Mostrando postagens com marcador Mk7. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Mk7. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Há 10 anos, o último show de Lord como titular

Em 22 de fevereiro de 2002, o Deep Purple encerrou abruptamente uma turnê extremamente badalada no Reino Unido. Era o fim da Mk7, oito shows antes do previsto. Leia o que eu escrevi no Purpendicular na época aqui.

O motivo do cancelamento da turnê: uma gripe absurda que fez com que Ian Gillan cancelasse dois shows alguns dias antes e naquele último show deixasse de lado Child in Time, a atração da turnê.

Em 14 de março, a banda anunciava que Airey substituiria Lord pela segunda vez, pra fazer a turnê na Rússia. Já tinha até foto oficial da nova formação, e no dia 17 de março foi oficializada a substituição. Rasmus Heide, no Purpendicular, escreveu um editorial pra dizer que a saída de Lord não significaria o fim do Deep Purple como tanta gente andava temendo. Dez anos depois, eles ainda estão aí na estrada.

Os shows londrinos seriam retomados meses depois, já com Don Airey como titular e Jon Lord fazendo participação especial. Os shows dessa turnê tiveram várias participações especiais, como a do Iron Maiden. O último foi lançado em DVD na caixa Around the World Live.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Aniversário no palco

Roger Glover fez aniversário anteontem, no meio de um show na Alemanha. Com direito a orquestra tocando parabéns.



Já mandei os parabéns no blog dele, onde ele anuncia que será avô pela segunda vez. Gillian Glover, sua filha cantora, teve o primeiro filho em 2009 e já encomendou o segundo. No dia do aniversário, chegou meu exemplar do novo CD do Glover. Vou resenhar depois.

Em 1984, num dos primeiros shows da reunião do Deep Purple, também houve aniversário do mestre. Gillan pegou o microfone e anunciou - avisando que Rog pagaria drinques pra todo mundo depois do show. O @brunoalsantos lembrou de um pirata do Rainbow, de 1979, chamado "Perfect Roger's Birthday Party"

Outras comemorações no palco:

* 29 de junho de 1973. Último show de Gillan e Glover antes de deixarem o Deep Purple. Também era aniversário de Ian Paice. No meio de Space Truckin', Jon Lord deu um jeito de tocar o parabéns. Quem não sabia a data ficou achando que era algo como o Blackmore tocando Jingle Bells no meio de Wring that Neck em qualquer época do ano.



* 17 de dezembro de 1997. Pouco antes de começar o show do Deep Purple na House of Blues de Chicago, Ian Gillan pega o microfone e anuncia que tinha um momento muito especial: o casamento de Steve Morse. Entra um padre no palco e casa o Steve com Jackelyn. Detalhe fabuloso: Jon Lord toca a marcha nupcial. Só caso de papel passado nessa situação.

domingo, 20 de abril de 2008

40 - the best of

Em 20 de abril de 1968, uma banda inglesa nova chamada Roundabout foi tocar um cover dos Beatles num programa de TV dinamarquês. Na última hora, avisaram a produção de que o nome tinha mudado: a partir dali, seria Deep Purple. Desde então, eles foram e voltaram e mudaram nove vezes a formação e fizeram 2.014 shows - dos quais 49 foram no Brasil.

Vida longa e próspera aos mestres. Abaixo, alguns vídeos - vários deles bem raros - pra relembrar os grandes momentos da nossa banda favorita, quase ano a ano.

1968 (Mk1) - KENTUCKY WOMAN, ao vivo em Los Angeles.
A qualidade do vídeo é uma bosta - a fita se deteriorou muito ao longo dos anos -, mas é um dos poucos registros da Mk1 ao vivo tocando algo além de Hush.



1968 (Mk1) - AND THE ADDRESS, ao vivo na Mansão Playboy
Todo mundo quase só conhece o vídeo de Hush. Mas eles também tocaram na abertura do programa. Destaque para Hugh Hefner ainda antes da mania do robe de chambre. Olhe para o Rod Evans e cante: "VAI LACRAIA, VAI LACRAIA"!



1969 (Mk2) - WRING THAT NECK, ao vivo no Bilzen Jazz Festival.
Raridade das boas. Aqui, eles estão no auge da improvisação.



1970 (Mk2) - MANDRAKE ROOT, ao vivo no South Bank Summer Festival
Mais uma vez, uma improvisação de cair o queixo.



1971 (Mk2) - DEMON'S EYE, ao vivo em Berlim
Este é o mais antigo vídeo que mostra o duelo entre Gillan e Blackmore que se tornaria famoso em Strange Kind of Woman.



1972 (Mk2) - CHILD IN TIME, ao vivo em Copenhagen
Vocês já conhecem esta versão. Mas eu não podia deixar passar sem Child in Time.



1973 (Mk2) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo na Universidade de Hofstra, nos EUA
Único registro conhecido em vídeo da verdadeira Mk2 da Era de Prata Amigos tocando a música que se tornou a mais famosa do grupo.



1974 (Mk3) - BLACKMORE DETONA O PALCO, no California Jam
Vocês também conhecem isto aqui.



1975 (Mk4) - YOU KEEP ON MOVING, ao vivo no Budokan, no Japão
Hughes e Coverdale fazendo dueto. É de arrepiar os pêlos do braço.



Terminada a Mk4, terminou o Deep Purple. Eles ficaram oito anos parados e voltaram em 1984. No segundo show, tiveram um convidado ilustre.

1984 (Mk2a) - LUCILLE, ao vivo na Austrália com George Harrison
Filmado atrás do palco.



1985 (Mk2a) - GYPSY'S KISS, ao vivo no Rockpalast
Eles não tocam mais essas músicas.



