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domingo, 18 de setembro de 2011

Que venha o dia de Blackmore

Candice Night, a mulher do mestre Ritchie Blackmore, lançou seu primeiro vídeo solo, "Black Roses". Não é meu tipo de música favorito, assim como Blackmore's Night sempre me fisgou mais pelos instrumentais, mas Candice é boa nisso. É uma excelente nova cantora de música "easy-listening", e desejo a ela todo o sucesso do mundo nesse nicho. O vídeo também é legal por mostrar ao mundo a bebê Autumn, filha do casal de músicos.



O que eu mais quero no mundo, agora, é ver o primeiro vídeo solo do mestre Ritchie Blackmore. Seja tocando guitarra ou bandolim, seja rock ou medieval, mas que seja instrumental e poderoso.

Instrumental porque quando ele se dá mal com o vocalista saímos todos perdendo e porque quando ele se dá bem demais com a vocalista o estilo não é do meu agrado. Poderoso porque quando Ritchie está em primeiro plano ele não consegue fazer nada menos do que isso. E, especialmente na última fase de Blackmore's Night, ele estava MUITO em segundo plano. A ponto de sequer aparecer no último vídeo da banda.

Adeus, Blackmore's Night. Que venha o dia de Blackmore.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Blackmore, padrinho de festival medieval

A sogra do Ritchie Blackmore combinou e o nosso guitarrista favorito será o patrono musical da reencenação anual da Batalha de Tewkesbury, ocorrida em 1471. Um dos organizadores do evento é Bill Hunt, que na década de 1970 tocou na ELO.

A cidade de Tewkesbury é próxima a Weston Super-Mare, onde o guitarrista nasceu.

Pra quem curte, o espetáculo é assim:



domingo, 24 de abril de 2011

Por que Blackmore não vai tocar Space Truckin'?

O William Shatner divulgou a lista dos músicos convidados para tocar no álbum que ele vai lançar. Do Deep Purple, temos Ian Paice e Ritchie Blackmore.

Space Trucking Originally By Deep Purple - Deep Purple Drummer Ian Paice Has Performed The Drum Part. Johnny Winter Is On Guest Guitar.

Space Oddity Originally By David Bowie - Ritchie Blackmore (Ex-Deep Purple) Has Added Guest Guitar. Alan Parsons Is Adding Guest Keyboards.

Blackmore foi fundador do Deep Purple e um dos compositores de Space Truckin'. Foi ele o homem que teve a ideia daquele riff - no vídeo "Classic Albums - Machine Head", ele canta meio constrangido sua ideia de fazer um refrão dizendo "come on tundundundum, come on...".

Há anos, Blackmore vem evitando deixar o Deep Purple em seu passado. É perfeitamente legítimo - ele já está fora da banda há mais de 15 anos, tem sua própria banda com a patroa, é um senhor de 66 anos e tal. Não precisa provar nada a ninguém - e é exatamente por isso que eu lamento que ele não toque na mesma faixa que o Paice no disco do Capitão Kirk.

O site oficial de Blackmore's Night dá conta de que a Candice Night vai colocar a voz na faixa de David Bowie, junto com Blackmore. Pode ser um motivo a mais pra evitar a associação com Paice. A mãe de Candice é a empresária de Blackmore's Night. E, cada vez mais, a banda é centrada na cantora. O guitarrista fica como pano de fundo, quase como convidado especial, como neste vídeo:



Há alguns meses, quando saiu o vídeo acima, troquei impressões com um ex-colega de Blackmore no Deep Purple. (Não um que reconhecidamente não o suporta e que bateu de frente com ele; com esse converso muito pouco, e geralmente por intermédio de um funcionário.) Perguntei o que esse ex-colega achava do vídeo. Ele respondeu: "o Ritchie sempre foi mandado pelas mulheres dele".

OK, já estamos acostumados com a ideia de que o Blackmore não pretende mais tocar com o Deep Purple. É um fato da vida. Mas é triste ver um sujeito tão talentoso se fechando em si mesmo.

Space Truckin' era a música que o Deep Purple usava para seus mais viajantes improvisos, entre 1974 e 1974. Era onde o Ian Paice quebrava tudo em longos solos, na Mk2, e onde o Blackmore literalmente tacava fogo no palco, na Mk3. Prefiro na Mk2, onde o Glover fica discretamente segurando as condições do improviso com o pulso firme. Na Mk3 o Hughes queria mostrar seu talento tanto quanto Blackmore e Lord, e acabava-se perdendo o pulso.

Minha homenagem a esse passado glorioso com o Blackmore, aqui:



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Parabéns a Ritchie Blackmore

Ritchie Blackmore, meu guitarrista favorito, faz 66 anos hoje. Ainda quando este blog estava ativo, ele casou de papel-passado com a Candice Night, sua parceira há tantos anos. No recesso, teve uma filha, chamada Autumn, e lançou o disco "Autumn Sky".

Blackmore é um sujeito difícil. Genial e genioso em medidas semelhantes. Mas nos últimos anos, com Candice, o homem que explodia amplificadores por farra virou um carneirinho. No último vídeo que ele fez com Blackmore's Night, ele é coadjuvante. Acho triste a coadjuvância, mas fico feliz que Blackmore esteja bem. O que todos nós queremos é chegar aos 66 tranquilos e felizes.

