O povo do The Highway Star conseguiu: colocaram no ar um vídeo do Deep Purple Tabajara de 1980, aquele Bogus Deep Purple do Rod Evans, tocando Smoke on the Water. Pena que meu computador de casa não abre. Mas vou correndo a um cibercafé.
Pra saber mais sobre o Bogus Deep Purple, tem um link direto pra seção especial do THS sobre ele aqui ao lado.
sábado, 24 de dezembro de 2005
quarta-feira, 14 de dezembro de 2005
Que fim levou Ritchie Blackmore?
No café da manhã, abri o Estadão e lá estava uma baita foto do Ritchie Blackmore, encimada pelo título "Que Fim Levou Ritchie Blackmore?" Pois o jornalista Artur Dapieve, do No Mínimo, escreveu uma belíssima resenha do DVD duplo da banda do mestre com sua patroa.
Talvez o primeiro impulso do velho fã do Purple seja pensar: “Deus, o que não se faz por um belo rabo de saia?” Depois de se assistir às quase quatro horas de “Castles & Dreams”, porém, a pergunta muda para: “Blackmore não estará sendo mais honesto que seus ex-companheiros de banda?” Ele não os menciona, mas diz, num dos muitos extras do DVD duplo, se sentir mais honesto tocando música antiga do que antigas músicas.
Blackmore, ao menos, parece de fato feliz. Nos bastidores, ao lado de Candice, vinte e oito anos mais nova que ele, sessentão desde abril último. Nos palcos, ao lado dela e de uma trupe de músicos que atende por nomes como Bard David of Larchmont (teclados), Squire Malcolm of Lumley (bateria), Sir Robert of Normandie (baixo), Tudor Rose (rabeca e flautas) e as Sisters of the Moon, Lady Madeline e Lady Nancy, gêmeas vocalistas.
Na verdade, Blackmore prefere o termo menestréis a músicos. Sua trupe se apresenta em cidades medievais – os shows fundidos que ocupam quase todo o primeiro DVD foram gravados em Burg Veldenstein e em Burg Neuhaus, Alemanha, em 2004 – carregando nas costas toda a infra-estrutura: eletricidade, luz, som, palco, cenários etc. O conceito das excursões, portanto, também remete aos artistas itinerantes que se apresentavam em feiras.
E o espectador brasileiro, longe dos castelos europeus e até dos seis CDs da Blackmore’s Night, inéditos aqui? Ele se diverte? Se desarmar o espírito roqueiro e entrar na onda da banda, sim. Afinal, o grande guitarrista não esqueceu como se toca. Apenas prefere tocar mais baixo. As músicas instrumentais, como “Queen for a day” ou “Minstrel hall”, são delicadas e evocativas. E as cantadas fluem bem, desde que não se preste atenção às letras.
Porque, até para manter-se fiel ao espírito da banda, Candice desenvolveu toda uma criação de fadas, luares e momentos mágicos. Mas, ei, alguém aí já parou para realmente prestar atenção às letras do Deep Purple?! Procedente mesmo talvez seja um certo incômodo com o seu sotaque: faz-se necessária uma certa “suspensão da descrença” para aceitar uma americana de Long Island cantando a Idade Média.
(...)“Castles & Dreams” é o registro de uma união feliz. Não apenas a de Blackmore e Candice, coisa lá deles. Também a do guitarrista com sua própria consciência. Quantos colegas não declararam que esperavam morrer antes de ficar velhos ou que não suportariam tocar “Satisfaction” aos 60 anos? O guitarrista envelheceu, mas não precisa mais tocar “Smoke in the water”, a não ser que queira e, suponho, num arranjo com bandolim.
Talvez o primeiro impulso do velho fã do Purple seja pensar: “Deus, o que não se faz por um belo rabo de saia?” Depois de se assistir às quase quatro horas de “Castles & Dreams”, porém, a pergunta muda para: “Blackmore não estará sendo mais honesto que seus ex-companheiros de banda?” Ele não os menciona, mas diz, num dos muitos extras do DVD duplo, se sentir mais honesto tocando música antiga do que antigas músicas.
Blackmore, ao menos, parece de fato feliz. Nos bastidores, ao lado de Candice, vinte e oito anos mais nova que ele, sessentão desde abril último. Nos palcos, ao lado dela e de uma trupe de músicos que atende por nomes como Bard David of Larchmont (teclados), Squire Malcolm of Lumley (bateria), Sir Robert of Normandie (baixo), Tudor Rose (rabeca e flautas) e as Sisters of the Moon, Lady Madeline e Lady Nancy, gêmeas vocalistas.