1987 (Mk2a) - HARD LOVIN'WOMAN, ao vivo em Viena
Eles não tocam mais essas músicas.



1988 (Mk2a) - HUSH, ao vivo em Copenhagen
É a versão regravada em estúdio no disco Nobody's Perfect.



1991 (Mk5) - THE CUT RUNS DEEP, ao vivo em São Paulo
Era a primeira vez em que o Deep Purple vinha ao Brasil. Com Joe Lynn Turner. Uma das melhores faixas de Slaves & Masters. Destaques: Turner errando sua própria letra (sem falar na de Hush), Blackmore e Glover rebolando de costas um para o outro e o tango do Turner com o Glover. Paice arrebenta na bateria e Lord destroça o teclado.



1993 (Mk2b) - THE BATTLE RAGES ON, ao vivo em Birmingham
É o famoso show de Come Hell or High Water.



1994 (Mk6) - WHEN A BLIND MAN CRIES, ao vivo em Saarbrucken
Ritchie Blackmore se recusava a tocar essa música, gravada nas sessões do Machine Head. Desde 1991, porém, o Gillan já a tinha colocado em seu setlist solo. Quando Blackmore saiu e Satriani entrou, a música veio junto.



1995 (Mk7) - BLACK NIGHT, ao vivo em Bombaim, na Índia
Um dos mais antigos shows conhecidos em vídeo com Steve Morse. Ainda era mais ou menos o mesmo setlist do Satriani, que era mais ou menos o mesmo setlist do Blackmore.



1996 (Mk7) - THE AVIATOR, ao vivo em Chicago, nos EUA
Esta faixa do disco Purpendicular, feita em homenagem a Steve Morse, que além de guitarrista é piloto de aviões, infelizmente sumiu dos setlists. Repare que o Gillan está sentado na borda do palco, do lado da galera, e ninguém sequer toca nele. Se fosse no Brasil, ele teria saído sem roupa.



1997 (Mk7) - CASCADES (I'M NOT YOUR LOVER NOW), ao vivo em São Paulo
A segunda vinda do Deep Purple ao Brasil foi emocionante. Foi a primeira do Purple com o Gillan por estas terras. E foi quando eu aprendi a confiar no Steve Morse. Outra bela faixa que sumiu dos setlists.



1998 (Mk7) - FINGERS TO THE BONE, ao vivo em Sófia, na Bulgária
Hoje em dia, nenhuma música do Abandon sobrevive no setlist. Mas vejam que preciosidade esta.



1999 (Mk7) - WATCHING THE SKY, com a Orquestra Sinfônica de Londres
Esta é uma das minhas músicas favoritas do Abandon. No tratamento da orquestra, ficou genial.



2000 (Mk7) - FOOLS, ao vivo na Transilvânia
Levou quase 30 anos para o Deep Purple incluir esta gloriosa faixa de Fireball em seu setlist.



2001 (Mk7) - NESSUN DORMA, com Luciano Pavarotti, em Módena (Itália)
Pavarotti dizia que os melhores tenores do mundo têm algum receio em cantar essa música. Ian Gillan não apenas mergulhou nela como também traduziu a letra.



2002 (Mk8) - CHILD IN TIME, ao vivo na Rússia
Em janeiro, a Mk7 fez metade de sua última turnê, na Inglaterra. Seria a despedida de Jon Lord, embora eles demorassem a confirmar. Para comemorar, Child in Time foi incluída no setlist, mas Ian Gillan caiu doente depois de poucos dias de shows. No recesso, Jon Lord confirmou que sairia da banda. Ao voltar, eles iriam à Rússia - mas com Don Airey, substituto do TOMATO. Foi nessa fase que começou este blog. Naquelas terras geladas, onde Child in Time tem um significado especial, Ian Gillan topou cantar a música pelas últimas vezes. Esta é uma delas.



2003 (Mk8) - HOUSE OF PAIN, no Casseta e Planeta
O Deep Purple ficou pop quando veio ao Brasil daquela vez, na turnê de Bananas. Eu queria ter achado o vídeo de Fucker & Sucker, mas não achei. Fica pra próxima. De qualquer forma, eles estão ali no meio da fuzarca toda.



2004 (Mk8) - BLACK NIGHT, ao vivo na Califórnia
No palco, dois dos grandes guitarristas que já passaram pelo Deep Purple: Steve Morse e Joe Satriani.



2005 (Mk8) - I'VE GOT YOUR NUMBER, ao vivo em Londres
O que eu acho genial nesse show é que o palco do Hard Rock Café londrino não é muito maior que o do Café Piu-Piu paulistano. A música é do Bananas, mas a turnê já é do Rapture of the Deep.



2006 (Mk8) - HIGHWAY STAR, ao vivo em São Paulo
Nesse show, um imbecil mijou na minha perna.



2007 (Mk8) - PICTURES OF HOME, ao vivo em Glasgow, na Escócia
Salvo engano, aqui eles estavam tocando todo o Machine Head.



2008 (Mk8) - SMOKE ON THE WATER, ao vivo no Kremlin, na Rússia
O show mais polêmico do ano do quarentenário da banda.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Live in Montreux 1996

Ando babando pelo show Live in Montreux 1996, cujo DVD comprei recentemente. Gosto especialmente de dois momentos:

- "69", do Abandon, no show de 2000, por lembrar o quanto aquele disco é subestimado e pelo solo que lembra os longos solos de 1969-70, com pitadas de The Book of Taliesyn;

- "Speed King", pelos improvisos. Que incluem esta pérola:

In 1814 we took a little trip along
with colonel jackson down the mighty mississipi
we took a little bacon and we took a little beans
and we fought the bloody british in the town of New Orleans

We fired our guns and the british kept a-comin
there wasnt as many as there was a while ago
we fired once more and they began to runnin'
on down the mississipi to the gulf of mexico

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Datapurple geográfico

O Deep Purple já visitou 71 países ao longo de sua carreira.