Ontem, saiu a lista das faixas que o ator William Shatner (o comandante Kirk de Star Trek, ou o coroa desbocado de "Shit my dad says") vai gravar em um disco de covers cheio de convidados especiais. É a trilha sonora de um filme sobre viagem no espaço. Ele chamou dois ex-membros do Deep Purple, Ritchie Blackmore e Ian Paice. Infelizmente, porém, eles não tocam juntos. Paice faz a bateria de "Space Truckin'" - provavelmente a mesma que me fez achar que o disco Machine Head estava arranhado na primeira vez em que o ouvi - e Blackmore toca com Alan Parsons na faixa "Space Oddity". Eu adoraria ouvir uma nova colaboração entre os dois, mas acho que não rola. Nem a maturidade faz milagres.

Meus parabéns ao mestre, de qualquer maneira. Abaixo, alguns vídeos para você.





sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

As férias da Candice

Para monitorar o que acontece com o Deep Purple, seus membros e ex-membros, cadastrei alertas de RSS ativados pela menção a seus nomes no noticiário. Uma das palavras-chave é Blackmore's Night. Com isso, descobri que a Candice andou de férias num resort de luxo. A menção está no meio de uma matéria de turismo do USA Today:

    On a typical 80-degree morning, Candice Night, Theresa Pepe and Denise Weston hop on small catamaran for just such a trip. Delroy Bain of Caicos Dream Tours hands out snorkeling gear and promises to take the group to see endangered rock iguanas at nearby Little Water Cay.

    (...) The women chose Provo as a girlfriend getaway for its quiet, beach-oriented luxury. Today's agenda: boat trip, then spa. "There's no noise here," Night says. "You can just listen to the waves and water."

    Figuring out if the person behind the sunglasses next to you is famous (as opposed to merely rich) is a key Provo activity. Night — the lead singer of the band Blackmore's Night — and her friends discover that actor Peter Michael Goetz is on the trip with his wife, Connie. Cards are discreetly exchanged.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nova cantora na área


Pois é, amigos. Essa não é a Britney Spears, não. É a mulher do nosso guitarrista favorito, Ritchie Blackmore. A foto é a capa do novo site dela, promovendo seu projeto solo.

O site vem completo com dicas de moda (para ter um cabelo como o dela é preciso aplicar óleo quente e deixar secar naturalmente, segundo o que eu entendi da dica de sua cabeleireira), as causas filantrópicas que ela apóia (incluindo a Salve os Texugos, uma clínica de reabilitação de animais e uma ONG que mede as emissões de carbono feitas nos shows da banda) - e, é claro, trechos das músicas-solo dela.

Ah, sim, o som. Não tem muito a ver com Blackmore's Night.

"Gilded Cage" parece coisa do Bryan Adams. Tem uns floreios de violão parecidos com os feitos pelo Blackmore. É o que mais parece Blackmore's Night - no que a banda tem de mais cansativo. Não me espantaria se fosse sobra de estúdio.

"Gone Gone Gone" lembra uma mistura entre Britney Spears e o disco do Deep Purple com o Joe Lynn Turner. Tem guitarra, teclado e baixo sugestivos, mas se você fechar os olhos consegue imaginar até as coreografias.

"Now and Then" parece uma mistura de música de FM mela-cueca (tipo "love songs") com cantiga de ninar.

***


E continua a dúvida: com a Candice em carreira-solo, o que é que o mestre está preparando?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

É ela ou não é?

O Luciano, membro das melhores comunidades sobre o Deep Purple no Orkut e de uma banda de tributo à Mk3, trouxe uma curiosidade interessante. Aparentemente, Candice Night aparece de mãos dadas com o Blackmore, os dois dando tchauzinho para a câmera, na abertura do vídeo Heavy Metal Pioneers.

Blackmore se faz acompanhar de uma loura sorridente. Ela parece um pouco mais gordinha que a Candice, e talvez um pouco mais velha - mas pode bem ser efeito daqueles cabelos dos anos 80. Sabe-se, por entrevistas da própria, que os dois estão juntos desde 1989, mas o vídeo tem imagens de shows só até 1988. Será que é? Assista o vídeo abaixo e vote na enquete aqui do lado.

O vídeo é esse aí embaixo, e o casal aparece entre os 45 e os 50 segundos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Candice solo em 2009! E o Blackmore?

Em entrevista à rede de jornais McClatchy-Tribune, Candice Blackmore disse que deve lançar seu primeiro disco solo no início de 2009, depois que Blackmore's Night terminar sua turnê com músicas de natal. O repórter aponta a surpresa, visto que os dois músicos acabaram de casar de papel-passado após viverem juntos por 19 anos.

Ela diz que resolveu partir para a carreira solo porque tinha muitas idéias de músicas e o Blackmore não tinha tempo para compor porque estava ocupado demais fazendo outras coisas. O jornal The Oklahoman não diz que coisas são essas. Mas vai que é uma volta do Rainbow, por exemplo. Nada foi anunciado, mas eu não duvidaria.

Na entrevista, Candice diz que nunca havia pensado em fazer carreira-solo. Mas eu já havia visto muitas pistas para esse resultado. Em setembro de 2002 eu já tinha indicações disso, tiradas do site da Candice. Com o tempo, achei que estava errado porque ela não é mais exatamente da idade da Amy Winehouse, Mallu Magalhães ou Britney Spears. É difícil lançar uma cantora nova com quase 40 anos de idade.

Quando soube que haveria um projeto de música renascentista do Blackmore, achei genial. Depois de ouvir o primeiro CD de Blackmore's Night, meio que me decepcionei. Sempre me pareceu que a idéia de Blackmore's Night era lançar a patroa do meu guitarrista favorito como uma espécie de Anya, cantando música para solteironas que curtem incenso e bonequinhos de duendes.

