purple, mas tem interesse em antropologia e sociologia, ou quem sabe em documentários em geral, assista Phoenix Rising. É um documentário fascinante.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Três resenhas

Recebi na última semana dois discos que eu estava esperando. Também ouvi um terceiro, que ganhei inesperadamente. Ouvi os três com bastante calma nos últimos dias, então estou pronto pra fazer a resenha pra vocês. Duvido que qualquer um deles saia no Brasil, infelizmente.

1) STORMBRINGER (Remaster)

    Nunca esperei tanto tempo por um remaster do Purple. Este estava por sair desde 2005. Eu já estava roendo as unhas, porque o vinil de Stormbringer foi o disco que me apresentou ao Purple. Valeu a pena a espera? Acho que sim, especialmente porque, com a cotação atual da libra, importá-lo saiu mais ou menos o preço de um CD duplo nacional. Fosse mais caro, meu bolso teria doído. A remasterização desabafou todas as faixas. O som é mais claro, não apenas mais alto. Dá pra ouvir bem todos os instrumentos (ouça "Love Don't Mean a Thing", por exemplo). As faixas extras são mais ou menos no mesmo nível das de Burn: acrescentam apenas detalhes saborosos ao que a gente já sabia. Não há papo de estúdio, não há faixas inéditas. Há alguns vocais novos. A escolha das faixas, remixadas pelo Glenn Hughes, realça a contribuição dele ao álbum: nenhuma delas nunca foi tocada pelo Purple ao vivo, porque são exatamente as que o Blackmore julgava funkeiras demais para a idéia dele do que o Deep Purple devia ser. O Rasmus Heide, do The Highway Star, diz que elas realçam os motivos pelos quais o Blackmore saiu da banda - o que faz sentido. Ao mesmo tempo, são as mais improváveis de ouvir versões diferentes. Não são óbvias. Não fizeram uma nova versão da faixa-título, que sempre levanta a galera nos shows de tributo, por exemplo. Holy Man, posta em primeiro lugar entre os remixes, não traz absolutamente nenhuma novidade que eu tenha notado. Mas é o grande momento da carreira do Hughes, seu primeiro número-solo no Deep Purple. You Can't Do It Right está com um baixão mais agressivo, gostoso de ouvir. Diz o livreto do Simon Robinson que essa foi a primeira faixa que foi descoberta nos arquivos profundos da EMI - e quem descobriu achou que era Earth, Wind and Fire. Love Don't Mean a Thing trouxe um pandeiro e um tecladão mais alto no final, sobre o "looking for lovin'... I need a livin...". Apesar de o teclado ser genial, ele abafou o solo de guitarra, que eu acho mais genial ainda. No livreto, diz que essa letra na verdade vem de um cantor de rua que parou o Blackmore pra cantar pra ele um negócio que tinha composto. Aí, o Blackmore levou o cara pro Starship 1 e chamou o Hughes pra compor. O nome do cantor de rua nunca apareceu. Hold On ficou muito legal, com alguns versos cantados de um jeito diferente. Instigante. High Ball Shooter é instrumental - pra você e eu e todo mundo cantar junto. Se preferir não cantar, preste atenção no baixo funkeado. Acho que foi por isso que o Hughes remasterizou essa.


2) ONE EYE TO MOROCCO (Ian Gillan)

    O Ian Gillan tem uma coisa que eu acho muito legal nos discos dele fora do Purple: ele realmente SAI do Purple nesses discos. Mais ainda: ele não tem a mínima preocupação em seguir um estilo definido. Pra pegar só os discos que ele assina com o próprio nome (sem ser uma banda), Naked Thunder é de um jeito, o Toolbox é de outro, o Dreamcatcher é de outro, Gillan's Inn é de outro e One Eye to Morocco é de outro diferente. A faixa-título começa com um floreado meio árabe, cítaras e um riff que bem podiam estar na novela da Juliana Paes. Mas o Marrocos do título é uma referência obscura - é uma expressão comum na República Tcheca pra se referir aos distraídos. O disco traz uns rocks bem vigorosos, como "No Lotion for That" e "Change My Ways" (que aliás é a que mais parece Purple, mas é diferente). Três faixas são compostas pelo guitarrista Michael Lee Jackson, incluindo "Texas State of Mind", que também está no DVD "Live in Anaheim". O que me chamou mais a atenção nesse disco é que ele enfatiza o novo jeito que o Gillan descobriu de cantar pelo menos desde 2002/2003. Ele não tem mais os agudos dos anos 70, e seria covardia exigir isso dele. Em outras resenhas eu observei que ele saboreia mais as palavras. Ouvindo esse disco é que me caiu a ficha: hoje, ele canta mais com os recursos da boca do que com os da garganta.


3) A LIGHT IN THE SKY (Don Airey)

    Este eu ganhei autografado do próprio tecladista, depois de um duelo de máquinas fotográficas no backstage do Purple (ele disparou primeiro e ganhou). É um material quase completamente instrumental, focado nos teclados. E Airey usa vários teclados. Alguns efeitos saem direto das brincadeiras sonoras que ele faz durante seus solos que fazem tremer o chão dos shows do Deep Purple. Se você ouvir o disco casualmente, apenas botar e ouvir, ele é um ótimo disco de tecladista. Você pode dizer: "pombas, esse Airey toca bem pra cacilda". Mas experimente ouvi-lo prestando atenção nos títulos das músicas. Pense neles enquanto ouve faixas como "Ripples in the fabric of time" (rasgos no tecido do tempo) e "Space troll patrol" (patrulha dos trolls do espaço). As faixas são altamente evocativas de imagens de viagens no tempo, monstros espaciais, odisséias no espaço. Algumas faixas têm vocal. Elas lembram um pouco o Purple, um pouco o Rainbow, com seus riffs pesadões. O poderoso pulmão do cantor Carl Sentance lembra o do Dio. Gosto muito de música instrumental. Conhecia muito pouco do trabalho solo do Airey. Isso me estimulou a ir atrás de "K2", o álbum anterior dele. Mas não percam de jeito nenhum o site pessoal do tecladista. É uma experiência visual e tanto.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

O show

Estou ficando velho. Fui a apenas um show do Purple em São Paulo nesta turnê (o de terça) e não apenas pra mim já estava bom como também estou demolido até agora. Devo ter perdido uns dois quilos de tanto suar (tomara, tomara).

