quinta-feira, 28 de fevereiro de 2002

34 anos depois

34 ANOS DEPOIS

Numa sexta-feira, 18 de outubro de 1968, em seus primeiros meses de existência, a primeira formação do Deep Purple tocou na última turnê do Cream (a banda de Eric Clapton) em Inglewood, na Califórnia.

Foi nessa turnê que o guitarrista Ritchie Blackmore ganhou sua primeira Fender Stratocaster direto das mãos do guitarrista chamado de Deus. Até a gravação de In Rock (1970), Blackmore continuou usando uma Gibson 335 vermelha, e só depois adotou a Strato. Que, ao lado das roupas pretas, tornou sua figura inconfundível.

Esse é um dos poucos registros piratas existentes da atividade ao vivo da primeira versão do Deep Purple. Pela primeira vez nesses 34 anos, o material será lançado oficialmente, em CD, pelo selo Sonic Zoom, da Purple Records, especializado em gravações ao vivo. Em versões piratas, esse show já andou circulando o mundo inteiro. É possível achá-lo em MP3, com uma qualidade sonora horrível. Também, imaginem o que era levar um gravador escondido para um show em 1968. O tamanho do aparelho!

A gravação em que se baseia o lançamento foi feita em vídeo por alguém da Tetragrammaton, então gravadora do Deep Purple. A Deep Purple Appreciation Society, dona da Purple Records, informa que foi feita muita limpeza no som para lançar o CD.

A banda ainda não era famosa e se apoiava em reinterpretações de músicas de outros que faziam sucesso na época. Entre as sete faixas, cinco são covers:

[1] HUSH (Joe South)
[2] KENTUCKY WOMAN (Neil Diamond)
[3] MANDRAKE ROOT
[4] HELP (Beatles)
[5] WRING THAT NECK
[6] RIVER DEEP, MOUNTAIN HIGH (popularizou-se com Tina Turner)
[7] HEY JOE (popularizou-se com Jimi Hendrix)

A primeira formação do Purple é uma das menos conhecidas e menos valorizadas. E é boa. Esse registro ao vivo ocorre entre o primeiro e o segundo discos deles, quando eles estavam pegando o jeito da coisa. No terceiro, eles já eram praticamente o Deep Purple que conhecemos.

Apenas recentemente começaram a revalorizar essa primeira fase do bom e velho Deep Purple. O primeiro sinal foi o lançamento de versões remasterizadas e com faixas extras dos três primeiros discos do grupo (letras aqui), em 2000. O lançamento do show de Inglewood completaria a revalorização.

Mas por que demorou tanto? Será por causa do episódio do bogus Deep Purple? Em 1980, o vocalista Rod Evans participou de uma versão caça-níqueis do grupo. Foi processado e perdeu o direito de receber sobre a venda de lançamentos da fase em que participou do grupo. Será que estavam esperando a decisão judicial se tornar definitiva para lançar isso? Ou foi uma questão apenas tecnológica?

Quem tiver uma resposta, escreva para mim.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002

Fala de mim, fala!

Em 1998, saiu uma matéria no tablóide escocês Daily Star dando conta de que um maluco chamado Hugh McIntyre, da cidade de Airdrie, foi ao show do Purple em Glasgow depois de ganhar um concurso de rádio. Ele pediu que cada um dos caras do Purple autografasse seu braço... para que ele tatuasse os autógrafos depois. Não é nenhum guri: o cara tinha 41 anos, era motorista de táxi, casado e com cinco filhos. A mulher dele disse o seguinte a outro jornal: "acho que alguém vai pensar que é um pouco demais, mas ele queria fazer e não tinha quem o impedisse".



Não, eu não penso em fazer o mesmo. Principalmente depois do fiasco do show do Gillan no Araújo Vianna em 1992, quando eu coloquei minha mão em um saco plástico depois de cumprimentar o mestre. Mas eu tinha 15 anos, pô! *risos*

Aquele show ficou famoso porque uns manés quebraram a parede do banheiro feminino do Araújo, a pontapés, para entrar sem pagar.

She finally said she loved me, I wed her in a hurry...

Olhando o antigo post do Cabide sobre Speed King depois de ler a biografia do Gillan, eu me pergunto: será que "Strange Kind of Woman" se refere à Dirty Doreen, a groupie que rondava as gravações do Deep Purple? Ou a música fala sobre Jean, a primeira mulher do mestre gripado?

Ele casou com Jean no final dos anos 60, quando ainda estava no Episode Six. Eles tinham lá um casinho e ela tinha outro cara, que bateu nela até que ela ficasse roxa quando soube do casinho com o Gillan. Ele resolveu casar com ela para "salvá-la do maldito bandido". O "maldito bandido" se suicidou quando soube do casamento. Meses depois, quando chegava em casa, Gillan pegou a mulher com outro e desfez a palhaçada do casamento. Estava na merda e foi salvo (inclusive financeiramente) por Gloria, a produtora do Episode Six.

Logo, pergunto: "Strange Kind of Woman" é sobre quem, será? Leiam com calma a letra da música. Nas entrelinhas. Não se fiem pelo nome que ele dá; ele geralmente ajusta os nomes à rima.