Nos dez anos com Steve Morse, a banda visitou 68 deles. A nova fase do Deep Purple desbravou 36 países onde o Deep Purple nunca havia pisado antes.

Nos 17 anos com Blackmore, foram 30 países. Com a Mk1, ele visitou apenas 6 países.

David Coverdale conheceu com o Deep Purple 18 países. Eles incluem a Iugoslávia (Belgrado e Zagreb, em março de 1975) e uma tentativa frustrada de ir a Hong Kong, em dezembro do mesmo ano. Três meses depois do show cancelado, acabaria o Deep Purple.

Joe Lynn Turner foi a 20 países. Eles incluem dois shows em Israel, onde o Deep Purple nunca tinha ido e aonde nunca mais voltou. Foram os últimos shows da banda antes da volta do Gillan.

Hoje em dia, o Deep Purple faz em média a mesma quantidade de shows que fazia no auge dos vinte e poucos anos dos mestres. É possível ver exatamente em que fase eles andavam apenas pela quantidade de shows dos anos mais movimentados:

1) 1972 - 123 apresentações (lançamento do Machine Head, primeira turnê no Japão, auge do sucesso da banda)
2) 1970 - 119 apresentações (lançamento do In Rock, Deep Purple toda hora na BBC, matando a pau)
3) 1996 - 116 apresentações (entrada do Steve Morse, lançamento do Purpendicular)
4) 1969 - 112 apresentações (duas formações, entrada do Ian Gillan e do Roger Glover, Concerto...)
5) 2004 - 110 apresentações (turnê de Bananas)

Até o final do ano, 2006 deve ultrapassar a quantidade de apresentações de 2004. Lembre que esses dados são até o dia 14 de novembro.

Ao final da turnê do Deep Purple no Brasil, dia 3, o Bananão passará a ser o nono país onde o Deep Purple mais tocou em toda sua carreira, com 45 shows - empatado com o Canadá. Na ordem:

USA - 542
UK - 334
Germany - 234
France - 65
Italy - 63
Japan - 61
Australia - 57
Canada - 45
Sweden - 41


17 países viram o Deep Purple uma só vez. Isso inclui a Província Cisplatina, o Peru, a Romênia, a Bolívia e Belarus.

O nome mais comum de lugares onde o Deep Purple tocou em toda sua existência é Stadthalle. Por 26 vezes, estádios assim chamados em cidades alemãs abrigaram os mestres. Logo em seguida vêm os lugares chamados "Coliseum" e "Entertainment Centre" - 19 vezes. Nas "House of Blues", o Deep Purple tocou 13 vezes.

Há nove shows em lugares chamados Olympia - do lendário clube parisiense à extinta casa de shows de São Paulo. Se somarmos os "Olympiahalle", são 18.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

O dia em que voltei a ser fã do Deep Purple

Baixei e estou ouvindo o show do Deep Purple no Opinião, em Porto Alegre, em 5 de março de 1997. Foi o primeiro show do Deep Purple a que fui. Em 1991, a falta de grana e os meus 14 anos não me deixaram entrar no Gigantinho. Em 92, cheguei a cumprimentar o Gillan mas não tinha grana pra entrar no Araújo.

Naquele dia terrivelmente quente de março de 97, eu estava trabalhando à noite no telex do Correio do Povo. Estava conformado com a possibilidade de não assistir ao show. Naquela época, eu estava tão empolgado com meu começo de profissão que o Deep Purple era um hobby quase relegado ao esquecimento na minha vida. De mais a mais, meu toca-discos andava estragado e eu não tinha onde ouvir CDs. Fazia dois anos que o Ritchie Blackmore tinha saído do Purple. Eu não tinha ouvido o Purpendicular e nem queria ouvir - Deep Purple sem Blackmore não era Deep Purple, eu pensava.

Mas aí eu chego na redação, depois de o show já ter começado, e vou fuçar no retorno do repórter Paulo Moreira sobre que músicas eles já tinham tocado. A editora de Variedades escreveu "Black In Night". Corrigi.

- Como tu sabes? - ela perguntou.
- Tenho quase todos os discos deles.
- E tá fazendo o quê aqui?
- Tenho que trabalhar, né? E tava sem grana pro ingresso.

Ela me expulsou da redação com um ingresso de cortesia (número 0002) e dez pilas pro táxi. Fiquei por cinco segundos no dilema moral de abandonar o telex. Vai que o Papa morre, ou algo assim. Mas já eram dez e pouco da noite, o jornal já estava bem encaminhado e eu podia escapar um pouco. Fui.

Cheguei ao Opinião naquele calorão portoalegrense e procurei um lugar onde eu conseguisse pelo menos enxergar a cabeça do mestre Ian Gillan. De camisa de manga curta e bermuda. Porra, bermuda? Tudo bem que estivesse calor, mas bermuda? O cara é simplesmente um deus da porra do rock pesado. Bermuda, cacete?

(Aliás, um parêntese: outro dia, ouvindo "Metal is the Law", do Massacration, comecei a raciocinar por que diabos eu estranhei e por que diabos minhas pernas são tão brancas até hoje. Dificilmente uso bermuda. Aos 14/15 anos, metaleiro ferrenho, eu ia para o clube de piscina de jeans e jaqueta. Usar bermuda era coisa pra skatista ou surfista, que era exatamente o tipo de gente que eu deplorava. Depois, por costume, continuei usando calça comprida no verão - até porque nunca tiro férias. Até hoje preciso de aviso da digníssima pra lembrar de pôr bermuda.)

