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O guitarrista chamado para continuar o Deep Purple foi Tommy Bolin, um americano cujo estilo Ritchie Blackmore já dissera admirar. A sugestão foi de David Coverdale. Bolin já havia tocado com Billy Cobham, ex-baterista de Miles Davis. Sua guitarra tinha um timbre ácido, nervoso, diferente de qualquer coisa que Blackmore fazia.

O guitarrista escolhido não conhecia praticamente nada do repertório tradicional do Deep Purple, mas poderia aprender. Seus ensaios na banda, disponíveis no disco "Days May Come and Days May Go", mostram seu vigor na guitarra.

O disco resultante dessa formação, Come Taste The Band, vai mais longe na influência funky do que Stormbringer.



A turnê é complicada, um tanto devido aos problemas de Bolin e Hughes com drogas. Em vários shows, Bolin não conseguia tocar porque seu braço estava anestesiado pelas drogas.

“Tommy Bolin era uma figuraça. Gente boa, crianção... só que ele tinha aquele problema muito sério com a heroína. Em 1975, eu comecei a pegar pesado com as drogas. Cocaína, Heroína... nessa época o Bolin já estava começando a experimentar com morfina.”, disse Hughes em entrevista ao blog Purpendicular em 2006. “Quando o cara é famoso, vive cercado de gente oferecendo drogas, bebida, carros, aviões, mulher. Tudo de graça. Infelizmente, eu era muito jovem, não estava preparado pra tudo isso. Não queria ficar viciado, mas infelizmente depois que a coisa começa o cara fica querendo mais. A coisa foi mais pesada comigo e com o Bolin. Não digo que os outros não viessem junto, mas eles eram mais da bebida. Eu nunca fui de beber, mas acabei pegando pesado com a cocaína. As drogas são uma merda, fodem a vida do cara. Eu estou há 15 anos lutando com elas.”

Garotos talentosos, de vinte e poucos anos, ao entrar em uma máquina de fazer dinheiro na indústria do entretenimento, correm o sério risco de perderem o senso de proporção. Foi o que ocorreu na época. A turnê da banda no Japão, registrada em "Last Concert in Japan" e mais recentemente na íntegra em "This Time Around", mostra essa mistura de potência e fragilidade:


Bolin, apesar de seu talento, tinha dois problemas sérios: insegurança e baixa auto-estima. Tudo isso apesar de ter gravado belíssimos discos solo, ser considerado um gênio da guitarra e ter tocado com magos do jazz como o baterista Billy Cobham. Bolin não suportava ser comparado pelos fãs aos carismáticos antecessores que teve em grandes grupos de rock. O Deep Purple era a segunda vez em que ele substituía um grande guitarrista - anteriormente, havia tocado na James Gang. No Deep Purple, ele chegou a discutir com a platéia por algumas vezes, durante apresentações.

A turnê segue num crescendo de altos esparsos, baixos freqüentes e algumas tragédias, como a morte de um roadie num acidente de elevador em Jacarta. Enquanto isso, três quintos da banda partem em busca de projetos pessoais: Paice e Lord resolvem gravar com Tony Ashton e Coverdale pensa em encarar a carreira solo. Em outubro de 1975, três quintos da banda tocam na apresentação ao vivo de "Butterfly Ball", composto por Roger Glover, onde pela primeira vez Ian Gillan voltou a cantar em público desde 1973.

Em 15 de março de 1976, o Deep Purple subiu ao palco do Empire Theatre, em Liverpool, como uma banda que apenas estava à beira das férias. Durante o show, a banda acabou. Bolin entrou atrasado nas músicas e Hughes abusou dos gritinhos. Ao final do show, Coverdale chegou para o Lord pedindo pra sair do Deep Purple. "Não existe mais Deep Purple pra você sair", respondeu o tecladista. Enquanto isso, Glenn Hughes tenta fazer um bis mas não consegue. Ele joga seu baixo para o alto e sai do palco.

Terminou assim, num acorde violentamente dissonante, a banda criada oito anos antes e que chegou a figurar no Guinness dos recordes como a mais barulhenta do mundo. Oito meses depois, Bolin morreria de overdose no Resort Hotel de Miami, após uma apresentação. E durante oito anos o Deep Purple permaneceria fora do ar.

Versões sobre o fim do Deep Purple


"Foi principalmente um negócio dos empresários, quando alguns no grupo dizem que foi culpa de outros caras da banda. É tudo besteira. Eu acho que o que houve é que agora o Jon Lord e o Ian Paice acabam de fazer um disco ["Malice in Wonderland", com Tony Ashton] e o David Coverdale está fazendo um disco ["White Snake", lançado em 1977]. É estranho. Mas eu não sou próximo de nenhum deles, exceto do Glenn Hughes" - Tommy Bolin, em entrevista à Circus, em outubro de 1976

"Era uma boa banda, mas o Tommy era viciado em heroína e ninguém sabia. Não devíamos ter chamado de Deep Purple. Quando ficou óbvio o que estava acontecendo entre o Tommy e o Glenn, ficou impossível trabalhar com eles. Aí, numa noite depois de um show no Liverpool Empire, o David, o Jon e eu olhamos um pro outro e dissemos: 'já era'. Foi aí que nós paramos e ficamos assim até 1984, quando todos voltamos a conversar uns com os outros e a Mk2 do Deep Purple pôde voltar." -- Ian Paice, em entrevista de 1995

"No último show daquela turnê, em Liverpool, Ian Paice e eu nos encontramos na coxia e decidimos deixar a banda. Cerca de 10 minutos depois, David Coverdale veio ao meu camarim e disse que estava saindo da banda. Eu lhe informei que não havia banda pra deixar. Foi um fim bastante ignominioso para alguns anos que foram maravilhosos." -- Jon Lord, em entrevista à Guitar World, em 1999

"Algumas pessoas começaram a comprometer a coisa toda. Em Liverpool, eu vi o Ian Paice e o Jon Lord tocando com a cabeça pra baixo, e o Purple sempre foi uma banda muito orgulhosa. Arrogante, até. (...) O meu trabalho era botar a galera de pé e eu via eles pensando: 'isso aí não é o Deep Purple', e é claro que eles estavam certos, não era mais o Deep Purple." -- David Coverdale, em entrevista à Atlantis Online, em 2000

“O que acabou com o Deep Purple, há 30 anos, foi uma combinação de sexo, drogas e rock’n’roll. Rolava muita doideira. Tinha troca de mulheres, muita droga e o negócio de a música ir numa direção diferente.” - Glenn Hughes, em entrevista ao blog Purpendicular, em 2006