Strange Kind of Woman
(Gillan, Glover, Blackmore, Lord, Paice)


There once was a woman, a strange kind of woman
The kind that gets written down in history
Her name was Nancy, her face was nothing fancy
She left a trail of happiness and misery

I loved her, everybody loved her
She loved everyone and gave a good return
I tried to take her, I even tried to break her
She said I ain't for taking, won't you ever learn

I want you, I need you, I gotta be near you
I spent my money as I took my turn
I want you, I need you, I gotta be near you
Oh I got a strange kind of woman

She looked like a raver but I could never please her
On wednesday mornings boy you can't go far
I couldn't get her but things got better, she said
Saturday nights from now on baby you're my star

She finally said she loved me, I wed her in a hurry
No more callers and I glowed with pride
I'm dreaming, I feel like screaming
I won my woman just before she died

I want you, I need you, I gotta be near you
I spent my money as I took my turn
I want you, I need you, I gotta be near you
Oh I got a strange kind of woman

Clássicos Purpendicular 3: Speed King

Vejam no site do Purple o especial que traça a história de Speed King desde os tempos da letra "Kneel and Pray", composta no Hanwell Community Centre. Outras duas músicas também estão explicadas por lá (Ted the Mechanic e Long Time Gone), mas Speed King é uma das minhas favoritas. Até por causa da incrível mudança de letra.

Abaixo, a minha pesquisa anteriormente publicada no Cabide sobre a música. Rendia um Clássico Purpendicular, mas o especial do The Highway Star é melhor.

O REI DA VELOCIDADE



"Good Golly, said the little miss Molly while she was rocking in the house of blue light..."

Speed King, a primeira música do disco "In Rock" (de 1970, onde o Deep Purple levou o rock ao extremo possível na época), nem sempre começou assim. O riff foi composto pelo Roger Glover, inspirado pela música "Fire", do Hendrix. Blackmore queria algo rápido daquele jeito. Foi composta no Hanwell Community Centre. A estrutura se manteve a mesma, mas a letra mudou desde a composição até o disco.

A letra original era mais sacana. O título original era "Kneel and Pray", ajoelhe e reze, que não tinha nada a ver com religião. Possivelmente era inspirada na groupie conhecida como Dirty Doreen, que fazia trabalhos de sopro para o Gillan nos bastidores da gravação e é possivelmente a personagem de Strange Kind of Woman. (O telefone dela era 01 576 3381, informa um dos dados da minha pesquisa.)

Baixei aqui em MP3 duas das primeiras versões dessa música, mais algumas covers e ao vivo, e fiz uma coletânea com as que eu já tinha. Abaixo, a lista:

1) Kneel and Pray - Gravada em agosto de 1969, na BBC (há uma versão ao vivo, gravada no Clube Paradiso, de Amsterdã, no dia 24 de agosto --era o quarto show da formação clássica do Purple).

2) Speed King 1 - De setembro de 1969, gravada na BBC. Tem a letra com a qual a música ficou conhecida, mas lá no meio o Gillan insere a "ponte" da letra antiga: "kneel down, turn around, look at the ground, tell me what you've found..." Ele também brinca com a bobeirada da letra que ficou sendo oficial, dando uma ênfase de quem não leva a sério na segunda vez em que canta "take a little rice, take a little beans, gonna rock'n'roll down to New Orleans"

3) Piano Version - Não tenho a data. É de 14 de outubro de 1969, de quando o Purple chegou ao estúdio IBC para gravar as músicas do In Rock. É mais lenta e menos elétrica --Jon Lord substitui o clássico Hammond que o caracteriza por um piano. É mais curta que a versão final. Tinha aparecido, por engano, nos dois Singles As & Bs --foi usada em um single norueguês. Foi incluída na edição de aniversário do In Rock.


4) Speed King - Esta é a versão que ganhou o disco. tem uma introdução que classifiquei como "caos sonoro" em uma resenha que escrevi em 1998. Essa introdução é chamada de "Woffle" nas fitas do estúdio.

Há algumas versões ao vivo, feitas pelo Deep Purple --uma das mais interessantes delas tem o Gillan cobrindo com a voz o solo do Blackmore que foi colocado no lugar da ponte antiga. Steve Morse, antes de ser o guitarrista da banda, gravou uma versão instrumental. Muito boa, parece surf music. Queria ouvir o Morse tocando a música com o Purple, principalmente depois do que eles fizeram com "Bloodsucker". Ouvi em 10 de março de 97, no Opinião, mas não lembro mais.

Speed King tem nove covers (incluindo uma do Van Halen e uma de um japa chamado Osama --não é aquele--, que gravou um disco com músicas do Purple em japonês). Em lançamentos oficiais do Deep Purple, há cinco versões de estúdio (duas editadas) e 11 ao vivo.

Problemas temporários

O servidor que hospeda os dados do site oficial do Deep Purple mudou de lado do Atlântico. Antes ficava nos Estados Unidos, agora fica na Inglaterra. Eles estão tendo problemas com o endereço, então anotem aí o domínio temporário do The Highway Star: http://www.thehighwaystar.com. Há problemas também para postar mensagens nos fóruns. Mas são só problemas aparentes. Aquela mensagem de erro é falsa.