Enfim: cheguei no meio de um solo de guitarra antes de Smoke on the Water. Que não estava no final do show. As luzes sobre o Jon Lord e o velho TOMATO emocionadíssimo. Depois de vê-lo em carne e osso de cabelo branco, confirmando as fotos que eu tinha visto na internet, estranhei em dobro. Aquele, definitivamente, não era o Deep Purple que eu conhecia. Não tinha Blackmore, Gillan usando bermuda, Jon Lord de cabelo branco, Roger Glover de faixa na cabeça e não de chapéu... caralho! Só o Ian Paice que eu não estava vendo direito, mas só faltava ele estar sem óculos.

Parei no meio de uns gringos de Caxias do Sul, que estavam tomando uísque e levantando-se uns aos outros pra enxergar o palco inteiro. Bebi com eles, levantei alguns, fui levantado por outros e todos curtimos muito. Foi numa dessas levantadas que eu vi o Steve Morse tocando. Aquela mão parecia uma aranha escalando o braço da guitarra. E o sujeito tocava MUITO. Não era o Blackmore, mas era muito bom. E é estranho: o som da guitarra parecia sorrir. Sorria tanto quanto aquele caipira americano de cabelo de palha com mãos de aranha.

Simpatizei. Talvez houvesse realmente um futuro para o Deep Purple. No meio dos gringos, participei do coro de "Smoke on the Water, Fire in the Sky". Levantei os dedos pro ar pra cantar When a Blind Man Cries, logo depois de um emocionante solo do Lord. O solo do Morse não lembrava nada o do Blackmore, mas incrivelmente eu não achava isso ruim. E ainda tinha Speed King (com um duelo de guitarra e teclado e outro de guitarra e voz que me deixaram babando) e Highway Star (com a guitarra rugindo feito um motor de carro) pela frente. A voz do Gillan estava claríssima, Glover martelava o baixo como nunca e Paice continuava um trator. Aquele era o Deep Purple, em que pese não ter o baixinho enfezado na guitarra.

Naquela noite, voltei para o jornal todo suado e de camisa aberta. Minha camisa era chinesa, sintética. Reagiu mal ao meu suor. Fedia mesmo. Ainda extasiado pelo show, tive que enfrentar minha culpa por ter largado o telex às moscas. Fui olhar o que tinha chegado de notícia. Nada importante. Nada necessário. O papa, como vocês sabem, não tinha morrido.

Ainda de camisa aberta, entrei na sala do diretor de redação, meu mestre até hoje.

- Mestre, posso te confessar uma coisa feia que eu fiz?
- Diga lá.
- Tô chegando agora do show do Deep Purple.
- Guri, quer levar uma suspensão?
- Não.
- Então eu não ouvi nada -, disse ele, sorrindo.

Quando eu saía da sala, ele diz:

- Ô! Fecha a porta aí e me conta como tava. Também gosto deles.

Mesmo com todas as contraprovas que o Morse tinha dado naquele show, de que ainda existia vida para o Deep Purple após o Blackmore, eu não comprei o Purpendicular. Não tinha onde ouvir CD. Aí comprei um computador. Em 98, saiu o Abandon, que tinha uma versão de Bloodsucker (do In Rock). Comprei o importado, só pra comparar. Fui direto à faixa 12. Quando eu ouvi aquela guitarra sorrindo, voltei a me tornar um grande fã do Deep Purple.

Só em 2003 eu leria a frase que melhor define o que eu saí pensando: "Gillan is god, and in Morse we trust". Pode sair o Blackmore, pode sair o Jon Lord. A gente lamenta. Mas o Deep Purple é maior que a soma de suas partes.

quarta-feira, 22 de outubro de 2003

Como Steve se sentiu ao entrar no Purple

"(Estar no Deep Purple) É interessante. É como fazer parte de um pedacinho da história. Mas o que faz sentido pra mim é o fato de estar tocando com grandes músicos. Não conseguiria participar dessas longas turnês se os caras não tocassem o que eles tocam. Há dez anos, quando os encontrei pela primeira vez, eu disse para o meu empresário: 'tanto eles como eu não nos conhecemos, e não temos certeza de nada; vamos fazer quatro shows e depois decidiremos o que fazer'. Já antes da primeira apresentação, nós todos nos convencemos de que iria dar certo. A conexão foi instantânea. E eu me senti um tanto surpreso com isso"

STEVE MORSE, numa bela entrevista à revista Cover Guitarra. A revista também traz 14 trechinhos de músicas do Morse, incluindo Sometimes I Feel Like Screaming (finalmente aprendi a tocar a introdução no cabong) e cinco do Bananas: House of Pain, Silver Tongue, Bananas, Picture of Innocence e I've Got Your Number

O Marcel me mandou um scan da capa, visto que o site não está no ar. Mas eu ainda tenho que descobrir um canto pra hospedar a imagem antes de botar no ar. Se alguma alma caridosa o fizer, show de bola.

