sexta-feira, 21 de julho de 2017

E se fôssemos montar um Deep Purple hoje?

Vi que criaram um grupo de trapalhões novo, incluindo o filho do Mussum. Achei ridículo.

Aí, agora há pouco, estava vendo Lachy Doley tocar um mashup de Lazy e Green Onions no teclado. Pensei com meus botões: ora, os tios estão velhinhos e querendo se aposentar; se criassem um novo Deep Purple só com músicos jovens, esse seria o cara para a vaga do Jon Lord.

Ouve o som do cara e sugere aí nos comentários quem mais poderia fazer parte, com link de vídeo do YouTube.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Minha resenha de Infinite (e todas as anteriores)

O blog Purpendicular fez 15 anos em fevereiro. Nem parece. Começou no início da Mk8, quando houve a última turnê do Jon Lord. Desde então, resenhei todos os lançamentos do Deep Purple, ao menos os de estúdio.

A de Bananas (2003) eu escrevi originalmente para o Omelete.

A de Rapture of the Deep (2005) levei uma semana ouvindo até fazer aqui.

A de Now What?! (2013) fiz no Facebook, porque o blog estava em recesso.

A de Infinite (2017) fiz no Facebook e faço aqui.


"Bom fim de semana!" E aí, quem mais já ouviu o Infinite?

Minha cópia física, com DVD e camiseta, está em algum ponto entre Hamburgo e São Paulo. Eu esperei meia-noite e fui olhar o Vivo Música, que assino. Nada. meia-noite e cinco, fiquei furioso e assinei o Spotify. Quase cancelei o Vivo Música, mas minha mulher gosta. Saco. Mas, enfim, ouvi duas vezes antes de dormir e uma agora de manhã na esteira.

A primeira foi especial. Assim como quando saiu o Now What, tomei um banho antes de ouvir. De luzes apagadas, defronte à janela, olhando a chuva cair, como naquele 13 de abril de 2013, pra ouvir cada nota. Melhor do que meditação.

Minha impressão geral sobre o disco: grande álbum, belos riffs, solos familiares mas bons, só não curti a quantidade de ecos e efeitos darth vader na voz do Gillan - fica ruim de entender as letras. Não é tão bom quanto o Now What, mas é um baita disco. (Faço questão de não comparar a produção dos tios sessentões com a deles moleques.)

Achei curioso que Paradise Bar não está no disco. Mas já está no iTunes há algum tempo, vale comprar como extra. Time for Bedlam e All I Got is You eu já tinha ouvido muitas, MUITAS vezes nos últimos meses. Gosto, mas estava querendo ouvir o que eu não conhecia. Ao contrário de Hell to Pay em Now What, desta vez eles ficaram nos devendo solo extra de teclado como o que teve em Hell to Pay, que também já era bem conhecida ao sair o Now What.

Time for Bedlam - Acho uma das músicas mais fortes, de música e letra, que eles fizeram na maturidade. Quando saiu, eu não sabia o que achava do "canto gregoriano" do Gillan no começo e no final. Hoje acho que não gosto muito. É a primeira de várias vezes em que ele usa efeitos na voz, o que eu acho bem desnecessário. Mas gosto do que ele declama nessas partes.



Hip Boots - baita riff. Gosto dessas pausas dramáticas. Já tinha sido experimentada ao vivo. Tem um belo potencial, suponho.



All I Got is You - a letra parece meio que de briga com a mulher, não? Gira os olhos com a mão na cintura quando o cara vai encher a cara com os amigos etc. O maior destaque aqui, pra mim, está nos solos. Airey no sintetizador sai da sombra do Lord, mas depois traz a tradição de hammond de novo pra deixar bem claro que aqui é Purple.


One Night in Vegas - gosto da costura do instrumental, e temos uma clássica letra do Gillan contando causos

Get me Outta Here - acho que esta é minha faixa favorita no disco, ainda que eu tenha pego pouco da letra por causa dos efeitos. Se no Now What a grande revelação era Airey começando a sair da sombra do Lord, neste disco o Paice está soltinho, e aqui é um belo exemplo. Não sei se é por desaforo ao derrame que teve no ano passado. Bateria meio Jack Ruby. Riff pesadão. Gillan solta um grito daqueles, pra gente matar a saudade, parecendo ter saído direto de "Money Lender". E no final ele se despede em várias línguas, inclusive português perfeito ("Bom fim de semana!"). Em 2014, quando o entrevistei, perguntei a ele se ele falava português, já que tem casa no litoral português e sempre vem ao Brasil. Ele disse: só frases normais de cortesia, bom dia, bom fim de semana...

