quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Um conto de Natal

 Nesta noite, sonhei que estava dando bronca no Ian Gillan. Bronca mesmo, dessas de o mestre fazer cara de cachorro com a cauda entre as pernas.

"Porra, Ian. Eu sei que não tem mais jeito de você tocar com o Blackmore. Pena, eu queria ter visto pessoalmente vocês dois tocando juntos, mas entendo que o cara é difícil. Você também não é fácil. Só que eu acho que você devia retribuir o favor a ele", eu disse. "Sabe como é, Natal."

Perto da véspera do Natal de 1978, Ian Gillan já estava fora do Deep Purple havia cinco anos, e a banda estava acabada havia dois. Era tarde da noite e o cantor estava em casa se abrigando da neve que caía lá fora quando ouviu batidos na porta.

"Lá, de pé, a uns dois ou três passos, estava o guitarrista com seu chapéu bobo de peregrino", escreveu Gillan em sua biografia.

-- O que você quer? - perguntou Gillan.

-- Estou procurando um cantor - respondeu Blackmore.

Após o convite para entrar, Blackmore perguntou se podia levar a então patroa Amy Rothman pra participar da visita. Claro que podia. A preocupação de Blackmore era evitar que a mulher estivesse por perto caso Gillan ficasse agressivo. Que nada: segundo uma entrevista de Blackmore, Gillan repetia: "Rich, estou tão feliz. Tô alegre pra caralho de você estar aqui."

Seguiu-se uma conversa agradável. Os dois secaram uma garrafa de vodca e tentaram contratar um ao outro para suas respectivas bandas. Estavam os dois fazendo mudanças no Rainbow e na Ian Gillan Band, enfim.

A Ian Gillan Band era uma banda diferente. Tocava uma espécie de jazz-rock, muito elaborada, e fazia o circuito das universidades inglesas. Estava feliz sendo pequeno. Tocava o que queria, para quem quisesse ouvir. Dificilmente dava muita gente, mas azar. Já Blackmore queria o contrário: ele queria diversão e bolo, queria tudo e mais um pouco, como cantava o Nei Lisboa. Queria juntar a direção pop do Rainbow com o peso do nome do ex-colega. Glover já estava a bordo.

Quando viram que não poderiam contratar um ao outro, Blackmore deu o presente de Natal de Ian Gillan. Foi um conselho:

"Ian, você está fazendo tudo errado. Devia estar tocando era nos grandes estádios."

Blackmore topou dar uma canja num show do Gillan, no Marquee. Lucille, Woman From Tokyo e - salvo engano - Smoke on the Water. Não há vídeo, mas há áudio:




A banda do Gillan estava mudando, assumindo um som mais pesado e inclusive cortando duas palavras do seu nome. Poucos meses depois, entrariam a bordo o guitarrista Bernie Tormé e o baterista Mick Underwood - aliás, ex-colega de Gillan no Episode Six e o sujeito que falou de Gillan para o Blackmore uma década antes.

Desde o primeiro disco dessa formação, "Mr. Universe", a banda foi com fome ao pomar e quebrou tudo. De todas as bandas de ex-membros que surgiram após o final do Deep Purple, foi certamente uma das mais interessantes. Seguindo o conselho de Blackmore, eles foram com sede aos grandes estádios.


Troquei mensagens de final de ano hoje com Tormé e Underwood, no Facebook. Os dois têm excelentes lembranças das turnês da banda, especialmente dos festivais de Reading.

A banda acabou sendo desmanchada por causa da volta iminente de Gillan para o Deep Purple, lá por 1982. Mais ou menos por essa época, chegou a haver reuniões pra tentar bater o martelo na volta do Purple. Demoraria ainda mais um pouco, mas resta uma foto da segunda canja de Blackmore com a banda do Gillan:


Gillan foi fazer uma cirurgia nas cordas vocais, e ao se recuperar foi passar uns meses no Black Sabbath pra depois pular para a volta do Deep Purple. Isso, somado a problemas com grana, fez com que os músicos da Gillan nutrissem uma raiva do ex-chefe pelas três décadas seguintes.

Meu desejo de Natal é que Gillan fosse retribuir o favor a Blackmore. Batesse na porta do castelo dele, sei lá, pegasse um copo e dissesse:

"Ritchie, você está fazendo tudo errado. Devia estar tocando era nos grandes estádios."

Não precisa nem se vestir de figurante do Senhor dos Anéis pra dar canja na banda do ex-colega. Não precisa nem convidar pra tocar junto - não deu certo da segunda vez, não deu certo ainda mais rápido da terceira vez, dificilmente daria certo uma quarta vez.

Mas será uma pena se dois dos músicos que eu mais admiro no mundo - dois músicos tão marcantes na vida um do outro que vivem se mencionando em entrevistas e biografias - deixarem os anos que lhes restam passarem sem voltarem a conversar uma vez que seja. Cresçam, seus velhos malas. *risos*

Aos amigos que leem o Purpendicular, um excelente final de ano. Em 2012, o Purpendicular faz 10 anos. Espero conseguir manter um ritmo de atualizações melhor do que o de 2011.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Caseiro que roubou US$ 287 mil de Coverdale vai em cana

David Coverdale não é Antonio Palocci, mas também arrumou problemas com um caseiro. Ao contrário do ex-ministro, porém, a razão está do lado de Coverdale.

Eric Hosner foi caseiro de Coverdale em Lake Tahoe a partir de 2009, nessa casa aí da foto. Ele teria enviado cobranças fraudulentas ao contador do cantor - recebendo indevidamente US$ 287 mil.

A Justiça condenou Hosner a seis meses de prisão e à devolução de US$ 70 mil. O roubo foi descoberto em março deste ano por um consultor financeiro de Coverdale, e Hosner está preso desde então.

No relato do Reno Gazette-Journal:

"Ele era tratado como se fosse da família, com o casal comemorando seu aniversário e dando dinheiro pra pagar o casamento dele, mas ele ainda assim roubou, disse Cindy Coverdale".

Chega de tristeza. Veja abaixo uma aula de pole dance da patroa do velho Cobra Branca:

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Oh, Aranea, you're so divine

Nasceu a segunda neta de Roger Glover, segunda filha da cantora Gillian Glover. Chama-se Aranea, segundo o orgulhoso vovô. O nome tem tantas implicações musicais e familiares que é impossível não escrever um post a respeito.

"Aranea" é uma faixa do disco Butterfly Ball, composto por Glover depois de sua saída do Deep Purple. O disco é um musical em torno de um popular livro infantil inglês, com ilustrações clássicas. Glover escreveu uma música para cada personagem e chamou seus amigos para gravar. Ronnie James Dio pôs a voz na faixa mais conhecida, "Love is All", e na arrepiante "Sitting in a Dream". David Coverdale cantou "Behind the Smile". Glenn Hughes soltou os pulmões em "Get Ready". Jon Lord fez os teclados, junto com Tony Ashton.

Quando foram apresentar a obra ao vivo, no Royal Albert Hall, isso virou uma grande celebração da família Deep Purple. Em nenhum outro show da banda você veria Glover tocando baixo ao lado de David Coverdale, por exemplo. E foi nessa apresentação que Ian Gillan saiu da toca depois de dois anos, cantando "Sitting in a Dream". Dio não pôde participar do show porque o chefe dele era um tal de Ritchie Blackmore. E a apresentação de Hughes foi como que um teste depois de um surto químico, pra ver se ele ainda conseguia se apresentar antes da turnê mundial da Mk4. Que, aliás, seria a última da primeira grande era do Purple.

Uma das faixas, "Aranea", foi composta especialmente para Judi Kuhl - então mulher de Glover. Ao cantar no Royal Albert Hall, ela exibia uma barriguinha grávida. Dentro dela estava Gillian Glover, a orgulhosa mãe de Aranea. Com uma cajadada só, Gillian ao escolher o nome da filha homenageou seu pai, sua mãe e a primeira vez em que pisou no palco. Veja aqui embaixo:


O fim desse show acabou virando uma emocionante festa da família do Deep Purple:

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Cinco bravos jovens sem respeito por limites

Mestre Jon Lord colocou em seu site a carta que Ian Paice leu no mês passado, quando o Deep Purple ganhou da revista Classic Rock o prêmio de inovadores. Nela, ele definiu tudo o que eu admiro no Deep Purple, especialmente na Mk2:

"Agradeço do fundo do coração este prêmio, por reconhecer que aquilo que fizemos - quando éramos apenas cinco bravos jovens sem respeito por limites mas um amor dedicado por escrever e tocar música - era de fato inovador. Também era alto, grave e sujo, subversivo e perigoso, intrincado ainda que muitas vezes enganosamente simples, muito empolgante de tocar e acima de tudo mais era uma diversão espantosamente boa. E, sim, nós 'dançamos e cantamos e subimos ao topo da montanha' [trecho de No One Came]. Ah, foi mesmo. Agradeço do fundo do coração, também, aos cavalheiros no palco por fazerem parte da mudança na minha vida e por tocarem como heróis. Ah, e por favor não esqueçam de quem foi o primeiro a forçar vocês a tocar com uma orquestra!"

Aniversário no palco

Roger Glover fez aniversário anteontem, no meio de um show na Alemanha. Com direito a orquestra tocando parabéns.



Já mandei os parabéns no blog dele, onde ele anuncia que será avô pela segunda vez. Gillian Glover, sua filha cantora, teve o primeiro filho em 2009 e já encomendou o segundo. No dia do aniversário, chegou meu exemplar do novo CD do Glover. Vou resenhar depois.