No The Highway Star, o Albertino avisa que tem entrevista do Glover na Cover Baixo e do Paice na Modern Drummer (que eu vi ontem na banca, mas não comprei porque sempre fui mais afeito à guitarra).

sábado, 21 de setembro de 2002

Um mestre se aposenta

Coloquei o meu CD do Concerto para Grupo e Orquestra, o Concerto original, para tocar. A noite de quinta foi a última do Jon Lord no Deep Purple. O mesmo Jon Lord que fundou o grupo, em 1968, e agora resolveu se aposentar. Eu estava bem na boa com isso até que li esta maldita resenha do Rasmus Heide sobre o show. O desgraçado me deixou sem jeito aqui:

"Dizem que meninos grandes não choram, mas se Jon pode, todos podemos. Quando Highway Star terminou - com um relutante Ian Paice esticando um pouco mais a música - não sou o único a secar a bochecha. Caminhando alguns passos para a frente, eu me encontro à beira do palco, no meio de um mar de fãs que cantam 'Jon! Jon! Jon! Jon! Jon!'. No palco, o pessoal da banda se abraça, aperta as mãos e troca beijos no rosto. Depois de uma reverência coletiva dos seis homens para a platéia, os outros gentilmente põem Jon à frente de todos. De braços dados, todos eles apontam para Jon, enquanto ele - completamente sem jeito - caminha devagar pela beirada do palco, agradecendo, sorrindo, chorando, apertando todas as mãos que pode e acenando para os que estão mais distantes. Ao mesmo tempo, aplausos, aclamações, admiração, respeito e mil agradecimentos desesperadamente inadequados são dirigidos a ele.Digno até o fim, em pé sob um único holofote em frente a seu Hammond, ele dá uma última olhada para a onda de emoção à sua frente, faz uma última reverência e, com uma saudação, vira as costas e segue seu caminho. As luzes se acendem, os amplificadores tocam uma música. Exaustos, drenados e não acostumados com esse tipo de turbilhão emocional em um show do Deep Purple, ficamos em volta do palco por um tempo, olhando um para o outro, sem conseguir razoavelmente comentar o que acabou de acontecer ante nossos olhos. Buscando consolo, bato nas costas de alguém, acho que é Stathis (Pagniopoulos, do The Highway Star)."

O setlist da noite:

Ipswich September 19, 2002:
Fireball ~ Into The Fire riff
Woman From Tokyo
Mary Long
Ted The Mechanic
Lazy
The Well Dressed Guitar
Space Truckin'
Don Airey's solo
Perfect Strangers (w/Jon Lord)
Jon Lord's solo (incl. Pictured Within, Concerto second movement)
When A Blind Man Cries
Speed King
Smoke On The Water

Hush
Black Night
Highway Star

segunda-feira, 29 de julho de 2002

Lembranças de 1997

Ouvindo o CD do Deep Purple aqui, lembrei do show que assisti deles em Porto Alegre, no Opinião, meses antes desse delicioso CD que comprei. Meu ingresso do show deles aqui em 1997 era o número 0002. Foi um dos ingressos que mandaram para redações de jornais, no caso a do Correio do Povo, onde eu trabalhava à noite.

Foi muito engraçada aquela noite... ganhei o ingresso na última hora. O Paulinho Moreira tava lá no Opinião cobrindo o show... e passando para a redação as duas primeiras músicas que eles tinham tocado. Eu estava trabalhando, mas nervoso. Fui lá na Variedades para bisbilhotar e vi a Valquíria Rey escrevendo errado o nome de uma música. Sacrilégio. Corrigi. Ela perguntou como é que eu sabia, e respondi: "tenho todos os discos deles em casa..." E ela: "Tá fazendo o que que não foi lá? Pega meu ingresso e vai!"

Peguei o primeiro táxi e fui. Cheguei no meio de um solo quilométrico do Jon Lord. Era um dia quente pra caramba em março de 97... e o lugar com mais visibilidade que achei foi no meio de uns gringos bêbados. Fiquei tomando uísque com eles e tal. Aí a gente começou a brincar de subir nos ombros um do outro por uns segundos para ver melhor. Cantei todas as músicas. Ainda conheci a mulher do Gillan na saída, com minha camisa toda suada. Cheguei na redação de volta depois da meia-noite, com a camisa abertona, o vento batendo e secando o suor.

Fui pra sala do diretor de redação e disse pra ele: "olha só, fiz uma coisa muito feia hoje... escapei do trabalho para ir ao show do Deep Purple". Ele olhou bem para mim e perguntou: "Guri, tu qué levá um gancho?" E eu: "Não, claro". E ele: "Ah, bom, então eu não ouvi isso". Eu fiquei completamente sem jeito e fui saindo de fininho. E ele: "Deixa eu esquecer por um minuto que sou teu chefe. Senta aí e conta como tava, ontem eu botei foto deles na capa do jornal porque também gosto..."

O dia em que Steve Morse casou na House of Blues

Comprei hoje um CD sensacional do Deep Purple. É um pirata: "Deep Purple - The Legendary Show at the House of Blues - Steve Morse Wedding Day". É um show em 17 de dezembro de 1997, que tem o casamento do Steve Morse logo no começo. Ian Gillan anuncia, a galera vai ao delírio. Eu também - estou ouvindo acompanhado de um Marcus James Cabernet Sauvignon, e com meus fones no volume mais apropriado possível.

O padre comenta que o casamento ocorre "perante Deus e esse montão de testemunhas". A gravação foi feita no meio da galera, provavelmente na frente do palco pela qualidade do som... mas dá para ouvir superbem as gracinhas do povo - inclusive o pessoal se acotovelando e pedindo licença (merda é que às vezes os gritos e palmas atrapalham o som). "Aí, Steve!", eles gritam quando a noiva fala. O organista é ninguém menos do que um dos melhores tecladistas do mundo - conseguem imaginar o Jon Lord tocando a marcha nupcial?

E eu, que era absolutamente contra casamentos, fiquei emocionado com este. Decidi: só caso quando, além de eu ter achado uma vítima à altura, o Jon Lord aceitar tocar a música de fundo.