O tempo foi passando e me pareceu que Blackmore, um cara de personalidade dominante que não aceitava menos do que ascendência criativa total no Deep Purple, havia se resignado ao papel de ser o cara que faz os solos geniais no show. Aturar música new-age era o imposto que se pagava para ouvir o gênio dar umas palinhas com seus dedos mágicos.

Blackmore's Night amealhou uma boa quantidade de fãs. No início, havia mais fãs do Deep Purple e do Rainbow do que da música da Candice. O jeito mais fácil de ganhar uma camiseta de Blackmore's Night era ir ao show deles vestindo alguma imagem do Deep Purple. Aos poucos, a banda foi ganhando seu próprio público, e de fato hoje não me parece mais necessário ter o gênio na banda para que haja interesse no show da Candice.

No fim, por obra e graça do amor, Blackmore pôde passar alguns anos sem se irritar no palco, Candice ganhou seu público e fãs de música new-age já sabem cantar refrões de coisas do Deep Purple e do Rainbow.

Que venha o velho Blackmore. Genial, genioso e quebrando tudo. Será muito bem-vindo pelos fãs de rock. Agora, o frio na barriga é pra saber o que vem por aí.

domingo, 16 de novembro de 2008

Quinze anos depois

Nesta segunda, completam-se 15 anos do último show do Blackmore no Deep Purple. Ele ocorreu no Icehall, em Helsinki (Finlândia). Naquele ponto, há muito tempo não rolavam mais as colaborações criativas que ganharam a imaginação dos fãs duas décadas antes em duelos como este:


Em 1993, nos 25 anos do Deep Purple, Blackmore topou a contragosto reformar a Mk2 por uma segunda vez - o que significava voltar a dividir o palco com seu ex-melhor amigo Ian Gillan, com quem não se bicava direito desde os anos 70. Cinco anos antes, Blackmore havia proposto e os outros membros do Purple haviam topado demitir o vocalista, que andava abusando da cachaça e não tinha mais o mesmo controle nem da voz, nem da memória. Só que a formação que viera depois, com Joe Lynn Turner, não havia agradado nem à crítica e nem ao público.

Com o jubileu de prata a caminho, basicamente foi uma imposição da gravadora trazer o Gillan de volta, pra um disco e uma turnê. Para fazer o disco, gravado entre novembro de 1992 e fevereiro de 1993, o Purple puxou da gaveta algumas faixas compostas com Turner e com o instrumental já pré-gravado. Não encaixaram 100% na voz do Gillan, mas o disco saiu com algumas coisas bem boas, embora sempre com um leve travo de amargor. Blackmore, por exemplo, não gostou do jeito como ficou "Time to Kill". Segundo a biografia do Gillan, ele teria dito:

    "Não gostei da letra, não gostei do tom e não gostei do título! Quer dizer, a palavra 'kill' (matar) não fecha exatamente com aquele acorde, fecha? Pra ser honesto, eu preferia que você usasse a letra que o Joe escreveu."

No DVD "Highway Star", que comemora os 40 anos de carreira do Gillan, Roger Glover diz: "foi o melhor disco que pudemos fazer naquele momento". É uma boa definição dele.

Aí, viria a turnê. Originalmente, ela começaria no final de julho de 1993, nos Estados Unidos. Mas 24 shows, nos EUA e no Canadá, foram cancelados. A turnê só começou em 24 de setembro, em Roma. Empolgou os fãs por incluir novo material velho praticamente inédito no palco, como "Anyone's Daughter". Mas os ensaios eram tensos, como se pode ver neste vídeo de 21 de setembro:



A caravana purpleana passaria pela Alemanha, França, Suíça, Espanha e Áustria sem notícias de stress visível. Mas, ao encerrar-se o show em Praga, no dia 30 de outubro - 37 dias e 28 shows após o início da turnê -, Blackmore pediu que Colin Hart entregasse aos colegas uma carta em que apresentava os termos de sua demissão. Ele teria rasgado seu passaporte para não ir tocar no Japão após a turnê européia. Seu último show seria duas semanas depois, em 17 de novembro. Nada de novo no Purple: Gillan já fizera isso em 1973, dando seis meses de antecedência. Jon Lord o faria mais tarde, em termos muito mais amigáveis.

Quando houve o incidente da água, em 9 de novembro, apenas os fãs não sabiam que o Blackmore já tinha pedido o boné. Sabendo disso, e revendo o gestual e as trocas de olhares entre Gillan e Glover no vídeo de "Come Hell or High Water", fica claro que eles comentavam um com o outro que o homem de preto estava especialmente chato porque já havia ligado o foda-se.

Como o primeiro show no Japão seria em 2 de dezembro, a banda teria menos de um mês para achar e treinar um substituto. Teria de ser um excelente guitarrista, não apenas para dar conta do repertório (quase 50% formado por material novo ou raro), mas também pra ser aceito pelos fãs no lugar do gênio que criou todos os riffs do Purple. Udo, o promotor japonês, propôs Joe Satriani - e o fã do Surfista Prateado topou. Nesse meio tempo, enviaram uma fita do show de Stuttgart, considerado um dos melhores da turnê (lançado comercialmente há alguns anos), para que ele fosse ensaiando.

No dia 14, um domingo, a BBC anunciou que Blackmore deixaria a banda. Então, Helsinki era uma data obrigatória para todos os fãs que pudessem ir. Antes do show, Glover deu uma entrevista a uma revista finlandesa confirmando a saída do guitarrista.