Na verdade, Blackmore prefere o termo menestréis a músicos. Sua trupe se apresenta em cidades medievais – os shows fundidos que ocupam quase todo o primeiro DVD foram gravados em Burg Veldenstein e em Burg Neuhaus, Alemanha, em 2004 – carregando nas costas toda a infra-estrutura: eletricidade, luz, som, palco, cenários etc. O conceito das excursões, portanto, também remete aos artistas itinerantes que se apresentavam em feiras.
E o espectador brasileiro, longe dos castelos europeus e até dos seis CDs da Blackmore’s Night, inéditos aqui? Ele se diverte? Se desarmar o espírito roqueiro e entrar na onda da banda, sim. Afinal, o grande guitarrista não esqueceu como se toca. Apenas prefere tocar mais baixo. As músicas instrumentais, como “Queen for a day” ou “Minstrel hall”, são delicadas e evocativas. E as cantadas fluem bem, desde que não se preste atenção às letras.
Porque, até para manter-se fiel ao espírito da banda, Candice desenvolveu toda uma criação de fadas, luares e momentos mágicos. Mas, ei, alguém aí já parou para realmente prestar atenção às letras do Deep Purple?! Procedente mesmo talvez seja um certo incômodo com o seu sotaque: faz-se necessária uma certa “suspensão da descrença” para aceitar uma americana de Long Island cantando a Idade Média.
(...)“Castles & Dreams” é o registro de uma união feliz. Não apenas a de Blackmore e Candice, coisa lá deles. Também a do guitarrista com sua própria consciência. Quantos colegas não declararam que esperavam morrer antes de ficar velhos ou que não suportariam tocar “Satisfaction” aos 60 anos? O guitarrista envelheceu, mas não precisa mais tocar “Smoke in the water”, a não ser que queira e, suponho, num arranjo com bandolim.
terça-feira, 6 de dezembro de 2005
Convite ao granicídio
Olha o que vem por aí no ano que vem, segundo a DPAS:
1) Deep Purple
Live In London (CD) : pela primeira vez, lançado oficialmente em CD. Ah, você tem? Eu também. Mas é um semipirata nipo-brasileiro.
Stormbringer (CD) : remasterizado, remixado. Diz o Simon Robinson que Hold On tá de babar. É principalmente voltado a malucos como eu, que já tiveram o vinil e o CD normal e que estão gradualmente substituindo a coleção convencional pela aditivada dos remasters comemorativos.
Live In Europe 1993 (4CD) : a íntegra dos shows editados para o CD de Come Hell or High Water, com os últimos registros do Blackmore na banda. Quatro discos. Facada!!!
Live In Aachen 1970 (CD) : isso já tinha sido lançado, mas com uma capa feia pra caraco e saiu de catálogo. É o meu show favorito do Deep Purple, de julho de 1970. Mestre Gillan quase não canta, mas o instrumental é de pirar o cabeção.
Archive Collection (DVD) : vem mais coisa boa aí, além de 72/73 e California Jam. "Deve incluir um monte de material raro, incluindo coisas que os pirateiros perderam", diz o Simon Robinson.
Amsterdam Paradiso 1969: um dos primeiros shows do Purple que circularam em pirataria pode sair pela Purple Records. Esse ainda tem Kneel and Pray com a letra original ("You were good/I was bad/I wanted the things you had").
Scotland 1974: O Nigel Young não conhecia nem pirataria dos quatro shows feitos pelo Purple na terra de Macbeth em abril de 74. O primeiro show dessa perna da turnê do Coverdale/Hughes foi feito logo após a pirotécnica passagem dos mestres pela California (também pela Purple records)
2) Rainbow
German Tour 1976 (CD) : três shows, numa caixinha que deve sair no Japão em abril e separadamente na Europa a partir de março.
Rockpalast 1977 (DVD) : show gravado em outubro de 1977 na TV alemã. Primeiro DVD oficial da banda do Homem de Preto.
Promos (DVD) : todos os clipes oficiais da banda.