The Surprising - é uma faixa surpreendente. Lembra filme de caubói dos anos 70, não? Aquela guitarra, aquela bateria. Só falta sair o Clint Eastwood com um cigarro no canto da boca e duas armas nas mãos. Efeito de gravar em Nashville? Mas a letra é sobre pesadelos. Bonita música, gostei, mas não sei se vai estar entre minhas três favoritas do disco. Só ouvindo mais.

Johnny's Band - já vinha tocando na BBC, e o Fernando Mattedi me mandou outro dia. Muito boa, divertida, boa levada. Riff simples mas eficiente.

On top of the world - adorei o começo, bela levada também. Efeitos de voz demais, porém. Tem uma parte narrada em que baixa o Darth Vader.

Birds of Prey - riff malandro, pesadinho e lento; Airey cósmico. Muito efeito de eco na voz do Gillan. Mas se bobear é uma das melhores faixas do álbum.

Roadhouse Blues - aqui é churrasco com os amigos. No começo achei meio estranho eles fazerem cover, mas azar. Gostei do resultado. Gillan canta a letra do jeito dele, não do jeito do Jim Morrison. O começo é empolgante, um instrumento entrando por vez. E a última frase da letra ("the future's uncertain and the end is always near") tem muito a ver com o que eles têm dito sobre o fato de ser um disco de despedida, ou não.

Com 70 e tantos anos nas costas ou logo à frente, levar mais oito anos pra fazer um disco, como eles demoraram entre Rapture e Now What, deixa de fato o futuro incerto. Com um amigo enterrado e a idade mostrando suas garrinhas com mais força (adoro observar o quanto eles não escondem a coroíce no vídeo de All I Got is You), a ideia de que o fim está sempre perto deve estar sempre em mente.

É um disco muito melhor do que qualquer coisa que se poderia esperar de uma banda que está pensando em parar de tocar. Mas, claro, sendo o Deep Purple eles obviamente não estão - só vão dar mais uma volta ao mundo, ou duas, ou três, antes de dar uma maneirada. Glover disse em entrevistas recentes que ainda tem alguns lugares do mundo que ele quer ver antes de sossegar o facho.

Pelo que andou circulando, parece que em outubro é a nossa vez. Vamos tentar ver mais de um show enquanto eles estão por aí. Geralmente eu vou a um só por turnê, sempre acho que 1) estou velho demais pra ir a mais de um show numa semana e 2) eles vão voltar. Considerando que eles são um tanto mais velhos do que eu e podem não voltar, eu vou fazer o possível pra ver mais de um.

Obrigado, Ian Gillan. Obrigado, Roger Glover. Obrigado, Ian Paice. Obrigado, Steve Morse. Obrigado, Don Airey. Tiro meu chapéu para vocês como sempre nas últimas quase três décadas.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Episode Six, 50 anos

Em dezembro, os membros originais do Episode Six - incluindo Gillan e Glover - se reuniram em Londres quando o Purple fazia turnê por lá. Uma alma caridosa postou "Morning Dew", e o grande Nigel Young indicou.

Assim são eles hoje:


Assim eram eles há meio século:




Para diversão, vamos comparar com outros?

Aqui, temos Jeff Beck em seu disco de 1968, com Rod Stewart no vocal:

Aqui, Nazareth:

E que tal o Grateful Dead?
 

Aqui, a versão que Robert Plant gravou em 2002:


Aqui, Robert Plant canta com a compositora da música, Bonnie Dobson. A letra é levemente diferente da que todo mundo cantava nos anos 60:

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Now What?!, há quatro anos

Em 2013, quando o Deep Purple lançou o "Now What?!", este blog estava em recesso. Dia 25 de abril de 2013, quando o disco entrou no iTunes, baixei, ouvi e fui postando faixa por faixa na versão Facebook deste blog. Para mim, "Now What?!" é provavelmente o disco mais bem pensado da Mk8, ainda que eu goste de todos. Como não postei na época, reproduzo aqui, postando retroativamente.



