MK1

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O Deep Purple surgiu de uma idéia exótica. No país e época que geraram Beatles e Rolling Stones, revelaram Jimi Hendrix e deram o título de deus a Eric Clapton, todos esperavam pela próxima grande idéia no campo fértil do rock. Em 1967, Chris Curtis, ex-baterista do The Searchers, teve a idéia exótica de reunir vários músicos muito talentosos num grupo chamado Roundabout (carrossel). Eles se revezariam em torno do baterista, como num carrossel. Curtis também cantaria e tocaria guitarra.

Depois que a idéia foi "comprada" pelo produtor novato Tony Edwards, o primeiro músico a topar foi o tecladista Jon Lord, colega de Curtis nos The Flowerpot Men e com quem Curtis dividia o apartamento. Eles convidaram o baterista Bobby Woodman, que discordou das idéias musicais do grupo e caiu fora, e tentaram chamar Ritchie Blackmore para ser o segundo guitarrista - convite que ele recusou. De repente, Curtis desapareceu e coube a Lord colocar o carrossel para rodar. Sua primeira providência foi reconvidar Blackmore e um baixista que já havia tocado com os dois, Nick Simper. Vários vocalistas foram sondados, inclusive Ian Gillan (que recusou por ver mais futuro no Episode Six) e Rod Stewart, que cantava com Jeff Beck. Por meio de um anúncio na revista Melody Maker, foi aberta uma seleção, onde foi escolhido o jovem cantor Rod Evans. Foi ele quem sugeriu a contratação de Ian Paice, seu colega na The Maze, como baterista da banda - sugestão prontamente aceita por Blackmore, que ficara impressionado com o músico ao vê-lo tocar em Hamburgo.

Para produzir os três primeiros discos da banda, lançados pelo selo Tetragrammaton (criado por Bill Cosby poucos anos antes), a HEC Enterprises, que administrava o grupo, pôs todos os músicos para morar e ensaiar na mesma casa, em Deeves Hall. Foi contratado o produtor Derek Lawrence, que havia trabalhado com Blackmore nos Outlaws e com Joe Meek. Entre um e outro ensaio do Roundabout, ele arranjava trabalhos freelance para os músicos em gravações alheias. Em uma delas, no começo de 1968, Blackmore, Lord e Paice gravaram com Boz Burrell o single com "I Shall Be Released" e "Down on the Flood", ambos sucessos na voz de Bob Dylan. Em entrevista à DPAS, respondendo a uma pergunta do editor do Purpendicular, Lawrence descreve assim os membros da banda:

"Paice era muito fácil de conviver, um baterista muito jovem mas brilhante, e o mais organizado de todos. Simper podia estar muito triste ou divertido, o tipo de cara que sempre queria o mesmo que você pediu no bar! Evans estava mais interessado em como ele se parecia. Jon era o músico treinado que era amigo de todo mundo. Ritchie era a força motriz, um tirador de sarro e um guitarrista único."

Com o sumiço de Curtis, não fazia mais sentido manter o nome do carrossel para a banda. Depois de queimar pestana em uma lista de nomes que incluía o pomposo Orpheus, além de Concrete God e Fire, acabou vencendo o título da música favorita da avó de Blackmore: Deep Purple. A primeira apresentação da banda com o novo nome ocorreu em Copenhagen, em 20 de abril.

O primeiro disco, Shades of Deep Purple, foi gravado em 18 horas, em duas sessões, e lançado em setembro de 1968. Recheado de regravações (incluindo versões progressivas de Help, dos Beatles, e Hey Joe, de Jimi Hendrix), o disco estourou nas paradas de sucesso dos EUA com uma música de Joe South: Hush, o primeiro single da banda.

Em dezembro daquele ano, quando o segundo disco (The Book of Taliesyn) já havia sido lançado, eles fizeram sua primeira turnê na América, acompanhando o Cream. Nessa turnê, além de visitar a mansão de Hugh Hefner, criador da revista Playboy, o grupo também descobriu que outro motivo de seu sucesso no Novo Mundo vinha do nome da banda - o mesmo de uma droga então muito popular na Califórnia. O segundo disco também trazia regravações, como River Deep, Mountain High (sucesso na voz de Tina Turner), We Can Work it Out (Beatles) e Kentucky Woman (Neil Diamond). A composição Wring That Neck (rebatizada como Hard Road nos Estados Unidos, devido à violência do nome) sobreviveu, no setlist do grupo, ao fim da Mk1. Foi o veículo de algumas das mais inspiradas trocas de solos entre Blackmore e Lord.

Em 1969, Blackmore e Lord estavam descontentes com a sonoridade do grupo. Ambos queriam experimentar mais com volume e eletricidade, mas consideravam que a voz de Evans não acompanharia as mudanças. Depois de ouvir os primeiros discos do Led Zeppelin, resolveram trocar Evans por alguém que encarasse bons agudos. Foi o começo de um mês clandestino no Deep Purple.

Com a mudança brusca, o terceiro disco, chamado Deep Purple, seria lançado já quando a nova formação já estava na estrada. Ele reflete a tensão de uma banda que tinha os pés no rock inglês dos anos 60 e a cabeça em algo que ainda estava por ser criado. De todos os discos da primeira formação, esse é o que mais parece o Deep Purple que conhecemos.

Leia e veja mais


"On the Roundabout with Deep Purple" (íntegra de reportagem da Mojo Magazine, publicada pela DPAS)
Simon Robinson entrevista Nick Simper em 1983 (do Darker Than Blue, republicada no The Highway Star)