Naquela noite, Blackmore subiu ao palco e tocou soberbamente bem (aqui estão os links para baixar o boot inteiro). Estava até simpático. Conta o Rasmus Heide sobre o duelo de guitarra e teclado em Speed King:

    um ocupado Blackmore tentava sem sucesso alcançar seu velho parceiro Jon Lord em uma complexa caçada de guitarra e órgão. O senso de humor de Blackmore emergiu quando, depois de um tempo, ele desistiu e pôs as mãos nos quadris, brincando como quem diz: "quem você pensa que é?"

Ao sair do show, Blackmore foi para o hotel fazendo mistério. Uma rádio finlandesa fez uma reportagem a respeito, na hora, mas eu não entendi nada do que eles disseram exceto a única frase que Blackmore teria dito aos repórteres: "Have a nice day". Gillan, ao sair do Icehall, anunciou que a turnê continuaria com Satriani.

Na manhã seguinte, Blackmore partiu de volta para casa e Gillan deu uma entrevista à TV finlandesa. Ele anuncia a saída do guitarrista e responde a uma provocação do repórter dizendo que topou a segunda reunião porque seu empresário ameaçou pedir demissão se ele não topasse. E reclama do agora ex-colega: "Não tem muita fricção. Blackmore é o problema. Ele é muito difícil, não escuta ninguém, quer tudo do jeito dele, não deixa ninguém dar contribuições à música, cancela turnês no último minuto. Essas coisas são difíceis, e eu não gosto disso. O único motivo pelo qual o Deep Purple pára de tempos em tempos é essa dificuldade dele." Gillan também promete que o Deep Purple continuaria rolando até que o óleo acabasse.

O programa também mostra o Blackmore faceiro, fazendo seu último solo de Highway Star com o Purple:


Depois disso, Ritchie primeiro falou em gravar um disco só seu. Retirou-se para sua casa em Long Island e jogava futebol todo domingo às três da tarde num parque da cidade. Até o final de 1994, porém, Blackmore tirou um tempo pra si próprio.

Ex-colegas se aproximaram. Glenn Hughes convidou Blackmore para fazer uns solos em shows seus. Não rolou. Com o fim da parceria entre David Coverdale e Jimmy Page, chegou-se a anunciar uma participação do Blackmore em shows do Whitesnake, e até gravações dele com Coverdale. Os shows nunca rolaram. Se gravações houve, nunca apareceram. Nem o disco solo chegou a sair.

No final de 1994, era certo que sairia uma nova formação do Rainbow, com o vocalista Doogie White. Em 1995, saiu o álbum "Stranger in Us All", com participações especiais da então desconhecida namorada do Blackmore. Antes de iniciar a turnê, a banda já tinha mudado de baterista. O primeiro show foi em 30 de setembro. Sabe onde? Helsinki, na Finlândia. A turnê chegou a passar pelo Brasil, em julho de 1996 - começando pelo Opinião, em Porto Alegre, em 2 de julho, e seguindo para mais quatro datas. O show anunciado no Rio foi cancelado.

Tal como acontecera com a formação do Turner, menos de um mês após os shows no Brasil aquela formação do Rainbow tinha terminado. Mas naquele ponto já se falava no tal projeto medieval do Blackmore. O nome seria "Medieval Moons And Dances". A primeira menção que vi a Blackmore's Night foi no final de 1997, quando ele deu uma entrevista à Guitar Player brasileira.

Fez bem ao ânimo de Blackmore sair do Deep Purple. Fez bem ao ânimo do Deep Purple a saída do Blackmore. Mas sempre fica um travo no fundo da garganta pensar que nunca mais veremos Blackmore e Gillan dividindo o palco criativamente. Mas, também, nunca mais veremos o Pelé fazendo gols pela Seleção. Vivamos com isso. O importante é nossos mestres estarem felizes e compondo.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

E o homem de preto casou mesmo

Quer ver o homem de preto sorrindo naturalmente? Então veja esta foto do dia do casamento dele:



Apenas Zé Ramalho explica. Acho até que cabia uma estrofe a mais nessa música só pra incluir a mudança do Blackmore.

Cobertura fotográfica completa do casório aqui.

terça-feira, 29 de julho de 2008

É o amor

Ritchie Blackmore e Candice Night vão casar. Em outubro, num castelo. Segundo a Music Mirror, eles já estão juntos há 15 anos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

The Ballad of Ritchie and Candice

A Candice Night, digníssima patroa do Blackmore, vai estrelar um filme de terror. Ele será produzido pela produtora "Fires At Midnight" - talvez não por acaso, o nome de um dos discos de Blackmore's Night.

Quando ouvi BN pela primeira vez, estranhei um pouco. O Blackmore continua tocando pra caramba, mas não é meu tipo de som favorito. Durante bastante tempo, eu pensei: ué, se o cara está feliz, deixa ele. É bom ele estar feliz.

Só que aos poucos se acumulam pequenos indícios de que a banda tem sido uma forma de promover a Candice e tornar o Blackmore basicamente um endorser talentoso. Candice tem seu site, onde conta sobre suas aparições em capas de revistas sobre bruxas modernas. Algumas vezes, me pareceu que BN era uma forma de criar uma nova Enya. Blackmore fica geralmente em segundo plano.

Como a empresária do grupo é a sogra do Blackmore - a mulher que arrancou uma caixa de discos do Deep Purple da mão de um jornalista sueco que pediu um autógrafo ao mestre -, brinquei na Profundo Papo, Roxos de Rir: seria Candice uma Yoko Ono loira com mãe de miss?