Em 1984, num dos primeiros shows da reunião do Deep Purple, também houve aniversário do mestre. Gillan pegou o microfone e anunciou - avisando que Rog pagaria drinques pra todo mundo depois do show. O @brunoalsantos lembrou de um pirata do Rainbow, de 1979, chamado "Perfect Roger's Birthday Party"

Outras comemorações no palco:

* 29 de junho de 1973. Último show de Gillan e Glover antes de deixarem o Deep Purple. Também era aniversário de Ian Paice. No meio de Space Truckin', Jon Lord deu um jeito de tocar o parabéns. Quem não sabia a data ficou achando que era algo como o Blackmore tocando Jingle Bells no meio de Wring that Neck em qualquer época do ano.



* 17 de dezembro de 1997. Pouco antes de começar o show do Deep Purple na House of Blues de Chicago, Ian Gillan pega o microfone e anuncia que tinha um momento muito especial: o casamento de Steve Morse. Entra um padre no palco e casa o Steve com Jackelyn. Detalhe fabuloso: Jon Lord toca a marcha nupcial. Só caso de papel passado nessa situação.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Roger Glover: "devemos começar a gravar o novo disco no começo do ano"

Em mensagem aos fãs em seu site, o aniversariante de hoje - ninguém menos que mestre Roger Glover - coloca mais um capítulo na novela do próximo disco do Purple. Segundo ele, houve uma conversa produtiva ao final da turnê sul-americana.
"O IG e eu fomos juntos para Frankfurt, via Caracas, e tivemos tempo de conversar sobre o próximo álbum. Foi uma conversa produtiva, e apesar de todas as coisas negativas que andam dizendo na internet, estamos entusiasmados e definitivamente trabalharemos sobre o projeto no começo do ano novo. Li em algum lugar que todas as faixas estavam finalizadas, faltando apenas o vocal. Não é verdade. Da sessão de composição no começo deste ano no estúdio El Cortijo, na Espanha (que não é do Ian Paice, como creio que alguns acreditam), temos uma dúzia de jams e ideias inacabadas para músicas - são diamantes brutos que ainda precisam ser polidos. E é isso."
A banda já tem shows marcados para fevereiro, no Canadá, e para novembro e dezembro de 2012, em vários países da Europa. Considerando que quando eles turneiam não gravam e quando gravam não turneiam, pode ser que a gravação role em janeiro. Considerando o tempo de produção, mixagem e lançamento, é possível que se o disco for gravado por janeiro saia lá por agosto ou setembro. Foi o que houve com o Bananas, por exemplo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Jon Lord reaparece!

Jon Lord saiu brevemente de seu descanso ontem. Ele reuniu vários músicos no estúdio Abbey Road e gravou aparentemente as partes de banda e voz para o Concerto for Group and Orchestra. Ele já havia anunciado que estava dando uma mexida na partitura e queria gravar em estúdio - mas isso foi antes do seu retiro. Aparentemente, a revista Classic Rock organizou tudo.

Acompanhei pelo Twitter. A coisa começou com os cantores da banda do Jon Lord, Steve Balsamo e Kasia Laska. Kasia contou que estava ansiosa porque viajaria da Polônia para Londres e feliz porque encontraria Balsamo depois de um tempo. Levantei a orelha. Vinha coisa aí - e eu confesso que fiquei apreensivo no começo.

Fiquei tranquilo quando li a manifestação do guitarrista Joe Bonamassa (que toca com o Glenn Hughes na Black Country Communion):

Thank you Scott at Classic Rock for the great hang and the wonderful Jon Lord for allowing me to play on his symphony today. What a thrill !

Steve Balsamo tirou uma foto do mestre gravando, ao lado de Bonamassa e do maestro Paul Mann. Aparenta estar com um pouco menos de cabelo, mas parece bem disposto. Em resposta a um tweet meu, Steve disse que o mestre parecia ótimo. Veja a foto:



Tenho um grande respeito pelos dois cantores do Jon Lord. Além de talentosíssimos, excelentes vozes, também são gente fina e divertidos. Quando eles vieram ao Brasil, fui entrevistar o mestre para a MTV e depois fiquei batendo papo com eles. Acabei ajudando-os a comprar uma camisetinha com patch do Deep Purple para o neto então recém-nascido do Jon Lord, na Galeria do Rock. (Tomara que tenha servido!) Desde então, sempre faço questão de dar um abraço neles no Twitter quando posso.

Que Jon Lord supere logo esses contratempos e traga esse pessoal legal pra cantar no Brasil. São meus sinceros votos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Deep Purple e a arte de viver

Fui ontem ao show do Deep Purple em São Paulo. Pela primeira vez em nove anos, fui com minha mulher. Embora não seja fã, ela conhece o repertório; afinal, são nove anos me ouvindo ouvi-los. O que ela não conhecia era o efeito que os meus mestres têm no palco. Ela saiu do show, que achou excelente, me entendendo melhor. E, por conta da presença dela, eu acabei curtindo mais as coisas em que eu não costumo prestar atenção.

Em todas as resenhas de shows do Deep Purple que eu escrevi neste blog desde 2003, procurei comentar a performance dos mestres em cada uma das músicas que eles tocaram, na ordem certinha. Desta vez, não farei isto.

Em primeiro lugar porque eu fiz questão de não anotar nada. Não queria que nada, exceto talvez algumas cabeças, estivesse entre meus olhos e o palco.

Em segundo lugar porque neste ano eu fiz questão de não olhar as resenhas dos shows anteriores, não olhar o setlist. Veja: a maior parte das escolhas, e boa parte da ordem das músicas, é possível de prever. O que foge disso é surpresa, e eu queria a surpresa. Queria assistir a um show do Deep Purple curtindo muito mais do que analisando.

Eu queria ser surpreendido. E fui, várias vezes. Entre elas:

* uma música velha - "Hard Loving Man", incrivelmente fiel a todos os solos originais;
* uma vocalização nova - "No One Came", com Ian Gillan praticamente declamando a insegurança de um músico início da carreira
* uma sombra na parede - a de Steve Morse, embaixo do telão que mostrava ele solando
* uma brincadeira de duelo entre Ian Gillan e Steve Morse, com os dois se divertindo demais
* a pachorra do Ian Paice fazendo um solo poderoso de bateria com o rosto apoiado sobre uma das mãos na hora de solar, como quem diz "ah, coisa mais fácil"


Os shows do Deep Purple são calculadamente feitos para atender a todos.

São para a minha mulher, que como a maioria dos presentes lá conhece bem as cinco músicas deles que tocam na Kiss - embora também conheça por alto o que eu ouço em casa.

São para o gurizinho de nove anos que montava na garupa do pai meio metro à minha esquerda e vibrava a cada solo com a mãozinha fazendo gestos de chifrinho.

São para o quase cinquentão gente fina com quem conversei na fila, que estava lá por gostar de música boa, não por ser especialista em Deep Purple. Quarta-feira, ele estará no Eric Clapton.

E também são pra mim, que já vi e ouvi vários shows, de todas as épocas, ao vivo e em DVD e em bootleg, e voltei aos 15 anos de idade ao ouvir "Hard Loving Man".

A única música que eu não cantei junto foi Smoke on the Water. Porque na hora eu estava dividido entre olhar para o palco e olhar para o público à minha volta, descobrindo uma grande verdade sobre a vida.

O Deep Purple faz 70 shows ao ano e essa é a única música que eles não podem deixar de tocar - porque senão o público sai decepcionado.

Ontem, Ian Paice já havia tocado essa música 1899 vezes em shows do Purple, desde primeiro de março de 1972. Roger Glover, 1738 vezes. Ian Gillan, 1681 vezes. Steve Morse, 1239 vezes. Don Airey, 822 vezes. E eles sempre, SEMPRE, tocam com um sorriso no rosto, um gás danado. Questionado se ele não enjoava, certa vez Roger Glover respondeu com outra pergunta: se você pudesse apertar um botão que fizesse milhares de pessoas felizes na hora, cansaria de apertar?

O tesão do Deep Purple em tocar Smoke on the Water toda noite é "o encanto do cotidiano", como escreveu o psicólogo Contardo Calligaris em sua coluna da Folha de semana passada. Leia o texto inteiro.

Isso é saber viver.

Um show, enfim, pode ensinar lições de vida a quem está atento. Esqueça máscaras, explosões, palcos faraônicos e outras firulas. Cinco tiozinhos fazendo o que sabem e o que gostam. Só isso? Não. TUDO isso.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

KB Hallen, onde o Purple tocou oito shows, pega fogo


Há 40 anos em dezembro, incendiava o Cassino de Montreux, onde o Deep Purple tinha ido gravar o disco que virou Machine Head. Na turnê daquele disco, no dia primeiro de março de 1972, eles fizeram seu primeiro show (o único inteiramente registrado em vídeo na Mk2) num ginásio de Copenhague, chamado KB Hallen. Foi o último show sem "Smoke on the Water", que conta a história de como o cassino suíço pegou fogo.

Pois bem: o KB Hallen também pegou fogo.

Foi na manhã de hoje em Copenhague, segundo a TV dinamarquesa. Começou com halogênio e caixas de papelão. A torre de fumaça se espalhou pela cidade, como na foto clássica do incêndio do Cassino.


Era um lugar especial para o Deep Purple, como lembra o @brunoalsantos. A banda tocou lá oito vezes, entre 1972 e 2009. Três delas tiveram Ritchie Blackmore na guitarra. A primeira foi a do DVD Machine Head Live, em 1º de março de 1972. É o único show inteiro registrado em vídeo da melhor formação do Deep Purple. Aqui, eles em pleno improviso no palco do KB Hallen:



Em 1973 eles foram duas vezes, incluindo o primeiro show da Mk3, em 9 de dezembro. Esse foi o primeiro show assistido na vida por Lars Ulrich, o baterista do Metallica. As outras cinco foram com Steve Morse: uma na Mk7, em 1998, e quatro na Mk8, em 2003, 2006, 2008 e 2009.