O CD é duplo - R$ 25 cada. Vale cada centavo. Para parcelar no cartão, comprei um do Pearl Jam de R$ 10 para o meu irmão.

terça-feira, 21 de maio de 2002

O começo do Morse

Senhores, senhoras, senhoritas e outros, tenham a bondade de visitar o especial Early Morse days, no The Highway Star. Está muito bom, mostrando como a banda fez a transição de um guitarrista de personalidade forte para um de técnica muito aguçada. E só ganhou no processo.

Eu não sei se já falei aqui sobre isso, mas eu levei muito tempo até aceitar o Morse como guitarrista do Deep Purple. Não comprei o Purpendicular na época em que foi lançado. Acompanhava as discussões na internet, na alt.music.deep-purple e nos primeiros anos do site do Purple, mas não fazia idéia de como o disco era bom.

O que quebrou minhas resistências foi quando ouvi falar, em 1998, que o então novo disco do Purple (Abandon) teria uma regravação de Bloodsucker, uma das minhas faixas favoritas do mais seminal disco do Deep Purple, o In Rock. Quando ouvi o que o Morse fazia com as cordas onde o Blackmore era enérgico mas comedido, eu simplesmente ria à toa feito um abobado. Ouvi mais vinte vezes a música, no mesmo dia - dez no meu velho vinil de In Rock (da primeira impressão brasileira, de 1973) e outras dez no CD, que então eu importara da Inglaterra.

A partir dali, Steve Morse ganhou, para mim, o distintivo de Homem das Cordas do Deep Purple --casseta, ele até casou no palco em 97 durante um show do Purple. Eu sei que no princípio é um choque ver um inglês que só se veste de preto ser substituído por um magrão californiano com batas cujas cores parecem inspiradas numa iluminação de rave. Mas o som, meus velhos, o som, que é o mais importante, é fenomenal. Piramidal. Os dois guitarristas têm suas virtudes, e eu ainda gosto muito do Blackmore. Mas para mim o Steve Morse é um homem-Purple completo desde aquele dia.

Mas o sensacional de tudo é o título de uma das primeiras gravações piratas de shows com o Morse: "Blackless Morsemania".

segunda-feira, 18 de março de 2002

Editorial do The Highway Star

O Rasmus Heide colocou um editorial no The Highway Star sobre a saída do Jon Lord. Leiam.

domingo, 17 de março de 2002

Confirmada a aposentadoria

CONFIRMADA A APOSENTADORIA

Mestre Lord se aposentou mesmo do Deep Purple. Abaixo, a primeira foto da nova formação da banda, com Don Airey (D) nos teclados.

O bigode deve ser homenagem ao Tomato.

quinta-feira, 14 de março de 2002

Here be friends, here be heroes



Mestre Jon Lord, fundador do Deep Purple e conhecido como TOMATO (The Old Man At The Organ), pode estar se aposentando. Ele fez 60 anos no ano passado. Os rumores estão cada dia mais fortes. O Deep Purple deve lançar um disco este ano. Deverá ser o terceiro da formação atual. Ele participou da primeira parte da turnê britânica, mas deve ser substituído a partir da Rússia por Don Airey. Ninguém sabe dizer se o tecladista de sólida formação clássica que esteve em todas as formações do Deep Purple vai se aposentar de vez agora, sem dizer nem um tchau, ou se ele vai participar ainda da gravação do disco do Purple. O vocalista Ian Gillan foi evasivo quando recebeu uma pergunta sobre isso em seu website. Ele reafirmou a importância de Lord para o grupo mas disse que, mesmo sem ele, o Deep Purple continuaria --nada de "sim" ou "não".

Em agosto do ano passado, Lord pediu licença do grupo por um tempo para fazer uma cirurgia no joelho. Ele foi substituído durante 23 shows por Don Airey, um bom tecladista que fez parte do Rainbow (de Ritchie Blackmore, ex-guitarrista do Purple). Lord também parou de responder e-mails de fãs --só eu mandei três nos últimos meses, e anteriormente ele sempre respondia-- e de participar dos fóruns de discussão sobre o grupo. Mandei mais um email para ele, só para testar.

Jon Lord, para mim, pode ser considerado um gênio da música. E não é por ser fã, não. Seu Concerto para Grupo e Orquestra, que ele começou a compor quando tinha a minha idade e apresentou aos 27 anos, é uma obra-prima. Foi apresentado no mês passado na Austrália, pela primeira vez sem o mestre. É o primeiro passo para que ele se torne um compositor à altura de Beethoven ou Mozart. Quem regeu o concerto foi Paul Mann, da Sinfônica de Londres. Ainda este mês, deve ser lançado o CD duplo com o set completo do Concerto.

Sim, o Concerto é uma obra-prima, mal-falado até hoje por quem não ouviu e não sabe o que está perdendo. Foi o primeiro dos dois trabalhos de banda/orquestra que Lord criou. O segundo foi Gemini Suite, dois anos depois. É bom também. Para vocês terem uma idéia, o Concerto foi uma das inspirações de Paul Mann, o maestro que conduziu a versão recuperada da partitura, para ser maestro. Mann conta que ele era criança e brincava de maestro na frente do espelho quando ouvia o Concerto (seu tio era um dos caras da administração do Purple, o lendário Colin Hart).

Voltando à formação atual do Purple: a banda está no sétimo ano de uma de suas melhores fases. Não há atritos entre seus membros como os que ocorriam durante a gestão de Ritchie Blackmore (também fundador do grupo) na guitarra. Eles fizeram a volta ao mundo várias vezes desde 1995, passando três vezes pelo Brasil, mas gravaram apenas dois discos de estúdio. Ambos muito bons, superiores a toda a produção dos anos 80 e começo dos anos 90. A atual gestão também viu o restauramento da partitura do Concerto para Grupo e Orquestra, reinaugurada no Royal Albert Hall no trigésimo aniversário da primeira apresentação.