Chegou.

A Simple Song: Porrada nas zoreia. Ouça com fones a todo volume. Mas daqueles internos, pra não cair. Porque sua cabeça não vai ficar parada.

Weirdistan: baixo assustador. Teclado gigante. Guitarra cortando. Nunca ouvi a bateria tão claramente. Gillan se divide em três, todos eles geniais. Vale aquilo dos fones, pague o otorrino depois. Sai barato perto desse troço.

Out of Hand: a introdução me remete ao Psicose, mas aí vem o riff - sério candidato ao CQC usar como vinheta, como usa uns dos últimos dois discos. Som bem moderninho, tios. Podia ser clipe da MTV nos anos 90 fácil. Haja volume nesses fones.

Três por vez. Não quero morrer do coração.

Hell to Pay: a história dos revolucionários de sofá que proclamam não ser representados pelo feliciano e fazem comentários em blog com adjetivos terminados em alha. Versão do disco muito melhor que a do single. Os tios se puxaram.
Body Line: coisa mais boa. A jam do começo promete se entrar no show. Refrão achei meio caidinho, mas a música tem umas paradinhas legais. Solo divertido do Morse, Airey mandando ver com os lados das mãos. O riff é excelente.

Above and Beyond: Gillan escreveu no dia em que o Lord morreu. É como se ele estivesse psicografando um recado do amigo. Coisa linda esse teclado.

Blood from a Stone: voz do Gillan maduro é o destaque. Bela faixa.

Uncommon Man: outra homenagem ao Lord. Forte trabalho. Foi usada num dos previews, naquele primeiro, muito empolgante. Coisa genial. É a resposta da banda a "De Profundis", do primeiro solo do Lord pós-Purple. Gillan: "who says you can't have it all? It's good t be king" lembra minha entrevista com o Lord.

Après Vous: Glover segurando no baixo a piração de Airey e Morse é fabuloso.

All the Time in the World: o pulso ainda pulsa.
Vincent Price: o tecladista que compôs a introdução de Mr. crowley finalmente veio substituir Jon Lord na banda!!! riff porrada, vi gente comparando com No More Tears. Tem uma pegada de rock horror, como diria Sérgio Chapelin. Pombas, o disco abre com uma porrada nas zoreia e termina com outra.
It'll be Me: caraca, o que é essa voz grave??? Coisa que o Gillan tocava com os Javelins. Sempre legal ver os tios atualizando o que ouviam quando moleques.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

No Facebook

Não tenho conseguido tempo pra postar decentemente no blog. Ao mesmo tempo, as melhores informações sobre o Deep Purple eu tenho recebido via Facebook, onde consigo seguir membros, ex-membros e colaboradores do Purple e bandas pelas quais seus membros passaram. Assim, para fazer atualizações rápidas, criei a página do blog Purpendicular no Facebook. Visite, curta, acompanhe. Quando eu for escrever coisas mais longas, autorais, sobre o Deep Purple, escrevo aqui. Estou com uma engatilhada sobre o Made in Europe, a partir dos comentários no post anterior.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Jon Lord, a vida, o universo e tudo mais




OK.

Tomei aqui minha taça de vinho em homenagem a Jon Lord. Era de vinho tinto que ele gostava, e o homenageei com um Malbec. Aguentei calado e sem chorar uma lágrima sequer enquanto assisti ao mais privilegiado DVD de Jon Lord que eu tenho: a gravação bruta da minha entrevista com ele, em 2009, que inclui trechos do ensaio de "Soldier of Fortune". Eu dava risada vendo ele rir comigo.

Tudo o que valia a pena dizer ao público em geral sobre a carreira do Jon Lord eu escrevi no obituário que fiz para o site da Folha: "Jon Lord foi um pioneiro na fusão entre o rock e o erudito". Sim, Jon Lord me ensinou que não existem gavetas na música - existe música boa e existe música ruim. Música ruim você sabe o que é, ela abunda. Mas música ruim não me interessa, só me interessa música boa e é dela que eu falo quando falo de música.