Quanto mais o tempo passa, mais o Blackmore se tranca em si mesmo, em seu famoso mau humor, alimentando mais o folclore em torno de si. Isso vem piorando ao longo dos anos. Mas cada vez mais me parece que isso tem sido muito por ele não sair da roda da Candice.

Cada vez mais, a cena descrita pelo Gillan em sua biografia, de o Blackmore sair do infame show de Come Hell or High Water puxado pela coleira por uma loira (e a Candice já disse que já estava com o Blackmore na época) me parece mais simbólica do que vem acontecendo com o meu guitarrista favorito nos últimos pelo menos QUINZE anos.

Ritchie Blackmore já deu ao rock uma das maiores contribuições da história do gênero, ao longo de uns 30 anos de sua carreira. Nos últimos pouco mais de 10, está focado nisso. O amor faz bem a qualquer um, e ninguém muda a cabeça de um homem apaixonado. Ninguém muda a cabeça de um profissional talentoso que está fazendo algo que gosta. E Blackmore's Night pode não ser a minha praia, mas é bem legal dentro do que se propõe.

A única coisa que me incomoda nisso tudo é que a Candice às vezes me parece mais Yoko Ono que a própria Yoko Ono a seu tempo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Da bola de cristal da DPAS

Sente só o que pode vir em 2008, segundo a DPAS:

- A EMI deve lançar uma caixa de singles em vinil;

- O remaster de Stormbringer ficou para abril/maio;

- Já estão trabalhando no remaster de Come Taste the Band, mas eles preferem não prometer nada em termos de datas;

- O terceiro DVD de arquivos do Deep Purple pode ser finalizado neste ano. O primeiro foi o Machine Head Live. O segundo foi o de California Jam. O que será que vem aí? Rises Over Japan?

- A Purple Records deve lançar pela primeira vez em CD a gravação de estúdio do Gemini Suite, de Jon Lord, gravado sem o restante do Deep Purple e com letra diferente da versão ao vivo com a banda.

- É possível também que a Purple Records lance o show do Deep Purple em Springfield, em 1976. Embora haja 110 minutos de gravação, algumas canções estão incompletas.

- Pela primeira vez, estão falando em lançar remasters dos discos gravados pelo Deep Purple nos anos 80, Perfect Strangers e House of Blue Light. "Adoraríamos ouvir Roger Glover tirar fora o verniz comercial dos anos 80 de algumas das faixas", diz a DPAS.

- Alguns livros também devem sair.

- Glenn Hughes e David Coverdale devem lançar novos discos em 2008. Será o primeiro disco do Coverdale com novas faixas em vários anos.

- Don Airey prepara um novo disco solo. Roger Glover também.

- Deve sair um DVD com gravações raras da banda Gillan. Será que isso inclui o ótimo material da caixa dos singles?

- Aparentemente, Blackmore's Night vai lançar um novo disco de estúdio.

- Jon Lord tem três trabalhos orquestrais na gaveta pra lançar: o Concerto de Durham, o Boom of the Tingling Strings e Disguises. Ele deve fazer mais um show do Concerto de Durham em Liverpool. Talvez haja shows da Hoochie Coochie Men, com quem Lord já gravou dois discos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Smoke over Beethoven

Ao longo dos anos, já li, ouvi e passei adiante todo tipo de explicação sobre a origem do riff de Smoke on the Water. Minha favorita é a que coloca Tom Jobim na história, com a introdução da música "Maria Moita".

Em entrevista à CNN, porém (veja aqui), Ritchie Blackmore dá outra versão: segundo ele, nosso querido dã-dã-dã é o tema da Quinta Sinfonia de Beethoven tocado ao contrário. É a primeira vez que eu o vejo dizer isso. "Isso significa que eu devo uma grana preta a Beethoven", disse Blackmore.

Não faz sentido: enquanto o riff de Smoke on the Water tem quatro notas, o da Quinta tem duas: tchan-tchan-tchan-tchaaaaan...

Já havia visto anteriormente um paralelo entre Smoke on the Water e a Quinta na questão do poder da simplicidade. Quinta ao contrário, é a primeira vez.

Mas, como foi o Blackmore quem compôs e eu toco mal pra cacilda, quem sou eu pra tirar sarro, certo?

O entrevistador - que não conseguiu aprender o riff nem com o Blackmore ensinando - também pergunta se alguma vez na vida o guitarrista já cansou de tocar nosso querido dã-dã-dã. Ele responde:

-- Absolutamente nunca. È um riff que todos devemos ter em nossas mentes. Toda noite quando eu vou dormir, eu lembro dele e penso: "nossa, sou muito feliz por ter escrito o pam-pam-pam, pam-pam-param...".

sábado, 24 de março de 2007

Vai assistir Blackmore's Night? Veja estas dicas.

O guitarrista Jim Brodie, fã de Blackmore e que mantém o site God of Guitar, com dicas para guitarristas, fez um vídeo muito legal com orientações para fãs de Deep Purple e Rainbow que vão aos shows de Blackmore's Night.



A legenda é a seguinte:

"Jim Brodie apresenta um vídeo de utilidade pública para a comunidade Renaissance Rock."

"Conselhos para os fãs de Deep Purple e Rainbow que forem assistir a um show de Blackmore's Night."

"Geralmente você vai ver isto. (Perceba a reação da platéia.)"

"Mas às vezes você vai ver isto!"

"Nota: você NÃO deve reagir como essa platéia!"

"Porque senão o bis pode ser assim..."