3) Blackmore's Night
Village Lantern : o novo álbum de estúdio deles, que sai no final de janeiro. Pra quem curte, beleza. A DPAS perdeu a conta, acha que é o sétimo de estúdio; acho que é o quinto de estúdio e sétimo no geral.
4) Paice, Ashton & Lord
Live In London (DVD) : nunca antes lançado em vídeo.
Tony Ashton / Testimonial (CD - DVD) : show em homenagem ao parceiro de Paice e Lord, gravado em 2000. Além do Tony, há John Entwhistle, Whitesnake (com Lord e Paice mas sem Coverdale) e PAL - a única reunião deles ao vivo depois dos anos 70.
5) Ian Gillan
Gillan's Inn 40th Anniversary CD : cheio de convidados. Todos estamos babando e já existe um preview de Smoke on the Water no ar. Deve sair em fevereiro.
Gillan / Live (CD) : shows ao vivo dos anos 80 das bandas solo do mestre!
6) Whitesnake
Live In The Still Of The Night (DVD / CD) : filmado em Londres, em 2004. Sai junto o DVD e o CD, em março - separado, não rola. Quando eu disse que essa turnê era caça-níqueis, me criticaram.
Whitesnake remasters (CD) : tão anunciando há tempos, mas nada certo.
7) Tommy Bolin
Tommy Bolin / Masters Series (CD) : coisas raras, coisas remixadas. É pra trazer novos fãs.
8) Steve Morse
Dixie Dregs Live In Montreux (DVD) : Steve bem novinho, recém-saído da faculdade, tocando no festival de jazz de Montreux em 1978.
9) Glenn Hughes
Glenn Hughes / Studio album (CD) : disco novo e possível retrospectiva na Austrália.
10) Jon Lord
Gemini Suite de estúdio: pela primeira vez em CD, é basicamente Jon Lord e convidados. Yvonne Elliman (a Maria Madalena de Jesus Christ Superstar) canta no lugar do Ian Gillan, uma letra completamente diferente do "how I wish that I wasn't here"
Windows (DVD): Sim, Jon Lord solo, com convidados! Em vídeo! Tudo sai pela Purple Records.
1) Deep Purple
Live In London (CD) : pela primeira vez, lançado oficialmente em CD. Ah, você tem? Eu também. Mas é um semipirata nipo-brasileiro.
Stormbringer (CD) : remasterizado, remixado. Diz o Simon Robinson que Hold On tá de babar. É principalmente voltado a malucos como eu, que já tiveram o vinil e o CD normal e que estão gradualmente substituindo a coleção convencional pela aditivada dos remasters comemorativos.
Live In Europe 1993 (4CD) : a íntegra dos shows editados para o CD de Come Hell or High Water, com os últimos registros do Blackmore na banda. Quatro discos. Facada!!!
Live In Aachen 1970 (CD) : isso já tinha sido lançado, mas com uma capa feia pra caraco e saiu de catálogo. É o meu show favorito do Deep Purple, de julho de 1970. Mestre Gillan quase não canta, mas o instrumental é de pirar o cabeção.
Archive Collection (DVD) : vem mais coisa boa aí, além de 72/73 e California Jam. "Deve incluir um monte de material raro, incluindo coisas que os pirateiros perderam", diz o Simon Robinson.
Amsterdam Paradiso 1969: um dos primeiros shows do Purple que circularam em pirataria pode sair pela Purple Records. Esse ainda tem Kneel and Pray com a letra original ("You were good/I was bad/I wanted the things you had").
Scotland 1974: O Nigel Young não conhecia nem pirataria dos quatro shows feitos pelo Purple na terra de Macbeth em abril de 74. O primeiro show dessa perna da turnê do Coverdale/Hughes foi feito logo após a pirotécnica passagem dos mestres pela California (também pela Purple records)
2) Rainbow
German Tour 1976 (CD) : três shows, numa caixinha que deve sair no Japão em abril e separadamente na Europa a partir de março.
Rockpalast 1977 (DVD) : show gravado em outubro de 1977 na TV alemã. Primeiro DVD oficial da banda do Homem de Preto.
Promos (DVD) : todos os clipes oficiais da banda.
3) Blackmore's Night
Village Lantern : o novo álbum de estúdio deles, que sai no final de janeiro. Pra quem curte, beleza. A DPAS perdeu a conta, acha que é o sétimo de estúdio; acho que é o quinto de estúdio e sétimo no geral.
