Mostrando postagens com marcador barra pesada. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador barra pesada. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

O calote do mestre



O DVD recente do Ian Gillan, que eu recomendo, é uma das auto-homenagens mais sinceras e autocríticas que já vi. Muita gente boa fala do problema do Gillan com a marvada da Kátia e tira sarro da briga dele com o Blackmore. Até Colin Towns, tecladista da banda Gillan, é entrevistado - e abre a boca sobre o lado financeiro da banda em que tocou. Ele acusa o mestre de ter dado o calote na banda inteira.

Recapitulando: o Ian Gillan saiu do Deep Purple em 1973. Em 1975, convidado pelo Roger Glover, cantou "Sitting in a Dream" no Butterfly Ball. O disco do show foi gravado no estúdio que Gillan havia comprado, o Kingsway Studio (hoje no lugar do estúdio funciona uma farmácia). Como o mestre se empolgou com os aplausos que recebeu, aproveitou a banda que tocou no disco composto pelo Glover pra compor sua própria banda, a Ian Gillan Band.

Em 1978, a banda trocou de nome para Gillan - e contava com músicos poderosíssimos, como o próprio Towns (a partir de 1973) e o guitarrista Bernie Torme. Teve praticamente uma formação por ano e acabou em 1982. A coisa já estava feia dentro da banda, com as brigas por causa de grana. Os músicos viam a banda tocando pra caramba e não viam o saldo da conta crescer. Apenas Ian Gillan estava contente. Mas quebrado: segundo a mulher dele, o mestre vivia num apartamento onde não cabia sequer um gato.

Nessa época, Gillan dizia estar mal das cordas vocais e que teria de deixar de cantar por um tempo. Em 1983, sai o disco "Born Again", do Black Sabbath, com o Gillan esmerilhando o gogó. Os colegas da banda solo reclamaram: um deles gravou uma música chamada "Because you Lied" (Porque você mentiu). O baterista Mick Underwood, que tocou com Gillan no Episode Six e indicou o vocalista ao amigo Ritchie Blackmore em 1969, não fala com Ian desde essa época.

Recentemente, ex-membros da banda Gillan têm aberto a boca sobre isso em entrevistas. Já li acusações de que Gillan usaria a renda da banda solo pra pagar os altos impostos que deixou de pagar quando cantava no Deep Purple. Bernie Torme e John McCoy acabam de gravar um disco onde, mais uma vez, descascam o mestre. No DVD, Gillan reconhece a burrada e lembra que ele mesmo sofreu com isso. E acha que o negócio é bola pra frente, que isso é passado.

Entendo os motivos dos que sofreram com o caso todo pra continuar putos da vida com o Gillan, embora fique meio mal porque admiro demais o cara. E vocês, o que acham?

sexta-feira, 30 de junho de 2006

A entrevista

Não faz meia hora que eu falei com o Glenn Hughes. Liguei pra casa dele, em Los Angeles. Atendeu a mulher dele, chamou o mestre e começamos a falar. Eu quase não acreditei. Passamos 15 minutos muito agradáveis conversando.

Ele é um grande cara, mas eu tive certeza de que não sirvo pra ser jornalista de rock full-time. Não sei entrevistar direito caras que eu admiro (como eu trabalho normalmente com jornalismo de política, não corro esse risco). Gaguejei, me perdi, elogiei, falei besteira e tudo mais.

Algumas perguntas que eu queria fazer não foram feitas. Outras, sobre a história do Deep Purple, foram. Mas as principais declarações dele seguem abaixo.

“Estamos fechando nas próximas semanas um acordo com uma gravadora brasileira pra lançar Songs for the Divine por aí. Já me sondaram pra ir a um festival em outubro, que vai passar pelo Rio. Adoro o Brasil, sou louco por São Paulo, mas infelizmente ainda não conheço o Rio. Vai ser uma boa chance.”

“Quando eu entrei no Deep Purple, em 1973, a indústria da música era muito diferente de como é hoje. Era mais simples. Tinha mais a ver com grandes bandas e boa música. Nos últimos 20 anos é que mudou bastante. Pra minha carreira, foi um passo natural saltar do Trapeze para o Deep Purple. O Trapeze era muito popular na América, mas ainda não nos conheciam na Europa.”