Foram seis horas em pé - três delas esperando o pessoal do Tom Brasil encontrar meu passe. Que estava havia muito tempo me esperando na bilheteria, mas só descobriram cinco minutos antes do show. Por causa disso, não consegui ir ao backstage, como havia sido convidado para ir. Desorganização da casa é a única explicação em que consigo pensar pra definir o que aconteceu. Não pretendo voltar a pisar naquela lonjura sem um motivo muito bom.

O show em si foi muito bom. Acho que nunca vi o Gillan cantando tão claramente num show em que eu estivesse presente. Já vi em DVD, já vi em pirataria. Pessoalmente, não. O repertório foi quase o mesmo do ano passado e exatamente o mesmo de Porto Alegre. É muito engessado o setlist do Deep Purple, varia pouco além da meia dúzia de músicas do Machine Head, uma ou duas de Fireball, uma ou duas do In Rock, uma ou duas do Perfect Strangers e três do disco da vez. Mas, embora varie pouco o repertório, a interpretação é sempre muito boa e varia bem.

Os cinco estavam completamente à vontade. Don Airey estava em casa, não tinha mais aquele jeito calouro de quem pede licença pra entrar. O Ian Paice aumentou a quantidade de pigmeus escondidos em suas mangas, em relação ao ano passado. Glover cada vez mais rouba a cena quando faz seus solos. Coordena bem com o Steve Morse, que voltou a fazer homenagens a riffs famosos em seu solo. Desta vez, foram Whole Lotta Love, Sweet Child O'Mine e Little Wing. Só que esse "riff parade" não acontece mais antes de Smoke on the Water, e sim entre Contact Lost e Well-Dressed Guitar. A única foto que tirei e ficou boa foi esta, do Morse tocando Contact Lost:



Eu estava ao lado do Abdalla, vocalista da banda Fireball, que faz tributo ao Deep Purple. Deu orgulho: presenciei mais de 20 pessoas vindo cumprimentar meu amigo. O público entrou aos borbotões e todos os que pude ver adoraram cada segundo. Claro que havia os imbecis de sempre - perto de onde eu estava, um sujeito soltou a bexiga no chão. Deve ter pago no mínimo R$ 100, e mesmo assim cometeu tal porquice. Ridículo, mas azar o dele. Não chamei a atenção do porco - tinha coisa muito mais interessante pra olhar no palco. E como tinha.

Show do Deep Purple é sempre pra mim como final de campeonato do meu time favorito, com a diferença de que ninguém perde.

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Rolam as pedras

Esta aqui embaixo é a capa do número mil da revista Rolling Stone, lendária bíblia da música pop. Vocês conseguem identificar algum membro do Deep Purple nesse onde-está-Wally? Eu ainda não procurei direito.



Vale a pena ler, no site da Rolling Stone, as resenhas de alguns discos do Deep Purple. Eles começam em Machine Head e resenham todos os principais discos até House of Blue Light (incrivelmente considerado melhor do que Perfect Strangers pela revista).

Como muitos de nós não vivemos a época original do lançamento dos discos (eu nasci uma semana antes da resenha de Made in Europe), ainda mais nos EUA, é sempre uma preciosidade encontrar essas coisas pra ver como os vaivéns do Deep Purple foram recebidos na época. Sente só, no original:

Machine Head - "Now, I can't be that much of a purist, because I'm sure that "Highway Star" and "Space Truckin'" took at least 20 minutes each to compose, but I do know that this very banality is half the fun of rock 'n' roll. And I am confident that I will love the next five Deep Purple albums madly so long as they sound exactly like these last three." (Ele comenta três músicas na resenha. Nenhuma delas é Smoke on the Water.)

Made in Japan - "While Purple refuses to take themselves too seriously, all of the solos on Made In Japan are technically superior to most instrumental melodramatics one hears from supposedly more serious bands."

Who Do We Think We Are - "Jeez, what an unsettling album! For the life of Reilly I can't understand how Deep Purple evidently lost the macho glory which made their In Rock LP such an Owsleyan mindfuck."

Burn - "Deep Purple's first album since last year's departure of vocalist Ian Gillan and bassist/composer Roger Glover is a passable but disappointing effort. On Burn, new lead singer David Coverdale sounds suitably histrionic, like Free's brilliant Paul Rodgers (rumored to have been Purple's first replacement choice). But the new material is largely drab and ordinary, without the runaway locomotive power of the group's best work."

Stormbringer - "While the two newcomers are just as competent as their predecessors (as witnessed on the title cut, one of the few real throwbacks to Machine Head days), the attempts that the band has made at diversifying its sound have been only partly successful. (...) Stormbringer still exhibits a few points of flash—the occasional familiar Blackmore riff or Lord organ wail—but in toto it's a far cry from the band's peak."

Come Taste The Band - "Like Blackmore, Bolin establishes tension between Purple's solid rhythm foundation and his own sustained clarity and agitated upper-fret playing. While Blackmore was largely confined by this style, Bolin employs it as only one of many. His more flexible approach to writing and arranging produces a more melodic and dynamic feel. With him, Purple's music has outgrown the predictability of the past. Textures replace a reliance on volume, and changes in tone and pace more frequently contrast and augment each other. There is evidence of give and take that Deep Purple hasn't shown for some time. (...) A visible attempt to experiment has expanded the group's music beyond the heavy-metal trap, and this could lead them to rediscover the progressive style that somehow vanished after In Rock."

Made in Europe - "Composed of five extended tracks from three European concerts in early 1975, Made in Europe chronicles the last moments of guitarist Ritchie Blackmore's membership in Deep Purple, and the opportunity to glean a few more bucks from Blackmore's currently rising status seems to be the sole reason for its release. (...) The only interesting moments occur on "Burn," the seven-minute opening cut. It's a well-done, solid rocker, but its fascination stems largely from how hard vocalist David Coverdale tries to mimic his popular predecessor Ian Gillan." (Acuma?)

Perfect Strangers - "Excepting the title cut and the rambunctious but less effective "Knocking at Your Back Door," the material consists of hastily knocked-off jams that allow guitar demigod Ritchie Blackmore to whip out his finger exercises in public. The band spent about six to eight weeks recording this comeback. (The current lineup is actually neither the original nor the final Deep Purple but the most successful – of "Smoke on the Water" fame.) It doesn't sound as if they spent much more time thinking about it, either. (...) Then again, did Deep Purple ever have more than one or two really good, concise numbers on an album? Maybe they're just making the kind of record they always did, the only kind they know how to make."

