Hoje faz 20 anos do dia do show do Deep Purple no Gigantinho, em Porto Alegre - aquele que eu perdi porque tinha só 14 anos. Separei bastante material aqui pra escrever um bom post sobre a turnê brasileira, mas não consegui tempo ainda. Calhou de o vintenário coincidir com uma mudança importante no trabalho.
Então, pra não deixar a peteca cair enquanto tento arrumar um tempinho, publico aqui os quatro vídeos que estão no YouTube com músicas do segundo show da turnê brasileira. Foi no ginásio do Ibirapuera, em 17 de agosto de 1991. Meus comentários seguem antes de cada um dos vídeos.
A Mk5 foi a única formação que homenageou praticamente todas as anteriores, tendo na média o mais representativo setlist de toda a história do Deep Purple. Faltou uma tiradinha de chapéu para a Mk4, mas o Blackmore não toparia (como o Gillan não topa tirar o chapéu pra Mk3). Turner também é mais respeitoso com as formações anteriores do que Coverdale e Hughes foram com seus antecessores durante a Mk3. Ao vivo, eles eram excelentes com material próprio mas baixavam de qualidade quando tocavam (poucas) músicas de antes do seu tempo.
Em sua crítica dos shows para a Bizz, meu mestre André Forastieri resumiu: "Pô, qualquer show que começa com Burn, acaba com Smoke on the Water e tem no meio Perfect Strangers é maravilhoso", ainda que o Forasta ponderasse que "o novo vocalista Joe Lynn Turner tem menos voz que a Xuxa".
Nos comentários dos vídeos que estão na internet, mesmo fãs de Turner estranham o quanto sua voz está ruim. E, embora seu estilo não feche bem com o do Purple, ao menos em estúdio ele não é um mau cantor. Basta ouvir sua voz no disco "Slaves & Masters".
O show abriu com Burn. Todo mundo nervoso pra testemunhar esse momento histórico enquanto rolava uma gravação e um show de laser. Blackmore e Paice tinham uma combinação: o guitarrista fica sentado atrás dos amps e dá o sinal para o baterista começar a música quando ele, Blackmore, estiver pronto. Nesse show funcionou, embora num dos últimos não tenha funcionado (falo no próximo post). O que não funcionou foi o microfone do Turner.
Repare que os aplausos ao final da primeira música são bem menores do que os aplausos antes de ela começar.
A segunda música foi Black Night, que fazia medley com Child in Time e Long Live Rock'n'Roll. Child in Time empolgou mais antes de Turner efetivamente cantá-la (sem os gritos). Na gravação em áudio do show da noite anterior, dá pra ouvir gente questionando a masculinidade do Turner e chamando o Gillan de volta.
Como Turner não toca congas e tampouco sai do palco, ele fica meio perdido durante os solos dos colegas. Fica na frente da bateria, brinca com o pedestal do microfone.
A seguir, vem a primeira música nova da noite: Truth Hurts. Sério? Sério. Ao vivo tem um arranjo diferente, mais lento, aproveitando mais o feeling do Blackmore. E a música acaba indo por nove minutos. Abstraia a voz e letra sertaneja ("I wanna know who you've been loving in my place") e a experiência é quase hipnótica.
Se você assistiu tudo, deve ter notado a falta de jeito ampliada do Turner aqui. Mas confesso que achei simpática aquela parte lá no final, com o Turner, o Blackmore e o Glover sentados na frente da bateria, Glover quase consolando o Turner, "calma, esse negócio de chifre não existe, é só uma coisa que colocaram na sua cabeça". Aí eles levantam abruptamente, como quem diz "CORRE QUE A CANA VEM VINDO!"
No setlist daquele ano, logo depois vinha Hey Joe. Não encontrei esse vídeo nos shows brasileiros. E na verdade o último vídeo que encontrei é do que vem depois de Hey Joe: um medley entre The Cut Runs Deep (minha segunda favorita daquele disco, depois de Fire in The Basement) com Hush. O engraçado é que o Turner apresenta The Cut Runs Deep como sendo de "um ex-amigo meu", mas nos créditos do disco constam apenas membros da banda. Será que ele está se referindo a Blackmore, de quem até hoje se diz amigo, ou a Jon Lord, com quem nunca se bicou?
Destaque pra brincadeira entre bateria e guitarra. Turner é competente em chamar a platéia com o "Ô, ooô, ô". Mas eu preferia mais brincadeira entre bateria e guitarra. Até porque depois do ooô entra uma versão meio matada da letra de Hush.
Na biografia do Blackmore, Turner conta que "The Cut Runs Deep" foi a sua primeira colaboração criativa no Purple. Quando ele entrou no estúdio, Blackmore começou a tocar "Hey Joe" (a que vem logo antes no set) e ele agarrou o microfone e saiu cantando. Aí começaram as novidades. Eles começaram a tocar o riff dessa música e ele bolou o refrão na hora, no melhor estilo protoemo: "e quanto à mágoa? E quanto ao vazio por dentro?"
E assim terminam os vídeos do segundo show do Purple no Brasil que encontrei no YouTube. Segundo o The Highway Star, o restante do setlist daquele ano era este:
Perfect Strangers
Fire In The Basement
(incluindo) Bass solo
King Of Dreams
Stand By Me (Ben E King) only occasionally
Love Conquers All
Ritchie's Blues instrumental
Difficult To Cure
(incluindo) Keyboard Solo
Knocking At Your Back Door
(incluindo) Teddy Bear's Picnic instrumental
Tutti Frutti (Little Richard)only occasionally
A Whiter Shade Of Pale (Procol Harum)only occasionally
Yesterday (The Beatles)only occasionally
That'll Be The Day (Buddy Holly)only occasionally
Lazy
Wicked Ways
Highway Star
(incluindo) Bourree from Sarabande (Jon Lord)
Smoke On The Water
(incluindo) Drum Solo
(incluindo) In The Hall Of The Mountain King
(incluindo) Woman From Tokyo
Você conhece mais vídeos de shows do Brasil naquele ano? Mande aqui nos comentários. E conte mais sobre os shows que viu!
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terça-feira, 23 de agosto de 2011
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Blackmore, esse grande cara - e um causo do Turner
Blackmore sempre foi um cara muito tímido, e o encadeamento dos fatos no livro sugere que boa parte das manias dele tem a ver com essa característica - por mais que seja estranho imaginar que um cidadão que põe fogo no palco possa ser tímido. As roupas pretas, o perfeccionismo, o ensimesmismo, a própria bronca com o Gillan (que é um sujeito MUITO expansivo), o laconismo. Blackmore ergue um escudo de estranhices para se defender. E se diverte com isso. Se você é tímido (e eu sou, até demais), deve saber mais ou menos como é a sensação, em outra escala.
Quando eu terminar de ler, posto aqui uma resenha. Já li todos os capítulos sobre o Deep Purple.
Só pra dar um gostinho: o capítulo que fala sobre a Mk5 traz uma revelação interessante sobre o Turner, outro personagem constante em piadinhas neste blog.
Em todos os capítulos, desde os que falam de 1968, vários entrevistados reclamam que Lord pouco contribuía com as composições do Purple - o que eu estranho demais, considerando a importância do teclado na sonoridade da banda. Para Slaves & Masters, calhou de ele ser o primeiro a reclamar de uma música por ser melosa demais para o Deep Purple. Sim, era "Love Conquers All".
A música cabia no contexto da tentativa de fazer um álbum comercial, porque na época era regra todo mundo botar uma baladinha num disco de hard rock, do Twisted Sister ao Cinderella. O argumento do Turner foi exatamente este: "o Motley Crue faz isso". Lord reclamou. Nas palavras do vocalista:
"Eu lembro que o Jon andou dizendo que 'Love Conquers All' era merda e não era uma boa música, e eu disse: 'se você tocar direito, eu vou cantar pra caralho e vai ser uma baita power ballad, então cala essa porra de boca e te mexe'. O Ritchie se virou no banquinho pra rir, e tentou esconder o riso. Ele queria dizer isso pro Jon havia anos. Naquela hora eu acho que me passei da conta, mas eu estava frustrado musicalmente porque olha só... o Jon nunca escrevia, e ficava lá sentado bebendo uma taça de vinho, lendo o livro dele, ouvindo música clássica"
(Parêntese: o "lendo um livro" é uma referência depreciativa que o Blackmore dirige ao Lord diversas vezes ao longo dos capítulos sobre o Purple. Como se fosse má coisa...)
Blackmore lembra que Turner disse ao Jon Lord, naquela explosão, uma outra frase: "Você é o passado, eu sou o futuro". E Blackmore se diverte ao dizer que sempre cumprimenta Lord dizendo "olá, sr. Passado".
Isso explica muita coisa - como, por exemplo, o fato de o tecladista não tocar em faixas feitas fora do álbum, como "Slow Down Sister" e "Fire Ice and Dynamite" (salvo engano), mas isso não aparece no livro.