4) Paice, Ashton & Lord
Live In London (DVD) : nunca antes lançado em vídeo.
Tony Ashton / Testimonial (CD - DVD) : show em homenagem ao parceiro de Paice e Lord, gravado em 2000. Além do Tony, há John Entwhistle, Whitesnake (com Lord e Paice mas sem Coverdale) e PAL - a única reunião deles ao vivo depois dos anos 70.
5) Ian Gillan
Gillan's Inn 40th Anniversary CD : cheio de convidados. Todos estamos babando e já existe um preview de Smoke on the Water no ar. Deve sair em fevereiro.
Gillan / Live (CD) : shows ao vivo dos anos 80 das bandas solo do mestre!
6) Whitesnake
Live In The Still Of The Night (DVD / CD) : filmado em Londres, em 2004. Sai junto o DVD e o CD, em março - separado, não rola. Quando eu disse que essa turnê era caça-níqueis, me criticaram.
Whitesnake remasters (CD) : tão anunciando há tempos, mas nada certo.
7) Tommy Bolin
Tommy Bolin / Masters Series (CD) : coisas raras, coisas remixadas. É pra trazer novos fãs.
8) Steve Morse
Dixie Dregs Live In Montreux (DVD) : Steve bem novinho, recém-saído da faculdade, tocando no festival de jazz de Montreux em 1978.
9) Glenn Hughes
Glenn Hughes / Studio album (CD) : disco novo e possível retrospectiva na Austrália.
10) Jon Lord
Gemini Suite de estúdio: pela primeira vez em CD, é basicamente Jon Lord e convidados. Yvonne Elliman (a Maria Madalena de Jesus Christ Superstar) canta no lugar do Ian Gillan, uma letra completamente diferente do "how I wish that I wasn't here"
Windows (DVD): Sim, Jon Lord solo, com convidados! Em vídeo! Tudo sai pela Purple Records.
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quarta-feira, 30 de novembro de 2005
Glenn Hughes, a poet and a prophet
Da Billboard:
O ex-cantor e baixista do Deep Purple Glenn Hughes está se preparando para gravar seu próximo álbum solo com a ajuda do guitarrista John Frusciante e do baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers. O disco, que ainda não tem título, será gravado em janeiro e deve sair em maio.
'Escrevi mais músicas do que nunca para esse disco', disse Hughes ao site Billboard.com. '(Há) talvez 25 canções no total e 12 vão para o disco. É funk, rock, soul e pop, tudo misturado. Esse, e eu cito o Chad aqui, vai ser o álbum mais variado que já fiz.' "
O ex-cantor e baixista do Deep Purple Glenn Hughes está se preparando para gravar seu próximo álbum solo com a ajuda do guitarrista John Frusciante e do baterista Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers. O disco, que ainda não tem título, será gravado em janeiro e deve sair em maio.
'Escrevi mais músicas do que nunca para esse disco', disse Hughes ao site Billboard.com. '(Há) talvez 25 canções no total e 12 vão para o disco. É funk, rock, soul e pop, tudo misturado. Esse, e eu cito o Chad aqui, vai ser o álbum mais variado que já fiz.' "
terça-feira, 29 de novembro de 2005
Desentendimentos entre gênios
Os amigos devem ter acompanhado a declaração do Blackmore de que ele gostaria de se juntar com o Deep Purple para um show apenas, só para fãs. Pois, em entrevista ao Metalshrine, o Gillan joga areia na idéia (que nunca levei a sério porque sei o tamanho dos desentendimentos internos):
"Eu também li sobre isso, sim. Ele está é sonhando! Por que diabos iríamos fazer alguma coisa com o cara que levou a banda à beira da ruína? É simplesmente ridículo! Passamos os últimos dez anos reconstruindo a reputação, o estilo e a qualidade da nossa música. De jeito nenhum isso vai acontecer!"
É chato. Muito chato.
Na minha opinião, os dois são gênios e respeitam o talento um do outro, embora não se biquem. Quem lê a biografia do Gillan vê isso muito claramente - o que há é um ressentimento por eles não conseguirem trabalhar juntos. Por besteira. O Gillan compara o Deep Purple a um belo prato de comida, onde ele e o Blackmore são o garfo e a faca, cada um puxando para um lado.