Em 2008, fui à Noruega a trabalho. Resolvi aproveitar o ensejo para conhecer a cidade da minha tataravó, Malmö, no sul da Suécia. Copenhague é do outro lado do Öresund, a meia hora de trem. Em Malmö mora Svante Axbacke, um dos mais dedicados fãs do Deep Purple no mundo, a quem eu já conhecia pessoalmente de quando ele veio ao Brasil em lua-de-mel. Aproveitei pra marcar um öl (cerveja) com ele.

(O que mais me espantou foi que ele estacionou sua bicicleta a duas quadras do bar, sem corrente, e quando saímos do bar ela AINDA estava lá. Se fosse no Brasil...)

No meio da conversa, contei que estava para ir a Copenhague. Ele rapidamente ligou para outro fã dedicado do Purple, Rasmus Heide, pra ver se ele podia almoçar comigo perto do KB Hallen quando eu estivesse na cidade. Quem acompanha o Deep Purple pela internet deve reconhecer os nomes: os dois são sócios-atletas do The Highway Star.

Em 18 de setembro de 2008, dia em que todos os jornais noticiavam o grande marco da crise internacional, fiz checkout no Danhostel, fui para a estação central de Copenhague e peguei os trens necessários para chegar ao KB Hallen, pra encontrar o Rasmus. Cheguei antes dele, numa pontualidade que minha mulher julgaria inédita.

Era dia de semana, era manhã, e o lugar estava fechado. Esperei chegar algum faxineiro. Quando chegou, expliquei que eu era do Brasil e tinha ido lá só pra ver o KB Hallen. Ele entendeu. Abriu a porta e tirou uma foto minha com o palco ao fundo. O mesmo palco do meu DVD favorito. Minha máquina digital estava sem bateria e eu comprei uma de filme, descartável. Mas o resultado é isto aqui:


Rasmus chegou depois. Ele, que já esteve no local algumas vezes para tomar uma cerveja com a banda, me mostrou onde era a porta por onde os artistas entravam. E a porta estava ABERTA. Se fosse no Brasil...




Tudo isso que vocês mal conseguem ver nessas porcarias de fotos foi destruído pelo incêndio. Só o que ficam são as memórias. Memórias de momentos como o começo do primeiro show do Deep Purple no KB Hallen, em que Ian Gillan pega o microfone e anuncia:

"O que temos aqui é uma música nova!
É uma do próximo álbum que está pra sair.
O álbum se chama Machine Head, e esta música deve abrir nossos shows no próximo um ano e tal.
Uma coisa chamada Highway Star. Vamos lá!"



Quase quarenta anos depois, o um ano e tal continua valendo. Highway Star geralmente abre os shows do Deep Purple em todas as turnês, e inclusive abriu na última turnê deles, na Europa, com a orquestra. Deve abrir os shows no Brasil, agora em outubro.

Quando isso rolar, certifique-se de ter uma cerveja na mão para brindar ao KB Hallen.

domingo, 18 de setembro de 2011

Que venha o dia de Blackmore

Candice Night, a mulher do mestre Ritchie Blackmore, lançou seu primeiro vídeo solo, "Black Roses". Não é meu tipo de música favorito, assim como Blackmore's Night sempre me fisgou mais pelos instrumentais, mas Candice é boa nisso. É uma excelente nova cantora de música "easy-listening", e desejo a ela todo o sucesso do mundo nesse nicho. O vídeo também é legal por mostrar ao mundo a bebê Autumn, filha do casal de músicos.



O que eu mais quero no mundo, agora, é ver o primeiro vídeo solo do mestre Ritchie Blackmore. Seja tocando guitarra ou bandolim, seja rock ou medieval, mas que seja instrumental e poderoso.

Instrumental porque quando ele se dá mal com o vocalista saímos todos perdendo e porque quando ele se dá bem demais com a vocalista o estilo não é do meu agrado. Poderoso porque quando Ritchie está em primeiro plano ele não consegue fazer nada menos do que isso. E, especialmente na última fase de Blackmore's Night, ele estava MUITO em segundo plano. A ponto de sequer aparecer no último vídeo da banda.

Adeus, Blackmore's Night. Que venha o dia de Blackmore.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jon Lord agradece a força

Jon Lord: Your responses have touched my heart
August 30, 2011

Just a quick line or two from an absolutely overwhelmed, gratified and humbled musician.

Your responses to the news of my condition have touched my heart in a way that has truly helped to make my life a better place to be than it had occasionally threatened to become these last few weeks.

Your wonderful messages wishing me strength and courage have given me even more strength and courage – and so much more than you can ever know.

I read many of them with tears in my eyes, grateful for this cast-iron proof of the innate goodness of the human being, and grateful to every single one of you for your invaluable support.

This message goes out too to all the similarly wonderful folk on other websites whose support has been equally warm and strong and I want you all to know how greatly heartened and comforted I am by all this.

The treatment continues and I am confident and being supported by my glorious family and an amazing group of friends.

See you soon.

God bless
Jon

terça-feira, 23 de agosto de 2011

1991+20: os vídeos

Hoje faz 20 anos do dia do show do Deep Purple no Gigantinho, em Porto Alegre - aquele que eu perdi porque tinha só 14 anos. Separei bastante material aqui pra escrever um bom post sobre a turnê brasileira, mas não consegui tempo ainda. Calhou de o vintenário coincidir com uma mudança importante no trabalho.

Então, pra não deixar a peteca cair enquanto tento arrumar um tempinho, publico aqui os quatro vídeos que estão no YouTube com músicas do segundo show da turnê brasileira. Foi no ginásio do Ibirapuera, em 17 de agosto de 1991. Meus comentários seguem antes de cada um dos vídeos.

A Mk5 foi a única formação que homenageou praticamente todas as anteriores, tendo na média o mais representativo setlist de toda a história do Deep Purple. Faltou uma tiradinha de chapéu para a Mk4, mas o Blackmore não toparia (como o Gillan não topa tirar o chapéu pra Mk3). Turner também é mais respeitoso com as formações anteriores do que Coverdale e Hughes foram com seus antecessores durante a Mk3. Ao vivo, eles eram excelentes com material próprio mas baixavam de qualidade quando tocavam (poucas) músicas de antes do seu tempo.

Em sua crítica dos shows para a Bizz, meu mestre André Forastieri resumiu: "Pô, qualquer show que começa com Burn, acaba com Smoke on the Water e tem no meio Perfect Strangers é maravilhoso", ainda que o Forasta ponderasse que "o novo vocalista Joe Lynn Turner tem menos voz que a Xuxa".

Nos comentários dos vídeos que estão na internet, mesmo fãs de Turner estranham o quanto sua voz está ruim. E, embora seu estilo não feche bem com o do Purple, ao menos em estúdio ele não é um mau cantor. Basta ouvir sua voz no disco "Slaves & Masters".

O show abriu com Burn. Todo mundo nervoso pra testemunhar esse momento histórico enquanto rolava uma gravação e um show de laser. Blackmore e Paice tinham uma combinação: o guitarrista fica sentado atrás dos amps e dá o sinal para o baterista começar a música quando ele, Blackmore, estiver pronto. Nesse show funcionou, embora num dos últimos não tenha funcionado (falo no próximo post). O que não funcionou foi o microfone do Turner.



Repare que os aplausos ao final da primeira música são bem menores do que os aplausos antes de ela começar.

A segunda música foi Black Night, que fazia medley com Child in Time e Long Live Rock'n'Roll. Child in Time empolgou mais antes de Turner efetivamente cantá-la (sem os gritos). Na gravação em áudio do show da noite anterior, dá pra ouvir gente questionando a masculinidade do Turner e chamando o Gillan de volta.



Como Turner não toca congas e tampouco sai do palco, ele fica meio perdido durante os solos dos colegas. Fica na frente da bateria, brinca com o pedestal do microfone.

A seguir, vem a primeira música nova da noite: Truth Hurts. Sério? Sério. Ao vivo tem um arranjo diferente, mais lento, aproveitando mais o feeling do Blackmore. E a música acaba indo por nove minutos. Abstraia a voz e letra sertaneja ("I wanna know who you've been loving in my place") e a experiência é quase hipnótica.



Se você assistiu tudo, deve ter notado a falta de jeito ampliada do Turner aqui. Mas confesso que achei simpática aquela parte lá no final, com o Turner, o Blackmore e o Glover sentados na frente da bateria, Glover quase consolando o Turner, "calma, esse negócio de chifre não existe, é só uma coisa que colocaram na sua cabeça". Aí eles levantam abruptamente, como quem diz "CORRE QUE A CANA VEM VINDO!"

No setlist daquele ano, logo depois vinha Hey Joe. Não encontrei esse vídeo nos shows brasileiros. E na verdade o último vídeo que encontrei é do que vem depois de Hey Joe: um medley entre The Cut Runs Deep (minha segunda favorita daquele disco, depois de Fire in The Basement) com Hush. O engraçado é que o Turner apresenta The Cut Runs Deep como sendo de "um ex-amigo meu", mas nos créditos do disco constam apenas membros da banda. Será que ele está se referindo a Blackmore, de quem até hoje se diz amigo, ou a Jon Lord, com quem nunca se bicou?