House of Blue Light - "Of the seventies hard-rock dinosaurs that still roam the earth, Deep Purple is one of the few with any credibility left in its crunch. The House of Blue Light – the second album by Purple's classic In Rock lineup since their return to active duty – is certainly a marked improvement over their lukewarm '84 comeback, Perfect Strangers, and, except for a couple of outright duds on side two, is as good as this band has ever been since its "Smoke on the Water" salad days."

O que eles falam de outros discos:

Os primeiros - "Their first two American albums on Tetragrammaton were mostly uninspired, despite some good cover versions of songs like "I'm So Glad" and "Hush." The basic problem seemed to be that the group hadn't really learned to write yet, so the covers were the best way to grow without losing the audience. Except that no self-respecting late-Sixties rock band wants to put out an album with nothing but covers on it, so we were left with a bunch of boring originals, half of them instrumental. When, that is, they weren't indulging in long "improvisational" forays such as their first album's bolero rendition of Hey Joe."

Concerto - "The pretentious side of Deep Purple found its fullest expression in their first album for Warner's, Concerto For Group and Orchestra, written by Lord and performed with the aid of Malcolm Arnold and the "Royal Philharmonic Orchestra." It was an atrocity."

In Rock - Deep Purple in Rock was a dynamic, frenzied piece of work sounding not a little like the MC5 (anybody who thinks that all heavy bands put out thudding slabs of "downer" music just hasn't gotten into Deep Purple).

sábado, 1 de outubro de 2005

Rapture of the Deep - A Resenha

Finalmente, depois de uma semana ouvindo o disco, sai a resenha do Rapture of the Deep nesta revista eletrônica.

Nas primeiras 24 horas, ouvi o disco meia dúzia de vezes, geralmente sem muito método (trabalhando, tomando banho, comendo, lendo jornal). Esperei mais uns dias pra ouvir de novo, sem os ouvidos estarem viciados. Passei dois dias sem ouvir, depois ouvi uma vez ontem e uma hoje, antes de voltar à resenha.

A primeira ouvida é curiosa. A segunda levanta uma sobrancelha. Na terceira, o fã-nático já se empolgou. De ponta a ponta, é impossível não reconhecer o Deep Purple.

Ian Gillan está cada dia mais Gillan. As letras são ótimas, a voz é muito mais clara do que em The Battle Rages On, por exemplo, e ele até arrisca mais gritos que nos últimos três discos (praticamente em todas as músicas). O baixo do Glover aparece bem e faz toda diferença. Ian Paice não faz o rolo compressor com que estamos acostumados, mas ouça com carinho o feeling da bateria. Don Airey está cada dia mais Jon Lord - e ele mesmo disse que anda brincando mais com o Hammond e estudando o estilo do aposentado mestre. E Steve Morse brilha principalmente na composição como um todo. Desta vez, ele parece estar pegando melhor o jeito de bolar riffs eficientíssimos. Eles só precisam ser mais curtos pra grudarem melhor na cabeça.

Enquanto Bananas começava com um chute na porta (“House of Pain”), este começa com um teclado climático pra só depois de alguns segundos entrar com um riff poderoso de guitarra e baixo (“Money Talks”). Até derruba a porta, mas dá a impressão de ter virado a chave na fechadura antes de chutar. De resto, belo riff, embora meio comprido. Belas pontes, que lembram bastante o clima de coisas do disco Perfect Strangers. A produção está bastante interessante. Tem silêncios densos ao fundo da guitarra/baixo/bateria, especialmente no começo, que lembram MUITO o clima de discos gravados nos anos 70. Destaque absoluto para o dueto do Gillan consigo próprio na ponte - um canta, o outro declama. Poucas vezes ouvi o Gillan tão senhor das entonações de sua voz.

A segunda faixa, “Girls Like That”, começa com uma guitarra que lembra “Summer Song”, do Satriani (que também já foi guitarrista do Deep Purple), sobre uma base de teclado, depois entram devagarinho Paice, Glover e o Hammond do Airey. Aí entra um riff muito purpleano: baixo, guitarra e teclado em uníssono. Preste atenção na malandragem toda do Glover ao fundo enquanto o Gillan canta as estrofes. No solo de teclado, eu fecho os olhos e enxergo um rabinho de cavalo branco na nuca do Airey. Acho que o Morse canta o refrão com o Gillan (parece a mesma voz que canta junto o rap de “Doing It Tonight” no disco anterior).

”Wrong Man” andou sendo tocada na Alemanha, no início do mês. Provavelmente eles a tocarão aqui também. Riff pesadão, chuta a porta, pega legal na espinha, embora seja meio comum. O pano de fundo instrumental do refrão lembra muito o clima de The Battle Rages On. O truque do Steve Morse de esmerilhar as cordas durante o solo é meio manjado, mas ele segura legal o solo. Não acho ruim, gosto - da primeira vez em que ouvi um disco do Purple com ele, arregalei os olhos quando ele fez isso. Mas o Morse é um guitarrista bom demais pra repetir tanto um truque a ponto de ele ficar manjado.

A faixa-título do álbum, “Rapture of the Deep” tem um baixa climão, e nela os mestres mostram tudo o que sabem fazer. Começa com um dueto de guitarra e teclado que lembra muito coisas árabes. Isso se repete por várias vezes ao longo da música. O Don Airey afunda os dedos nas brancas e pretas o tempo inteiro, dando um climão solene à música, tipo “Perfect Strangers”. Sim, o Gillan repete a brincadeira dos últimos dois discos de cantar algo parecido com rap em uma passagem da música, e o Morse repete o truque do solo mais uma vez. A música cresce, fica cada vez mais e mais intensa. Isso ao vivo - e VAI tocar ao vivo - vai ser de ver um marmanjo crescido, gordo e de óculos amassar as pontas do blazer e ranger os dentes, de olhos arregalados. Dá muita margem a solos. E ouve só o Gillan cantando a arabice junto com o teclado e a guitarra, logo antes do solo do Morse.

”Clearly Quite Absurd” é uma baladinha. O título é completamente Gillan (e quem lê o que ele escreve no site dele sabe do que estou falando). Já compararam a guitarrinha que abre essa música com o tema de “Sometimes I Feel Like Screaming”. Parece um pouco. Não muito. Não sou muito fã de baladinhas pop. Acabei entrando numa polêmica sobre essa música, na internet. Tem quem ache que é a melhor balada que o Deep Purple já fez. Eu acho dispensável e fiquei até tentado a comparar com “Love Conquers All”, do infame Slaves & Masters. Tudo por causa dos efeitos que lembram arranjos de cordas ao fundo. Mas achei interessante um efeito que dá um “eco” aos sibilos da voz do Gillan. Parece até que é outra letra por trás. Prato cheio para os teóricos da conspiração.