No final dos anos 70 (acho que no natal de 79 pra 80), o Blackmore foi à casa do Gillan pra convidá-lo pra cantar no Rainbow. O Gillan disse que estava bem com a Ian Gillan Band e tudo mais. O Blackmore sacudiu a cabeça e disse: "não, não, você está fazendo tudo errado. Você devia estar cantando é nos grandes estádios, em uma grande banda de rock". Isso abriu a cabeça do Gillan pra arriscar o Black Sabbath e depois a volta do Deep Purple.
Já o Blackmore ouviu conselhos semelhantes de todos os caras do Deep Purple, enviesadamente ouviu do Gillan, e o produtor Bruce Payne certa vez se queixou na internet de ter dito o mesmo ao Blackmore e ele não ter ouvido.
Acho legal pra caramba a força que o Homem de Preto está dando pra patroa nessa fase new-age. Ele continua tocando pacas em outro estilo (embora eu não suporte ouvir os vocais de eu-acredito-em-duendes e ver o mestre fantasiado de figurante de Senhor dos Anéis). Mas podia estar muito melhor dando sua experiente contribuição continuada ao rock.
E podia estar melhor ainda se sua geniosidade não tivesse se colocado na frente de sua genialidade, causando tanta briga com os músicos que melhor trabalharam com ele e mais lhe trouxeram glórias em toda sua carreira.
"Eu também li sobre isso, sim. Ele está é sonhando! Por que diabos iríamos fazer alguma coisa com o cara que levou a banda à beira da ruína? É simplesmente ridículo! Passamos os últimos dez anos reconstruindo a reputação, o estilo e a qualidade da nossa música. De jeito nenhum isso vai acontecer!"
É chato. Muito chato.
Na minha opinião, os dois são gênios e respeitam o talento um do outro, embora não se biquem. Quem lê a biografia do Gillan vê isso muito claramente - o que há é um ressentimento por eles não conseguirem trabalhar juntos. Por besteira. O Gillan compara o Deep Purple a um belo prato de comida, onde ele e o Blackmore são o garfo e a faca, cada um puxando para um lado.
No final dos anos 70 (acho que no natal de 79 pra 80), o Blackmore foi à casa do Gillan pra convidá-lo pra cantar no Rainbow. O Gillan disse que estava bem com a Ian Gillan Band e tudo mais. O Blackmore sacudiu a cabeça e disse: "não, não, você está fazendo tudo errado. Você devia estar cantando é nos grandes estádios, em uma grande banda de rock". Isso abriu a cabeça do Gillan pra arriscar o Black Sabbath e depois a volta do Deep Purple.
Já o Blackmore ouviu conselhos semelhantes de todos os caras do Deep Purple, enviesadamente ouviu do Gillan, e o produtor Bruce Payne certa vez se queixou na internet de ter dito o mesmo ao Blackmore e ele não ter ouvido.
Acho legal pra caramba a força que o Homem de Preto está dando pra patroa nessa fase new-age. Ele continua tocando pacas em outro estilo (embora eu não suporte ouvir os vocais de eu-acredito-em-duendes e ver o mestre fantasiado de figurante de Senhor dos Anéis). Mas podia estar muito melhor dando sua experiente contribuição continuada ao rock.
E podia estar melhor ainda se sua geniosidade não tivesse se colocado na frente de sua genialidade, causando tanta briga com os músicos que melhor trabalharam com ele e mais lhe trouxeram glórias em toda sua carreira.
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Grandes frases da história do Deep Purple
-- Hello, I'm Ritchie Moreblack!
MICHAEL BRADFORD, o primeiro guitarrista negro do Deep Purple (cobrindo licença do Morse), se apresentando a um produtor de TV
MICHAEL BRADFORD, o primeiro guitarrista negro do Deep Purple (cobrindo licença do Morse), se apresentando a um produtor de TV
Para desfazer mal-entendidos
Para desfazer alguns mal-entendidos, observem atentamente a argumentação abaixo:
1) Não havia câmeras apontadas para o palco nem em Osaka e nem em Tóquio em agosto de 1972. Levem em conta a tecnologia disponível na época. Era muito mais complicado (e caro) levar todo um aparato de câmera para o palco há 33 anos. Hoje, até com celular se grava. [CORRIGINDO: HAVIA, SIM. AS IMAGENS MAL ESTÃO SENDO RESGATADAS.]