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Blackmore's Christmas

Ritchie Blackmore e seus alegres amigos da floresta prepararam um vídeo com uma canção acústica de natal. Destaque para as batidinhas que o homem de verde-escuro dá no violão pouco antes de um minuto. E a cara que ele faz quando manda com um aceno de cabeça os ajudantes cantarem junto com a patroa.

(O Batman era meu ídolo aos 10 anos; o Blackmore, aos 14. Hoje, vejo que os dois só não são a mesma figura porque o Blackmore não usa máscara.)

Sem galinhagem: preste atenção em como ele toca a segunda parte, fazendo fundo pra cantoria da patroa. Dá vontade de ir à janela e gritar "BLACKMORE VIVE!!!"

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Nepotismo

Abaixo, um vídeo de Blackmore's Night tocando Child in Time na TV alemã. Cinco observações:

1) Blackmore continua tocando pra cacete.
2) A patroa dele cantando, porém, é claramente um caso de nepotismo.
3) Que programa bizarro! O que é aquela mulher dançando, a Elke Maravilha?
4) Nos créditos, eles datam a música de 1977. Só que esse glorioso ano foi o ano em que o Gillan lançou o disco Child in Time, com uma versão diferente da música.
5) Versão bizarra de Child in Time por versão bizarra de Child in Time, ainda prefiro aquela em canto gregoriano.

terça-feira, 13 de junho de 2006

Plastic Night Band ou Blackmore's Ono

OK, essa vai ser longa. Eu, se fosse vocês, imprimia. Mas não deixem de comentar.

Pense em um grande artista que se apaixona perdidamente por uma mulher e passa a criar apenas junto com ela, brigando muito mais feio do que o normal com os colegas com os quais mudou sua arte e ainda por cima passando a se comportar diferente. O caso clássico é o de John Lennon e Yoko Ono. Mas pode descrever a recente relação de Hermeto Paschoal com Aline Morena. E pode descrever, certamente, o caso de Blackmore com a sua patroa, vulgo Blackmore's Night.

Blackmore e Gillan, guardadas as proporções, foram Lennon e McCartney no Deep Purple. A Candice não estava lá nas primeiras brigas, mas a Yoko também não. E ambas estavam junto na época do conflito final. Duas mulheres de idéias exóticas, especialmente sobre arte. Se Blackmore e Lennon já tinham alguma tendência temperamental, a parceria com as respectivas só adensou a redoma em torno deles.

Eu nunca tinha pensado nessa história nesses termos até ler a nota do Blackmore sobre Montreux. Eu sabia que ele recusaria, mas foi preciso ler a nota pra cair a ficha. Até ontem, eu interpretava Blackmore's Night como um ato de cavalheirismo do Blackmore - que, coitado, já era meio bolado e não andaria batendo muito bem das idéias. Mas eu achava bonito o fato de um grande artista como ele sair dos holofotes para dar passagem à patroa. Românticos. Estamos em falta no mundo.

Nas últimas duas semanas, alguns fatos surgiram, reforçando a hipótese Yoko Ono. Tem o caso do jornalista sueco, em que a empresária e sogra do Blackmore fez questão de ter um chilique mais explosivo do que aquele que o Blackmore teve no California Jam. Outro dia, fuçando o site de Blackmore's Night, li uma declaração da Candice sobre o episódio do copo d'água do vídeo Come Hell or High Water. Sim, ela estava lá como backing vocal. Sempre achei que fossem maledicências as declarações do Gillan sobre o fato de o Blackmore ter saído do camarim naquela noite puxado pela namorada por uma coleira.

Yoko Ono. Santa ou demônia? Libertadora ou escravizante? Até hoje, não sei direito o que pensar dela. Por conseqüência, não sei direito o que pensar do Blackmore com a patroa. Já disseram que esse tipo de interpretação sobre síndrome de Yoko Ono é bem machista. Faz algum sentido.

Com a pulga atrás da orelha, fiz questão de reler as declarações que o Lennon deu à Playboy na entrevista publicada pouco depois de ele morrer. Nunca li um Lennon tão maduro. Acho que o Blackmore concordaria, se não estivesse tão preocupado em falar com duendes e coisas do gênero.

Obviamente, curto mais os Beatles do que a Plastic Ono Band, mais o Deep Purple do que Blackmore's Night. Acho que faz sentido curtir o Blackmore no Purple apenas por aquilo que está gravado e em que eu sempre descubro coisas novas.

Acho chato que ele esteja incomunicável com os ex-colegas, acho que ele está esquisitão (Lennon também esteve), acho foda esse negócio da sogra. Mas é inegável que Blackmore aparenta estar muito mais feliz hoje do que em qualquer ponto de 13 anos para trás. O artista se escondeu sob um rabo de saia, mas o homem ficou feliz.

Deixemos o Blackmore em paz com seu passado, seu presente e seu futuro. Afinal, depois que chega ao topo, um homem não tem esse direito adquirido?



Para ler e pensar, reproduzo abaixo alguns trechos da famosa entrevista à Playboy.

PLAYBOY: Por que você virou um homem caseiro?

LENNON:
Houve muitas razões. Eu cumpri obrigações e contratos desde que eu tinha 22 anos e até bem depois de fazer 30. Depois de tantos anos, era tudo o que eu conhecia. Eu não era livre. Eu estava preso numa caixa. Meu contrato era a manifestação física de estar na prisão. Era mais importante encarar a mim mesmo e encarar essa realidade do que continuar uma vida de roquenrol - e ficar oscilando conforme sua própria performance ou a opinião do público sobre você. O roquenrol não tinha mais graça. Decidi não aceitar as opções-padrão do meu negócio - ir pra Las Vegas cantar seus grandes sucessos, se tiver sorte, ou ir pro inferno, que é pra onde Elvis foi.