Se você terminou a música anterior meio deprê, não esquente. ”Don’t Let Go” te faz abrir um sorriso. A voz do Gillan está claríssima, é um passeio pra ele. Há sete anos, quando resenhei Abandon pra uma disciplina da faculdade, escrevi que a gente ouve a guitarra do Morse sorrindo quando ele toca. É exatamente essa a impressão que dá. Puxa um pouco pro lado do blues, mas o Glover garante o peso. O Morse não repete aquele truque. Airey, ao fundo, segura que é uma beleza - mas ele sobressai mesmo é quando liga o piano elétrico pra fazer um solo. Gosto pra caramba desse efeito. Isso é música pra pôr o povo pra dançar na platéia. Será que incluem no setlist?

”Back to Back” já começa com o Ian Paice mandando muito bem com a força que tem. Logo depois, Glover, Morse e Airey criam um climão pesado e suingado. Gostei pra caramba. O riff lembra um pouco coisas dos últimos três discos - é puro Deep Purple fase Steve Morse. No solo, o guitarrista faz aquilo de novo. Mas manda muito bem. Mas deixa o Airey entrar pra tu veres que legal. Fica quase cósmica a coisa, parece que é um theremin. No começo parece que é o Gillan uivando, mas são os dedos do Airey. Sensacional.

A música seguinte, ”Kiss Tomorrow Goodbye”, é peso puro. A abertura com a bateria parece que baixou o santo no Paice. Sério. E o caboclo fica no corpo do cara pela música inteira. O riff inspira. Gillan com a voz claríssima. O primeiro solo de teclado lembra um pouco algumas coisas de Bananas. Mas depois o Airey detona, com a malandragem do Glover ao fundo. O solo do Morse não repete “aquele” truque, mas você já ouviu esse solo antes em outros discos.

Por sorte, a cópia que eu consegui tinha a faixa “MTV”, que eu estava doido pra ouvir. Esta eu ouvi três vezes pra resenha. O ritmo da música já faz neguim abrir um sorriso. A letra tira um sarrinho das rádios de classic rock, que até têm música de verdade, mas repetem sempre as mesmas coisas. Tem uma hora em que o Gillan imita (até no tom da voz) os coleguinhas burróides que o entrevistam como se fosse apenas um roqueiro velho que vive de glórias passadas e esqueceu de se aposentar. O começo do solo do Morse me lembra o riff de “Anya”. Depois lembra um pouco alguns solos de Abandon, antes de ele fazer aquilo de novo. O Airey manda muito bem no solo.

”Junkyard Blues” não é um blues. Nem lembra. É peso. Coisa muito boa. Mas muito boa mesmo. O Morse brilha no fundo das estrofes. Don Airey manda muito bem no piano elétrico, e começa ainda enquanto o Morse faz aquilo de novo no solo.

Tal como em Bananas, a última música é pra deixar o cidadão pensando. ”Before Time Began” é sobre a cegueira da fé: “every day of my life I discover/ someone murdering my sisters and brothers/ in the name of one god or another”. A composição inteira é de arrepiar a espinha, e nem precisa ser agnóstico pra isso. Já disseram que essa música tem um clima “épico”. Tem.

sexta-feira, 7 de novembro de 2003

Fogos à meia-noite

O JB de hoje tem uma resenha do novo disco do Homem de Preto, Fires at Midnight:

"Ritchie Blackmore tem, há muito tempo, um lugar de destaque entre os deuses do Olimpo do rock. O guitarrista poderia ter escrito seu nome na história apenas com o riff de Smoke on the water, um dos mais famosos de todos os tempos, mas fez isso com outros tantos riffs sensacionais em sua brilhante carreira no Deep Purple, que ajudou a fundar. Depois de deixar a banda pela segunda e definitiva vez, em 1993, ele retomou o Rainbow, grupo criado em sua primeira saída do Deep Purple (entre 1975 e 1984) para depois, em 1997, iniciar o Blackmore's Night, ao lado de sua mulher, Candice Night, que tem dois de seus CDs lançados no Brasil.

Com uma proposta totalmente diferente do Deep Purple e do Rainbow, o Blackmore's Night tem poucos momentos que lembram o rock pesado dos anos 70, que só aparece em um ou outro solo de guitarra elétrica. O estilo do casal volta suas atenções para o passado, com uma espécie de música renascentista, medieval, mas com toques do presente, de pop. A voz soprano de Candice Night é belíssima e Blackmore demonstra todo o talento que tem com cordas em geral, tocando guitarras acústica e elétrica, bandolim, arriscando no tamborim e na percussão renascentista.

O primeiro álbum, Shadow of the moon, de 1997, seguiu uma linha 100% acústica [NM: mentira, uma faixa tinha até tss-tum eletrônico] e foi lançado no Brasil no ano seguinte. O segundo, Under a violet moon (1999), tem as mesmas características, mas já conta com a aparição da guitarra elétrica, enquanto em Fires at midnight (2001), a interferência de elementos eletrônicos, além do peso da famosa guitarra de Blackmore, direcionam o som um pouco mais para o rock progressivo, sem, no entanto, deixar de lado a música medieval.

Under a violet moon, na época de seu lançamento, recebeu críticas positivas em todo mundo. Basicamente acústico, o álbum tem alguns convidados especiais, como John Ford - baixista e vocalista da banda britânica The Strawbs, conhecida, principalmente, nos anos 70, por fazer um rock progressivo com influências de folk -, que divide os vocais com Candice na faixa Wind of Willows. Outro convidado é o tecladista Jens Johansson, da banda finlandesa de heavy metal melódico Stratovarius, que aparece em quatro faixas. A única interferência da guitarra elétrica no disco é na excelente Gone with the wind, com um solo maravilhoso de Blackmore.

Assim como aconteceu em 1998, quando a gravadora CID lançou o primeiro álbum, os outros dois estão saindo com um certo atraso no Brasil. Junto com Under a violet moon está sendo lançado também Fires at midnight, este último o trabalho mais pesado do Blackmore's Night. O solo de guitarra da faixa-título deste disco, por exemplo, é digna de fazer parte de qualquer música do Deep Purple, ou de algum outro dinossauro do rock pesado ou progressivo.