2) O único show completo gravado em vídeo da Mk2 de que se tem notícia é o gravado em Copenhague, em 1º.mar.1972. Fora isso, existem trechos de aparições na TV e de outros shows (como o da universidade de Hofsfra, em Nova York, que aparece no DVD de Copenhague lançado oficialmente há pouco).
3) Made in Japan é um dos discos ao vivo mais bem-sucedidos de toda a história do rock. Por isso, quando o videocassete se popularizou, passou a ser grande a demanda por um vídeo dele. Na falta disso, alguns espertos pegaram outras gravações em vídeo do Purple (como o show de Copenhague e o Doing Their Thing, de 1970) e espalharam por aí como se fossem "Made in Japan".
4) A versão mais comum é a que dá o nome de "Made in Japan" ao show de Copenhague. Isso porque o setlist é bastante parecido com o de Made in Japan. Mas atenção: o show de Copenhague é o último antes da introdução de "Smoke on the Water" no setlist. Isso aconteceu nove dias depois, em um show na BBC (que está no disco "In Concert 70-72").
5) Ainda não acreditou? Pois veja lá em Highway Star. Se o Gillan começa a brigar com a platéia no meio de uma estrofe ("oy! oy!!!"), é Copenhague. Em um dos shows do Made in Japan ele briga com a platéia também, mas é em Speed King. (Isso está no CD duplo e remasterizado de MiJ.) Parece que o rolo foi ainda mais feio do que o que houve em Copenhague, mas não existem imagens disso pra saber o quanto foi feio. Apenas a palavra do Glover de que houve um qüiproqüó.
5) O show de Copenhague também circula com os nomes de "Machine Head Live" (bastante descritivo) e "Scandinavian Nights" (que é o mesmo nome de um CD com um show de 1970).
6) Fiquem ligados. Esse novo DVD que se anuncia como "Made in Japan" é na verdade uma colagem de músicas do Gillan solo, que já haviam aparecido em outras gravações antes. A entrevista do Blackmore também é coisa velha. Não que Gillan solo seja ruim, mas evitem comprar gato por lebre. Mais ainda: boicotem as picaretagens.
quarta-feira, 23 de novembro de 2005
Bradford substitui Steve Morse
Michael Bradford, que produziu os últimos dois discos do Deep Purple, está substituindo o Steve Morse nas próximas aparições do Purple na televisão, na Europa. Parece que o Steve precisou resolver umas broncas pessoais nos EUA.
Já há dois anos Bradford é informalmente o "sexto Purple". Mesmo sendo apenas substituto, como o foi Randy California em alguns shows dos anos 70, Bradford é o primeiro negro a fazer parte do Deep Purple. Ele aparece ao fundo nesta foto de estúdio publicada em 2002 no site do Glover:

Bradford, que já esteve no palco tocando guitarra nas últimas duas turnês do Purple, é amigo do pessoal do Charlie Brown Júnior (ia produzir um disco deles, não sei se produziu, e os considera "the biggest rock band in Brazil", para nosso desespero) e já tocou com Kid Rock. Nos anos 70, quando teve sua primeira banda, adorava tocar Smoke on the Water.
Já há dois anos Bradford é informalmente o "sexto Purple". Mesmo sendo apenas substituto, como o foi Randy California em alguns shows dos anos 70, Bradford é o primeiro negro a fazer parte do Deep Purple. Ele aparece ao fundo nesta foto de estúdio publicada em 2002 no site do Glover:
Bradford, que já esteve no palco tocando guitarra nas últimas duas turnês do Purple, é amigo do pessoal do Charlie Brown Júnior (ia produzir um disco deles, não sei se produziu, e os considera "the biggest rock band in Brazil", para nosso desespero) e já tocou com Kid Rock. Nos anos 70, quando teve sua primeira banda, adorava tocar Smoke on the Water.
terça-feira, 22 de novembro de 2005
Lançado California Jam completo em DVD
Sai hoje, mundialmente, o DVD definitivo de California Jam. Além de toda a filmagem que já conhecíamos, há Lay Down, Stay Down e duas músicas com ângulos alternativos de câmera. Quer mais? Tem entrevista com Ian Paice, comentários da época, galeria de imagens, filmagem da banda chegando no histórico Starship One e imagens em super-8 dos bastidores e torre de controle.