Clássicos Purpendicular 2: Mary Long

A música "Mary Long", de Who Do We Think We Are, faz parte da nova e cancelada turnê do Deep Purple. Sua inclusão chegou a ser elogiada pelo The Times. Mas vocês sabem de onde vem a música, com suas palavras fortes? Sabem quem é Mary Long, a hipócrita que faz tudo o que ela diz para não fazermos? Sabiam que as duas personalidades que inspiraram a música morreram no ano passado --de velhice?

Conheça um pouco mais sobre duas personalidades tristemente importantes na cultura britânica do século 20 ouvindo Deep Purple e lendo o Purpendicular.



Morreu em novembro a professora britânica Mary Whitehouse, uma ferrenha moralista inglesa dos anos 70. Aos 91 anos, informava o "The Guardian" de 24/11. A, hã, simpática vovó aí em cima foi a fundadora da "National Viewers and Listeners Association", uma Senhoras de Santana inglesa. Para terem uma idéia da simpatia da véia, vejam o subtítulo do editorial do Guardian sobre a morte: "Nós não merecíamos Mary Whitehouse".

"Mary Long é uma hipócrita. Ela faz todas as coisas que diz para não fazermos." Esse era o começo da letra de "Mary Long", do disco "Who Do We Think We Are" (1973). A canção era um libelo contra a censura moralista da Inglaterra do começo dos anos 70. O nome era composto por MARY Whitehouse e Lord LONGford. "Auto-escolhidos guardiães da moral pública", classifica Ian Gillan, o compositor da música. Gillan, na letra, chegava ao requinte de fazer uma sugestão sobre o que ela deveria fazer: "vai procurar teu amigo caralho, cava um buraco em ti e pula em cima dele". A tradução é livre.

A segunda metade da letra, lorde Frank Longford, morreu em agosto do ano passado, aos 95 anos, e também mereceu um obituário do Guardian, sem editorial. Para vocês terem uma idéia de quem era a figura, Longford foi padrinho de casamento do sequestrador Charles Bronson e tinha o costume de visitar prisões desde os anos 30. Não, não como hóspede: ele lutava pelo direito de os presos incompreendidos serem ouvidos. Até hoje permanece inédito um manuscrito escrito por esse tiozinho aí da foto, cujo singelo título é "Hitler -- ele não pode ter sido tão mau, pode?" Apesar disso, ele se dizia socialista e católico, fervoroso em ambas as crenças como um certo governador bigodudo que eu conheço.

"Eles eram os fascistas politicamente corretos e conscientes da publicidade naqueles dias; não mudou muito hoje, exceto pelo fato de os atuais soldadinhos do passo certo usarem a palavra 'não-apropriado'", escreveu Gillan em uma explicação da letra. Ele termina a explicação com a melhor frase sobre moralismo que já li na vida: "há e sempre houve um sinistro bafo de hipocrisia emanando do púlpito dos pios." Tanto pios de direita quanto pios de esquerda; tanto os religiosos como os laicos, percebam --púlpito nem sempre é um palco na frente da cruz.

Mary e Long metiam o dedo em tudo. Principalmente nos roteiros da BBC, emissora pública britânica (Mary told Johnny not to write such trash, she said it was a waste of public money...). Mrs. Whitehouse ficou na ativa até o ano passado, apesar de estar oficialmente aposentada desde 1984 (juro que é só coincidência, acho). Lord Longford também continuou cumprindo sua tarefa cristã de visitar os presos até meses antes de sua morte, e até lançou um diário sobre suas andanças pelo mundo do sol quadrado.

Não seria exagero, acho, dizer que eles abriram o caminho do conservadorismo de Maggie Thatcher (Thatcher! Thatcher! Milk snatcher!), outra professorinha sinistra que passou a tomar conta do país a partir de 1979.

Mas a figura mais odiada era a tia Whitehouse. Na descrição do Guardian, ela era "uma personalidade pública única, que brilhantemente usou e manipulou a BBC e outros meios de comunicação, apenas para castigá-los. Seu sorriso metálico e benevolente, óculos barrocos e frases prontas a tornaram mais conhecida que muitos ministros de Estado."

Ela começou a agir em 1963. Professora de artes e de educação sexual, ficou escandalizada quando viu um casal de alunos fazendo de conta que estava trepando. "Eles disseram a ela que estavam imitando Christine Keeler e Mandy Rice-Davis, que haviam visto na TV." O Guardian, em artigo de Richard Hoggart, afirma que os argumentos válidos dela se perdiam em uma obsessão por sexo.

Dave Hodgkinson, editor do site oficial do Deep Purple, ao registrar a morte de Mary Whitehouse, informou: o lorde Frank Longford, que inspirou a segunda metade de "Mary Long", morreu aos 95 anos em agosto de 2001.