“Eu entrei no Deep Purple com 21 anos, em junho de 1973. A idéia de ter um dueto de vozes no Deep Purple já andava pela cabeça do Ritchie e do Jon. Desde o começo estavam convidando o Paul Rodgers. Fiquei amigo, individualmente, de todos os colegas da banda.”

“Quando eu cheguei na banda, cheguei trazendo elementos de blues. Eu era um dos poucos caras brancos que entendiam a música dos cantores negros. Eu e o Bolin conhecíamos a fórmula secreta pra misturar o rock com o funk. Todo mundo curtiu, no começo. Especialmente depois da entrada do Bolin, a gente começou a aprofundar isso.”

“O Ritchie é um cara mais difícil, mas até aí todos os grandes guitarristas são difíceis. O Jimmy Page é difícil, o Jeff Beck é. Todos são. O Tony Iommi é mais tranqüilo, mas é exceção.”

“Tommy Bolin era uma figuraça. Gente boa, crianção... só que ele tinha aquele problema muito sério com a heroína. Em 1975, eu comecei a pegar pesado com as drogas. Cocaína, Heroína... nessa época o Bolin já estava começando a experimentar com morfina.”

“Quando o cara é famoso, vive cercado de gente oferecendo drogas, bebida, carros, aviões, mulher. Tudo de graça. Infelizmente, eu era muito jovem, não estava preparado pra tudo isso. Não queria ficar viciado, mas infelizmente depois que a coisa começa o cara fica querendo mais. A coisa foi mais pesada comigo e com o Bolin. Não digo que os outros não viessem junto, mas eles eram mais da bebida. Eu nunca fui de beber, mas acabei pegando pesado com a cocaína. As drogas são uma merda, fodem a vida do cara. Eu estou há 15 anos lutando com elas.”

“O que acabou com o Deep Purple, há 30 anos, foi uma combinação de sexo, drogas e rock’n’roll. Rolava muita doideira. Tinha troca de mulheres, muita droga e o negócio de a música ir numa direção diferente.”

“Agora em agosto ou setembro, devo ir a um estúdio pra ouvir as fitas dos ensaios de Stormbringer pro disco novo. Infelizmente, parece que não sobraram músicas extras. Mas eu vou vasculhar tudo aquilo, todas aquelas fitas dos ensaios. Devo achar alguma coisa nova e diferente. Mas o disco ainda vai demorar um pouco, talvez só saia em janeiro.”

“Diga aos fãs brasileiros que eu vou adorar voltar lá pra cantar minhas músicas. Adoro o país e sua musicalidade.”

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Fala Hughes

Glenn Hughes deu uma entrevista à Rock'n'Roll Universe e falou sobre o Purple. Algumas declarações:

"O Blackmore é bem doido. Acho que uma galera foi a nocaute com as guitarras que ele jogou na platéia (em California Jam). Uma vez ele me bateu com a guitarra. Ele disse pra eu nunca ir pro lado dele do palco. Claro, eu queria saber o motivo, então uma noite eu fui. Ele jogou a guitarra pro alto e me deu uma raquetada com ela nas costas. Doideira. Mas isso é parte de quem ele é, e eu o adoro por isso."

(Sobre o fim do Deep Purple, em 1976) "As coisas começaram a ficar malucas. Acho que tinha um monte de coisas rolando. Muita coisa rola nos bastidores que pouca gente percebe. Só digo que foi sexo, drogas e roquenrôu. Todos esses elementos-chave foram as coisas que acabaram com a banda. Tinha coisas fodidas rolando nos bastidores, com drogas, esposas, namoradas (Jon Lord roubou na época a namorada de Hughes e até hoje é casado com ela). Foi por isso que a banda acabou. O David Coverdale e eu estávamos indo pra lados diferentes, mas acho que a banda estava cansada. Acho que precisava de férias, foi uma boa hora pra acabar a banda. Eu mesmo andava meio desiludido. Comecei a me afundar na cocaína, e queria tocar mais funk. (...)"