É um granicídio que vale a pena.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2005
Satch Boogie
Em entrevista à BBC, Satriani fala sobre seu período no Deep Purple:
Foi difícil, porque todo guitarrista é na verdade muito idiossincrático nessas horas, e embora eu estivesse substituindo o Ritchie Blackmore, meu cérebro dizia: "Peraí, ninguém substitui Ritchie Blackmore!" Eu olhava pra platéia e via os rostos deles, completamente fascinados com a banda, e percebi que eu na verdade era quase como um deles. Eu olhava ao redor do palco e pensava: "meu deus, é o Deep Purple!"
Tinha algumas músicas que o Ritchie tinha preparado tão bem que era um caso de me perguntar por que tocar outra coisa. Mas, com o apoio de fitas ao vivo que a banda me deu, percebi que em outras músicas o Ritchie mudava sua parte tão dramaticamente de noite pra noite que até ele estava procurando a melhor forma de interpretá-las. Por isso, tomei a licença artística de modernizar o material, especialmente o material novo que a banda mal tinha tocado ao vivo. Eles gostaram da minha abordagem, e foram uma banda ótima de trabalhar.
Musicalmente, foi muito satisfatório. O setlist vinha direto do paraíso do classic rock. E a banda era genial. Seu timing era fantástico. Seu tom era fabuloso. Eu não cabia em mim.
Eles me pediram pra entrar na banda, mas eu precisava mesmo pensar. Eu ainda devia gravar discos em meu contrato da época, e seria difícil largar disso e me tornar parte da banda. E, embora eu odeie dizer isso, tinha uma coisa na banda que sempre me bateu como britânica. Eu me sentia um ítalo-americano pegando carona. Então, quando eu somei tudo, embora fosse muito legal, não parecia certo pra mim. Achei que eles precisavam achar alguém que estivesse mesmo a fim de se tornar um membro permanente. Como se viu, eles acabaram chamando um americano (Steve Morse), o que foi ótimo.
Na biografia do Ian Gillan, o mestre lembra do primeiro ensaio do Satriani com o Deep Purple. Ensaiam tudo e no final chega a vez de Smoke on the Water.
-- Você não precisa ensaiar essa música, né, Joe?
-- Como assim? Vamos ensaiar, sim. Cara, quase não acredito que vou tocar Smoke on the Water com o Deep Purple.
Foi difícil, porque todo guitarrista é na verdade muito idiossincrático nessas horas, e embora eu estivesse substituindo o Ritchie Blackmore, meu cérebro dizia: "Peraí, ninguém substitui Ritchie Blackmore!" Eu olhava pra platéia e via os rostos deles, completamente fascinados com a banda, e percebi que eu na verdade era quase como um deles. Eu olhava ao redor do palco e pensava: "meu deus, é o Deep Purple!"
Tinha algumas músicas que o Ritchie tinha preparado tão bem que era um caso de me perguntar por que tocar outra coisa. Mas, com o apoio de fitas ao vivo que a banda me deu, percebi que em outras músicas o Ritchie mudava sua parte tão dramaticamente de noite pra noite que até ele estava procurando a melhor forma de interpretá-las. Por isso, tomei a licença artística de modernizar o material, especialmente o material novo que a banda mal tinha tocado ao vivo. Eles gostaram da minha abordagem, e foram uma banda ótima de trabalhar.
Musicalmente, foi muito satisfatório. O setlist vinha direto do paraíso do classic rock. E a banda era genial. Seu timing era fantástico. Seu tom era fabuloso. Eu não cabia em mim.
Eles me pediram pra entrar na banda, mas eu precisava mesmo pensar. Eu ainda devia gravar discos em meu contrato da época, e seria difícil largar disso e me tornar parte da banda. E, embora eu odeie dizer isso, tinha uma coisa na banda que sempre me bateu como britânica. Eu me sentia um ítalo-americano pegando carona. Então, quando eu somei tudo, embora fosse muito legal, não parecia certo pra mim. Achei que eles precisavam achar alguém que estivesse mesmo a fim de se tornar um membro permanente. Como se viu, eles acabaram chamando um americano (Steve Morse), o que foi ótimo.
Na biografia do Ian Gillan, o mestre lembra do primeiro ensaio do Satriani com o Deep Purple. Ensaiam tudo e no final chega a vez de Smoke on the Water.
-- Você não precisa ensaiar essa música, né, Joe?
-- Como assim? Vamos ensaiar, sim. Cara, quase não acredito que vou tocar Smoke on the Water com o Deep Purple.
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