No texto matreiro do Dave:

"Há algumas semanas, Mary Whitehouse, terror dos pornógrafos e praticamente qualquer um que não se enquadrasse em sua conformidade de mente estreita, levou sua última reclamação a seu criador aos 91 anos. Lord Longford, a outra metade da música, bateu as botas aos 95 anos em agosto. Eles viveram muito ou foi só impressão?"

Em homenagem a esses personagens da infame história da censura, o Purpendicular publica a letra completa de Mary Long, no original. Adeus, Mary. Adeus, Long. Já vão tarde.

Mary Long
(Blackmore, Gillan, Glover, Lord, Paice)

Mary Long is a hypocrite
She does all the things that she tells us not to do
Selling filth from a corner shop
And knitting patterns to the high street queue
She paints roses even makes 'em smell good
And then she draws titties on the khazi wall
Drowns kittens just to get a thrill
And writes sermons in the Sunday Chronicle

How did you lose your virginity, Mary Long?
When will you lose your stupidity, Mary Long?

Mary told Johnny not to write such trash
Said it was a waste of public money
She made a fuss they made apologies
But everybody thought the show was funny
When the nation knew you had children
It came as such a surprise
We really didn't know you'd had it in you
How you did it we can only surmise

How did you lose your virginity, Mary Long?
When will you lose your stupidity, Mary Long?

Mary Long you're not alone
But you're a long way behind our times
What we do in full frontal view
Is more honest than your clean up mind
What I'm saying Mary Long is
When you can spare a minute
Go find your friend the Porny Lord
Dig yourself a hole and jump in it

How did you lose your virginity, Mary Long?
When will you lose your stupidity, Mary Long?

Deep Purple no The Times

O jornal "The Times", de Londres, publicou na quinta-feira uma resenha muito simpática sobre o show em Brighton, no dia 19. O Gillan estava visivelmente gripado, mas sua voz ainda estava boa --e a simpatia dele sempre ajuda. O show mereceu quatro estrelas, faltando apenas uma para obter a cotação máxima do jornal inglês, um dos mais importantes do mundo.

Traduzo abaixo a íntegra da resenha, assinada por Paul Sexton:



Deep Purple
by Paul Sexton
Rock: Brighton Centre


"ESTE é um aniversário", disse Ian Gillan, sério, antes que o Deep Purple tocasse um bis com Hush. "Fazem exatamente cem anos que gravamos esta música." Primeira regra da comédia do hard rock: faça suas piadas autodepreciativas primeiro. Ele exagerou um pouco, mas Hush é tão velha que é anterior ao reinado do frontman Gillan e do baixista Roger Glover no Purple, e isso já tem 33 anos. É estranho então que, enquanto os soldados rasos da invasão americana do nu-rock triunfam de cabo a rabo na Grã-Bretanha, o retorno de velhos e grisalhos roqueiros como esses, que começaram toda essa história de cabelo comprido e de sacudir a cabeça, mal e mal registre um aceno da mídia.

À parte de tudo, Gillan deve ter desafiado ordens médicas para aparecer. Uma tosse forte fazia com que ele precisasse de constante atenção no meio da música, mas ele nunca resmungava e até mesmo aproveitava o momento para fazer mais graça ("vou agora para trás da tela para preparar um pequeno truque").

Os Purps estão, como dizem os americanos, em um lugar muito mais alegre atualmente, desde que Ritchie Blackmore foi substituído pelo americano Steve Morse, um modelo de eletricidade potente e disciplinada. Seu momento desgarrado veio em uma farra de riffs famosos, de Peter Gunn até Layla, inevitavelmente preparando a entrada do Deep Purple naquele ícone musculoso, Smoke on the Water. Sim, eles ainda a tocam e, sim, sem elogios gratuitos, ela ainda eletriza. O truque do Purple, agora e sempre, é a coalizão de uma guitarra ágil mas econômica, os vocais elásticos de Gillan e os maravilhosos motivos barrocos do teclado de Jon Lord, enquanto o baixo de Roger Glover e a bateria de Ian Paice mantêm a bem-azeitada casa das máquinas rodando. A mistura estava no ponto em Black Night, Perfect Strangers e outras peças como No One Came e Mary Long, esta escrita a respeito de dois detratores dos dias mais controversos do Purple, Mary Whitehouse e Lord Longford.

Em um certo ponto, um fã que veio para a frente do palco para apertar mãos, correu como se tivesse ganho o campeonato de Wembley só porque havia tocado a perna de Roger Glover. É essa a afeição ainda engendrada por esses cinco articulados artesãos, a maior parte deles em seus cinqüenta e poucos anos, que têm a aparência de quem ainda curte tomar uma cerveja juntos.

domingo, 24 de fevereiro de 2002

Feia mesmo

Cancelaram toda a turnê do Deep Purple pelo Reino Unido por causa da gripe do Gillan. A coisa é feia mesmo --o homem não tem condição de cantar, e ele andou abusando da voz nas três primeiras apresentações. Os shows serão remarcados, mas as possíveis datas divergem: para a DPAS, pode ser em abril, depois da turnê russa, enquanto o THS aposta em setembro. Quando houver novas datas, elas certamente estarão no The Highway Star e na Deep Purple Appreciation Society.