Destaque pra brincadeira entre bateria e guitarra. Turner é competente em chamar a platéia com o "Ô, ooô, ô". Mas eu preferia mais brincadeira entre bateria e guitarra. Até porque depois do ooô entra uma versão meio matada da letra de Hush.

Na biografia do Blackmore, Turner conta que "The Cut Runs Deep" foi a sua primeira colaboração criativa no Purple. Quando ele entrou no estúdio, Blackmore começou a tocar "Hey Joe" (a que vem logo antes no set) e ele agarrou o microfone e saiu cantando. Aí começaram as novidades. Eles começaram a tocar o riff dessa música e ele bolou o refrão na hora, no melhor estilo protoemo: "e quanto à mágoa? E quanto ao vazio por dentro?"

E assim terminam os vídeos do segundo show do Purple no Brasil que encontrei no YouTube. Segundo o The Highway Star, o restante do setlist daquele ano era este:

Perfect Strangers
Fire In The Basement
(incluindo) Bass solo
King Of Dreams
Stand By Me (Ben E King) only occasionally
Love Conquers All
Ritchie's Blues instrumental
Difficult To Cure
(incluindo) Keyboard Solo
Knocking At Your Back Door
(incluindo) Teddy Bear's Picnic instrumental
Tutti Frutti (Little Richard)only occasionally
A Whiter Shade Of Pale (Procol Harum)only occasionally
Yesterday (The Beatles)only occasionally
That'll Be The Day (Buddy Holly)only occasionally
Lazy
Wicked Ways
Highway Star
(incluindo) Bourree from Sarabande (Jon Lord)
Smoke On The Water
(incluindo) Drum Solo
(incluindo) In The Hall Of The Mountain King
(incluindo) Woman From Tokyo

Você conhece mais vídeos de shows do Brasil naquele ano? Mande aqui nos comentários. E conte mais sobre os shows que viu!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Confirmado: show em SP dia 10 de outubro

O Whiplash viu no site do Via Funchal que tem show dos mestres marcado pra 10 de outubro. Será uma segunda-feira (!).

Não se sabe se vai ser com a orquestra ou não. Os ingressos custam de R$ 130 (pista normal) a R$ 300 (pista premium).

Também não se sabe se até lá eles já terão ou não gravado o novo disco. Torço que sim.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre o Glenn Hughes

O Fernando Gilliatt colocou um comentário muito legal ali na caixinha, cuja resposta demanda mais do que o espaço de um comentário. Foi isto que ele escreveu:

    Só não é perfeito, não que vc deseje isso e nem eu tb espero isso afinal é um blog pessoal com SUAS impressões e tals, acho que exagera com o Hughes. Sempre leio suas críticas ao jeito meio "extravagante" e sem feeling do Hughes me causa um desconforto danado. As excentricidades e birras do Gillan são vistas com humor e como se fossem algo que fazem o personagem se tornar maior, enquanto as do Hughes são molecagens e frescuras de um velho imaturo. Os exageros vocais do Hughes são coisas de menino mimado querendo aparecer enquanto Gillan com qualquer coisa que o faça atualmente, mesmo que sendo apenas um fantasma da voz que foi, é "coisa de gênio" que se reinventou. Enfim, só tenho a agradecer pelo Purpendicular mas não acha que exageras com o Hughes?
Isso já foi verdade em boa parte. Sempre respeitei o Hughes como músico, até porque foi com o Stormbringer que eu comecei a curtir o Purple. Mas durante um bom tempo peguei pesado com a figura dele. Injustamente.

Quando mexi na cara do Purpendicular, antes de retomá-lo, fui atrás de todos os posts antigos para colocar tags sobre os membros. Esta, por exemplo, é a do Hughes. Algumas coisas que eu escrevi sobre ele me deixaram espantado. Apaguei várias, editei outras. Talvez tenha a ver com o fato de que ele andou associado ao Joe Lynn Turner, esse sim um cantor bom mas caricato. Botei os dois no mesmo saco durante um tempo.

Esse tom mordaz deixou de existir nos últimos dois anos. E deixou de existir porque finalmente eu conheci o que o Glenn Hughes fez fora dos discos do Deep Purple. Desde que eu pesquisei muito sobre a vida e a obra do Hughes pra entrevistá-lo, em 2009. E ainda mais especialmente desde que ele supervisou a produção dos remasters de Stormbringer e Come Taste The Band e inventou o Black Country Communion.

Pra mim, Hughes fazia um excelente trabalho no estúdio, mas no palco estragava. Não consigo deixar de ter essa impressão ouvindo os shows e sua performance neles, e tenho pilhas de exemplos concretos. Pra mim, havia muito pouco que diferenciasse isso do que o Joe Lynn Turner fez, em essência.

Outra coisa que me desinteressou do Glenn Hughes por muito tempo foi o fato de ele ter se detonado usando drogas. As únicas substâncias alteradoras de consciência que eu uso são bebida (geralmente com moderação), música e gibis. E durante muito tempo acabei medindo meus músicos favoritos por essa minha régua. Até porque as coisas que Hughes usava o prejudicavam demais. Sendo que ele é um BAITA músico em situações controladas. Excelente baixista, grande cantor. Se mistura soul na sua música, e se isso não é do meu gosto direto geralmente, é o menor dos fatores.

Pesquisando sua vida, porém, descobri o que mais ele gravou depois de limpar a cara. Descobri o quanto ele é gente fina, aberto, bonachão. Ainda não li sua biografia inteira, só trechos, mas estou doido para ler. Do pouco que li, achei bem mais interessante que a do Gillan ou a do Blackmore, as outras duas que já li.

A diferença é basicamente a mesma entre um filme e um documentário. O que é mais interessante nas vidas de Blackmore e Gillan é a música que fizeram. Já a vida de Hughes é turbulenta. Se algum membro do Deep Purple se reinventou várias vezes, foi ele. Perto dos perrengues dele, os dos outros são fichinha.

Ganhei muito respeito pelo Hughes por conta dessa pesquisa. Mas isso não mudou minha avaliação musical sobre sua atuação no Deep Purple.

Não faço segredo de que para mim o melhor do Deep Purple está na Mk2. Ainda acho que ao vivo o Hughes queria tanto mostrar seu talento como cantor que a banda inteira acabava se perdendo sem uma linha de baixo firme na hora do improviso - pra mim, esse improviso é o ponto alto dos shows da Mk2. Tenho como provar, especialmente com o DVD "Phoenix Rising", que os exageros de Hughes foram fatores importantíssimos para o Deep Purple quase acabar em 1975 e acabar no ano seguinte. Ele mesmo diz que achava chato esse negócio de solar por sei lá quanto tempo, que é o que eu mais gosto na Mk2.

Acho, porém, que com a idade fui ficando mais propenso a avaliar os outros pelo que são, com suas qualidades e seus defeitos, em vez de avaliá-los pelo que eu gostaria que fossem. E, caramba, eu posso não gostar da performance do Hughes tocando Space Truckin' em 1974, mas hoje sei o quanto ele estava prejudicado.

Mas nunca vou esquecer o quanto eu fiquei grato quando:

1) Ouvi o remaster de Stormbringer, o meu primeiro disco do Purple. Com um sorrisão de orelha a orelha.

2) Eu não conseguia piscar vendo Hughes ensaiar Holy Man acústico em São Paulo, depois de eu entrevistá-lo.

3) Eu estava deprimido numa tarde de sábado, cheio de problemas na cabeça, e casualmente ouvi pela primeira vez o primeiro disco do Black Country Communion. Aquele baixo supersônico da abertura mandou meus problemas pra muito longe. IIIII am a messengeeeer... and this is my prophecyyyy... I'm going baaaaaaack... to the Blaaaaack Country...

Na mesma hora tuitei: "Has @glenn_hughes forgotten he's not a kid anymore? Old men are not supposed to play like this". Ele me mandou uma DM na hora, faceiríssimo.

Hoje, se tem algum ex-membro do Deep Purple fazendo música nova de um jeito que empolgaria o Marcelo que descobriu um Stormbringer empoeirado em 1990, é o Glenn Hughes. Pena, porém, que ele apanhou tanto da vida (e deste blog) até chegar a este ponto. Acho até que é pra compensar isso que eu falei tanto nele aqui nos últimos meses.

Abração, meu grande. Depois diga lá o que achou dos posts recentes sobre ele.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Será que eles vêm aí?

Nos comentários a um post anterior, o King Deletado I alerta para esta marcação do The Highway Star de que haverá um show do Deep Purple em Buenos Aires dia 16 de outubro. São três datas argentinas no calendário: 14, 16 e 18.

Enquanto isso, um jornal do Recife informa: se for fechado contrato, o Purple toca lá dia 8 de outubro.

Ou seja: há uma turnê sul-americana em preparação, que talvez passe pelo Brasil inclusive antes de Buenos Aires. As datas daqui ainda não estão confirmadas, mas aparentemente há negociações. Alguém sabe quem está marcando via São Paulo? E para quais datas?

E será que vai ter parceria com orquestra local, como nas turnês europeia e norte-americana deste ano? Se sim, qual seria a orquestra aqui? Em 2000, eles tocaram o Concerto com a Jazz Sinfônica. Em 2009, Jon Lord tocou com a Sinfônica Municipal.

A dúvida: eles gravam o disco novo antes ou depois dessa turnê?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

1991+20: Você estava lá?

Vários leitores do Purpendicular têm lembranças dos shows históricos de 1991, que a partir de hoje completam 20 anos.

Conte aqui nos comentários a sua lembrança e até domingo eu amarro tudo num post especial.