Se o Lord realmente se aposentar, vou ficar muito chateado. Não só porque gosto muito de seu trabalho e tenho todos seus discos, mas porque perdi, por be$teira, o último show que ele fez no Brasil, em setembro de 2000, em São Paulo. O ingresso mais barato que achei para a noite em que poderia ir (nas outras eu estava trabalhando) custava R$ 110. Já estava chateado porque era a única turnê na minha vida em que eles tocariam o Concerto --isso cansa os músicos, e eles não pretendem repetir a dose. Posso acabar tendo motivos para ficar ainda mais chateado. Aliás, já estou.

Airey vai substituir o Lord

Jon Lord prepara sua aposentadoria, cada dia mais.

Don Airey, ex-tecladista do Rainbow e que cobriu as férias do bom e velho TOMATO, vai voltar a substituí-lo a partir da turnê russa, daqui a alguns dias. Já foi tirada uma foto promocional da nova banda.

Sim, é Deep Purple Mark 8. E eu ainda não voltei a ver Jon Lord.

Corto os pulsos?

quarta-feira, 6 de março de 2002

Habeas datas

Argh, péssimo trocadilho.

Mas os shows que ficaram faltando na turnê do Deep Purple pela Inglaterra devem ocorrer em setembro. As datas, direto da Deep Purple Appreciation Society, estão abaixo. Entre 17 e 25 de março, eles vão estar tocando na Rússia. We all came out to Moscow...

Sep 07 Hammersmith Apollo - London, England (unconfirmed)
Sep 08 Barbican Centre (new show) - York, England
Sep 09 St.George's Hall - Bradford, England
Sep 11 City Hall - Newcastle, England
Sep 12 Clyde Auditorium - Glasgow, Scotland
Sep 14 NEC - Birmingham, England
Sep 15 Guildhall (new show) - Portsmouth, England
Sep 17 Plymouth Pavilions - Plymouth, England
Sep 18 Colston Hall - Bristol, England
Sep 19 Regent - Ipswich, England

sábado, 2 de março de 2002

Fala, Steve!

O cavaquinhista de plantão lá no Purple relata em seu site o que andou ocorrendo com a banda. Na expertíssima tradução de Yours Truly:

Eu não devia estar neste vôo. Mas aqui estou eu, vendo o Oceano Atlântico lá embaixo de novo. Desta vez, estou indo para casa. Nossa turnê pelo Reino Unido, que teve lotação esgotada na maioria dos shows, foi colocada de molho devido a problemas de saúde. Começou com a garganta arranhando, febre, calafrios, congestão no meu caso. Como eu não preciso cantar, isso não atrapalhou os shows. Todos menos Ian Paice ficaram doentes com o que quer que estivesse ocorrendo por lá, e todos continuaram tocando. Ian Gillan também, até que ele ficou completamente rouco e não conseguia mais cantar. Então, com só mais oito shows para fazer, vamos ter que esperar e ver quando as turnês vão ocorrer. [Nota do Purpendicular: elas já foram remarcadas. Se te interessa, vai ao The Highway Star.] Estou indo para casa, entretanto, enquanto esperamos.

Esta turnê tem sido realmente boa para todo mundo na banda, já que todos os outros quatro são britânicos de nascença. Eles gostaram de rever sua terra natal e de visitar todas as cidades onde eles costumavam tocar. Então, ninguém fica contente de cancelar um show, nunca, mas principalmente esses. Bem, considerando tudo, a turnê foi incrível em termos de presença e apoio dos fãs. Mas ela foi complicada, sempre com alguém na banda não se sentindo muito bem quase toda noite. E a equipe de apoio também não estava brincando com aquele vírus.

A banda que abriu os shows, The Planets, foi muito bem recebida em todo lugar. Eles são caras e gatas de boa aparência, que são músicos bem-treinados e tocam um mix de material que parece clássico, rock e pop. Com cello, oboé, trompa inglesa, flauta, violão clássico, guitarra elétrica e guitarra flamenca, violino, teclado e bateria, eles tinham muitas texturas interessantes para trabalhar. Eles são todos educados e profissionais, e nunca se atrasaram para o show, evitando estressar nossa equipe. E a audiência, como eu disse, curtiu muito a abordagem diferente que eles têm.

O povo britânico, se você nunca visitou o lugar, é realmente diferente se você vem como americano. Eles são muito polidos e bem falantes em quase todas as conversas que vocês terão. Eles são muito audaciosos e aguentam um monte antes de ficarem putos. Mas eles valorizam um senso de fair play, e foram bastante compreensivos sobre o cancelamento, acho. Outras impressões que os americanos podem ter ao chegar lá, especialmente em Londres, é que seu dinheiro não vai te levar nem perto de onde leva nos States. Mas, em geral, em qualquer loja em que você entre, vai ser bem atendido e eles vão gastar um pouco mais de tempo respondendo suas questões. Na verdade, muitos ingleses voam para Nova York para fazer compras, e voltam tendo economizado, bruto, até a passagem.

Uma das piadas que ouvi muito por aqui é que a Grã-Bretanha e os EUA são duas nações divididas por uma língua em comum... significando que eles acham que a gente fala um pouco diferente. Mas não tão diferente; graças à comunicação global, nossos sotaques americanos não são mais tão difíceis para eles entenderem. Gastar algumas semanas dirigindo nesta grande ilha realmente mostra quantas coisas adotamos deles. Você vai adorar ver os velhos castelos, as paredes de pedra e as amuradas no meio do pasto, e estruturas bem-feitas em todo lugar, também. Choveu bastante durante nossa viagem, mas o sol deve aparecer mais cedo ou mais tarde...