(Sobre a intenção de reunir a Mk3) "Acho que David e eu faríamos isso. Falo em nome do David, e o David e eu conversamos sobre isso no natal. Acho que lá pelas tantas começou a rolar na imprensa. Mas, enquanto o Gillan, o Glover e o Paice estiverem lá, acho que não acontece. Acho que se um dia o Deep Purple parar de fazer turnês com os dois Ians e o Roger, que são gente muito boa por sinal, talvez role. Não quero pisar no pé de ninguém e fazer algo errado. Mas acho que, se juntasse Ritchie Blackmore, Glenn Hughes, David Coverdale, Ian Paice e Jon Lord de novo, provavelmente seria uma baita turnê. David e eu já conversamos sobre como seria legal voltarmos a cantar juntos. Mas só rolaria se fosse no Deep Purple. E só se fosse com o Ritchie Blackmore. Na minha idade de agora, 53, as coisas têm que fazer sentido. Não quero fazer uma coisa errada. (...) Nunca falei com o Ritchie a respeito. Não dei nenhum telefonema, ninguém deu. Acho que ele curte o negócio lá com a mulher dele. Só acho que na hora certa, pode rolar. Acho que, se for acontecer, seria nos próximos 2 ou 3 anos."

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Desentendimentos entre gênios

Os amigos devem ter acompanhado a declaração do Blackmore de que ele gostaria de se juntar com o Deep Purple para um show apenas, só para fãs. Pois, em entrevista ao Metalshrine, o Gillan joga areia na idéia (que nunca levei a sério porque sei o tamanho dos desentendimentos internos):

"Eu também li sobre isso, sim. Ele está é sonhando! Por que diabos iríamos fazer alguma coisa com o cara que levou a banda à beira da ruína? É simplesmente ridículo! Passamos os últimos dez anos reconstruindo a reputação, o estilo e a qualidade da nossa música. De jeito nenhum isso vai acontecer!"

É chato. Muito chato.

Na minha opinião, os dois são gênios e respeitam o talento um do outro, embora não se biquem. Quem lê a biografia do Gillan vê isso muito claramente - o que há é um ressentimento por eles não conseguirem trabalhar juntos. Por besteira. O Gillan compara o Deep Purple a um belo prato de comida, onde ele e o Blackmore são o garfo e a faca, cada um puxando para um lado.

No final dos anos 70 (acho que no natal de 79 pra 80), o Blackmore foi à casa do Gillan pra convidá-lo pra cantar no Rainbow. O Gillan disse que estava bem com a Ian Gillan Band e tudo mais. O Blackmore sacudiu a cabeça e disse: "não, não, você está fazendo tudo errado. Você devia estar cantando é nos grandes estádios, em uma grande banda de rock". Isso abriu a cabeça do Gillan pra arriscar o Black Sabbath e depois a volta do Deep Purple.

Já o Blackmore ouviu conselhos semelhantes de todos os caras do Deep Purple, enviesadamente ouviu do Gillan, e o produtor Bruce Payne certa vez se queixou na internet de ter dito o mesmo ao Blackmore e ele não ter ouvido.

Acho legal pra caramba a força que o Homem de Preto está dando pra patroa nessa fase new-age. Ele continua tocando pacas em outro estilo (embora eu não suporte ouvir os vocais de eu-acredito-em-duendes e ver o mestre fantasiado de figurante de Senhor dos Anéis). Mas podia estar muito melhor dando sua experiente contribuição continuada ao rock.

E podia estar melhor ainda se sua geniosidade não tivesse se colocado na frente de sua genialidade, causando tanta briga com os músicos que melhor trabalharam com ele e mais lhe trouxeram glórias em toda sua carreira.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Blackmore's Night prepara novo disco ao vivo

A Blackmore's Night, do lendário Ritchie Blackmore e sua patroa, está pra lançar mais um disco de estúdio, chamado "The Village Lanterne". Em entrevista à BBC, o genioso gênio manifestou alguma saudade do Deep Purple e deu um bem-humorado conselho para novos músicos.

"Eu até pensaria em fazer um ou dois shows com o Deep Purple, mas os empresários deles não poderiam se envolver. Não seria pra gravar - só para os fãs, por nostalgia."

"É irônico que se leve anos pra poder tocar bem um instrumento e que, mesmo assim, todas as bandas de hoje têm 17 anos e conhecem três acordes. Nós não ouvimos rádio - as bandas em que estamos interessados tocam música por honestidade, não pra aparecer na MTV."

O conselho: "Depois de aprender os primeiros dois acordes, arranje um bom advogado."