Aqui no Purpendicular, porém, estamos entre amigos. Mais do que isso: entre órfãos. Noves fora Tommy Bolin, que morreu na cabalística idade de 27 anos, Jon Lord foi apenas o primeiro dos membros do Deep Purple a nos abandonar por complicações decorrentes da vida. É triste pensar nisso, mas ele é apenas o primeiro. Nos próximos anos, a fila deve andar - tomara que demore, mas infelizmente vai. E saber que a gente também está na fila é assustador.

Como dizia Jorge Luis Borges, morrer é um costume que sabe ter toda gente. Quem tem quem? A gente tem o costume ou o costume que tem a gente? Tendo a achar que é ele.

A música de Jon Lord ("To Notice Such Things", especialmente "Afterwards", cujo poema está aqui e a música está abaixo) me ajudou a aceitar a morte do meu tio favorito, quase um pai pra mim, quando ele morreu de câncer no ano passado. Por isso e por tudo mais, minha primeira reação quando soube da morte do Jon foi de incredulidade.



A segunda reação foi de inconformismo. Escrevi no Facebook que nossos heróis, porra, nossos heróis não deviam ter esse direito. Deviam ser todos como aqueles meus heróis de papel, como os Supermen e os Batmen e os Capitães América, que morrem e poucos meses depois acham um roteirista mentiroso o suficiente pra encontrar uma desculpa pra trazê-los de volta.

Só que não tem jeito. Por mais geniais que sejam nossos mestres, e Jon Lord era uma das cabeças mais brilhantes com as quais tive o privilégio de aprender (seja em discos, seja em DVDs, seja assistindo ao vivo, seja nos curtos minutos da nossa entrevista de 2009), todos um dia nos abandonarão e deixarão este planeta mais burro, mais imbecil, mais boçal.

Eu estava vendo o Concerto for Group and Orchestra de 1999 e filosofando um pouco no ouvido da minha mulher quando conseguia completar uma frase sem me desfazer. Demorou um pouco.

Somos muito egoístas com esses que admiramos. Egoístas demais. Vemos Ian Gillan no palco e decretamos: "não canta mais nada". Vemos Blackmore tocando como coadjuvante da patroa e cobramos: "pombas, cadê a Fender?". Vemos Jon Lord morrer de câncer, uma doença dolorosa, cruel, e não nos conformamos. Não damos a eles o direito de seguir o curso da vida, de envelhecer, de ficar de saco cheio, de morrer.

Na nossa cabeça, nossos heróis deviam viver pra sempre.

Na nossa cabeça, nossos heróis deviam ter pra sempre vinte e poucos anos, como os heróis dos gibis.



Neste momento, na tela de LCD à minha frente, Jon Lord é um moleque mais jovem que eu e faz dueto com Blackmore na melhor fase do Deep Purple. Neste momento, aqui na minha sala, um fragmento da noite de 21 de agosto de 1970 vive na gravação de "Speed King" em "Doing Their Thing".

Mas ainda hoje à tarde eu estava no trabalho, incrédulo ao saber da morte de Lord aos 71 anos.

Ainda ontem, eu tinha 14 anos de idade e descia a Plínio Brasil Milano ouvindo Deep Purple no meu walkman paraguaio. Cantando junto a cada passo. Esses 21 anos voaram perante meus olhos e quando vejo o Jon Lord está morrendo de complicações trazidas pela idade. Num flash, de repente eu tenho 35 anos, 103 quilos e gastei uma fábula com discos e DVDs dos meus mestres.

Poucos minutos atrás, eu tinha 25 anos de idade e abri um blog especializado em Deep Purple. A banda estava numa fase de indefinição - parecia que Jon Lord ia se aposentar. Será que iria? Lembro como se fosse ontem dos meus amigos reclamando no meu velho blog do tanto que eu falava do Deep Purple. Lembro da minha ansiedade de saber cada movimento da banda. Faz poucos minutos, mas faz 10 anos.