Bem, logo vou para a Rússia ou de volta ao Reino Unido, então esta é uma rápida atualização por enquanto.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002

Fala de mim, fala!

Em 1998, saiu uma matéria no tablóide escocês Daily Star dando conta de que um maluco chamado Hugh McIntyre, da cidade de Airdrie, foi ao show do Purple em Glasgow depois de ganhar um concurso de rádio. Ele pediu que cada um dos caras do Purple autografasse seu braço... para que ele tatuasse os autógrafos depois. Não é nenhum guri: o cara tinha 41 anos, era motorista de táxi, casado e com cinco filhos. A mulher dele disse o seguinte a outro jornal: "acho que alguém vai pensar que é um pouco demais, mas ele queria fazer e não tinha quem o impedisse".



Não, eu não penso em fazer o mesmo. Principalmente depois do fiasco do show do Gillan no Araújo Vianna em 1992, quando eu coloquei minha mão em um saco plástico depois de cumprimentar o mestre. Mas eu tinha 15 anos, pô! *risos*

Aquele show ficou famoso porque uns manés quebraram a parede do banheiro feminino do Araújo, a pontapés, para entrar sem pagar.

Deep Purple no The Times

O jornal "The Times", de Londres, publicou na quinta-feira uma resenha muito simpática sobre o show em Brighton, no dia 19. O Gillan estava visivelmente gripado, mas sua voz ainda estava boa --e a simpatia dele sempre ajuda. O show mereceu quatro estrelas, faltando apenas uma para obter a cotação máxima do jornal inglês, um dos mais importantes do mundo.

Traduzo abaixo a íntegra da resenha, assinada por Paul Sexton:



Deep Purple
by Paul Sexton
Rock: Brighton Centre


"ESTE é um aniversário", disse Ian Gillan, sério, antes que o Deep Purple tocasse um bis com Hush. "Fazem exatamente cem anos que gravamos esta música." Primeira regra da comédia do hard rock: faça suas piadas autodepreciativas primeiro. Ele exagerou um pouco, mas Hush é tão velha que é anterior ao reinado do frontman Gillan e do baixista Roger Glover no Purple, e isso já tem 33 anos. É estranho então que, enquanto os soldados rasos da invasão americana do nu-rock triunfam de cabo a rabo na Grã-Bretanha, o retorno de velhos e grisalhos roqueiros como esses, que começaram toda essa história de cabelo comprido e de sacudir a cabeça, mal e mal registre um aceno da mídia.

À parte de tudo, Gillan deve ter desafiado ordens médicas para aparecer. Uma tosse forte fazia com que ele precisasse de constante atenção no meio da música, mas ele nunca resmungava e até mesmo aproveitava o momento para fazer mais graça ("vou agora para trás da tela para preparar um pequeno truque").

Os Purps estão, como dizem os americanos, em um lugar muito mais alegre atualmente, desde que Ritchie Blackmore foi substituído pelo americano Steve Morse, um modelo de eletricidade potente e disciplinada. Seu momento desgarrado veio em uma farra de riffs famosos, de Peter Gunn até Layla, inevitavelmente preparando a entrada do Deep Purple naquele ícone musculoso, Smoke on the Water. Sim, eles ainda a tocam e, sim, sem elogios gratuitos, ela ainda eletriza. O truque do Purple, agora e sempre, é a coalizão de uma guitarra ágil mas econômica, os vocais elásticos de Gillan e os maravilhosos motivos barrocos do teclado de Jon Lord, enquanto o baixo de Roger Glover e a bateria de Ian Paice mantêm a bem-azeitada casa das máquinas rodando. A mistura estava no ponto em Black Night, Perfect Strangers e outras peças como No One Came e Mary Long, esta escrita a respeito de dois detratores dos dias mais controversos do Purple, Mary Whitehouse e Lord Longford.

Em um certo ponto, um fã que veio para a frente do palco para apertar mãos, correu como se tivesse ganho o campeonato de Wembley só porque havia tocado a perna de Roger Glover. É essa a afeição ainda engendrada por esses cinco articulados artesãos, a maior parte deles em seus cinqüenta e poucos anos, que têm a aparência de quem ainda curte tomar uma cerveja juntos.

domingo, 24 de fevereiro de 2002

Feia mesmo

Cancelaram toda a turnê do Deep Purple pelo Reino Unido por causa da gripe do Gillan. A coisa é feia mesmo --o homem não tem condição de cantar, e ele andou abusando da voz nas três primeiras apresentações. Os shows serão remarcados, mas as possíveis datas divergem: para a DPAS, pode ser em abril, depois da turnê russa, enquanto o THS aposta em setembro. Quando houver novas datas, elas certamente estarão no The Highway Star e na Deep Purple Appreciation Society.

Sexta, no Hammersmith Apollo, a voz dele estava terrível. "O som estava excelente, mas mostrou realmente o quanto Ian estava lutando [para conseguir cantar]", diz Andy Harman. Depois de Child in Time, foi a vez de When a Blind Man Cries sair do repertório daquela noite. Segundo Andy, o show foi filmado mas "será inútil em termos de qualquer lançamento comercial". Segundo Annie Graham, Gillan "fez um trabalho fantástico em tocar o show para a frente quando era claro que sua voz estava sofrendo".

Hey, Ian, get well soon, please! And post something at Caramba to tell us how you are doing.