ONO: O John era como um artista que é muito bom em desenhar círculos. Ele se prende a isso e acaba virando sua etiqueta. Ele tem uma galeria pra promover isso. E, no ano seguinte, ele inventa de fazer triângulos, sei lá. Não reflete a vida dele. Quando você continua fazendo a mesma coisa por dez anos, ganha um prêmio por ter feito isso.

LENNON: Ganha o grande prêmio quando pega câncer e passou dez anos desenhando círculos e triângulos. Eu tinha me tornado um artesão, e podia ter continuado sendo um artesão. Eu respeito os artesãos, mas não estou interessado em virar um.

ONO: Só pra provar que consegue deixar as coisas de lado.

PLAYBOY: Vocês estão falando de discos, claro.

LENNON:
É, ficar lançando só porque esperam isso de mim, como tanta gente que faz um disco a cada seis meses porque é o que se espera.

PLAYBOY: Está falando de Paul McCartney?

LENNON:
Não só o Paul. Mas eu tinha perdido a liberdade inicial do artista ao me tornar escravo da imagem do que o artista deve fazer. Muitos artistas se matam por causa disso, seja pela bebida, como o Dylan Thomas, ou por doideira, como o Van Gogh, ou do coração, como o Gauguin.

PLAYBOY: A maior parte das pessoas teria continuado a produzir. Como você conseguiu ver uma saída?

LENNON:
A maior parte das pessoas não vive com Yoko Ono.

PLAYBOY: Ou seja...?

LENNON:
A maior parte das pessoas não tem uma companheira que diga a verdade e que se recuse a viver com um artista de merda, algo que eu sei ser muito bem. Eu sei encher de besteira a mim mesmo e a todo mundo em volta.
YOKO: É a minha resposta.

PLAYBOY: O que ela fez por você?

LENNON:
Ela me mostrou a possibilidade da alternativa. "Não precisa fazer isso". "Não preciso? Mas... mas... mas..." Claro, não foi tão simples e nem rolou da noite pro dia. Precisou de reforço constante. Cair fora é muito mais difícil que seguir em frente. Eu já fiz as duas coisas. Por encomenda e no prazo, eu entreguei discos de 1962 a 1975. Cair fora parece aquilo que os caras fazem aos 65 anos, quando de repente não era pra eles existirem mais e são mandados pra fora do escritório [bate na mesa três vezes]: "Sua vida acabou. Vá jogar golfe."

(...)

PLAYBOY: Por que dizem tanto que a Yoko manda em você?

LENNON:
Eles se apegam a uma coisa que nunca nem sequer existiu. Qualquer um que diga ter algum interesse em mim como um artista individual ou mesmo como parte dos Beatles simplesmente entendeu mal qualquer coisa que eu já disse se não entendem por que estou com a Yoko. E, se não conseguem ver isso, não conseguem ver nada. Estão todos batendo punheta pra... sei lá, podia ser qualquer um. Mick Jagger ou algum outro. Deixa eles baterem punheta pro Mick Jagger, tá bom? Eu não preciso.

PLAYBOY: Ele adoraria.

LENNON:
Eu simplesmente não preciso disso. Deixa eles irem atrás dos Wings. Esqueçam de mim. Se é isso que querem, vão atrás do Paul ou do Mick. Não estou aí pra isso. Se isso não está claro pelo meu passado, estou dizendo em preto e verde, do lado dos peitos e bundas da página 196 da Playboy. Vão brincar com os outros meninos. Não me encham o saco. Vão brincar com os Rolling Wings.

PLAYBOY: Você já----

LENNON:
Não, peraí um minuto. Vamos continuar por um segundo; às vezes eu não consigo me livrar disso. [Ele está de pé, escalando a geladeira.] Ninguém nunca disse nada sobre o Paul ter me enfeitiçado ou sobre eu ter enfeitiçado o Paul! Ninguém achou que era anormal naquele tempo, dois caras juntos, ou quatro caras juntos! Ninguém disse, "Pô, como é que esses caras não se separam? Tipo, o que será que rola nos camarins? Que papo é esse de Paul e John? Como é que eles ficam tanto tempo juntos?" Passamos mais tempo juntos lá no começo do que John e Yoko; nós quatro, dormindo no mesmo quarto, praticamente na mesma cama, no mesmo caminhão, vivendo juntos noite e dia, comendo, cagando e mijando juntos! Tá bom? Fazendo tudo juntos! E ninguém falava porra nenhuma sobre estarmos enfeitiçados. Talvez dissessem que estávamos enfeitiçados pelo Brian Epstein ou pelo George Martin [primeiro empresário e produtor dos Beatles, respectivamente]. Sempre tem alguém que deve ter feito alguma coisa pra você. Sabe, eles andam parabenizando os Stones por estarem juntos há 112 anos. Uêêêêêpa! Pelo menos o Charlie e o Bill ainda têm suas familias. Nos anos 80, eles vão estar perguntando: "Por que esses caras ainda andam juntos? Não podem se virar sozinhos? Por que eles precisam andar com uma gangue? É o liderzinho que tem medo que alguém possa esfaqueá-lo pelas costas" Essa vai ser a questão. Essa aí é que vai ser a questão! Eles vão olhar pros Beatles e pros Stones e todos esses caras serão relíquias. Os dias em que essas bandas eram feitas só de marmanjos estarão nas fitas de notícias, sabe. Vão mostrar fotos do cara de batom rebolando a bunda e os quatro carinhas com a maquiagem preta nos olhos tentando parecer sacanas. Isso é que vai ser piada no futuro, e não um casal cantando junto, ou vivendo e trabalhando junto. Tudo bem quando você tem 16, 17 ou 18 anos, ter companheiros e ídolos, OK? É tribal, é turma, tudo bem. Mas quando isso continua e você ainda está fazendo a mesma coisa aos 40 anos, quer dizer que ainda tem cabeça de 16.