Minutos antes, eu tinha 20 anos de idade e trabalhava à noite. Estava nervoso. Não comprava mais discos do Deep Purple desde a saída de Blackmore, mas eles foram tocar em Porto Alegre. Um colega do jornal foi cobrir o show e mandava avisar que músicas eles haviam tocado. Eu espiava sobre o ombro da editora de Variedades. Corrigi: não é "Black In Night", é "Black Night". Ela pergunta como eu sei, digo que tenho todos os vinis da banda. "Por que tu não tá lá?", ela pergunta. "Não tinha grana, e tinha que trabalhat", respondo. Ela me dá seu próprio ingresso de cortesia - número 0002 - e dinheiro para o táxi. Quando chego ao Opinião, quem faz solo? Jon Lord.

Lembro como se tivesse sido esta noite, mas foi há 15 anos.

Eu fecho meus olhos só por um momento e aquele momento se foi, já cantava o Kansas. Tudo o que somos é poeira no vento.

Quando eu assistia ao Concerto, hoje, eu pensava: não, Jon pode ter morrido, mas sua obra está aí. Na hora em que eu quiser, aperto um botão no controle remoto e estou de volta ao dia 23 de setembro de 1999, no Royal Albert Hall. Ou ao dia 7 de maio de 2009, dez anos depois, na galeria Olido, onde eu tenho três anos a menos de idade e Jon me diz pra cuidar e não bater com o microfone em seu nariz. Viajo no tempo e no espaço, como se tivesse um Delorean.



Sua obra está aí. Seu corpo podia ser frágil, como são todos os nossos corpos. Ele sofria com o câncer, como todos nós corremos o risco de sofrer caso vivamos o suficiente. Devia ser muito dolorido. Ele livrou-se desse sofrimento, e eu não me conformava até me dar conta do egoísmo dessa ideia.

Domingo, tive a sorte de conversar com meu amigo Paulinho Oliveira. Um dos homens mais sábios que conheço, sempre acabamos conversando sobre a vida, o universo e tudo mais. Sempre.

Ele me disse ter lido em Eduardo Galeano ou José Saramago que existem dois tipos de morto: o morto apenas e o morto bem morto. Morto bem morto é aquele que se foi e aos poucos se foram também todos aqueles que lembravam dele. Morto é aquele que, embora nos falte, deixa sua memória entre os que sobrevivem a ele, dos que lembram dele ou de sua obra. Jon Lord é desse tipo - eu vou morrer um dia e a obra de Jon Lord ainda estará por aí para ser lembrada.

Até ontem, a privilegiada cabeça de Jon Lord ainda podia nos trazer novos concertos, novas peças, novas ideias. Vai ser doloroso viver sabendo que não virá nada novo dele. E é cada vez mais presente a ideia de que meus outros heróis de carne e osso também não são como o Batman. Porque essa ideia me lembra que eu também não sou como o Batman, e é isso que me apavora.



Mas sua obra está aí. O 21 de agosto de 1970 está vivo na minha tela. Assim como o 24 de setembro de 1969 e o de 1999. Assim como o 7 de maio de 2009. E todas as outras datas em que os dedos mágicos de Jon Lord foram registrados e permanecem vivos. E é esse Delorean de imagens e música que nos mantém pra sempre cientes de que ninguém morre para sempre se deixar o que de melhor tiver na forma de uma obra.

E aí vem outro problema: qual é a SUA obra?

Eu ainda estou tentando descobrir qual é a minha. Leitores generosos podem dizer que este blog é uma obra. Mas blogs se apagam e somem no éter. Tudo o que eu escrevi em jornais já embrulhou peixe. Eu sei a minha obra, mas se eu um dia vier a faltar, ninguém mais sabe.

Qual é a sua obra? Qual é a minha obra? De que lembrarão sobre nós quando, tal como Jon Lord, repetirmos o triste costume de morrer?

Não sei. Mas não é tarde para saber. E a vida de gênios como Jon Lord nos lembra da importância disso.

Muito obrigado, Jon. Por tudo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Morreu Jon Lord

Não tenho cabeça pra escrever um grande obituário agora aqui no blog.

Mas estou mal.

Fiquem com a entrevista que eu fiz com ele para a MTV, em 2009.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um cartaz histórico

Um benfeitor da humanidade postou no Facebook a foto deste cartaz, que anuncia o show da banda "Roundabout (Artwoods + Flowerpot Men)", em 20 de abril de 1968, na cidade de Tastrup, na Dinamarca.