Enquanto são lançados no Brasil Under a violet moon e Fires at midnight, já está saindo do forno este ano, na Europa e no Japão, Ghost of a Rose, disco de inéditas do Blackmore's Night que a CID já está em negociações para trazer para o país no ano que vem. Resta aguardar, pois, tratando-se de Ritchie Blackmore, certamente vem mais coisa boa por aí."

segunda-feira, 22 de setembro de 2003

No frigir dos ovos

O Omelete publicou minha resenha sobre o show do Deep Purple. Pra quem ainda não leu, é só clicar no bannerzinho abaixo.


sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Mais um viu

O Luíz Otávio Junges também estava lá no celeiro de ases e manda bala:

"cara, as palavras apoteótico e antológico são medíocres par descrever o que aconteceu no gigantinho. talvez tenha sido o melhor show que eu já vi em termos de interação público-banda. o pessoal do purple (os caras tão judiados mesmo, o gillan e o baixo são dois tios de cabelo branco) babou com a empolgação do público, que cantou praticamente todas as músicas. o gillan fez várias reverências pro publico, se curvando como que em adoração, batendo palmas e repetindo a todo momento: 'you are amazing! you are fantastic!' eu não tinha idéia da performance do gillan no palco - nesse show ele parecia uma criança que tinha ganhado o melhor presente do mundo. quanto aos músicos, os caras detonaram. morse (guitarra) sensacional, tecladista irrepreensível, paice (batera) fantástico. uma coisa que eu achei muito a fudê, que o dantinho falou que é normal nos shows, é que o baixo tava muito alto no início, e o glover toca muito, a galera delirou e acompanhou o ritmo do baixo, começando o show melhor do que isso seria impossível, e ao som de highway star, foi de pedir pra morrer - parecia um sonho, porra! e na finaleira, pra não deixar pedra sobre pedra, smoke on the water. qualidade do som excelente, sem eco (não sei o que eles fizeram, porque o felipe me disse que longe do palco dava eco no gigantinho, mas eu pelo menos não ouvi nada, nada)."

Ele também manda um aviso pros amigos furões: "mas o guga e o daniel são dois 0x0! arquibancada num show desses é pra matar! eu não vi vocês lá, mas depois do show vi que tinha uma ligação no celular. bom, pelo menos vocês estavam lá! mané que não foi, se fudeu. foram os 25 reais mais bem gastos dos últimos tempos."

Ô, Guga" Ô, Daniel! A melhor parte do show é juntar o povo pra curtir junto um momento único! Eu, pelo menos, de tempos em tempos me empolgava com um trecho da música, olhava pro lado e via um desconhecido com a mesma cara de bobo que eu e já dava aquele aperto de mão de estralar dedo...

Primeira resenha

Esta não é a minha ainda (tá fogo o dia hoje), e sim do Marcos Resende. Ele sabe porque estava lá:

Foi um grande show do Purple. O show no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, começou no dia seguinte. Era para ser no dia 18, mas começou depois da meia-noite. Era zero hora e 15 ou 30 minutos, não lembro, quando o Deep Purple entrou no palco. Antes da meia-noite, até que não foi difícil aguentar o som dos suecos do Hellacopters, parecia divertido, mas sem conhecer as músicas é complicado. Na sequência, na hora do "barulho" do Sepultura me meti no bar do ginásio e ali fiquei enchendo a cara de Kaiser (argh!) e whiskey (Passport) e também conversando com velhos fãs do DP que aguardavam o grande momento da noite. O Gigantinho estava lotado nos espaços disponíveis na pista e arquibancada, e ficaram apenas alguns lugares vazios nas cadeiras numeradas. Mas a grande merda da noite foi o camarote da Kaiser que tirou parte da visão de quem estava num dos lados da arquibancada, fazendo com que esse povo só tivesse uma visão completa do palco através do telão. Como pista e arquibancada eram integradas, quando acabou o show do Sepultura, me meti na pista e consegui um bom lugar bem de frente pro palco. Não teve cadeira na pista. O show foi muito bom, mas havia algum problema no som. É tradicional que a acústica do Gigantinho é ruim, mas desta vez a qualidade até que foi suportável. No início estava difícil de ouvir o vocal do Gillan, mas depois da primeira música a mesa de som tratou de corrigir o problema. O público ficou enlouquecido na abertura com 'Highway Star'; depois com 'Knockin at Your Back Door'; 'Perfect Strangers', executada após o tema de Guerra nas Estrelas nos teclados de Don Airey (que teve alienígenas que acharam que era música do DP - hehe); na muito esperada 'Smoke On the Water', com o Ginásio inteiro cantado o refrão; e no final com as clássicas 'Hush' e 'Black Night'. Esses foram os grandes momentos da noite, o restante do show foi extremamente competente, mas não chegou a entusiasmar o público na sua totalidade. Agora, o que senti falta no palco foi a presença do Jonh Lord. Não adianta, o Don Airey é competente, mas o Jonh Lord é uma figuraça. Às vezes eu ficava olhando pro palco e imaginado o cara ali. Fora isso, foi um baita show do Deep Purple. Sem falar que o Steve Morse toca para caralho ! Eram 2 da madrugada quando o show acabou. Fiquei observando o ginásio esvaziar e tomei o rumo das ruas da cidade e também mais um pouco de cerveja. Tudo feito para celebrar este momento. O legal é que apesar da Kaiser que tomei no ginásio, e não dormir quase nada, não tive ressaca. Acho que fiquei bem por que fiquei com Deep Purple na cabeça. E Deep Purple não dá ressaca.



Agradecimentos para todos os verdadeiros fãs de rock que estiveram presentes nesta noite no Gigantinho; para o Bola ( foi bom voltar a falar contigo, um abraço !); para a turma do velho e bom rock (e que toca um Rush, of course) de Canela / Gramado - um abraço pra vocês ! ); e em especial pra Vivian, aquela menina que tem me feito voltar a sorrir - "At speed of love(...)nothing changes faster(...)".

And Special Thanks to

Ian Gillan
Roger Glover
Steve Morse
Don Airey
Ian Paice


"Smoke on the water, fire in the sky" (of Porto Alegre)

Conclusões pós-show

1) O Sepultura devia ter acabado quando saiu o Max Cavalera. Assim eu não teria levado tanto chute e soco involuntário quanto levei de uns retardados que insistiam em fazer roda punk enquanto eu esperava o prato principal. Nunca mais vou a um show do Sepultura na minha vida (tá, eu não ia mesmo, mas ainda assim. Ainda assim). Se você for ao show do Purple no Kaiser Music, vá com um casaco bem grosso, não importa o calor.