Sexta, no Hammersmith Apollo, a voz dele estava terrível. "O som estava excelente, mas mostrou realmente o quanto Ian estava lutando [para conseguir cantar]", diz Andy Harman. Depois de Child in Time, foi a vez de When a Blind Man Cries sair do repertório daquela noite. Segundo Andy, o show foi filmado mas "será inútil em termos de qualquer lançamento comercial". Segundo Annie Graham, Gillan "fez um trabalho fantástico em tocar o show para a frente quando era claro que sua voz estava sofrendo".

Hey, Ian, get well soon, please! And post something at Caramba to tell us how you are doing.

sábado, 23 de fevereiro de 2002

Gripe realmente feia

A gripe do Gillan está realmente feia. O Deep Purple cancelou os shows de Londres, deste sábado, e de Birmingham, deste domingo. Ainda não foram marcadas as novas datas. O site oficial da banda recomenda que quem for aos próximos shows da turnê britânica telefone antes para confirmar se vai ou não ter show.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2002

Sem Child in Time

Mestre Gillan desistiu de cantar Child in Time, pelo menos por enquanto. A voz dele não anda das melhores, ele ainda não se recuperou da gripe. Nem entrevistas o produtor tem deixado ele dar.

No show do dia 19, em Brighton, diz que um bebum berrou pedindo para ele cantar Child in Time. A resposta do mestre:

-- Alguém na platéia pode atirar um peixe nele?

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2002

Concerto na Austrália

Perguntei ao maestro Paul Mann, no fórum do Deep Purple, como foi a nova versão do Concerto para Grupo e Orquestra apresentada em Brisbane, na Austrália. Pela primeira vez, a obra foi apresentada sem nenhum membro do Deep Purple presente. Foram usadas duas bandas locais. Jon Lord, compositor do Concerto, pensava em ir, mas ele está na turnê da Inglaterra. Vejam o relato do maestro:

"A Austrália estava realmente maravilhosa, obrigado. A banda, um jovem grupo de Brisbane chamado "George", realmente fez algo próprio com a peça. A orquestra também estava excepcional, ótima para trabalhar, a tudo isso colaborou para ser o melhor início possível para a vida do Concerto depois do Deep Purple. Só estou esperando pelos mixes das gravações para levar ao Jon --tenho certeza de que ele vai ficar muito impressionado com o novo olhar da banda sobre o material, que soou muito diferente do que eu estava acostumado a ouvir, mas ao mesmo tempo totalmente convincente em seus próprios termos. Doug [um dos editores do site do Deep Purple] me pediu para escrever um pequeno relato para o The Highway Star, o que devo fazer nos próximos dias, e lá vou dar um pouco mais de detalhes. No momento, as gravações são apenas para nosso uso, mas espero que eles obtenham todas as autorizações necessárias em algum ponto para que possam lançar propriamente o material."

Analogias

"Penso no Deep Purple como um belo jantar. Jon, Roger e o pequeno Ian (Paice) no meio, e eu e Blackmore como o garfo e a faca, cada um de um lado."

IAN GILLAN, na sua autobiografia (terminei ontem), sobre os motivos da saída do guitarrista Ritchie Blackmore da banda

Gillan de volta

Mesmo gripado, mestre Ian Gillan voltou aos palcos na segunda-feira e na terça. As últimas resenhas têm elogiado o instrumental das músicas, mas relatam que ele está rouco e com uma tosse feia, daquelas que aqui no Sul chamamos de "tosse de cachorro". Isso detona qualquer voz.

Child in Time, pelo menos por enquanto, foi retirada do setlist.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2002

Gillan doente

Steve Campbell, o mestre-teia do Caramba! e o mais próximo assessor do Gillan que eu conheço, responde uma mensagem minha da seguinte forma:

"Sim, Gillan pegou uma gripe. Cada um da banda foi pego, um de cada vez. Mas Ian teve uma febre muito alta, e somente pela segunda vez em uma carreira de 40 anos ele cancelou ou adiou um show. Estive com ele antes e depois do mais recente show, em Bournemouth, e qualquer um com menos compromisso com sua música e fãs teria cancelado. Ele não cancelou, apenas adiou. Isso diz muito sobre ele, não acha?"

Claro que acho!

Paul Mann: o que Metallica faz é 'importantite'

Paul Mann, o maestro que regeu o Concerto para Grupo e Orquestra no mundo inteiro, vai reger a primeira apresentação do Concerto sem o Deep Purple, na Austrália. Isso, dizem alguns, coloca Jon Lord (que compôs o Concerto) no mesmo patamar de um Beethoven moderno.