É um registro histórico da arqueologia do Deep Purple.

O preço nominal do ingresso, hoje, não compra sequer um café por lá.

O lugar é aqui:


E a banda por aqueles dias gravou isto num estacionamento de Copenhague:

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Gillan: disco novo será gravado em Nashville a partir de 23 de junho


Meu colega Marco Jayme catou esta entrevista do Gillan à Classic Rock. O foco principal é o Who Cares, que saiu no ano passado. Mas o cantor fala bastante do futuro do Deep Purple. O novo disco, pelo que Gillan diz, será gravado em Nashville, no final de junho. Ainda não tem data pra sair o disco novo.


Gillan elogia a produção de Bananas ("Bananas foi um disco de som fantástico... O primeiro disco de Bradford conosco foi brilhante") e critica a produção de Rapture of the Deep ("...em contraste completo com Rapture of the Deep"). A foto acima, aliás, é da produção de Bananas. Gillan também fala sobre as expectativas em relação ao produtor Bob Ezrin, ainda que o contrato não tenha sido assinado.

"Ele veio até nós pra conversar sobre o assunto e todo mundo se apaixonou por ele. Acho que a ideia de trabalhar com alguém que respeitamos profissionalmente e pessoalmente... vai ser mais fácil. Pra ser honesto, acho que o que estamos procurando é uma daquelas abordagens de profissional antigo, onde você tem uma direção e um grande som. É isso que queremos. Cortar o lixo, que a gente só nota tarde demais. Precisamos de um ouvido objetivo, acho que isso é muito importante."

To close, we simply must talk about Deep Purple. It’s true that Bob Ezrin is producing your new album?
It looks that way. I’m not sure I’m allowed to say anything until contracts are signed but it seems… let’s put it this way, I’m booking a flight out to Nashville on June 23. So I’m sure he will be [producing], yes.
June 23 is when you’re going to kick off the recording?
The whole thing, the writing and everything, yes. We’ve got six weeks to do it.
Bob Ezrin is an interesting choice…
I think it’s great to work with different producers and Bob Ezrin has got an amazing track record. No pun intended. He came up to see us to talk it through and everyone fell in love with him. I think the idea of working with somebody you’ve got respect for professionally and personally… it’s going to make it easy. To be honest, what I think we’re looking for is one of those old-pro type approaches where you have guidance and a great sound. That’s what we want. To cut out the rubbish, which we always recognise too late. We need an objective ear, I think that’s really important. I’m looking forward to it very much.
If you look at the history of Purple, you’ve self-produced more often than not.
Generally, yes. We’ve used Martin Birch as a kind of engineer and sixth ear… a sixth pair of ears, I should say. But generally self-produced. This time I think we’re a little more focused than we have been in the past. We never make plans; we just turn up with nothing and crack on from there. But I think Bob Ezrin will help us focus. I thought Bananas [2003, produced by Michael Bradford] was a fantastic-sounding record… in complete contrast to Rapture Of The Deep [2005, also produced by Bradford]. Bradford’s first album with us was brilliant. We’re all a bit long in the tooth and as life goes on you do need someone to give you that cutting edge, which I’m sure Bob Ezrin will provide.
When will new album be released?
Well, I don’t know. There used to be a long lapse between finishing the recording, then the post-production, the artwork and everything… it used to take ages. It’s much quicker these days. I’ve done three or four albums since the last Purple album. Once the music’s sorted, the rest of it takes no time at all. So, when’s it coming out? I don’t know. How do you sell records these days anyway?

domingo, 29 de abril de 2012

Glover em Veneza


Roger Glover andou tocando na Itália neste final de semana, com o guitarrista Tolo Marton. Foi em Veneza, num clima super descontraído. Ele até tocou coisas solo, inéditas ao vivo.

Veja estes vídeos. Os primeiros são do Hard Rock Café, na noite de 27/4. Os outros são do Teatro Corso Mestre, na noite de 28/4.

Lazy (Purple):


Stone Free (Hendrix):


When Life Gets to the Bone (minha favorita do "If Life Was Easy", seu último disco solo):


Highway Star (Purple):