1991+20: Gillan deu o primeiro gostinho

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. Que se completam HOJE, aliás, mas o post sobre essa turnê é o próximo. Neste terceiro post da série, vemos como Ian Gillan foi o primeiro ex-membro do Deep Purple a atiçar a sede da brasileirada tocando coisas do Deep Purple.

No final dos anos 80, Gillan estava gordo, bebendo demais... e desempregado. Sua demissão do Deep Purple, em 1988, foi algo muito chato.

O clima não estava bom havia muito tempo. Além das brigas com o Blackmore, que o acusava de viver esquecendo letras (e esquece até hoje, mas com elegância), Gillan chegou a dizer numa coletiva que o empresário deles, Bruce Payne, era um babaca ("dickhead"). Em sua biografia, Gillan diz que sacou que estava tudo indo pro ralo na banda quando o baterista Ian Paice lhe disse que não chegava perto do instrumento quando não tinha show.

Apesar de todo o clima ruim, o estopim da demissão mesmo foi a discussão sobre como gravar um disco para o qual a banda há havia composto algumas coisas - o sucessor de House of Blue Light. Gillan insistiu que a banda fizesse uma baita produção desse disco, num grande estúdio de Nova York. Jon Lord foi o mais vocalmente contra. Então, Gillan pegou a questão dos estúdios pra chamar Bruce Payne de "inútil pra caralho". Silêncio sepulcral. Os membros da banda foram embora, um por um.

"Sobrou Roger. Roger, meu querido amigo de tantos anos, se inclinou sobre a mesa, de punho cerrado, e olhou na minha cara. 'Ian', ele disse, 'desta vez você foi longe demais'." Dias depois, o cantor estava no estúdio de sua casa quando recebeu um telefonema de seu empresário, Phil Banfield, informando formalmente o inevitável.

Com o apoio da sua mulher, Bron ("Gubbins, agora você pode fazer o que realmente quer"), Gillan juntou um grupo de músicos e começou a se apresentar em 1989, sob o nome Garth Rockett and the Moonshiners. O guitarrista, Steve Morris, compunha coisas - e disso veio o disco Naked Thunder, lançado em julho de 1990.

Foi para promover esse disco que Ian descobriu a nova geografia do mundo pós-queda do Muro de Berlim.

Ele começou sua turnê pela ainda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em maio. Passou pela Armênia, Geórgia e Ucrânia, países do outro lado da Cortina de Ferro que mal estavam conquistando a liberdade de ouvir rock e rezar. Em sua turnê por esses países, Gillan foi anunciado como o cantor que fez o papel de Jesus Cristo (Superstar), o que lhe atraiu narizes torcidos e momentos de reverência indevida. Na Geórgia, celebrou pela segunda vez seu casamento com Bron, numa cerimônia encomendada pela agência de notícias russa Tass.

Foi em agosto que ele chegou ao Brasil, vindo direto da Dinamarca. Tocou em quatro datas, segundo seu site:

03.08.90 Sao Paolo Projeto SP, Brazil - broadcast on radio.
04.08.90 Sao Paolo Projeto SP, Brazil
06.08.90 Rio Teatro Nacional, Brazil
08.08.90 Porto Alegre, Brazil or Curitiba Aluba Pavilion


(Certamente essa foi Curitiba. Porto Alegre não foi.)

Veja, estávamos em pleno Plano Collor. O Brasil estava com os pés afundados numa economia dos diabos. Poucos grandes shows ainda vinham ao Brasil. O do Gillan, no Projeto SP, foi aparentemente o maior show que São Paulo recebeu em 1990.

O jornalista André Forastieri resenhou os shows na Bizz. Diz ele que o Projeto SP ficou "abarrotado" para ouvir pela primeira vez "Strange Kind of Woman", "Knocking at your Back Door" e "Smoke on the Water" na voz original, ainda que com guitarra, baixo e bateria emprestados. "Gillan - recém-chegado de seis semanas excursionando pela URSS - misturou clássicos do Purple, velharias da Ian Gillan Band e novidades do álbum solo Naked Thunder", escreveu.

O vídeo abaixo é de um desses shows. Gillan canta "No Good Luck", do então disco novo.



Em sua passagem pelo Rio, Gillan chegou a gravar imagens muito das canastronas para um clipe da mesma música:



Ian Gillan abriu as comportas, e no ano seguinte viriam os outros quatro quintos da Mk2.

A essas alturas, o Deep Purple estava gravando o primeiro disco da Mk5, entre Orlando (Miami) e Nova York. A banda tinha um novo vocalista, Joe Lynn Turner, que veio cheio de ideias. Segundo o próprio Turner admitiu em entrevista para a biografia de Ritchie Blackmore, Turner já chegou puxando briga com Jon Lord. "Você é o passado, eu sou o futuro", disse o novo cantor no meio de um discurso em defesa da gravação de "power ballads" como Love Conquers All.

Foi com esse "cantor do futuro" que o Deep Purple começou sua turnê mundial pela Hungria, em fevereiro de 1991. Essa turnê começaria por um país ex-comunista e terminaria em meio à Guerra do Golfo. Quase no finzinho, pisou no Brasil - e é essa perna que completa 20 anos hoje e será assunto do próximo post.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Terceiro DVD de Montreux a caminho

Mal faz um mês que os mestres tocaram em Montreux e a Eagle já está anunciando o DVD com o show - que tem a companhia de uma orquestra, na turnê "Songs That Built Rock", e marca os 40 anos do famoso incêndio do cassino.

Será o terceiro DVD do Deep Purple em Montreux na coleção da Eagle Rock e o quarto lançamento com shows da banda na cidade que deu origem a "Smoke on the Water". Até agora, já temos:

Live in Montreux 1969 (só em CD, com a Mk2)
Live at Montreux 1996 (com a Mk7)
Live at Montreux 2006 (com a Mk8)

O próximo lançamento, que sai dia 7 de novembro, tem um setlist de resto sem maiores surpresas:
  1. Orchestral Intro
  2. Highway Star
  3. Hard Loving Man
  4. Maybe I’m A Leo
  5. Strage Kind Of Woman
  6. Rapture Of The Deep
  7. Woman From Tokyo
  8. Contact Lost
  9. When A Blind Man Cries
  10. The Well Dressed Guitar
  11. Knocking At Your Back Door
  12. Lazy
  13. No One Came
  14. Don Airey Solo
  15. Perfect Strangers
  16. Space Truckin’
  17. Smoke On The Water
  18. Hush
  19. Black Night

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A solidariedade dos velhos amigos

O Deep Purple ainda não fez nenhuma manifestação oficial sobre o tratamento do Jon Lord. Nem seus membros, em seus sites oficiais.

Até agora, apenas dois ex-membros já se manifestaram: Glenn Hughes, no Twitter, e David Coverdale, no fórum do seu site oficial.

Glenn Hughes
Prayers please: to my friend Jon Lord...we all hope for a speedy recovery...much love..GH
8/9/2011 9:58:05 AM #163487

My sincere thoughts, prayers & love are with Jon & his Family at this time...Such sad news...XX

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Força para mestre Jon Lord


Puta que pariu. É o tipo de notícia que a gente detesta dar, mas sabe que um dia chega.

Mestre Jon Lord, que acaba de completar 70 anos e de virar doutor em música, vai dar um tempo em sua carreira de turnês para cuidar de um câncer. Esta é a mensagem que ele divulgou em seu site:

Quero que todos os meus amigos, seguidores, fãs e companheiros de viagem saibam que estou combatendo um câncer e portanto darei um intervalo das apresentações enquanto me trato e me curo.

É claro que vou continuar escrevendo música - no meu mundo, isso deve ser parte da terapia - e espero estar de volta em boa forma no próximo ano.

Deus os abençoe e até mais,

Jon

Por coincidência, exatamente hoje faz 10 anos que Don Airey fez o primeiro show de um outro tecladista que não fosse o Jon Lord no Deep Purple. Lord havia se afastado da banda pra tratar o joelho. Voltou para uma turnê de despedida no começo de 2002 e a turnê foi interrompida por conta de uma gripe do Gillan. A despedida do Purple aconteceu em setembro de 2002.

É como encarar uma doença de parente, e no começo do ano perdi um tio muito parecido com o Jon Lord pra essa mesma doença. Fiquei sacudido aqui, em dobro. Mas certamente o mestre tem melhores médicos do que o meu tio.

A pedido de Lord, o Highway Star recomenda que se respeite a privacidade do mestre.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

1991+20: Coverdale, o primeiro a pousar aqui

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. O segundo post da série dá um salto de dez anos e chega ao Rock in Rio, onde o primeiro ex-membro do Deep Purple tocou no Brasil. Foi David Coverdale, com o Whitesnake.

A banda foi convidada meio que de improviso. Originalmente, quem tocaria seria o Def Leppard - só que o baterista da banda, Rick Allen, teve um acidente de carro e precisou amputar o braço esquerdo. Ele voltaria a tocar depois, muito bem, mas com menos de um mês para o show a banda precisou ser substituída. Os organizadores do Rock in Rio trocaram então o leopardo surdo pela cobra branca.

Olha a companhia em que o Whitesnake ficou:



Coverdale chegou no dia 9 de janeiro de 1985. No primeiro dia, segundo a Folha, o som foi "tão baixo que decepcionou os mais destemidos metaleiros".

Sim, "metaleiros". Essa era a palavra usada na época. E olha como era a matéria do Fantástico sobre a noite dos metaleiros.



Parou de rir? OK, vamos em frente.

No show, nada de músicas do Deep Purple. Nem "Soldier of Fortune", que faz parte do repertório do Whitesnake até hoje. Mas o guitarrista John Sykes fez um sucesso enorme. A apresentação abriu com uma composição feita quando Jon Lord estava na banda: "Walking in the Shadow of the Blues".