2) Já falei alguma vez que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Pois é. Era eufemismo.

3) Nunca confie num palpite de gente que trabalha com marquetagem. Sério.

4) Pedimos informações a três caras diferentes da equipe de marquetagem. Apenas o terceiro prestou mais atenção na Camila que no Tiago, e apenas esse deu informações corretas. Conclusão politicamente incorreta da noite, após algumas esfihas no Habib's: dar informações erradas é coisa de viado.

5) A Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeçaaaaaaaa!!!! Ninguém pode negar.

6) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Mencionei também que era eufemismo? Pois é. Não só era eufemismo como eu também estava redondamente enganado. São maiores que a história grega, são o Deep Purple e lhes chega pra ser felizes no universo. They're space trucking 'round the stars.

7) Até que os Elecópetros são bem legaizinhos. Mas só a nível de até.

8) O Gillan lembrou de cada palavra das letras do disco novo do Deep Purple. Fato inédito e histórico.

9) In Morse we trust. E não foi apenas a primeira consoante que mudou no teclado do Purple. Veio vigor, com todo respeito ao Jon Lord.

10) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda que existe? Se não falei, deixo dito.

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Os senhores de Ipanema



O sobrinho de uma das gurias dos Purple Forums manda o relato do show no Rio:

Após 1 h. na fila, entrei. Me deparei com uma situação estranha: Não tinha mesas, só cadeiras. Aparece um comunicado nos telões dizendo que 'o artista pediu que as mesas fossem retiradas'. Purple é rock até o osso!!! O q aconteceu? Ninguém sentou nas cadeiras. Quem pagou mais caro ficou em pé, colado no palco, e os q pagaram $60 ficaram atrás de uma grade, a cerca de 25m do palco. Fiquei me lamentando de não ter pago $20 a mais p/ ficar colado no palco e tentar pegar uma das 37 palhetas, 4 baquetas e 5 toalhas que a banda tacou na galera.

O Deepestfan diz que o povo não quis nem saber:

Quando as luzes se apagaram, a galera saiu correndo pra frente do palco (no pequeno espaço entre a primeira fila das cadeiras e o palco) e aí já era....abrindo com Highway Star, a segurança ainda tentou, mas não deu pra conter a galera. Era um show de rock completo!!!! Muita gente da pista também invadiu....

O Purple tocou Space Truckin' desta vez, logo depois de Haunted - o que só acrescenta à minha idéia de que Haunted é uma homenagem à Kalpana Chawla ("all that's left is the ghost of your smile", diz a música; quando houve o acidente, o Gillan diz que da nave o que ele mais lembrava era do sorriso dela). Space Truckin' é muito legal, mas pra entrar eles tiraram Bananas - que é uma das músicas mais legais do novo disco. I've Got Your Number, que estava no bis, veio logo depois. O bis ficou com Hush e Black Night.

No solo do Airey, teve o tema de O Fantasma da Ópera, depois Chega de Saudade, o tema de Star Wars e algo que ele classificou como "alguns barulhinhos legais, uma dakelas músicas clássicas q tocam no desenho do Pernalonga" (possivelmente Chopin). Aí entrou Lazy. No Riff-Raff do Morse antes de Smoke on the Water, teve Sweet Child O' Mine, Little Wing, Back In Black, Here Comes the Sun e Whole Lotta Love.

O Marcel manda o setlist inteiro:

Highway Star
Woman from Tokio
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well dressed Guitar
House of Pain
Perfect Strangers
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush
Black Night

domingo, 14 de setembro de 2003

Made in Recife

Felipe Barriga (ao que consta, não é parente do síndico do Chaves) conta que o show na capital de todos os pernambucanos durou mais de hora e meia. O setlist foi semelhante ao de Goiânia. O Thiers inclui alguns momentos emocionantes:

Gillan estava extremamente empolgado... Emocionou, quando ele estendeu no palco a bandeira do Brasil com a de Pernambuco junto.

O Felipe lembra o sempre arrepiante momento em que o pessoal canta a levada de Black Night: "ô, Ôoô, ooô, ooÔoo, ôo! Ôo!" Quando eu ouvi isso nos fundos do Araújo Vianna, no show do Gillan de 11 anos atrás, fiquei eletrizado. Eu pulava e gritava ooô junto, até que veio a polícia pra acabar com a galinhagem. Os mais exaltados estavam quase derrubando o portão.

No riff-raff antes de Smoke on the Water, o Felipe identificou Moby Dick, Honky Tonky Woman e Sweet Home Alabama.

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Ted, o Quitandeiro

A DPAS botou uma resenha de um certo Ted, o Quitandeiro, sobre o disco Bananas. Ele classifica cada música de acordo com a madureza da banana. Assim:

"1. House of Pain: ainda não está bem madura. Ainda verde com alguns pontos amarelos começando a aparecer.

2. Sun Goes Down: Amarelo forte, com algumas belas manchas marrom-claro. Sabor máximo e muito potássio.

3. Haunted: Completamente verde. Indigesta. Não pegou sol o bastante.

4. Razzle Dazzle: Totalmente preta. Muito sol. Impossível de comer ao natural, mas ficaria bem num bolo.

5. Silver Tongue: Muito boa, amarela, mas poderia amadurecer mais."

E por aí vai.

quarta-feira, 27 de agosto de 2003

Descascando Bananas

Já tá no ar, no Omelete, a resenha que eu fiz do Bananas. Reproduzo:


Yes! Nós temos Bananas

Após cinco anos longe do estúdio, o Deep Purple lançou, na segunda-feira, o disco Bananas, um dos mais esperados de sua carreira. A turnê de lançamento começa pelo Brasil - o país da Carmen Miranda, onde mais? -, em 10 de setembro, passando por sete Estados. Confira aqui as datas.
Bananas é um libelo contra o senso comum politicamente correto. Do título inusitado à capa a la Pearl Jam, tudo tem esse propósito. Ian Gillan gosta de fustigar o que chama de idiocracia: Eles já ordenaram que os shows de rock devem ser quietos, que as bananas devem ser retas, e quando a invasão dos transgênicos acontecer, elas também (as bananas) serão todas idênticas, escreveu em seu website. Contra o senso comum de que velhos roqueiros devem ser bananões vivendo do passado, o novo lançamento é um dos mais singulares da carreira dos veteranos bretões. Em Bananas, nenhuma das doze músicas escorrega na casca, e o disco desce tão redondo que dá pra deixar no repeat o dia inteiro.
O disco é o primeiro em 35 anos a ser gravado sem o tecladista Jon Lord, que fundou o Purple em 1968 e saiu para compor concertos. Mas o teclado Hammond continua ronronando nas músicas, sob o comando do experiente Don Airey. Ele já havia coberto uma licença-saúde do Lord em 2001, e no ano passado foi empossado. Bananas também é o primeiro disco que lista sete nomes diferentes de compositores. Ive got your number vinha se desenvolvendo ao vivo desde o ano passado, com o título Up the wall. Foi composta com Lord e gravada com Airey, e nas sessões de gravação teve pitacos do produtor.
Para compor e gravar, o grupo trancou-se em um estúdio de Los Angeles por duas vezes: uma em dezembro, durante três semanas, e outra entre janeiro e fevereiro. O produtor, Michael Bradford, acabou ajudando na composição de três faixas: além de melhorar Ive got your number, compôs House of pain e Walk on com o Gillan. Por seu envolvimento na criação do disco, Bradford acabou virando um sexto Purple. Isso, somado às influências naturais que cada membro do Purple traz de casa, levou à introdução de vários ingredientes novos, como uma colher de heavy salsa, uma pitada de rap e bom-humor a gosto. Mas os riffspoderosos continuam lá, na velha química que funde teclado, guitarra e baixo - marca registrada do Purple.
Pela primeira vez em sua história, o grupo ficou antenadíssimo para algumas características que tornariam as músicas mais palatáveis para não-fãs sem descaracterizar o som do Purple. Nisso, Bradford teve muita influência. Está aí a faixa Haunted, que será o primeiro single, para provar. Da forma como ficou, pode virar trilha sonora em Hollywood (ou até na novela das oito) sem nenhum demérito para a banda. Com o potencial do disco, a EMI alemã encampou o trabalho e passou a tratar o lançamento como prioritário, merecendo a mesma pompa que o Metallica recebe.
O Deep Purple é uma banda fascinante, disse Bradford em entrevista por e-mail ao Omelete. Eles são muito versáteis, e são fãs de música desde o jazz até o blues, a ópera e o hard rock. Foi provavelmente por isso que confiaram em mim. Sabem que não se deve julgar um livro pela capa.Nem um disco, por mais que a capa e o título de Bananas sejam incomuns e tenham causado piadas nos fóruns de fãs.
Na produção, Bradford joga com as diferentes camadas da música, dando um senso de espaço ao som. Ele acrescentou harmonias vocais, guitarras e teclados. Em Never a word, Gillan faz dueto consigo próprio, lembrando o MPB 4. O rap aparece num trecho da música Doing it tonight, uma espécie de heavy salsa. Essas duas são as músicas mais diferentes do disco, ao lado da instrumental Contact lost, composta em homenagem aos astronautas do ônibus espacial Columbia, que explodiu em fevereiro.
Uma das astronautas, Kalpana Chawla, era fã do Purple e amiga de Gillan e Morse. Na tarde após a explosão, Steve criou uma peça bastante calma e triste em homenagem aos mortos. Difícil não se arrepiar ao ouvir conhecendo a história. Quando a faixa estava produzida, o primeiro a escutá-la foi JP Harrison, viúvo de Kalpana, em um MP3 preparado especialmente por Steve. Fica bastante óbvio que vem do coração, comentou Harrison em entrevista por email.
Com toda a sutileza da produção, algumas sacadas sonoras ficaram impossíveis de reproduzir ao vivo. Bradford tem a resposta na ponta da língua: Não acho que seja ruim um disco ter mais coisas do que você pode tocar ao vivo. Ao vivo é o momento, o estúdio é uma tela que você pinta e com que você vive pra sempre. Quanto mais textura você trabalhar, mais terá pra descobrir ao longo do tempo.
O Deep Purple é uma das bandas que mais mudanças teve em sua formação desde seus primórdios. Ao todo, quatorze músicos já passaram pelo grupo, e os históricos das bandas formadas e integradas por eles forma uma das mais frondosas árvores genealógicas do rock. Da fase mais conhecida, que gravou In rock e Machine head, apenas três ainda estão na banda: o vocalista Ian Gillan, o baixista Roger Glover e o baterista Ian Paice. Mas não interessa se são coroas: no caso deles, panela velha é que faz música boa.
Para quem já conhecia e curtia o Purple, o novo disco não fica devendo nada a nenhum dos lançamentos anteriores. Para quem tem preconceito com bandas de senhores grisalhos, é a prova de que nem todos os coroas vivem apenas das glórias passadas. Para quem não conhece, é a melhor chance de se iniciar. Depois de Bananas, pode procurar também os relançamentos de Fireball (1971), Made in Japan (1972) e do Concerto para grupo e orquestra (1969), todos com edição nacional pela EMI.

Descascando Bananas

House of pain - Pra abrir o disco com um chute na porta. Peso e ritmo bem balanceados, com um riffpoderoso. A composição é de Gillan e Bradford. Letra típica do Gillan: mulheres deliciosamente problemáticas e algumas tiradas beirando ononsenseMorse e Airey brincam juntos com a mesma naturalidade com que Jon Lord e Ritchie Blackmore trocavam figurinhas nos anos 70. O solo do Don Airey não deve nada ao Lord, e o Gillan ainda toca harmônica e dá uns gritos. Eu duvido que você consiga ouvir essa música sem sair cantando back to the house of pain! pela casa.
Sun goes down - É a primeira música em que se sente claramente a mão do novo produtor. O riff é poderoso, meio sombrio mas com um ritmo gostoso. Os backing vocals no refrão são meio fantasmagóricos, e lá pelas tantas parece entrar uma transmissão de rádio. É interessante como, em alguns trechos, a ação mais criativa parece estar no fundo. É intencional, pra ouvir com atenção. E saca só o que é o teclado do Airey no final.
Haunted - É a faixa de trabalho do disco, que vai render o primeirosingle. Uma balada ensolarada, se é que existe essa categoria. Conjuga bem as características comerciais com a competência técnica, mais do que qualquer outra balada anterior do Purple - todas falhavam no apelo comercial. Haunted caberia bem em qualquer filme hollywoodiano. As gurias fazendo backing vocal no refrão, com aquele sotaque sacana da Califórnia, fazem miséria com a imaginação de qualquer marmanjo.
Razzle dazzle - Alto astral, com ritmo; de tocar sem medo em qualquer bar de rock. Tenho a coleção completa do Purple em casa, e não consigo lembrar de nenhuma música deles que tenha me dado essa vontade de dançar com uma cerveja na mão e segurando a namorada pela cintura. Será que o clima da Califórnia influiu? Bradford também fez um ótimo trabalho na mixagem da parte em que a voz predomina. O piano do Airey parece coisa de bar de caubói.
Silver tongue - Olha o peso aí. Roger Glover metralha o baixo, dominando a música. Não sei por que o Gillan tem essa mania de enfatizar I may be crazy, but Im not stupid (ele diz o mesmo emWatching the sky, do Abandon), mas eu gosto da frase. O teclado lembra o clima de House of blue light (1987). A levada da letra lembra a de Evil eye, do disco Accidentally on purpose, que Gillan gravou com Glover ao sair do Purple, em 1988. Silver tongue, porém, é mais elaborada..
Walk On - Um rock introspectivo, mas não exatamente uma balada. Não como Haunted. Sintetizadores no começo, o velho Hammond bem colocado, baixo e guitarra dando um ritmo legal. Não curti os sintetizadores do final. Lembraram um pouco a tentativa de dar um clima cósmico à introdução instrumental de River deep, mountain high (do disco Book of taliesyn, 1968)
Picture of innocence - A introdução lembra Lazy. Blues nas primeiras estrofes, rock com pitadas de rap no refrão, uma letra sensacional. Lendo parece estranho, mas vai lá escutar. Vocal tranqüilo, letra divertida, num libelo contra a mentalidade politicamente correta: No drinks / no smokes / no dicking around, no little funny jokes / Whats next / no sex?. Don Airey usa bem a técnica do Jon Lord de dar tapinhas nas teclas do Hammond. Ian Paice não tem pena dos pratos.
Ive got your number - É a banana que mais amadureceu até ser gravada. Foi composta ainda com o Jon Lord e vinha sendo experimentada desde a turnê na Inglaterra no começo de 2002. Inicialmente se chamava Up the wall e tinha uma letra diferente. Durante a composição, em dezembro, Bradford botou fermento no bolo. Acabou sendo outra música que tocaria em qualquer bar de rock. Nos riffs, Morse e Glover dão o clima. A letra é divertida. Tem aqueles interlúdios apocalípticos em que o teclado faz a cama e depois vem a bateria esperneando em cima. É a música que mais marca o disco como a continuação lógica do anterior, Abandon (1998).
Never a word - Completamente diferente de qualquer coisa que o Deep Purple fez antes. Não dá pra encaixar numa categoria clara de música, o que é uma característica fenomenal do Purple. Pandeiro chacoalhando. A longa introdução lembra as músicas que se ensaia em violão clássico. O teclado sutil, o baixo discreto. Demora dois minutos e meio até entrar o vocal, o que inicialmente me levou a achar que o título fosse descritivo. Mas o vocal vem, e surpreende. A voz do Gillan é tranqüila, parece que ele está cantando uma canção de ninar. Faz dueto consigo próprio, o que lembra o MPB 4, com um instrumental imensamente mais complexo. Sem arriscar mais os agudos dantanho (ele já é um senhor de 58 anos, ora), desenvolveu muitas técnicas interessantes para os tons médios de sua voz.
Bananas - Uma música poderosa, que também não faz fiasco em bar de rock. Vamos zarpar pro futuro, de volta aos anos 60. O ritmo nervoso lembra o Episode Six, a banda que Ian Gillan e Roger Glover tinham antes de entrar para o Purple, especialmente pelo baixo de surf rock. A harmônica que o Gillan toca depois de cada frase dá um charme especial. Aos três minutos, Don Airey e Steve Morse enlouquecem e matam a pau juntos, pra depois cada um mostrar o que sabe. Isso ao vivo deve ser difícil pra caramba de tocar - especialmente para o Gillan coordenar voz e gaita - mas deve ser um tesão de assistir. A letra parece uma cotovelada na playboyzada sem objetivo: Ive got nothing to say today / I used my words up yesterday / Im just lying here in the sun / Watching you guys having fun.
Doing it tonight- Outra completamente diferente de tudo o que o Purple fez antes. Lembra um pouco os ritmos latinos, tipo salsa (!), mas com baixo e bateria agressivos. Lá pelas tantas, pára tudo e o Gillan e o Morse encaram algo como rap, pra depois voltar à heavy salsa. O rap deve ser influência da Grace, filha do Ian Gillan, que adora isso. Nos fóruns sobre o Purple, tem gente dizendo que essa é a melhor música do disco. Eu sou meio tradicionalista nesse ponto, mas é realmente interessante.
Contact lost - Uma instrumental curta, mas tocante, com guitarra, violão, teclado e, de leve, percussão e baixo. A música tem duas fases, uma quase épica e uma melancólica, mas ainda assim soando grandiosa. O contato perdido foi o da Nasa com o ônibus espacial Columbia, em 3 de fevereiro, quando a banda estava gravando. Uma das astronautas que morreram, Kalpana Chawla, era fã do Purple. Do espaço, mandava e-mails para eles - Steve Morse recebeu um, pouco antes da explosão da nave. Quando a nave explodiu, Ian manifestou suas condolências. O cantor e o Morse estiveram entre os primeiros a prestar solidariedade ao marido da astronauta, o músico JP Harrison. Na tarde após a explosão, Morse pôs-se a compor a música.Como as forças de combate, pilotos de teste e bombeiros, todos sabiam que estavam se expondo aos maiores níveis de risco, mas ninguém jamais havia testemunhado um acidente tão horrendo na aterrissagem, escreveu Morse - ele mesmo piloto de aviões - em fevereiro. Harrison, o primeiro fora da banda a ouvir a música, ficou emocionado pela homenagem à equipe de sua mulher.


sábado, 19 de abril de 2003

Hold on

O grande xiru Giuliano Ventura acaba de botar no ar uma resenha do "Stormbringer", do Deep Purple, no site floripense Backstage Pass. Stormbringer foi o primeiro disco do Purple que ouvi. A resenha do Giuliano tem um texto espertíssimo, e todos estão intimados a ir lá, ler e postar comentários.