Ele deu uma entrevista para um site australiano e fez alguns comentários sobre as diferenças entre um trabalho do porte do Concerto (composto fundindo a musicalidade da banda e a da orquestra) e coisas como o Mettallica fez, de colocar a orquestra para fazer um pano de fundo para suas músicas. Vejam as observações do maestro da London Symphony Orchestra:

"Sobre o negócio do Metallica, admito que acho ser um caso do que você pode chamar de 'importantite'. Uma banda que apenas usa uma orquestra como um apoio de luxo, mas sem que isso adicione muita coisa ao material. Acho que escolhemos (na turnê com o Deep Purple, em que a orquestra fez o fundo de algumas) músicas que ganharam uma dimensão completamente nova com o uso da orquestra, ao lado, claro, da forma como o Concerto explora a relação entre os dois mundos."

domingo, 17 de fevereiro de 2002

Clássicos Purpendicular 1 - California Jam



O ano é 1974. O mês, abril. Meses antes, o Deep Purple havia inaugurado sua terceira formação: mantinha o tripé original (Blackmore, Lord e Paice) e apresentava seus dois novos membros, David Coverdale (voz, no lugar de Ian Gillan) e Glenn Hughes (baixo, voz e gritinhos, no lugar de Roger Glover). São os primeiros meses da famosa Mark 3, que gravou os discos "Burn" e "Stormbringer".

Depois de algumas apresentações na Inglaterra, inclusive na BBC --onde eles gravaram o disco Live in London, lançado em 1980--, o Deep Purple foi convidado para tocar no festival California Jam, em 6.abr.1974 --com a fantástica duração de 12 horas!!! Outras bandas poderosas que estariam lá: Black Sabbath, ELP, Eagles. Mas o Deep Purple seria o principal.

Mais de 200 mil fãs estavam na platéia (eram esperados no máximo 60 mil). Todos queriam ver a estréia do "novo Deep Purple", depois do fim da mais perfeita formação deles, aquela com o Gillan e o Hughes. Todos os membros estavam no topo de sua energia: Jon Lord, o mais velho de todos, tinha apenas 32 anos. Coverdale e Hughes, os mais jovens, estavam excitadíssimos com o estrelato e com a primeira vez em que pisavam em solo americano.

O setlist foi mais ou menos o mesmo do Live in London: Burn (com Hughes gritando "You know we had no tiiiiiiime!!! Aaah, aaah, aaah, aaaah!!!"), Might Just Take Your Life, Smoke on the Water (num esquema de jogral). Algumas cenas interessantes: Coverdale literalmente comendo mosca, uma interação simpática entre Hughes e Lord (dois anos depois, Lord "roubaria" a ex-namorada de Hughes, mas essa é outra história), Hughes tocando seu baixo e dando gritinhos. Mas a coisa ficou realmente quente depois, durante Space Truckin'.

A música era, desde os tempos de Gillan, o veículo para os solos de cada um deles. Todos faziam performances quase literalmente pirotécnicas, de quase meia hora (um amigo meu, na época do vinil, dizia que não tinha curiosidade de ouvir o Purple porque alguns discos --como o Made in Japan-- tinham "só uma música num dos lados").

Naquele dia, Blackmore se estranhou com os jornalistas, que estavam lá embaixo na platéia, bem na frente do palco. Eles queriam ângulo para tirar fotos dele, e ele só fazia caretas. Para complicar, um câmera da TV americana ABC estava lá em cima do palco querendo pegar também o melhor ângulo.

Lá pelo 17º minuto da música, ele começou seu verdadeiro show.

Quebrou duas guitarras e as atirou violentamente nos jornalistas. Bateu violentamente numa câmera com sua guitarra. Dançou sobre as cordas de guitarras inteiras e quebradas. Fez uma barulheira dos infernos. Até que o verdadeiro lance pirotécnico foi tentado.

Quando foi buscar sua terceira guitarra, Blackmore cochichou meia dúzia de palavras com um dos roadies da banda, e se posicionou. Inocentemente, começou a tocar sua guitarra e a caminhar para a frente de um grande amplificador. Lá na frente, começou a dançar sobre as cordas da guitarra.

O técnico jogou gasolina lá dentro, jogou um fósforo e...



Essa é uma das cenas mais lindas da história do rock. Merece ser vista em vídeo. O clipe dessa parte em especial pode ser baixado clicando aqui.

Blackmore ficou fazendo coreografias na frente do fogo, até que foi retirado de lá pelos bombeiros. Mais tarde, passou a jogar os amplificadores queimados nos jornalistas também.

Depois ele pegou outra guitarra e tocou mais um pouco até o final da música. Mas os caras do Deep Purple, todos, tiveram que ser tirados do palco de helicóptero, logo depois do show. Para não serem presos.

O show está disponível em vídeo e em CD --este lançado em 1996. Prefira o vídeo, já que o CD tem no final uns 15 minutos de barulheira completamente sem sentido... só faz sentido com a imagem junto. A vantagem do CD é o sempre providencial livretinho escrito pelo Simon Robinson, o homem que mais entende de Deep Purple no mundo.

Cancelamento

Mestre Gillan tá com tosse. Talvez porque ele decidiu cantar "Child in Time" nesta turnê, pela primeira vez desde 1993 (quando ele cantava bem matada). O pessoal andou elogiando a interpretação dele, mas junte o esforço vocal com a música e o frio do inverno inglês e...

...eles são obrigados a cancelar um show. O concerto de hoje, em Birmingham, foi adiado para o dia 24 devido a "problemas de saúde".

Na noite anterior, em Liverpool, ele não havia cantado nem "When a Blind Man Cries" e nem "Child in Time". Também não fez aquela brincadeirinha de duelo com a guitarra do Steve Morse.

Quando um insensível das primeiras filas gritou "CANTA CHILD IN TIME!!!" ele deu uma olhadinha meio incômoda para o cara e respondeu:

-- Yeah, right.

O povo está muito empolgado com a volta da música ao setlist. Às vezes, até demais.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2002

Manchetinha capciosa!

Vovôs do rock balançam Sheffield

De um pôster da edição de hoje do jornal The Star, de Sheffield, onde o Deep Purple tocou ontem. Cheers and um grande abraço to Simon Robinson, from the Deep Purple Appreciation Society, who posted the news at his website. Simon, o cara que mais entende de Deep Purple neste mundo, prometeu roubar um dos pôsteres para botar no site.

Droga. Era verdade.

Jon Lord vai mesmo se aposentar depois da turnê atual do Deep Purple, informa o site da Deep Purple Appreciation Society. Mestre Ian Gillan confirmou para uma rádio inglesa. A DPAS informa: "Já havíamos sido informados disso antes da turnê --e por isso avisamos a todos para ir a tantos shows quantos fossem possíveis--, mas não quisemos avisar antes esperando que a notícia estivesse errada."

Gillan já havia sido ambíguo sobre o assunto em seu site, quando respondeu de forma ambígua a uma pergunta sobre Jon Lord. Ele disse que o Deep Purple vai continuar, com ou sem o glorioso tecladista.

Jon Lord está com 60 anos e no ano passado deixou a turnê por alguns meses para operar o joelho. Há alguns anos, avisou que ia se aposentar aos 60 anos de idade. É uma perda irreparável, e eu não vou me perdoar se não ver pelo menos um show desta turnê do Deep Purple.

O mestre foi um dos fundadores do Deep Purple, em 1968. Ele, o guitarrista Ritchie Blackmore e o baterista Chris Curtis (que logo desapareceu e foi substituído por Ian Paice, que está lá até hoje) tinham a idéia de formar um "carrossel" musical em torno do som deles. Em um ano, evoluíram de covers dos Beatles e Jimi Hendrix para criações que misturavam o rock à música clássica e barroca.

Em 1969, o carrossel girou e eles expulsaram o vocalista e o baixista, contratando Gillan e Roger Glover. Apresentaram um concerto para grupo e orquestra e criaram algo parecido com um proto-heavy metal (seu disco de 1970, "In Rock", é muito mais pesado que os do Black Sabbath e do Led Zeppelin da mesma época).

Jon Lord sempre esteve lá. Seja no rock-60 da primeira formação, seja no proto-heavy metal da segunda, no rock'n'roll superstar da terceira, no rock com pitadas de funk da quarta, ou mesmo no hard rock da reunião e da fase ruinzinha do Joe Lynn Turner... e ele está lá na mais recente formação, com o guitarrista Steve Morse, com toda a força.

O Deep Purple sem o Jon Lord vai ser bom, claro. Mas não vai ser o mesmo. Jon Lord é o som do Deep Purple.

Querem saber mais sobre como o Jon Lord é um pusta músico, escrito por alguém que realmente entende de música? Quem espiquíngres deve ler este artigo, escrito por um cara da Malcolm Arnold Society. Essa sociedade se reúne em torno da obra do maestro Malcolm Arnold, que entre outras coisas compôs aquela musiquinha da Ponte do Rio Kwai (lembram dos assovios?). Ele e Lord trabalharam juntos para compor dois concertos, e este artigo descreve a carreira e a técnica de Lord.

Boa leitura.

Questionário Proust

No melhor estilo Mário Sérgio Conti, Rosanna Greenstreet entrevistou Ian Gillan para o The Guardian. Vejam o que ele tem a dizer:

Qual é sua idéia de perfeita alegria?
Ganhar o Derby com Phil Banfield me montando (ele é meu empresário).

Qual é seu maior medo?
Altura.

Com qual figura histórica você mais se identifica?
Osama Bin Laden -- eu costumava usar cabelo comprido.

Que pessoa viva você mais admira?
Minha esposa, ela é linda.

Qual foi seu momento mais embaraçoso?
Rolar numa cama de urtigas num espasmo de paixão juvenil, depois sair gritando pelos campos, deixando para trás um olhar que nunca mais vi no rosto de uma mulher.

O que você menos gosta em sua aparência?
Meu peito de barril. Pareço magro de frente, mas sou grande dos lados.

Qual é sua maior extravagância?
Deep Purple.

Que objetos você sempre carrega com você?
Um lenço (você não odeia quando as pessoas espirram na sua cara?) e meus óculos de leitura.

Qual é sua jornada favorita?
'Flying through the night in a beat-up wagon with a mike stand up my jacksie' ("voar pela noite em um vagão destruído com um pedestal de microfone na minha frente", primeiro verso da música "69"). E qualquer turnê de rock'n'roll, na verdade.

A família real deve ser derrubada? (O Guardian move uma campanha contra a continuidade da realeza)
Ainda não: com sorte eles se tocam e saem sozinhos.

Você acredita na pena capital?
Absolutamente não.

Que ou quem é o maior amor de sua vida?
Minhas famílias, tanto pessoal quanto profissonal.

Que palavras ou frases você mais usa?
Alguém viu meus óculos/carteira/cigarros/carro/hotel?

De que você mais se arrepende?
De não ter ido encontrar Elvis com os outros caras depois de um show em Las Vegas. O jovem Elvis era um herói meu, e eu não queria quebrar o encanto.

Como você gostaria de morrer?
Misteriosamente.

UMA RESENHA

O Guardian também dedicou uma resenha à turnê britânica do Purple. Entre outras gracinhas, como "antes do nu-metal e do velho heavy metal havia o Deep Purple", ou "há algo de mau gosto em uma turma de homens ricos de meia-idade tocando hard rock", o Guardian solta um julgamento bastante interessante sobre eles: "só um ato do parlamento pode fazer o Deep Purple desistir de tocar até cair". Ouviu, Jon Lord?

O show mereceu três estrelas na cotação do jornal.

Eles estão de volta

"Eu não podia acreditar que o Deep Purple estava vindo para minha cidade, e aqui estava eu indo para vê-los. Eu esperei só 23 anos por isso. Eles simplesmente botaram a casa abaixo. Ian ainda atinge as notas mais agudas, e a guitarra de Steve, uau! Ele a faz cantar, ele a faz falar! Esse cara pode ensinar uma ou duas coisinhas ao Ritchie Blackmore. Eu estava totalmente embasbacado, e tive uma noite brilhante, como todo mundo lá. Ian disse que essa era a primeira vez em que eles cantavam Child in Time ao vivo nos últimos dez anos! [Mentira. Tenho um registro em vídeo de 1993, e na noite anterior eles também tocaram.] Sinto-me verdadeiramente honrado de ter estado lá, e se você tiver chance de vê-los, VÁ!!!!!"

Dos Purple Forums; a foto, tirada no dia 5, é do site oficial do grupo.

Quer mais? Simon Robinson, o cabeça da Deep Purple Appreciation Society e um dos caras que mais entendem de Deep Purple no mundo inteiro, colocou no ar a primeira resenha de um show desta turnê --Grimsby, ontem à noite. E informa: depois do Reino Unido, os mestres vão à Rússia e ao Sudeste Asiático.

Parece que não foi desta vez

O Deep Purple começou ontem, em Dublin (Irlanda) sua nova turnê. A despeito de todas as indicações, insinuações, boatos e silêncios, o tecladista Jon Lord estava lá. "Quieto, mas estava", disse um dos que estiveram no show.

Não foi desta vez que o Deep Purple as we know it acabou. Mas isso não impede a Deep Purple Appreciation Society de nomear a foto dele (essa que eu coloquei aí do lado) como "missing", ou "desaparecido". Havia meses que ele não dava sinal de vida, não respondia e-mails...

Episódio Seis


Não. Essa turma aí em cima não é o casting do filme do Scooby-Doo, apesar de parecer muito. É o conjunto Episode Six, uma competente banda de rock inglês do final dos anos 60.

Durou de 1964 a 1969, e gravou coisas muito interessantes, como a instrumental "Mozart Versus The Rest" --uma brincadeirinha extremamente rápida com a guitarra correndo por tons clássicos-- e uma versão muito simpática de "Here, There and Everywhere", que tenho ouvido sem parar. Claro que tem coisas próprias também: "Mighty Morris Ten", que parece coisa dos Beach Boys; "Love, Hate, Revenge", que tem uma cadência meio militar com toques de Mammas and the Papas.

Som de primeira, para curtir numa boa. Não sei se dá para ficar fã, mas dá para a família inteira escutar com um sorriso no rosto, sem se chatear nem uma vez. Pena que o primeiro CD completo deles só foi sair em 1994, 25 anos depois do final da banda (e ainda assim com a sugestiva citação na capa do CD ao nome de uma banda em que dois de seus membros fizeram sucesso depois do fim do Episode --"The Complete Episode Six -- The Roots of..."). Até então, eles só tinham lançado singles.

O cantor do grupo, competentíssimo, era um guri desconhecido, de uns 20 anos. Ian era o nome dele (e continua sendo, mesmo depois de mais de 30 anos de estrelato). Outro cara que eu já admirava antes é o Rog, que tocava baixo no Episode Six e escrevia algumas letras. O cara é muito competente. Tirando os dois, que eu já conhecia de outros cantos, os outros ficaram praticamente desconhecidos depois. Especialmente a tecladista e cantora Sheila Carter --a última incursão dela no mundo da música foi selecionar as faixas para um dos lançamentos do Episode Six.

É fantástico descobrir músicas "novas".

Pra começar...

Este blog vai tratar EXCLUSIVAMENTE de Deep Purple, e os incomodados que vão lá para o meu outro blog. Prometo falar menos dos mestres por lá. Vou transferir para este blog todos os posts que eu encontrar sobre eles. Prometo!!!