Em sua passagem pelo Rio, o Whitesnake ganhou fama de mulherengo, como informava a Folha:


Coverdale ainda teve tempo de improvisar uma letra sem pé nem cabeça, que teria sido gravada com membros do Roupa Nova e do Rádio Táxi para uma propaganda de cigarro:



Também no Rock in Rio, só que agora na banda do Ozzy Osbourne (o "rock-horror", como diria Sérgio Chapelin), viria um futuro membro do Deep Purple: Don Airey, compositor da célebre introdução de "Mr.Crowley".



Enquanto isso, lá fora, o Deep Purple já tinha voltado à ativa.

Com a reunião da Mk2, eles faziam shows pela Europa reciclando o repertório do Made in Japan e incluindo material do Perfect Strangers. O clima na banda estava excelente, a ponto de Gillan e Blackmore saírem do palco abraçados em algumas noites. Mas isso duraria pouco. Em 1987, o programa "Old Grey Whistle Test", da BBC, foi a Paris com uma caravana de fãs do Purple. Um desses fãs chegou a vir do Reino Unido até o Brasil só pra ver a noite dos metaleiros, a noite do rock-horror do Chapelin.

Nisso, a BBC conseguiu captar o momento em que, pra sacanear tanto o Blackmore quanto a BBC, Gillan, Lord, Paice e Glover não voltaram ao palco pra tocar Smoke on the Water. O vídeo inteiro tem 9 minutos, mas vale ver.



Ao final da turnê de "House of Blue Light", Blackmore sofreu um acidente com a guitarra e quebrou o mindinho. Ficou um tempo de molho. Nesse meio-tempo, decidiu defenestrar Ian Gillan da banda, por julgar que ele estava cantando mal.

Foi exatamente por conta disso que tivemos no Brasil o show de Ian Gillan um ano antes dos outros quatro quintos da Mk2. É esse o assunto do próximo post.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

1991+20: Quando o Deep Purple esqueceu de vir ao Brasil

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. Começamos com o show que esqueceu de acontecer em 1975. O sonho da primeira vinda do Purple durou exatamente um mês.

Em 1974, o rock estava numa fase áurea e o Deep Purple estava entrando com os dois pés na Mk3. Foi um ano em que a indústria de shows de rock estava começando a chegar ao Brasil. Vieram Alice Cooper, Miles Davis e Jackson Five (era considerado rock, não me olhem assim). Na época, a revista Visão classificava aquele ano como "a primeira tentativa brasileira de trabalhar o show business como indústria".

Foi também o ano em que a Folha de S.Paulo inaugurou sua página dedicada ao rock - e o colunista Carlos A.Gouvea também falava no lado "business" do rock ao lado dos lançamentos. Como o acervo da Folha está todo online, pude dar uma olhada no que aconteceu naquele ano - e tive grandes surpresas.

"Burn" foi lançado por aqui em julho de 1974, três meses depois da performance literalmente incendiária do Blackmore no California Jam. A resenha na Folha veio junto com a de "Bang", o disco do James Gang em que Tommy Bolin tocou. E olha que surpresa: para Gouvea, o som do disco "chega a lembrar um pouco o Deep Purple".



Em setembro, os fãs do Deep Purple deviam socar o ar como Pelé ao fazer um gol, ao ler a resenha do show de Jackson 5. Gouvea em certo ponto passou a falar sobre os empresários que os trouxeram, os "capitalistas do rock". A mesma empresa que trouxe Michael Jackson e seus irmãos também prometeu trazer outras grandes bandas da época, inclusive... o Deep Purple. A nossa banda favorita estava marcada para vir em janeiro de 1975, segundo a Folha, trazida por uma joint-venture entre um brasileiro e um francês:



O sócio brasileiro da empreitada era George Ellis, que Gouvea faz questão de dizer que era empresário de espetáculos de primeira viagem e havia vendido sua fazenda para financiar a aventura.

Ellis associou-se ao francês Albert Koski, que segundo a Folha levou os Rolling Stones para a França, e também ao lendário empresário de espetáculos americano Howard Stein. A ideia era trazer artistas gringos para o Brasil e levar artistas brasileiros lá pra fora. A sociedade com o americano foi anunciada na Billboard uma semana antes de o show do Deep Purple ser anunciado:



George Ellis também foi empresário do cantor Ney Matogrosso, mas a parceria foi rompida em 1975. Hoje, ele é o sócio-fundador da empresa IdeiasNet, conceituado no ramo digital. Embora eu tenha deixado recados para ele no Twitter e no LinkedIn, ainda não rolou de conversarmos. Mas espero que role. Será uma satisfação imensa ouvi-lo.

Bom, voltando ao show: a empreitada dos Jacksons deu prejuízo. Imagina a economia brasileira em meio à ditadura militar e em pleno choque internacional do petróleo. Dólar lá em cima e tal. Mesmo assim, a empresa anunciou que traria o Paul McCartney.



Em outubro, quando seria a vez de o Traffic tocar no Brasil, a coisa furou. Na coluna "Traffic: o sonho acabou", Gouvea dizia que não tinha mais chance de o Deep Purple rolar em janeiro. E vai mais além: diz que os empresários anunciavam King Crimson mesmo com a banda tendo acabado dois meses antes. E que Ellis entendia era de fazenda (esta foi golpe baixo, eu diria).



Dia 21 de outubro, Gouvea estava mais de cabeça fria, numa reportagem sobre o fato de o Brasil estar começando a descobrir o mercado do rock. Fala da produção do show do Alice Cooper e diz o seguinte sobre as empreitadas de Ellis:



Ele dá o benefício da dúvida com o "vamos esperar". Mas já não havia esperança. O sonho de ver o Deep Purple no Brasil em janeiro de 1975 já havia caído por terra.

Naquele mês, a Koski Ellis Produções ganhou uma projeção grande na MPB, ao produzir o show Elis & Tom. Ele rendeu um dos melhores discos da história da MPB.

E o Purple?

Por essa época já estava gravado o Stormbringer (que chegaria aqui em fevereiro de 75) e, embora a imprensa daqui não soubesse, o Blackmore já estava cada vez mais distante da banda. No começo de 1975, eles se apresentariam apenas no festival de Sunbury, na Austrália, em 25 de janeiro - pra depois entrar em férias até a turnê europeia em que Blackmore deixou a banda, dia 7 de abril.

O primeiro show do Deep Purple, então, esqueceu de acontecer. Meros 14 meses depois da data marcada, a banda estava acabada e entraria num recesso de 8 anos.

O primeiro pedacinho do Purple a se ouvir em solo brasileiro viria só em 1985, com a chegada de David Coverdale para tocar no Rock in Rio com o Whitesnake. É o assunto do próximo post especial.

ARE YOU READY????

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os 20 anos da primeira vinda ao Brasil

Dia 16, faz 20 anos que o Deep Purple tocou no Brasil pela primeira vez.

Eu ainda lembro da minha ansiedade lá em Porto Alegre. Tenho até hoje os recortes dos jornais de lá e revistas de rock da época sobre os shows.

Em homenagem a esse aniversário, agora em agosto vou escrever alguns posts especiais sobre as vindas do Deep Purple ao Brasil.

O primeiro será sobre a vinda deles em janeiro de 1975. A vinda que esqueceu de ocorrer.

Comequié? Aguarde e confie.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

domingo, 10 de julho de 2011

Duelo de gênios: Lord e Wakeman na Sunflower Jam

Foi nesta sexta-feira a primeira canja da história entre Jon Lord, ex-Deep Purple, e Rick Wakeman, ex-Yes. Foi na Sunflower Jam, o show beneficiente promovido todo ano pelas mulheres de Jon Lord e Ian Paice.

E eles estreiam com uma composição própria, chamada "It's Not As Big as It Was".



Detalhes saborosos na resenha do Rasmus Heide:

Ao chamar o tecladista convidado, Jon Lord disse que os dois se conhecem "desde que o cão de deus era um filhotinho, mas nunca tivemos muita chance de nos conhecermos direito."

Ao apresentar a nova música, Wakeman sacaneou: "semana passada eu e o Jon Lord nos encontramos num asilo e..."

Que tal?

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Exigências de camarim do Coverdale

O Whitesnake vem aí, e no momento a turnê de Forevermore está se preparando para passar pela Bulgária. O site Novinite conta algumas exigências de camarim do vocalista David Coverdale.

Segundo informações dos produtores, Balkan Entertainment Company, o frontman David Coverdale parece ter as mais intrigantes exigências de camarim entre o grupo de rock stars. [O Judas Priest também toca na turnê] Elas incluem não apenas vinhos finos búlgaros como também água mineral vulcânica de Fiji e uma absoluta proibição de cebolas e brócolis em sua dieta de resto centrada em vegetais.
Água mineral vulcânica de Fiji? Pois é. Segundo o website da marca, é uma água intocada pelo homem, rica em flúor e eletrólitos que fazem tão bem ao corpo quanto bebidas energéticas, só que sem a mesma bomba calórica.

O que eu achei interessante foi a exigência do vinho búlgaro. Além de ser um apreciador de vinhos, Coverdale produz os seus na Califórnia. Geralmente, quando VIPs vêm ao Brasil, ganham vinho importado - no backstage do Deep Purple, por exemplo, o vinho costuma ser chileno. Eu duvido que seja por exigência da banda. Deve ser porque é o melhor vinho que o produtor conhece, e em comparação com os vinhos nacionais os chilenos têm melhor qualidade e até menor preço.