(...)

PLAYBOY: Você fica dizendo que não quer voltar dez anos atrás, que muita coisa mudou. Você não sente que seria interessante - não precisa ser cósmico, só interessante - se reunir, com tantas experiências novas, e cruzar seus talentos?

LENNON:
Não seria interessante levar o Elvis de volta à fase da Sun Records? Sei lá. Mas fico feliz em ouvir o que ele gravou naquela época. Não quero arrancá-lo do caixão. Os Beatles não existem e nunca existirão de novo. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Richard Starkey podem até fazer um show -- mas nunca mais serão os Beatles cantando "Strawberry Fields" ou "I am the Walrus" de novo, porque não temos mais vinte e poucos anos. Não podemos ser assim de novo, nem as pessoas que estão ouvindo.

PLAYBOY: Mas não é você que está dando muita importância a tudo? E se fosse só uma diversão nostálgica, tipo reunião da turma do segundo grau?

LENNON:
Nunca fui a essas reuniões. Meu negócio é: fora da vista, fora da cabeça. É essa a minha atitude em relação à vida. Então, não tenho nenhum romantismo quanto a nenhuma parte do meu passado. Penso nisso só até o ponto em que isso me deu prazer ou me ajudou a crescer psicologicamente. É essa a única coisa que me interessa no passado. Aliás, eu não acredito no ontem ("I don't believe in yesterday"). Sabe, eu não acredito no ontem. Só me interessa o que eu faço agora.

quarta-feira, 31 de maio de 2006

They all may go to Montreux

Mais notícias: Pete York confirmou que Jon Lord estará em Montreux dia 15 de julho. Por acaso, será o último dia do festival, e está marcado o show do Purple pra esse dia. Na agenda de Blackmore's Night, não há nada marcado até 28 de julho.

Estou batalhando uma entrevista com "Funky" Claude. Vamos ver o que conseguiremos.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Que fim levou Ritchie Blackmore?

No café da manhã, abri o Estadão e lá estava uma baita foto do Ritchie Blackmore, encimada pelo título "Que Fim Levou Ritchie Blackmore?" Pois o jornalista Artur Dapieve, do No Mínimo, escreveu uma belíssima resenha do DVD duplo da banda do mestre com sua patroa.

Talvez o primeiro impulso do velho fã do Purple seja pensar: “Deus, o que não se faz por um belo rabo de saia?” Depois de se assistir às quase quatro horas de “Castles & Dreams”, porém, a pergunta muda para: “Blackmore não estará sendo mais honesto que seus ex-companheiros de banda?” Ele não os menciona, mas diz, num dos muitos extras do DVD duplo, se sentir mais honesto tocando música antiga do que antigas músicas.

Blackmore, ao menos, parece de fato feliz. Nos bastidores, ao lado de Candice, vinte e oito anos mais nova que ele, sessentão desde abril último. Nos palcos, ao lado dela e de uma trupe de músicos que atende por nomes como Bard David of Larchmont (teclados), Squire Malcolm of Lumley (bateria), Sir Robert of Normandie (baixo), Tudor Rose (rabeca e flautas) e as Sisters of the Moon, Lady Madeline e Lady Nancy, gêmeas vocalistas.

Na verdade, Blackmore prefere o termo menestréis a músicos. Sua trupe se apresenta em cidades medievais – os shows fundidos que ocupam quase todo o primeiro DVD foram gravados em Burg Veldenstein e em Burg Neuhaus, Alemanha, em 2004 – carregando nas costas toda a infra-estrutura: eletricidade, luz, som, palco, cenários etc. O conceito das excursões, portanto, também remete aos artistas itinerantes que se apresentavam em feiras.

E o espectador brasileiro, longe dos castelos europeus e até dos seis CDs da Blackmore’s Night, inéditos aqui? Ele se diverte? Se desarmar o espírito roqueiro e entrar na onda da banda, sim. Afinal, o grande guitarrista não esqueceu como se toca. Apenas prefere tocar mais baixo. As músicas instrumentais, como “Queen for a day” ou “Minstrel hall”, são delicadas e evocativas. E as cantadas fluem bem, desde que não se preste atenção às letras.

Porque, até para manter-se fiel ao espírito da banda, Candice desenvolveu toda uma criação de fadas, luares e momentos mágicos. Mas, ei, alguém aí já parou para realmente prestar atenção às letras do Deep Purple?! Procedente mesmo talvez seja um certo incômodo com o seu sotaque: faz-se necessária uma certa “suspensão da descrença” para aceitar uma americana de Long Island cantando a Idade Média.

(...)“Castles & Dreams” é o registro de uma união feliz. Não apenas a de Blackmore e Candice, coisa lá deles. Também a do guitarrista com sua própria consciência. Quantos colegas não declararam que esperavam morrer antes de ficar velhos ou que não suportariam tocar “Satisfaction” aos 60 anos? O guitarrista envelheceu, mas não precisa mais tocar “Smoke in the water”, a não ser que queira e, suponho, num arranjo com bandolim.