O que eu recuperei de respeito pelo Blackmore com esse livro é diretamente proporcional ao que eu perdi de respeito pelo Turner com essa briga. Se bem que eles todos brigavam ou ficavam de cara feia um com o outro o tempo todo desde 1968, pelo que entendi.
domingo, 20 de abril de 2008
40 - the best of
Em 20 de abril de 1968, uma banda inglesa nova chamada Roundabout foi tocar um cover dos Beatles num programa de TV dinamarquês. Na última hora, avisaram a produção de que o nome tinha mudado: a partir dali, seria Deep Purple. Desde então, eles foram e voltaram e mudaram nove vezes a formação e fizeram 2.014 shows - dos quais 49 foram no Brasil.
Vida longa e próspera aos mestres. Abaixo, alguns vídeos - vários deles bem raros - pra relembrar os grandes momentos da nossa banda favorita, quase ano a ano.
1968 (Mk1) - KENTUCKY WOMAN, ao vivo em Los Angeles.
A qualidade do vídeo é uma bosta - a fita se deteriorou muito ao longo dos anos -, mas é um dos poucos registros da Mk1 ao vivo tocando algo além de Hush.
1968 (Mk1) - AND THE ADDRESS, ao vivo na Mansão Playboy
Todo mundo quase só conhece o vídeo de Hush. Mas eles também tocaram na abertura do programa. Destaque para Hugh Hefner ainda antes da mania do robe de chambre. Olhe para o Rod Evans e cante: "VAI LACRAIA, VAI LACRAIA"!
1969 (Mk2) - WRING THAT NECK, ao vivo no Bilzen Jazz Festival.
Raridade das boas. Aqui, eles estão no auge da improvisação.
1970 (Mk2) - MANDRAKE ROOT, ao vivo no South Bank Summer Festival
Mais uma vez, uma improvisação de cair o queixo.
1971 (Mk2) - DEMON'S EYE, ao vivo em Berlim
Este é o mais antigo vídeo que mostra o duelo entre Gillan e Blackmore que se tornaria famoso em Strange Kind of Woman.
1972 (Mk2) - CHILD IN TIME, ao vivo em Copenhagen
Vocês já conhecem esta versão. Mas eu não podia deixar passar sem Child in Time.
1973 (Mk2) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo na Universidade de Hofstra, nos EUA
Único registro conhecido em vídeo da verdadeira Mk2 da Era de Prata Amigos tocando a música que se tornou a mais famosa do grupo.
1974 (Mk3) - BLACKMORE DETONA O PALCO, no California Jam
Vocês também conhecem isto aqui.
1975 (Mk4) - YOU KEEP ON MOVING, ao vivo no Budokan, no Japão
Hughes e Coverdale fazendo dueto. É de arrepiar os pêlos do braço.
Terminada a Mk4, terminou o Deep Purple. Eles ficaram oito anos parados e voltaram em 1984. No segundo show, tiveram um convidado ilustre.
1984 (Mk2a) - LUCILLE, ao vivo na Austrália com George Harrison
Filmado atrás do palco.
1985 (Mk2a) - GYPSY'S KISS, ao vivo no Rockpalast
Eles não tocam mais essas músicas.
1987 (Mk2a) - HARD LOVIN'WOMAN, ao vivo em Viena
Eles não tocam mais essas músicas.
1988 (Mk2a) - HUSH, ao vivo em Copenhagen
É a versão regravada em estúdio no disco Nobody's Perfect.
1991 (Mk5) - THE CUT RUNS DEEP, ao vivo em São Paulo
Era a primeira vez em que o Deep Purple vinha ao Brasil. Com Joe Lynn Turner. Uma das melhores faixas de Slaves & Masters. Destaques: Turner errando sua própria letra (sem falar na de Hush), Blackmore e Glover rebolando de costas um para o outro e o tango do Turner com o Glover. Paice arrebenta na bateria e Lord destroça o teclado.
1993 (Mk2b) - THE BATTLE RAGES ON, ao vivo em Birmingham
É o famoso show de Come Hell or High Water.
1994 (Mk6) - WHEN A BLIND MAN CRIES, ao vivo em Saarbrucken
Ritchie Blackmore se recusava a tocar essa música, gravada nas sessões do Machine Head. Desde 1991, porém, o Gillan já a tinha colocado em seu setlist solo. Quando Blackmore saiu e Satriani entrou, a música veio junto.
1995 (Mk7) - BLACK NIGHT, ao vivo em Bombaim, na Índia
Um dos mais antigos shows conhecidos em vídeo com Steve Morse. Ainda era mais ou menos o mesmo setlist do Satriani, que era mais ou menos o mesmo setlist do Blackmore.
1996 (Mk7) - THE AVIATOR, ao vivo em Chicago, nos EUA
Esta faixa do disco Purpendicular, feita em homenagem a Steve Morse, que além de guitarrista é piloto de aviões, infelizmente sumiu dos setlists. Repare que o Gillan está sentado na borda do palco, do lado da galera, e ninguém sequer toca nele. Se fosse no Brasil, ele teria saído sem roupa.
1997 (Mk7) - CASCADES (I'M NOT YOUR LOVER NOW), ao vivo em São Paulo
A segunda vinda do Deep Purple ao Brasil foi emocionante. Foi a primeira do Purple com o Gillan por estas terras. E foi quando eu aprendi a confiar no Steve Morse. Outra bela faixa que sumiu dos setlists.
1998 (Mk7) - FINGERS TO THE BONE, ao vivo em Sófia, na Bulgária
Hoje em dia, nenhuma música do Abandon sobrevive no setlist. Mas vejam que preciosidade esta.
1999 (Mk7) - WATCHING THE SKY, com a Orquestra Sinfônica de Londres
Esta é uma das minhas músicas favoritas do Abandon. No tratamento da orquestra, ficou genial.
2000 (Mk7) - FOOLS, ao vivo na Transilvânia
Levou quase 30 anos para o Deep Purple incluir esta gloriosa faixa de Fireball em seu setlist.
2001 (Mk7) - NESSUN DORMA, com Luciano Pavarotti, em Módena (Itália)
Pavarotti dizia que os melhores tenores do mundo têm algum receio em cantar essa música. Ian Gillan não apenas mergulhou nela como também traduziu a letra.
2002 (Mk8) - CHILD IN TIME, ao vivo na Rússia
Em janeiro, a Mk7 fez metade de sua última turnê, na Inglaterra. Seria a despedida de Jon Lord, embora eles demorassem a confirmar. Para comemorar, Child in Time foi incluída no setlist, mas Ian Gillan caiu doente depois de poucos dias de shows. No recesso, Jon Lord confirmou que sairia da banda. Ao voltar, eles iriam à Rússia - mas com Don Airey, substituto do TOMATO. Foi nessa fase que começou este blog. Naquelas terras geladas, onde Child in Time tem um significado especial, Ian Gillan topou cantar a música pelas últimas vezes. Esta é uma delas.
2003 (Mk8) - HOUSE OF PAIN, no Casseta e Planeta
O Deep Purple ficou pop quando veio ao Brasil daquela vez, na turnê de Bananas. Eu queria ter achado o vídeo de Fucker & Sucker, mas não achei. Fica pra próxima. De qualquer forma, eles estão ali no meio da fuzarca toda.
2004 (Mk8) - BLACK NIGHT, ao vivo na Califórnia
No palco, dois dos grandes guitarristas que já passaram pelo Deep Purple: Steve Morse e Joe Satriani.
2005 (Mk8) - I'VE GOT YOUR NUMBER, ao vivo em Londres
O que eu acho genial nesse show é que o palco do Hard Rock Café londrino não é muito maior que o do Café Piu-Piu paulistano. A música é do Bananas, mas a turnê já é do Rapture of the Deep.
2006 (Mk8) - HIGHWAY STAR, ao vivo em São Paulo
Nesse show, um imbecil mijou na minha perna.
2007 (Mk8) - PICTURES OF HOME, ao vivo em Glasgow, na Escócia
Salvo engano, aqui eles estavam tocando todo o Machine Head.
2008 (Mk8) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo no Kremlin, na Rússia
O show mais polêmico do ano do quarentenário da banda.
Vida longa e próspera aos mestres. Abaixo, alguns vídeos - vários deles bem raros - pra relembrar os grandes momentos da nossa banda favorita, quase ano a ano.
1968 (Mk1) - KENTUCKY WOMAN, ao vivo em Los Angeles.
A qualidade do vídeo é uma bosta - a fita se deteriorou muito ao longo dos anos -, mas é um dos poucos registros da Mk1 ao vivo tocando algo além de Hush.
1968 (Mk1) - AND THE ADDRESS, ao vivo na Mansão Playboy
Todo mundo quase só conhece o vídeo de Hush. Mas eles também tocaram na abertura do programa. Destaque para Hugh Hefner ainda antes da mania do robe de chambre. Olhe para o Rod Evans e cante: "VAI LACRAIA, VAI LACRAIA"!
1969 (Mk2) - WRING THAT NECK, ao vivo no Bilzen Jazz Festival.
Raridade das boas. Aqui, eles estão no auge da improvisação.
1970 (Mk2) - MANDRAKE ROOT, ao vivo no South Bank Summer Festival
Mais uma vez, uma improvisação de cair o queixo.
1971 (Mk2) - DEMON'S EYE, ao vivo em Berlim
Este é o mais antigo vídeo que mostra o duelo entre Gillan e Blackmore que se tornaria famoso em Strange Kind of Woman.
1972 (Mk2) - CHILD IN TIME, ao vivo em Copenhagen
Vocês já conhecem esta versão. Mas eu não podia deixar passar sem Child in Time.
1973 (Mk2) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo na Universidade de Hofstra, nos EUA
Único registro conhecido em vídeo da verdadeira Mk2 da Era de Prata Amigos tocando a música que se tornou a mais famosa do grupo.
1974 (Mk3) - BLACKMORE DETONA O PALCO, no California Jam
Vocês também conhecem isto aqui.
1975 (Mk4) - YOU KEEP ON MOVING, ao vivo no Budokan, no Japão
Hughes e Coverdale fazendo dueto. É de arrepiar os pêlos do braço.
Terminada a Mk4, terminou o Deep Purple. Eles ficaram oito anos parados e voltaram em 1984. No segundo show, tiveram um convidado ilustre.
1984 (Mk2a) - LUCILLE, ao vivo na Austrália com George Harrison
Filmado atrás do palco.
1985 (Mk2a) - GYPSY'S KISS, ao vivo no Rockpalast
Eles não tocam mais essas músicas.
1987 (Mk2a) - HARD LOVIN'WOMAN, ao vivo em Viena
Eles não tocam mais essas músicas.
1988 (Mk2a) - HUSH, ao vivo em Copenhagen
É a versão regravada em estúdio no disco Nobody's Perfect.
1991 (Mk5) - THE CUT RUNS DEEP, ao vivo em São Paulo
Era a primeira vez em que o Deep Purple vinha ao Brasil. Com Joe Lynn Turner. Uma das melhores faixas de Slaves & Masters. Destaques: Turner errando sua própria letra (sem falar na de Hush), Blackmore e Glover rebolando de costas um para o outro e o tango do Turner com o Glover. Paice arrebenta na bateria e Lord destroça o teclado.
1993 (Mk2b) - THE BATTLE RAGES ON, ao vivo em Birmingham
É o famoso show de Come Hell or High Water.
1994 (Mk6) - WHEN A BLIND MAN CRIES, ao vivo em Saarbrucken
Ritchie Blackmore se recusava a tocar essa música, gravada nas sessões do Machine Head. Desde 1991, porém, o Gillan já a tinha colocado em seu setlist solo. Quando Blackmore saiu e Satriani entrou, a música veio junto.
1995 (Mk7) - BLACK NIGHT, ao vivo em Bombaim, na Índia
Um dos mais antigos shows conhecidos em vídeo com Steve Morse. Ainda era mais ou menos o mesmo setlist do Satriani, que era mais ou menos o mesmo setlist do Blackmore.
1996 (Mk7) - THE AVIATOR, ao vivo em Chicago, nos EUA
Esta faixa do disco Purpendicular, feita em homenagem a Steve Morse, que além de guitarrista é piloto de aviões, infelizmente sumiu dos setlists. Repare que o Gillan está sentado na borda do palco, do lado da galera, e ninguém sequer toca nele. Se fosse no Brasil, ele teria saído sem roupa.
1997 (Mk7) - CASCADES (I'M NOT YOUR LOVER NOW), ao vivo em São Paulo
A segunda vinda do Deep Purple ao Brasil foi emocionante. Foi a primeira do Purple com o Gillan por estas terras. E foi quando eu aprendi a confiar no Steve Morse. Outra bela faixa que sumiu dos setlists.
1998 (Mk7) - FINGERS TO THE BONE, ao vivo em Sófia, na Bulgária
Hoje em dia, nenhuma música do Abandon sobrevive no setlist. Mas vejam que preciosidade esta.
1999 (Mk7) - WATCHING THE SKY, com a Orquestra Sinfônica de Londres
Esta é uma das minhas músicas favoritas do Abandon. No tratamento da orquestra, ficou genial.
2000 (Mk7) - FOOLS, ao vivo na Transilvânia
Levou quase 30 anos para o Deep Purple incluir esta gloriosa faixa de Fireball em seu setlist.
2001 (Mk7) - NESSUN DORMA, com Luciano Pavarotti, em Módena (Itália)
Pavarotti dizia que os melhores tenores do mundo têm algum receio em cantar essa música. Ian Gillan não apenas mergulhou nela como também traduziu a letra.
2002 (Mk8) - CHILD IN TIME, ao vivo na Rússia
Em janeiro, a Mk7 fez metade de sua última turnê, na Inglaterra. Seria a despedida de Jon Lord, embora eles demorassem a confirmar. Para comemorar, Child in Time foi incluída no setlist, mas Ian Gillan caiu doente depois de poucos dias de shows. No recesso, Jon Lord confirmou que sairia da banda. Ao voltar, eles iriam à Rússia - mas com Don Airey, substituto do TOMATO. Foi nessa fase que começou este blog. Naquelas terras geladas, onde Child in Time tem um significado especial, Ian Gillan topou cantar a música pelas últimas vezes. Esta é uma delas.
2003 (Mk8) - HOUSE OF PAIN, no Casseta e Planeta
O Deep Purple ficou pop quando veio ao Brasil daquela vez, na turnê de Bananas. Eu queria ter achado o vídeo de Fucker & Sucker, mas não achei. Fica pra próxima. De qualquer forma, eles estão ali no meio da fuzarca toda.
2004 (Mk8) - BLACK NIGHT, ao vivo na Califórnia
No palco, dois dos grandes guitarristas que já passaram pelo Deep Purple: Steve Morse e Joe Satriani.
2005 (Mk8) - I'VE GOT YOUR NUMBER, ao vivo em Londres
O que eu acho genial nesse show é que o palco do Hard Rock Café londrino não é muito maior que o do Café Piu-Piu paulistano. A música é do Bananas, mas a turnê já é do Rapture of the Deep.
2006 (Mk8) - HIGHWAY STAR, ao vivo em São Paulo
Nesse show, um imbecil mijou na minha perna.
2007 (Mk8) - PICTURES OF HOME, ao vivo em Glasgow, na Escócia
Salvo engano, aqui eles estavam tocando todo o Machine Head.
2008 (Mk8) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo no Kremlin, na Rússia
O show mais polêmico do ano do quarentenário da banda.
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Preparando o show
Preparando o terreno pro show do Deep Purple, acabo de terminar a primeira parte de uma série de podcasts sobre todos os shows da banda no Brasil. No primeiro deles, conto sobre a secura de Deep Purple, quando eles ignoravam terras pobres; sobre o show do Whitesnake no Rock in Rio, quando pela primeira vez um ex-membro do Purple soltou o gogó no Brasil e até virou garoto-propaganda de cigarro; e sobre a primeira vinda do Deep Purple ao país, em 1991, com o Joe Lynn Turner. Vocês ouvirão a propaganda com o Coverdale e um exemplo de como a platéia reagiu ao pioneiro da festa dos Nets.
Na parte 2, teremos Gillan solo, Purpendicular, crise asiática e Abandon.
Na parte 3, teremos o Concerto, o Casseta e papos de bastidores.
O podcast está hospedado no Gafanhoto, do Cazé Peçanha.
Na parte 2, teremos Gillan solo, Purpendicular, crise asiática e Abandon.
Na parte 3, teremos o Concerto, o Casseta e papos de bastidores.
O podcast está hospedado no Gafanhoto, do Cazé Peçanha.
sábado, 24 de março de 2007
Prova documental
Estou me preparando para entrevistar o Turner, então procurei no YouTube alguns vídeos da passagem dele pelo Deep Purple. Por mais que a gente queira olhar a sério, alguns acabam sendo involuntariamente vídeos de comédia. Vejam a cara dele quando começa a cantar Burn, na abertura de um dos shows em São Paulo:
Claro que o som do lugar não ajudou (o Glover está inaudível e os outros flutuam), mas é impagável ver a pose com que ele chegou ao palco e contrastar com a cara que ele faz olhando pro microfone.
Ontem, conversando sobre o Turner com o Abdalla, cheguei a uma metáfora sobre o estilo do sujeito. Turner não é um mau cantor. Pelo contrário. Em estúdio, ele manda muito bem. Ao vivo, vacila. Disse ao Abdalla: "ele parece um guri de cinco anos que vestiu o paletó do pai e quer fazer a barba".
Claro que o som do lugar não ajudou (o Glover está inaudível e os outros flutuam), mas é impagável ver a pose com que ele chegou ao palco e contrastar com a cara que ele faz olhando pro microfone.
Ontem, conversando sobre o Turner com o Abdalla, cheguei a uma metáfora sobre o estilo do sujeito. Turner não é um mau cantor. Pelo contrário. Em estúdio, ele manda muito bem. Ao vivo, vacila. Disse ao Abdalla: "ele parece um guri de cinco anos que vestiu o paletó do pai e quer fazer a barba".
quinta-feira, 8 de março de 2007
Desmontando notícias
Jornalistas de música, como dizia o saudoso Frank, são caras que não sabem escrever entrevistando gente que não sabe falar para gente que não sabe ler. Quem acompanha as notícias sobre música seguido tropeça em boatos que não se confirmam e outras bizarrias do gênero.
Dois ex-membros do Deep Purple são pródigos em aparecer em sites como o Whiplash com notícias bombásticas: Glenn Hughes e Joe Lynn Turner. Sempre que Hughes dá uma entrevista, ele dá um jeito de dizer que seria ótimo se um dia pudesse haver uma reunião da Mk3. Existe uma intenção boa o suficiente pra eu poder garantir que venderia até a mãe pra ir assistir, mas de concreto absolutamente nada. Aí é batata: quem dá a notícia coloca no título algo como "Glenn Hughes anuncia volta da Mk3".
Na semana passada, aconteceu outro desses boatos: Blackmore e Glover em CD de Joe Lynn Turner. O novo disco do vocalista mais polêmico da minha banda favorita tem uma faixa cuja autoria inclui os dois ex-colegas dele no Purple e o tecladista Jim Peterick - que compôs na banda Survivor o tema de Rocky 4.
Como é? Blackmore e Glover participaram do CD? Blackmore e Glover se reuniram com Turner para compor? Nada disso.
Nas sessões de composição do disco que seria o sucessor do Slaves & Masters, várias músicas ficaram de fora e não chegaram sequer a ser gravadas em demo. Caso tivessem sido, estariam no The Battle of Slaves & Masters. Foram simplesmente desconsideradas.
Elas incluem "Bloodline" (já gravada por Turner no disco JLT), "Lost in the Machine" e "Stroke of Midnight". Esta última é que foi gravada agora pelo Turner.
Em entrevista dada há um ou dois anos ao site Virtuosityone.com, ele disse a respeito: "Realmente não sei como os outros caras do Purple reagiriam se tirássemos essas músicas do baú, e não preciso de nenhuma repercussão. Tenho um bom relacionamento com eles hoje."
É interessante observar o comportamento do mestre Jon Lord na Mk5. Ele não tocou no show de apresentação do Turner, em 1989, no Red Fox Inn. Era só Blackmore, Turner, Glover e Paice. Não tocou, também, na música gravada para um filme palha do Roger Moore ("Fire, Ice and Dynamite"). Salvo engano, o Glover resolveu a parada. Na hora de compor essa coisa que o Turner gravou, o tecladista era o cara do Survivor.
Tudo o que merece ser lido merece ser lido com cuidado e atenção.
Dois ex-membros do Deep Purple são pródigos em aparecer em sites como o Whiplash com notícias bombásticas: Glenn Hughes e Joe Lynn Turner. Sempre que Hughes dá uma entrevista, ele dá um jeito de dizer que seria ótimo se um dia pudesse haver uma reunião da Mk3. Existe uma intenção boa o suficiente pra eu poder garantir que venderia até a mãe pra ir assistir, mas de concreto absolutamente nada. Aí é batata: quem dá a notícia coloca no título algo como "Glenn Hughes anuncia volta da Mk3".
Na semana passada, aconteceu outro desses boatos: Blackmore e Glover em CD de Joe Lynn Turner. O novo disco do vocalista mais polêmico da minha banda favorita tem uma faixa cuja autoria inclui os dois ex-colegas dele no Purple e o tecladista Jim Peterick - que compôs na banda Survivor o tema de Rocky 4.
Como é? Blackmore e Glover participaram do CD? Blackmore e Glover se reuniram com Turner para compor? Nada disso.
Nas sessões de composição do disco que seria o sucessor do Slaves & Masters, várias músicas ficaram de fora e não chegaram sequer a ser gravadas em demo. Caso tivessem sido, estariam no The Battle of Slaves & Masters. Foram simplesmente desconsideradas.
Elas incluem "Bloodline" (já gravada por Turner no disco JLT), "Lost in the Machine" e "Stroke of Midnight". Esta última é que foi gravada agora pelo Turner.
Em entrevista dada há um ou dois anos ao site Virtuosityone.com, ele disse a respeito: "Realmente não sei como os outros caras do Purple reagiriam se tirássemos essas músicas do baú, e não preciso de nenhuma repercussão. Tenho um bom relacionamento com eles hoje."
É interessante observar o comportamento do mestre Jon Lord na Mk5. Ele não tocou no show de apresentação do Turner, em 1989, no Red Fox Inn. Era só Blackmore, Turner, Glover e Paice. Não tocou, também, na música gravada para um filme palha do Roger Moore ("Fire, Ice and Dynamite"). Salvo engano, o Glover resolveu a parada. Na hora de compor essa coisa que o Turner gravou, o tecladista era o cara do Survivor.
Tudo o que merece ser lido merece ser lido com cuidado e atenção.
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Datapurple geográfico
O Deep Purple já visitou 71 países ao longo de sua carreira.
Nos dez anos com Steve Morse, a banda visitou 68 deles. A nova fase do Deep Purple desbravou 36 países onde o Deep Purple nunca havia pisado antes.
Nos 17 anos com Blackmore, foram 30 países. Com a Mk1, ele visitou apenas 6 países.
David Coverdale conheceu com o Deep Purple 18 países. Eles incluem a Iugoslávia (Belgrado e Zagreb, em março de 1975) e uma tentativa frustrada de ir a Hong Kong, em dezembro do mesmo ano. Três meses depois do show cancelado, acabaria o Deep Purple.
Joe Lynn Turner foi a 20 países. Eles incluem dois shows em Israel, onde o Deep Purple nunca tinha ido e aonde nunca mais voltou. Foram os últimos shows da banda antes da volta do Gillan.
Hoje em dia, o Deep Purple faz em média a mesma quantidade de shows que fazia no auge dos vinte e poucos anos dos mestres. É possível ver exatamente em que fase eles andavam apenas pela quantidade de shows dos anos mais movimentados:
1) 1972 - 123 apresentações (lançamento do Machine Head, primeira turnê no Japão, auge do sucesso da banda)
2) 1970 - 119 apresentações (lançamento do In Rock, Deep Purple toda hora na BBC, matando a pau)
3) 1996 - 116 apresentações (entrada do Steve Morse, lançamento do Purpendicular)
4) 1969 - 112 apresentações (duas formações, entrada do Ian Gillan e do Roger Glover, Concerto...)
5) 2004 - 110 apresentações (turnê de Bananas)
Até o final do ano, 2006 deve ultrapassar a quantidade de apresentações de 2004. Lembre que esses dados são até o dia 14 de novembro.
Ao final da turnê do Deep Purple no Brasil, dia 3, o Bananão passará a ser o nono país onde o Deep Purple mais tocou em toda sua carreira, com 45 shows - empatado com o Canadá. Na ordem:
USA - 542
UK - 334
Germany - 234
France - 65
Italy - 63
Japan - 61
Australia - 57
Canada - 45
Sweden - 41
17 países viram o Deep Purple uma só vez. Isso inclui a Província Cisplatina, o Peru, a Romênia, a Bolívia e Belarus.
O nome mais comum de lugares onde o Deep Purple tocou em toda sua existência é Stadthalle. Por 26 vezes, estádios assim chamados em cidades alemãs abrigaram os mestres. Logo em seguida vêm os lugares chamados "Coliseum" e "Entertainment Centre" - 19 vezes. Nas "House of Blues", o Deep Purple tocou 13 vezes.
Há nove shows em lugares chamados Olympia - do lendário clube parisiense à extinta casa de shows de São Paulo. Se somarmos os "Olympiahalle", são 18.
Nos dez anos com Steve Morse, a banda visitou 68 deles. A nova fase do Deep Purple desbravou 36 países onde o Deep Purple nunca havia pisado antes.
Nos 17 anos com Blackmore, foram 30 países. Com a Mk1, ele visitou apenas 6 países.
David Coverdale conheceu com o Deep Purple 18 países. Eles incluem a Iugoslávia (Belgrado e Zagreb, em março de 1975) e uma tentativa frustrada de ir a Hong Kong, em dezembro do mesmo ano. Três meses depois do show cancelado, acabaria o Deep Purple.
Joe Lynn Turner foi a 20 países. Eles incluem dois shows em Israel, onde o Deep Purple nunca tinha ido e aonde nunca mais voltou. Foram os últimos shows da banda antes da volta do Gillan.
Hoje em dia, o Deep Purple faz em média a mesma quantidade de shows que fazia no auge dos vinte e poucos anos dos mestres. É possível ver exatamente em que fase eles andavam apenas pela quantidade de shows dos anos mais movimentados:
1) 1972 - 123 apresentações (lançamento do Machine Head, primeira turnê no Japão, auge do sucesso da banda)
2) 1970 - 119 apresentações (lançamento do In Rock, Deep Purple toda hora na BBC, matando a pau)
3) 1996 - 116 apresentações (entrada do Steve Morse, lançamento do Purpendicular)
4) 1969 - 112 apresentações (duas formações, entrada do Ian Gillan e do Roger Glover, Concerto...)
5) 2004 - 110 apresentações (turnê de Bananas)
Até o final do ano, 2006 deve ultrapassar a quantidade de apresentações de 2004. Lembre que esses dados são até o dia 14 de novembro.
Ao final da turnê do Deep Purple no Brasil, dia 3, o Bananão passará a ser o nono país onde o Deep Purple mais tocou em toda sua carreira, com 45 shows - empatado com o Canadá. Na ordem:
UK - 334
Germany - 234
France - 65
Italy - 63
Japan - 61
Australia - 57
Canada - 45
Sweden - 41
17 países viram o Deep Purple uma só vez. Isso inclui a Província Cisplatina, o Peru, a Romênia, a Bolívia e Belarus.
O nome mais comum de lugares onde o Deep Purple tocou em toda sua existência é Stadthalle. Por 26 vezes, estádios assim chamados em cidades alemãs abrigaram os mestres. Logo em seguida vêm os lugares chamados "Coliseum" e "Entertainment Centre" - 19 vezes. Nas "House of Blues", o Deep Purple tocou 13 vezes.
Há nove shows em lugares chamados Olympia - do lendário clube parisiense à extinta casa de shows de São Paulo. Se somarmos os "Olympiahalle", são 18.
sábado, 22 de outubro de 2005
Meu time de futebol favorito
Eu sempre disse que acompanho o Deep Purple com o mesmo interesse com que qualquer outro marmanjo acompanha seu time de futebol favorito. Mas esta é a do ano. Na revista Flashback que está nas bancas (com o DVD dos Trapalhões e capa sobre videogames), página 52, está uma das maiores pérolas purpleanas que eu já vi. Rivaliza com a foto do Ian Gillan recebendo o George Harrison com uma meia no pinto, e fica pau a pau com o clipe de Call of the Wild.
É simplesmente uma foto de Ritchie Blackmore, Roger Glover e um grandão bigodudo que eu tenho dúvidas sobre se é o Jon Lord, mais alguns caras, todos com camisetas do Grêmio pra jogar em São Paulo. Isso na turnê de 1991, em que o Turner ("coitado, tem menos voz que a Xuxa", nas sábias palavras de André Forastieri) fez fiasco e o Blackmore bancou a maior prima-donna no palco.
Eu sempre ouvi falar nessa foto. Nunca tinha visto, então achava que non eczistia. Primeiro, porque eu sou colorado - ainda que não praticante. Depois, porque em Porto Alegre, terra do time, eu vi de longe o genioso gênio entrando no Gigantinho pra passar som, e ele não usava camiseta do Grêmio (no Celeiro de Ases, também, seria temerário). Ainda assim, eu tinha dúvidas: no encarte do vinil de Slaves & Masters, o disco que eles estavam promovendo com a turnê, além do instrumento ainda era informada a posição em que cada um deles jogava. Pois.
Além de publicar a foto, o jornalista André Barcinski conta a história do insólito encontro e bate o martelo:
"Ritchie Blackmore é uma das pessoas mais intratáveis e antipáticas que já conheci. (...) [No jogo,] Blackmore comportou-se como uma mistura de Hitler e Eurico Miranda - escolheu os times, as posições de cada um e o lado do campo. (...) Nesse jogo, aconteceu uma coisa inédita no futebol: quando o zagueiro do time adversário deu uma entrada maldosa em Blackmore, foi aplaudido - pelo próprio time de Blackmore!"
Vale a pena desembolsar uns caraminguás pra ler a história na íntegra. Por R$ 29,90 (eu sei, é salgado), o cidadão ainda leva um DVD com os melhores momentos dos Trapalhões. Eu não tenho DVD, então dei uma chorada e paguei R$ 14,95 só pela revista.
É simplesmente uma foto de Ritchie Blackmore, Roger Glover e um grandão bigodudo que eu tenho dúvidas sobre se é o Jon Lord, mais alguns caras, todos com camisetas do Grêmio pra jogar em São Paulo. Isso na turnê de 1991, em que o Turner ("coitado, tem menos voz que a Xuxa", nas sábias palavras de André Forastieri) fez fiasco e o Blackmore bancou a maior prima-donna no palco.
Eu sempre ouvi falar nessa foto. Nunca tinha visto, então achava que non eczistia. Primeiro, porque eu sou colorado - ainda que não praticante. Depois, porque em Porto Alegre, terra do time, eu vi de longe o genioso gênio entrando no Gigantinho pra passar som, e ele não usava camiseta do Grêmio (no Celeiro de Ases, também, seria temerário). Ainda assim, eu tinha dúvidas: no encarte do vinil de Slaves & Masters, o disco que eles estavam promovendo com a turnê, além do instrumento ainda era informada a posição em que cada um deles jogava. Pois.
Além de publicar a foto, o jornalista André Barcinski conta a história do insólito encontro e bate o martelo:
"Ritchie Blackmore é uma das pessoas mais intratáveis e antipáticas que já conheci. (...) [No jogo,] Blackmore comportou-se como uma mistura de Hitler e Eurico Miranda - escolheu os times, as posições de cada um e o lado do campo. (...) Nesse jogo, aconteceu uma coisa inédita no futebol: quando o zagueiro do time adversário deu uma entrada maldosa em Blackmore, foi aplaudido - pelo próprio time de Blackmore!"
Vale a pena desembolsar uns caraminguás pra ler a história na íntegra. Por R$ 29,90 (eu sei, é salgado), o cidadão ainda leva um DVD com os melhores momentos dos Trapalhões. Eu não tenho DVD, então dei uma chorada e paguei R$ 14,95 só pela revista.
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005
Turner acha seu disco maravilhoso
Joe Lynn Turner andou dando uma entrevista em janeiro. Ela foi reproduzida pelo Deep-Purple.net. Seu sem-nocionismo continua no lugar, o que torna bastante divertido ler a entrevista - fica muito claro quem é escravo e quem é mestre, pra fazer um trocadalho com o título do disco do Purple que ele gravou. Toma lá:
P: Como você vê, em retrospecto, o período do "Slaves and Masters"? Não foi difícil substituir Ian Gillan, especialmente frente a fãs ferrenhos do Deep Purple?
JLT: Substituir Ian Gillan ou qualquer outro cantor admirado pelos fãs é, sim, sempre um desafio. Mas eu tentei interpretar as músicas do passado do Purple do meu jeito singular. [NR: Ô. Bota singular nisso.] Na verdade, depois que eu entrei pro DP o Ian chegou a me mandar um bilhete muito simpático, dizendo pra "cantar como você canta". Foi algo muito cavalheiresco da parte dele. Sobre como eu lembro daquele tempo, acho que fizemos um grande álbum, "Slaves and Masters", e escrevemos algumas outras músicas que não foram lançadas. Fizemos uma turnê pelo mundo durante a Guerra do Golfo, quando muitas bandas tinham medo de sair pra estrada [NR: acuma?!?!?!], e os fãs apreciaram bastante [NR: Arrã...]. Foi uma grande experiência. Eu respeito completamente todos os membros do Deep Purple e sempre vou admirá-los por sua incrível contribuição à história do rock and roll. Fico feliz de ter podido fazer parte disso também.
P: Você foi o protegido de Ritchie. Como era com o resto da banda?
JLT: Bom, o Rainbow me recebeu de braços abertos. Sem problemas lá! Todos eram parte do time e todos trabalhávamos bem juntos. Éramos felizes por termos tanto talento na nossa turma durante todos os 3 álbuns do Rainbow de que participei. No Deep Purple... havia muitas frustrações reprimidas do passado, egos e ciumeiras que levaram ao fim da encarnação do Purple de que fiz parte. Basicamente, tudo veio abaixo quando estávamos no estúdio pra gravar o segundo álbum. Aí, logo depois de sair o "The Battle Rages On", Ritchie deixou o grupo.
P: O que você acha da formação atual do Deep Purple?
JLT: É uma banda diferente agora. Falta autenticidade a eles sem o Ritchie Blackmore [NR: uiuiuiui, chefinho...]. Acredito que os riffs e a forma de tocar de Blackmore ajudaram a definir o legendário som do Purple que se identifica mais com a banda. Entretanto, "Bananas" é um bom disco. Parece que agora o Purple está chegando mais perto de seu som original, e "Bananas" foi um passo na direção certa.
P: O que você acha de eles não quererem tocar faixas de álbuns onde o Gillan não canta?
JLT: Eu não entendo esse conceito. É estranho, porque eu cantava qualquer uma das músicas deles, porque eu consigo. [NR: Sim. Child in Time, então, estava primorosa, sem falar em A Whiter Shade of Pale. Credo.]
P: Existe alguma chance de você voltar a tocar com o Ritchie?
JLT: Eu adoraria, e um tempo atrás a empresária dele, Carol Stevens, disse que o Ritchie e a Candice queriam que eu fizesse um dueto com a Candice, e espero que eles continuem pensando assim. Sempre tivemos uma química mágica... [NR: noooooffa!] Sinto que fomos uma das melhores equipes de voz e guitarra de toda a história. [NR: a MODÉSTIA do homem, senhoras e senhores!]
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sábado, 31 de janeiro de 2004
Heavy Metal Pioneers
Esse vídeo tem grandes semelhanças com o "Come Hell or High Water", apesar da óbvia diferença de um ser um show e outro ser um documentário. Ambos são feitos com a intenção de jogar uma pá de cal sobre o mais recente saído do grupo.
Em HMP, o Judas a ser malhado é o Ian Gillan. O trecho com ele cantando Perfect Strangers parece ter sido escolhido a dedo: rouco, esquecendo as letras, inventando partes, saltando trechos, o Blackmore fazendo caretas e gesticulando. Já em CHOHW, a "vítima" é o Blackmore. O show escolhido é exatamente aquele em que o homem de preto se embromou pra subir ao palco (chegou só na metade da primeira estrofe de Highway Star), jogou água no câmera e acertou a mulher do Gillan, etc. Nas entrevistas, os ex-colegas do cara lembram seus momentos de maluquice e dizem que Blackmore "vive em um mundo particular".
São vídeos importantes, muito embora a política interna do grupo influa muito em ambos. Some à equação o California Jam (acho a MK3 áspera demais ao vivo, e o espetáculo do palco em chamas é deprimente, embora poderoso) e o melhor DVD do Purple disponível em todos os tempos é Classic Albums: Machine Head. Melhor até mesmo que o genial Black Night in Denmark (vulgo Machine Head Live 72) e que os VHS Rises Over Japan (pobre Bolin) e o sensacional Doing Their Thing.
Ainda não vi Bombay Calling e nem o da turnê de Abandon na Austrália. Mas parece que, desde a chegada do Steve Morse, as coisas mudaram muito lá dentro. Um indicador positivo disso parece ser a ausência de vídeos pra "vingar" a saída do Jon Lord.
terça-feira, 28 de outubro de 2003
A qualidade de Slaves & Masters
Mestre Roger Glover comenta Slaves & Masters em resposta a um fã que perguntou se ele considera que o infame disco do Joe Lynn Turner é um "disco de qualidade":
"A própria questão já é um indicativo do que você pensa sobre ele, e eu nunca poderei mudar a sua idéia disso. Em todo caso, a 'qualidade' a que você se refere é um julgamento subjetivo; não é algo que possa ser medido de alguma forma. Do que pode ser medido, podemos dizer com certeza o seguinte: o CD pesa tanto quanto outros CDs; tem as mesmas dimensões de outros CDs; a duração do conteúdo musical pode ser comparada à da maior parte dos outros CDs; as informações na capa estão corretas – acho que posso dizer, com segurança, que Slaves & Masters é realmente um produto de qualidade."
"A própria questão já é um indicativo do que você pensa sobre ele, e eu nunca poderei mudar a sua idéia disso. Em todo caso, a 'qualidade' a que você se refere é um julgamento subjetivo; não é algo que possa ser medido de alguma forma. Do que pode ser medido, podemos dizer com certeza o seguinte: o CD pesa tanto quanto outros CDs; tem as mesmas dimensões de outros CDs; a duração do conteúdo musical pode ser comparada à da maior parte dos outros CDs; as informações na capa estão corretas – acho que posso dizer, com segurança, que Slaves & Masters é realmente um produto de qualidade."
quarta-feira, 15 de janeiro de 2003
Direto do distante ano de 1991
Em 1991, o ano em que eu comecei a curtir o Deep Purple, a banda foi um dos grandes assuntos da imprensa musical brasileira. Gillan estava demitido havia pouco tempo, e eles haviam contratado um novo vocalista - Jue Lynn Turner, que participara com Blackmore e Glover do Rainbow. Eles lançavam um disco novo, o "Slaves & Masters". Gillan também arriscava lançando seu disco solo, "Naked Thunder". Tenho tudo documentado.
A crítica da Bizz sobre os discos:
Se os velhos fãs já ficaram céticos com a volta do Purple em 84, imaginem como estão agora com o grupo tendo como vocalista Joe Lynn Turner (ex-Rainbow e banda de Yingwie Malmsteen), nunca muito bem-visto pelas hordas metálicas. Dizer que este é um LP interessante é muita bondade. Na verdade, só 'King of Dreams' aparece um pouco, graças ao órgão de Jon Lord. Uma desonra ao nome do Deep Purple, que, assim como o desrespeitado Black Sabbath, devia ser melhor preservado. Por sua vez, o ex-vocalista do grupo, Ian Gillan, retoma sua carreira solo com um belo disco, pautado em suas origens musicais (vide o arranjo para o tema tradicional 'No More Cane on the Brazos') e em levadas purpleanas ('Nothing to Lose', 'Gut Reaction' e 'No Good Luck'). L.R."
Será que esse LR é o Lúcio Ribeiro? Não lembro mais. Faz séculos que eu retalhei essas Bizz. Essa aí eu acho que é de janeiro ou fevereiro de 1991. Na edição de março, uma entrevista de duas páginas com Joe Lynn Turner. O melhor trecho:
"Bizz - Falando a respeito do disco novo, Roger Glover disse que houve uma mudança dramática de direção.
JLT - Não concordo, a não ser que isso queira dizer que o Purple tenha voltado ao lugar de onde veio. Essa foi a mudança de direção. E há também um som dos anos 90 que foi por insistência minha. [NM: Ah, bão, isso explica tudo...] Mas acho que as raízes hard rock e r'n'b continuam as mesmas. Faixas como 'Fire in the Basement' soam como 'Lazy', só que modernizadas, com uma atitude mais irônica."
Do alto dos meus 14 anos, eu até achava o disco bonzinho. Relevem, era guri novo.
Em agosto de 1991, os véios vieram ao Brasil. No Fundilho D'Askhalsa, tenho o pôster da turnê. Pois é. Lembro das árduas madrugadas de chuva em que eu ficava arrancando pôsteres na rua! *risos* Era um barato. Tenho aqui o do show do Ian Gillan, em 9 de maio de 1992.
Mas aí os véios vieram a Porto Alegre. O equipamento de som ficou trancado na alfândega, então eles mexeram em todo o calendário. Eles passaram primeiro pelo Olympia, em São Paulo (12 e 13), Ginásio do Ibirapuera (16 e 17), Curitiba (18) e tinham marcado o show de Porto Alegre para o dia 20. Só que, com o problema na aparelhagem de som, eles remarcaram o show para o dia 23. Nos dias anteriores, eles circulavam por Porto Alegre, especialmente pelo centro. Blackmore chegou depois. Diz que o Blackmore ficou apaixonado pelo Gruta Azul. Vi Jon Lord e Roger Glover na loja de instrumentos na frente do hotel Plaza São Rafael (onde, no ano seguinte, acabei bancando o intérprete do Roxette).
Eu fui pra frente do Gigantinho, junto com uma galera. Subindo nas costas de outro Marcelo (que subiu nas minhas), consegui ver o Ritchie Blackmore jogando bola com alguém no Gigantinho vazio. No dia 24, sai a resenha do show na Zero Hora:
"Por mais experiente e competente que seja, o Deep Purple, carismático, cheio de hits cravados na memória da maioria das oito (ou por aí) mil pessoas que estiveram no gigantinho, ontem, sofreu da falta de um som apropriado para o local. O Gigantinho, é bom dizer, não oferece essas condições para ninguém. Mas engenheiros de som mais antenados sabem contorná-lo. Não aconteceu isso com a equipe do Deep Purple. O quinteto inglês tocou todas as músicas que se poderiam esperar, com um punch próximo, mas nem tanto, do passado. Os efeitos do canhão de raio laser são interessantes, mas longe de substituir a verdadeira garra da velha banda. O vocalista sofre das maiores restrições. Coitado, não teve a ajuda nem da equipe técnica. O som foi sofrível. Tire-se esses pontos desfavoráveis, o show do Deep Purple foi intenso. Não poderia ser de outra forma. Quem tenha vivido um pouco dos anos 70 sabe do que se fala. O show teve seus problemas. Mas quem ousaria, destes que sempre enxergaram a banda como uma espécie de paradigma, dizer algo contrário?"
Mas quem deu a real foi o lendário André Forastieri, na Bizz:
"Os bundões bem-pensantes que fiquem com REM e Lenny Kravitz. Deep Purple é para quem tem culhão, sacou? Música de macho, meu - apesar de o novo vocalista, Joe Lynn Turner, ter menos voz que a Xuxa. Pô, qualquer show que começa com 'Burn', acaba com 'Smoke on the Water' e tem no meio 'Perfect Strangers' é maravilhoso. Em que outro show um cara da minha idade pode tocar guitarra no ar sem vergonha de estar sendo ridículo? Ritchie, Ian, Jon, Roger - está tudo perdoado, inclusive os dois últimos discos e a infame e injustificada demissão do Ian Gillan. Long live rock'n'roll."
Depois de Porto Alegre, eles tocaram no Maracanãzinho. O Blackmore já andava de ovos virados e aprontava aquelas birrinhas dele no meio do show. Três shows depois, eles mandaram o Turner embora, em Tel Aviv (Israel).
A crítica da Bizz sobre os discos:
Se os velhos fãs já ficaram céticos com a volta do Purple em 84, imaginem como estão agora com o grupo tendo como vocalista Joe Lynn Turner (ex-Rainbow e banda de Yingwie Malmsteen), nunca muito bem-visto pelas hordas metálicas. Dizer que este é um LP interessante é muita bondade. Na verdade, só 'King of Dreams' aparece um pouco, graças ao órgão de Jon Lord. Uma desonra ao nome do Deep Purple, que, assim como o desrespeitado Black Sabbath, devia ser melhor preservado. Por sua vez, o ex-vocalista do grupo, Ian Gillan, retoma sua carreira solo com um belo disco, pautado em suas origens musicais (vide o arranjo para o tema tradicional 'No More Cane on the Brazos') e em levadas purpleanas ('Nothing to Lose', 'Gut Reaction' e 'No Good Luck'). L.R."
Será que esse LR é o Lúcio Ribeiro? Não lembro mais. Faz séculos que eu retalhei essas Bizz. Essa aí eu acho que é de janeiro ou fevereiro de 1991. Na edição de março, uma entrevista de duas páginas com Joe Lynn Turner. O melhor trecho:
"Bizz - Falando a respeito do disco novo, Roger Glover disse que houve uma mudança dramática de direção.
JLT - Não concordo, a não ser que isso queira dizer que o Purple tenha voltado ao lugar de onde veio. Essa foi a mudança de direção. E há também um som dos anos 90 que foi por insistência minha. [NM: Ah, bão, isso explica tudo...] Mas acho que as raízes hard rock e r'n'b continuam as mesmas. Faixas como 'Fire in the Basement' soam como 'Lazy', só que modernizadas, com uma atitude mais irônica."
Do alto dos meus 14 anos, eu até achava o disco bonzinho. Relevem, era guri novo.
Em agosto de 1991, os véios vieram ao Brasil. No Fundilho D'Askhalsa, tenho o pôster da turnê. Pois é. Lembro das árduas madrugadas de chuva em que eu ficava arrancando pôsteres na rua! *risos* Era um barato. Tenho aqui o do show do Ian Gillan, em 9 de maio de 1992.
Mas aí os véios vieram a Porto Alegre. O equipamento de som ficou trancado na alfândega, então eles mexeram em todo o calendário. Eles passaram primeiro pelo Olympia, em São Paulo (12 e 13), Ginásio do Ibirapuera (16 e 17), Curitiba (18) e tinham marcado o show de Porto Alegre para o dia 20. Só que, com o problema na aparelhagem de som, eles remarcaram o show para o dia 23. Nos dias anteriores, eles circulavam por Porto Alegre, especialmente pelo centro. Blackmore chegou depois. Diz que o Blackmore ficou apaixonado pelo Gruta Azul. Vi Jon Lord e Roger Glover na loja de instrumentos na frente do hotel Plaza São Rafael (onde, no ano seguinte, acabei bancando o intérprete do Roxette).
Eu fui pra frente do Gigantinho, junto com uma galera. Subindo nas costas de outro Marcelo (que subiu nas minhas), consegui ver o Ritchie Blackmore jogando bola com alguém no Gigantinho vazio. No dia 24, sai a resenha do show na Zero Hora:
"Por mais experiente e competente que seja, o Deep Purple, carismático, cheio de hits cravados na memória da maioria das oito (ou por aí) mil pessoas que estiveram no gigantinho, ontem, sofreu da falta de um som apropriado para o local. O Gigantinho, é bom dizer, não oferece essas condições para ninguém. Mas engenheiros de som mais antenados sabem contorná-lo. Não aconteceu isso com a equipe do Deep Purple. O quinteto inglês tocou todas as músicas que se poderiam esperar, com um punch próximo, mas nem tanto, do passado. Os efeitos do canhão de raio laser são interessantes, mas longe de substituir a verdadeira garra da velha banda. O vocalista sofre das maiores restrições. Coitado, não teve a ajuda nem da equipe técnica. O som foi sofrível. Tire-se esses pontos desfavoráveis, o show do Deep Purple foi intenso. Não poderia ser de outra forma. Quem tenha vivido um pouco dos anos 70 sabe do que se fala. O show teve seus problemas. Mas quem ousaria, destes que sempre enxergaram a banda como uma espécie de paradigma, dizer algo contrário?"
Mas quem deu a real foi o lendário André Forastieri, na Bizz:
"Os bundões bem-pensantes que fiquem com REM e Lenny Kravitz. Deep Purple é para quem tem culhão, sacou? Música de macho, meu - apesar de o novo vocalista, Joe Lynn Turner, ter menos voz que a Xuxa. Pô, qualquer show que começa com 'Burn', acaba com 'Smoke on the Water' e tem no meio 'Perfect Strangers' é maravilhoso. Em que outro show um cara da minha idade pode tocar guitarra no ar sem vergonha de estar sendo ridículo? Ritchie, Ian, Jon, Roger - está tudo perdoado, inclusive os dois últimos discos e a infame e injustificada demissão do Ian Gillan. Long live rock'n'roll."
Depois de Porto Alegre, eles tocaram no Maracanãzinho. O Blackmore já andava de ovos virados e aprontava aquelas birrinhas dele no meio do show. Três shows depois, eles mandaram o Turner embora, em Tel Aviv (Israel).
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2002
Um crássico
A DPAS descreve assim o material:
"Na época, ele se mostrou uma história profundamente desapontadora da banda em 60 minutos, que prometia um monte de imagens raras mas na verdade era muito pouco interessante. Havia entrevistas então recentes de Paice, Lord, Glover, Blackmore, Turner e Gillan, entremeadas com clips mal editados de imagens já disponíveis, como California Jam 74 e Copenhagen 72. As únicas raridades eram um clip de Hush no Playboy After Dark, em 1968 (toscamente editado), e um minuto da MK4 ao vivo (dublando uma faixa de estúdio da MK3). Aproxime-se com cuidado!"
segunda-feira, 4 de março de 2002
A turnê do Joe Lynn Turner
O ano é 1991. O dia: 23 de agosto. O lugar: centro de Porto Alegre, na frente do hotel Plaza São Rafael.
À noite, haveria show do Deep Purple no Gigantinho. Era uma formação muito fraca: apesar de ter quatro membros da formação clássica (Blackmore, Lord, Paice e Glover), o vocalista era o Joe Lynn Turner. Na Bizz do mês seguinte, o André Forastieri teve um raro lapso de genialidade e definiu: "Turner, coitado, tem menos voz que a Xuxa". E era a primeira vez em que o Purple vinha ao Brasil. O Gillan já havia vindo em 1990 e voltou em 1992 (em outro show memorável da minha carreira de roqueiro, quando o Araújo Vianna ainda não era coberto); mas o Purple só esteve aqui com uma formação decente a partir de 1997 (10 de março de 1997, no Opinião; grande show). Mas eu estou comentando sobre a fase negra do Purple.
Eu tinha 14 anos na época. Estava no primeiro ano do segundo grau. Na frente do Plaza, encontrei uma turma de outros fãs do Deep Purple (sim, eles existem) --incluindo o Fábio, que morava perto da escola em que eu estudava e apresentou um especial sobre o Purple na rádio Ipanema meses depois, e o Marcelo Gross, de Canoas, que por acaso era amigo de uma amiga minha (a Vanderlise, que está se formando em História na Ufrgs) e outro dia vi que era baterista em uma banda.
Fomos todos para a frente do Gigantinho ainda à tarde, para ouvir a passagem do som. Eu e o Gross começamos a subir um nas costas do outro para espiar pelas janelas, e lá estava o Blackmore jogando futebol com uns caras da equipe enquanto os técnicos montavam o palco. O resto da turma exibia seus discos recém-autografados. Cheguei a ver, na frente do Plaza, um carro com o Lord e o Paice. Cheguei ao requinte de conseguir um pôster da turnê, que era pendurado nas farmácias Panvel (que vendiam os ingressos).
Não pude ir ao show por motivos adolescentes e financeiros: a entrada custava seis mil cruzeiros. Até meados do ano passado eu conseguia calcular exatamente quanto isso valia comparando com o preço do gibi. Mas comparando com a passagem do ônibus (na época era Cr$ 100 e hoje é R$ 1,10), o preço hoje seria equivalente a R$ 66. Provavelmente seria arredondado para R$ 65. Caro demais para um guri que apenas fazia bicos eventuais. E minha mãe não deixou que eu ficasse lá do lado de fora por muito mais tempo (liguei para casa para avisar, era um bom menino).
Na época eu nem era muito fã do Purple. Tinha três discos deles, apenas: Stormbringer, que herdei da minha prima, Slaves and Masters, que era o disco da turnê, e Burn, que comprei num balaião do supermercado.
Toda essa contextualização para dizer que ouvi agora há pouco uma gravação daquela turnê em MP3. Provavelmente feita dois dias antes, em São Paulo, ou na pior das hipóteses cinco apresentações depois, em Israel (no último show daquela formação, em 29 de setembro). A música é The Cut Runs Deep, uma das fraquinhas compostas pelo Turner, em que ele engasga em sua própria letra e intercala Hush e Rat Bat Blue.
O cara simplesmente não tem voz. Não levanta o povo. Falha a torto e a direito.
Mas o melhor de tudo é ver, na seção dele no site dos Voices of Classic Rock, como ele descreve o período:
"Para a turnê mundial de Slaves and Masters, em 1991, a banda mudou a lista de músicas mais do que havia mudado nos 20 anos anteriores. Enquanto favoritas dos fãs como 'Smoke on the Water' e 'Highway Star' permaneceram, a banda abriu com 'Burn', que não era tocada desde que David Coverdale saiu do grupo, em 1975 [Nota do Marcelo: o grupo acabou em 75, voltou só em 1984, com o Gillan --que não canta nada do Coverdale; então, foram só sete anos sem que a bruxa mandasse queimar tudo]. Com a versatilidade vocal de Joe [NM: sim; vai do silêncio aos tons médios, passando pelos tons roucos e uns gritinhos histéricos] e sua habilidade de improvisar [NM: algo como chamar o público para repetir "Say hey, ay, ay, yeah! Oh, oh, oh, oh! Yeah yeah yeah! Oh oh oh! Hey! Oh! Hey! Oh! Hey hey! Oh oh!"], a banda sentiu-se confiante o suficiente para ampliar o repertório e tocar 'Hush' [NM: que eles tocam desde 1968] ou mesmo explodir em covers que vão de 'Whiter Shade of Pale', de Procol Harrum [NM: uma baladinha xumbrega e melosa, que não tem nada a ver com Deep Purple], a 'Hey Joe', do Jimi Hendrix [NM: que também estava no primeiro disco do Purple, então a única inovação foi a baladinha]."
Em outro trecho memorável de seu release autobiográfico, ele afirma que, quando se preparavam para gravar o disco seguinte (que viria a ser "The Battle Rages On"), "o resto dos membros do Purple decidiu que uma mudança na banda era necessária devido à pressão da gravadora e à política interna da banda. Eles decidiram recontratar Ian Gillan..." Em bom português: "fui chutado".
Acho que, se eu tivesse ido àquele show, nunca teria virado fã. E não teria cometido, há alguns meses, os granicídios que cometi com os CDs importados, remasterizados e o diabo a quatro. Quem define esse sentimento muito bem é Doug MacBeath, em seu especial sobre a turnê de 1991 no site do Purple --aquele foi o primeiro show dos velhos a que ele assistiu: "Depois do show, entrei no Bar dos Estudantes, e um amigo comentou que eu parecia ter levado um chute nas bolas, dado pelo meu melhor amigo..."
Eu tinha 14 anos na época. Estava no primeiro ano do segundo grau. Na frente do Plaza, encontrei uma turma de outros fãs do Deep Purple (sim, eles existem) --incluindo o Fábio, que morava perto da escola em que eu estudava e apresentou um especial sobre o Purple na rádio Ipanema meses depois, e o Marcelo Gross, de Canoas, que por acaso era amigo de uma amiga minha (a Vanderlise, que está se formando em História na Ufrgs) e outro dia vi que era baterista em uma banda.
Fomos todos para a frente do Gigantinho ainda à tarde, para ouvir a passagem do som. Eu e o Gross começamos a subir um nas costas do outro para espiar pelas janelas, e lá estava o Blackmore jogando futebol com uns caras da equipe enquanto os técnicos montavam o palco. O resto da turma exibia seus discos recém-autografados. Cheguei a ver, na frente do Plaza, um carro com o Lord e o Paice. Cheguei ao requinte de conseguir um pôster da turnê, que era pendurado nas farmácias Panvel (que vendiam os ingressos).
Não pude ir ao show por motivos adolescentes e financeiros: a entrada custava seis mil cruzeiros. Até meados do ano passado eu conseguia calcular exatamente quanto isso valia comparando com o preço do gibi. Mas comparando com a passagem do ônibus (na época era Cr$ 100 e hoje é R$ 1,10), o preço hoje seria equivalente a R$ 66. Provavelmente seria arredondado para R$ 65. Caro demais para um guri que apenas fazia bicos eventuais. E minha mãe não deixou que eu ficasse lá do lado de fora por muito mais tempo (liguei para casa para avisar, era um bom menino).
Na época eu nem era muito fã do Purple. Tinha três discos deles, apenas: Stormbringer, que herdei da minha prima, Slaves and Masters, que era o disco da turnê, e Burn, que comprei num balaião do supermercado.
Toda essa contextualização para dizer que ouvi agora há pouco uma gravação daquela turnê em MP3. Provavelmente feita dois dias antes, em São Paulo, ou na pior das hipóteses cinco apresentações depois, em Israel (no último show daquela formação, em 29 de setembro). A música é The Cut Runs Deep, uma das fraquinhas compostas pelo Turner, em que ele engasga em sua própria letra e intercala Hush e Rat Bat Blue.
O cara simplesmente não tem voz. Não levanta o povo. Falha a torto e a direito.
Mas o melhor de tudo é ver, na seção dele no site dos Voices of Classic Rock, como ele descreve o período:
"Para a turnê mundial de Slaves and Masters, em 1991, a banda mudou a lista de músicas mais do que havia mudado nos 20 anos anteriores. Enquanto favoritas dos fãs como 'Smoke on the Water' e 'Highway Star' permaneceram, a banda abriu com 'Burn', que não era tocada desde que David Coverdale saiu do grupo, em 1975 [Nota do Marcelo: o grupo acabou em 75, voltou só em 1984, com o Gillan --que não canta nada do Coverdale; então, foram só sete anos sem que a bruxa mandasse queimar tudo]. Com a versatilidade vocal de Joe [NM: sim; vai do silêncio aos tons médios, passando pelos tons roucos e uns gritinhos histéricos] e sua habilidade de improvisar [NM: algo como chamar o público para repetir "Say hey, ay, ay, yeah! Oh, oh, oh, oh! Yeah yeah yeah! Oh oh oh! Hey! Oh! Hey! Oh! Hey hey! Oh oh!"], a banda sentiu-se confiante o suficiente para ampliar o repertório e tocar 'Hush' [NM: que eles tocam desde 1968] ou mesmo explodir em covers que vão de 'Whiter Shade of Pale', de Procol Harrum [NM: uma baladinha xumbrega e melosa, que não tem nada a ver com Deep Purple], a 'Hey Joe', do Jimi Hendrix [NM: que também estava no primeiro disco do Purple, então a única inovação foi a baladinha]."
Em outro trecho memorável de seu release autobiográfico, ele afirma que, quando se preparavam para gravar o disco seguinte (que viria a ser "The Battle Rages On"), "o resto dos membros do Purple decidiu que uma mudança na banda era necessária devido à pressão da gravadora e à política interna da banda. Eles decidiram recontratar Ian Gillan..." Em bom português: "fui chutado".
Acho que, se eu tivesse ido àquele show, nunca teria virado fã. E não teria cometido, há alguns meses, os granicídios que cometi com os CDs importados, remasterizados e o diabo a quatro. Quem define esse sentimento muito bem é Doug MacBeath, em seu especial sobre a turnê de 1991 no site do Purple --aquele foi o primeiro show dos velhos a que ele assistiu: "Depois do show, entrei no Bar dos Estudantes, e um amigo comentou que eu parecia ter levado um chute nas bolas, dado pelo meu melhor amigo..."
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