Provavelmente imaginando que os produtores iam querer lhe oferecer vinhos franceses (que Coverdale certamente encontra até na sua importadora favorita em Lake Tahoe), o cantor deve ter exigido os melhores vinhos nacionais.

Que vinhos brasileiros você sugeriria para Coverdale beber quando tocar aqui em setembro?

sábado, 25 de junho de 2011

Um documentário dolorido. E fascinante.



Acabo de assistir ao documentário do DVD de Phoenix Rising, que conta a história do Deep Purple desde o final da Mk2 até o fim da banda, em 1976. Foram entrevistados Jon Lord e Glenn Hughes, e a sinceridade deles chega a ser brutal em várias partes do documentário. Especialmente a sinceridade do Hughes.

O DVD, que ainda não foi lançado no Brasil, tem feito certo sucesso comercial na Europa. E tem ótimos motivos. Phoenix Rising é um documento definitivo sobre os excessos que acabaram com as melhores bandas de rock do mundo - inclusive o Deep Purple.

Veja o trailer aqui:



Ele não tem comparação, por exemplo, com "Classic Albums: Machine Head". Naquele, o grande fascínio é a música (o que não é pouco) - mas nem as brigas entre os membros aparecem. Não se compara também com "Heavy Metal Pioneers", o documentário lançado durante os anos em que Joe Lynn Turner estava na banda. O DVD novo não busca contar o passado da banda do ponto de vista de seu presente.

Em Phoenix Rising, o ponto central é a história de uma grande banda em plena desintegração. Contada em primeira pessoa por dois ex-membros.

Dói ver a banda que eu mais aprecio no mundo chegando ao fim. Tudo bem que foi antes de eu nascer. Mas dói igual.

Dói ver músicos talentosos, como Hughes e Tommy Bolin, se detonando do jeito como se detonaram. Por sorte, e basicamente apenas sorte, Hughes sobrou pra contar a história.

Dói ver músicos ainda mais talentosos e extremamente disciplinados, como Jon Lord, contarem das vezes em que tinham que empurrar os colegas mais displicentes para o palco ou chamar sua atenção devido aos excessos. Lord, sempre carinhoso com os amigos, faz questão de fazer várias vezes a ressalva "não estou dizendo que eu era santo, mas...". Quando você acha que ele contou podres muito fortes dos ex-colegas, vem Hughes e conta seus próprios podres com mais detalhes.

Exatamente por isso, trata-se de um documentário fabuloso. Eles não estão preocupados em agradar ninguém - e nem precisam ter vergonha de expor colegas. Bolin, o que mais pisou na jaca, morreu há 35 anos. O vice-campeão, Hughes, faz questão de falar da jaca em que pisou até pra contrastar com o quanto sua vida melhorou.

Algumas notícias a respeito anunciam como inéditos os 30 minutos do show no Japão.

É mentira. "Rises Over Japan" foi lançado em VHS, nos anos 80. Está fora de catálogo há muitos anos, mas é facinho de achar no YouTube. Partes dele já saíram oficialmente em DVDs como o "History, Hits and Highlights". Inédito é ele ser lançado inteiro em DVD.



Mas esse DVD tem cenas inéditas, sim. Delas, pouquíssimo se falou até agora. Pelas minhas contas, são:

* Alguns segundos de "Smoke on the Water" do Made in Japan, na parte onde se fala do final da Mk2. As imagens do mais mitológico show do Deep Purple estão sendo lançadas a conta-gotas. No "History, Hits and Highlights", saíram segundos de "Highway Star". No "Deepest Purple", saíram segundos de "Space Truckin'". Um dia ainda sai a gravação completa, espera-se.

* Alguns segundos em preto-e-branco com o Gillan usando um traje meio que de marinheiro.

* Algumas cenas em vídeo de shows da Mk3, possivelmente do finalzinho da formação, lá em 1975. Impossível para mim identificar qual é o show.

* Trechos fabulosos da turnê do Deep Purple na Indonésia, em dezembro de 1975. Eles filmaram desde a chegada da banda à capital, Jacarta, até o momento em que roadies tiveram de encher o pneu do avião para a banda conseguir sair do país. Trechos dos dois shows, incluindo a polícia ameaçando a plateia com cachorros, estão lá.

Como não podia deixar de ser, a parte mais dolorosa do documentário é aquela que se aproxima do final. Toda a descrição da turnê do Deep Purple em Jacarta - a corrupção, os achaques, o calote, as drogas, a morte de Patsy Collins - é muito forte. E fica mais forte ainda com os depoimentos de Lord e Hughes sendo contrastados com as imagens daqueles dias pesados.



E fica ainda mais pesado quando você chega ao final do DVD, aos créditos, e aparece uma declaração de que as opiniões emitidas por Hughes e Lord sobre a morte de Patsy Collins não refletem a opinião de David Coverdale a respeito. Os dois acreditam que Collins - um homem forte, treinado como segurança - não tropeçaria assim tão fácil pra cair no poço de um elevador desativado e fechado. Lord diz que Collins foi certamente assassinado. Hughes, que chegou a ser preso por ter sido um dos últimos a ver o roadie vivo, diz que precisaria da ajuda de cinco homens fortes pra um homem daquele porte cair por acidente no poço de um elevador.

Eu lembro da primeira vez em que ouvi pedaços do "Last Concert in Japan". Foi num sebo de discos em Porto Alegre, acho que em 1992. O vendedor, Paulo, me mostrava o disco e lamentava o quanto as drogas haviam detonado aquele guitarrista. Sua guitarra estava inaudível. Anos depois, quando comprei o "This Time Around", com a versão completa e remasterizada do mesmo show, consegui ouvir a guitarra e disse a mim mesmo: "uau, o cara não estava tão mal assim".

No DVD de agora, Hughes coloca a coisa em contexto ao lembrar que o show do Japão foi o primeiro logo depois da experiência traumática em Jacarta. Segundo ele e Lord, o que detonou Bolin ali não foram as drogas. Não exatamente. O promotor local deu morfina para o guitarrista, e ele acabou dormindo em cima de sua própria mão esquerda. Assim, tudo o que ele conseguia fazer era uma posição só. Suas guitarras foram afinadas cada uma num tom diferente para ele poder tocar.

O final do Deep Purple, em março de 1976, foi melancólico. Sua última turnê foi praticamente em casa, no interior do Reino Unido. Hughes, literalmente o homem que tocou a última nota num show da primeira encarnação do Deep Purple, conta que nos últimos dias da banda ele virou de um show a outro sem dormir e sem comer, apenas bebendo e usando drogas. A bronca que Jon Lord conta ter dado no colega é daquele tipo que você nunca gostaria de ouvir de ninguém. Já contei aqui um par de vezes o final daquele show.

Se você é fã do Deep Purple, assista Phoenix Rising. Seus depoimentos são muito sinceros e chocantes. Você é trazido para os bastidores da fase mais shakespeariana da banda.

Se você é fã de rock, ainda que não especialmente do Deep Purple, assista Phoenix Rising. É um documento de uma fase do rock, tão completo e pungente quanto "The Decline Of Western Civilization Part 2: The Metal Years".

Se você não curte nem rock e nem Deep Purple, mas tem interesse em antropologia e sociologia, ou quem sabe em documentários em geral, assista Phoenix Rising. É um documentário fascinante.

terça-feira, 21 de junho de 2011

BCC usa vídeos de fãs como estratégia de divulgação



O Black Country Communion, a superbanda do Glenn Hughes, está se promovendo de um jeito especial: pedindo que os fãs filmem a banda nos shows e abrindo um concurso pra esses vídeos. Os fãs postam o vídeo no site da banda e quem tiver mais views pode levar uma graninha modesta, créditos pra comprar no site da banda e uma guitarra Epiphone autografada pelos músicos.

Hughes, arrisco dizer, é um dos músicos que mais entende como funciona a internet. Há cinco anos, quando você entrava num show, ainda era revistado e corria o risco de ter de deixar sua máquina fotográfica na portaria. Depois, quando câmeras de foto e vídeo migraram para os celulares, as casas de espetáculo descobriram que não dava mais para reprimir. Até porque não funciona - taí o YouTube que não me deixa mentir.

Se você não pode evitar que as câmeras entrem, pode torná-las parte do espetáculo. E é isso que o Black Country Communion fez. Estimula neguinho a ir ao show, fazer um baita vídeo e ficar rondando o site da banda. Ficar torcendo pro seu vídeo ser o mais visto. Chamar os amigos pra ver o vídeo no site, o que também não faz mal pra banda.

David Coverdale, numa entrevista recente, fez as contas: a estreia do clipe de "Love Will Set You Free" no YouTube deu mais audiência do que a chegada de qualquer clipe do Whitesnake na MTV nos anos 80. Isso significa o seguinte: o YouTube vai estar lá. Os downloads estarão lá. Você pode queimar neurônios pra incorporar isso à sua estratégia ou pode reclamar da vida.

Hughes e Coverdale resolveram queimar neurônios digitais. Compare isso com declarações recentes, por parte do Steve Morse, de que testar músicas novas no palco expunha o Deep Purple porque no dia seguinte um monte de gente postou no YouTube. Isso não reduz a admiração e respeito que tenho pelo Morse. Só me diz que dois músicos que admiro estão usando a internet a seu favor. Outros cinco, alguns dos quais admiro até mais do que os dois, não.

O BCC também tem uma estratégia interessante (embora meio insistente demais) de e-mail marketing. Dia sim, dia não, recebo algum email cujo remetente é "Glenn Hughes", "Joe Bonamassa", "Derek Sherinian" ou "Jason Bonham". Na verdade é um email institucional da banda contando as novidades. Neste press-release, seus empresários falam dessa estratégia.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Airey conta uma dica do Lord

Uma das minhas faixas favoritas do In Rock, quando o ouvi pela primeira vez aos 15 anos de idade, era Hard Lovin' Man. Era um riff que eu conseguia tocar no violão. Agora, essa música faz parte do novo setlist do Deep Purple. Nem nos melhores anos da Mk2, quando foi gravada, ela chegou ao palco. (Adoro esse trabalho de garimpo nas últimas duas formações do Deep Purple, aliás.)

Em entrevista ao Windsor Star, Don Airey diz que conversou com Jon Lord recentemente e contou ao mestre que eles haviam resgatado a pérola.

"Ele me disse pra tocar a linha de teclado o mais alto que eu pudesse. Também disse pra eu nunca me meter na frente dos rolos de bateria do Ian Paice."

Chequemos o novo, então.



O original, conforme inaugurado no Top of the Pops, da BBC, com entrevista do Jon Lord e tudo:



Qual seu veredito? Airey aprendeu?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hughes: "eu uivo de rir com Coverdale"

Glenn Hughes se sente meio excluído da "família" Deep Purple. Em entrevista ao Geeks of Doom, ele revelou isso e revelou que fala com o Coverdale todo santo dia.

"Olha, vou te contar a verdade. Eu nunca falo sobre isto a menos que alguém cave lá fundo como você está cavando agora, David Coverdale e eu... eu entrei na banda três meses antes dele. Ele nunca tinha subido num palco antes, e eu já tocava com o Trapeze havia 3 anos na América. Ficamos amigos. Nós dois somos do norte da Inglaterra; ele é de Yorkshire, eu sou de West Midlands. O resto do Purple estava estabelecido, sabe? O Jon Lord, o Ian Paice, o Ritchie Blackmore estavam estabelecidos. Eu saí da banda há muitos anos e não tenho contato nenhum com ninguém além do David. Na verdade, eu não falo com o Blackmore e nem o vejo desde 1977. Estar numa banda por três anos, três anos, e não receber nenhum cartão de natal, nem oi, nem foda-se, nem nada, é bizarro. É bizarro, então eu recebo do David Coverdale todo o amor que eu preciso daquela banda. Somos muito bons amigos. Ele me faz uivar de rir! Conversamos pela internet todo dia; todo santo dia. Não passa um dia em que eu não fale com o David, então recebo dele todo o amor que preciso do Deep Purple."
Duas observações, portanto:

1) Como já falei outro dia, acho excelente que os dois se deem bem hoje depois de coroas, e gostaria que mais deles se dessem bem. (Ele também, aliás.) Mas quando eles eram colegas no Deep Purple, rolava uma grande competição da parte do Hughes pra aparecer mais que o Coverdale. É natural, por se tratar de um músico altamente talentoso. Mas, enfim, essa amizade de infância é coisa da maturidade deles.

2) Hughes fala que não conversa com o Blackmore desde 1977. Com o Jon Lord, só falou em 2009 - mas mesmo mais ou menos por aquela época ainda lamentava de ter perdido a namorada para o tecladista. O Ian Paice está bem no Deep Purple. O David Coverdale tem lá o Whitesnake. Não sei como é que a imprensa especializada conseguiu entrar no bonde da boataria toda vez em que o Hughes levantou a lebre de sua vontade de voltar com a Mk3.

Falta de assunto, talvez?

domingo, 12 de junho de 2011

Que tal o Deep Purple com a orquestra ao fundo?

No documentário "Classic Albums: Machine Head", Jon Lord diz que compôs o solo de Highway Star numa sequência bachiana de acordes.

Na turnê atual, "Songs that Built Rock", o Deep Purple está colocando orquestras no palco para dar uma turbinada em suas músicas. Encontrei um vídeo de Highway Star que começa no solo de teclado. Ficou interessante.



Segundo o Press of Atlantic City, a orquestra "certamente fez muitas das músicas ainda mais memoráveis e até transformou Rapture of the Deep, de 2005, de uma música medíocre numa experiência memorável ao vivo".

Bora conferir? A imagem tá horrível, mas o som ficou excelente aqui:



Cá pra nós? Ficou legal. Mas, por mais que o Roger Glover não curta a comparação, não é nada muito diferente do que o Metallica fez com orquestra há alguns anos.



Em 2002, o maestro Paul Mann, que regeu a turnê mundial do Concerto for Group and Orchestra, disse que esse tipo de roupagem era "importantite". Na tradução que postei aqui, na época:

"Uma banda que apenas usa uma orquestra como um apoio de luxo, mas sem que isso adicione muita coisa ao material. Acho que escolhemos (na turnê com o Deep Purple, em que a orquestra fez o fundo de algumas) músicas que ganharam uma dimensão completamente nova com o uso da orquestra, ao lado, claro, da forma como o Concerto explora a relação entre os dois mundos."
Nesta turnê, a orquestra basicamente acrescenta uma roupagem ao setlist que a banda já toca, como diz Steve Morse:

"Estamos fazendo o que sempre fazemos, com mais textura onde é apropriado."
Enfim, preciso ouvir um show inteiro da nova turnê do Purple pra formar opinião a respeito. Mas, em se tratando da banda que fez o Concerto for Group and Orchestra, parece meio retrocesso.

E você, o que acha?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um mestre faz 70 anos

Eu já pensei que um homem de 60 anos era um velho. Quando mudei de ideia, por conta dos meus mestres do Deep Purple, passei a pensar que velho mesmo é com 70. Recentemente mudei de ideia de novo - 70 era quase a idade do Jon Lord. É a idade que o mestre faz hoje.

Sou fã de todos os membros e ex-membros do Deep Purple, até daqueles a quem critico. Mas o Lord tem um lugar especial na minha admiração. (OK, tem mais uns três de quem eu diria o mesmo.) Foi por conta da ansiedade em torno de sua aposentadoria do Deep Purple que este blog foi criado, aliás.

Primeiro, porque desde que vi suas primeiras fotos ele sempre me pareceu um pouco com meu tio favorito - alto, magro, com um bigodão e aquela cara de bonachão. Mais ou menos numa época da vida em que esse tio fazia o nobre papel de dar os empurrões, puxões de orelha, gargalhadas e copos de cerveja de que um jovem precisa. Tinham mais ou menos a mesma idade, embora meu tio fosse mais maltratado pela vida. Então, sempre que eu via o Jon Lord fazer alguma micagem, eu lembrava das micagens do tio Nelson. Quando meu tio morreu, em janeiro, minha trilha sonora pessoal era "To Notice Such Things", que mestre Lord compôs em memória do amigo Sir John Mortimer.

Segundo, porque foi a partir de suas intervenções, influências e improvisos que muita música boa me foi apresentada ao longo da vida. Foi Jon Lord quem me consolidou a ideia de que existem apenas dois tipos de música: boa e ruim. Sou-lhe extremamente grato por isso. Sem falar que a história de ele se aposentar do rock para virar compositor de música erudita quase full-time é sensacional.

Terceiro, porque foi o primeiro membro do Deep Purple que recebeu (E RESPONDEU!) um e-mail meu, em 1999. Imaginem minha alegria.

Quarto, porque ele tinha meros 27 anos quando compôs o Concerto for Group and Orchestra. Quando fiz 27, eu ficava me martirizando, me perguntando se eu conseguiria fazer algo tão grandioso com tão pouca idade. Ganhei um prêmio de jornalismo aos 29, quase 30, e na época me contentei: aquele era o meu Concerto. Posso fazer melhor, mas Jon Lord também fez melhor depois do Concerto.

Quinto, porque embora não tenha sido o primeiro membro do Deep Purple que conheci pessoalmente, nem o primeiro que entrevistei, Lord foi o primeiro que eu entrevistei pessoalmente (saiu até no site dele). E tenho o vídeo para provar.



Nessa entrevista, para a MTV, brinquei: "vida boa, essa sua; você toca o que quer, faz os shows que quer, viaja pelo mundo e ainda pode voltar a tocar com seus amigos quando dá". E ele: "você acaba de fazer minha vida parecer maravilhosa".

Jon Lord, meu mestre, lhe desejo muito mais anos de uma vida maravilhosa.

(O que eu acho que é velho hoje? Talvez minha avó, que tem 92 anos. Mas ainda posso mudar de ideia. Tudo depende da longevidade dos membros do Deep Purple.)

terça-feira, 7 de junho de 2011

O primeiro vídeo do BCC 2

É "Man in the Middle", que Hughes considera uma história pessoal. Ele contou a história desta e de todas as outras faixas numa entrevista ao MusicRadar.

Curtam o vídeo:

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Pra quem duvidou na outra entrevista...

...Roger Glover confirmou ao Boston Herald que a banda concordou em gravar um disco novo:

We had a writing session in March. We did manage to get together and agree to do an album. People were saying the business has changed, people don’t buy albums anymore. I’m not of that belief. We’re an album band. We were born and should die that way. An album is almost like a school report of a particular era, a great tradition.
Mas o Steve Morse deu outra entrevista e pelo jeito parece que não vai rolar de eles testarem as músicas novas no palco.

“We used to do that. You Tube has derailed that concept. The first time you do a new song, it’s immediately pushed out on You Tube.”
Aconteceu na pré-turnê de Bananas, em 2002. Duas músicas foram testadas ao vivo: "Up the Wall", que depois virou "I've Got Your Number", e "Long Time Gone", que não foi pro disco. Esta foi gravada no Festival de Jazz de Montreux em 2000: