terça-feira, 31 de maio de 2011

Jon Lord compõe peça orquestral para estudantes



O jornal Henley Standard informa que mestre Jon Lord, patrono do Henley Festival, topou compor uma peça orquestral especialmente para a Orquestra Juvenil do Festival de Henley.

Neste final de semana, ele foi ver a gurizada tocando pra fazer uma ideia de que nível de dificuldade eles encaram. Ele disse ao jornal:

"Gostei muito do que eu vi. Tocar bem numa orquestra toma muitos anos de prática, e esses carinhas estão apenas nos primeiros passos dessa estrada. Alguns estão um tanto à frente dos outros, mas todos chegarão lá. É ótimo ver isso. O mais importante é o lado colaborativo das coisas. Todos estão tocando suas partes, e só quando todos trabalham juntos é que sai música. Na verdade, isso é que é a razão de tudo."

Será a quinta composição orquestral de Lord desde sua aposentadoria do Deep Purple. As anteriores estão nos seguintes discos:

Beyond the Notes (2004)
Durham Concerto (2008)
Boom of the Tingling Strings (2008)
To Notice Such Things (2010)

Lord também anda no processo de gravar uma versão em estúdio do Concerto for Group and Orchestra, que ele passou os últimos anos apresentando ao vivo pelo mundo inteiro - inclusive no Brasil, na Virada Cultural de 2009. Diz ele que aperfeiçoou a composição desde então. Nenhum dos membros do Deep Purple vai participar da nova gravação, até onde se saiba.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Whitesnake no Brasil em setembro


David Coverdale vem ao Brasil em setembro para apaziguar a saudade dos devotos da cobra branca. O Whitesnake traz a turnê do novo disco, "Forevermore", tocando com o Judas Priest em quatro cidades e quatro datas, como informa o Omelete:

São Paulo
Data: 10 de setembro
Local: Arena Anhembi

Rio de Janeiro
Data: 11 de setembro
Local: Citibank Hall

Belo Horizonte
Data: 13 de setembro
Local: Chevrolet Hall

Brasília
Data: 15 de setembro
Local: Estádio Nilson Nelson
A produtora Time For Fun divulgou que a venda de ingressos começa no dia 14 de junho. Haverá pré-venda para clientes Credicard, Citibank e Diners, entre os dias 7 e 13 de junho. Os preços dos ingressos ainda não foram anunciados.

Esses shows e todas as outras datas importantes do Deep Purple e sua extensa árvore genealógica estão num calendário público que eu criei especialmente para nós. Aqui do lado direito, onde diz "Days May Come". Você pode adicioná-la facilmente ao seu Google Agenda. Para saber de todos os shows que o Whitesnake e todos os outros ex-membros do Deep Purple fizeram no Brasil, conheça o Wikipurple.

Um videozinho recente dessa turnê mostra um Coverdale cheio de energia, embora sem tanta voz. Mas vale a pena:

A nova filha do Glover

Roger Glover esteve ausente dos últimos shows do Deep Purple por um motivo muito especial: sua terceira filha, Melody, nasceu dia 19 de maio. Enquanto ele está de licença-paternidade, o ex-Jamiroquai Nick Fyffe faz os shows. Em seu site, Glover pede desculpas pela ausência e mostra a foto da sua nova filha, Melody.

"Até onde eu lembre, esta é só a segunda vez em que isto me acontece em quarenta e sete anos como músico profissional. A primeira foi em 1965, quando meu apêndice explodiu quando o Episode Six tocava direto em Frankfurt."

Em 2009, quando conversamos no backstage do show do Purple em São Paulo, mestre Glover estava faceiro porque estava prestes a ser pai pela segunda vez e avô pela primeira, mais ou menos na mesma época. Parece que ele curtiu a farra, e sua terceira filha veio logo após a segunda. A primeira, claro, é a Gillian Glover, excelente cantora, que deve ter uns 35 anos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quatro minutos em estado de graça

Eu vibrava como torcedor que assiste seu time fazer uma goleada.

Isso foi há dez minutos, quando descobri o vídeo que segue logo abaixo. Precisei correr pro computador, pra escrever este post, tamanha foi a satisfação.

O vídeo é de 18 de junho de 1985. Foi gravado em Malmö, na Suécia - a cidade dos meus tataravós, onde mora o Svante Axbacke. Tanto eu quanto o Svante éramos crianças na época, e acho que o Svante sequer morava lá. Adoraria acreditar que algum primo distante estivesse na primeira fila.

A Mk2 fazia sua primeira turnê mundial depois do retorno do Deep Purple. Era o último show da perna sueca da turnê antes do famoso festival de Knebworth. O Deep Purple tocava Smoke on the Water ao vivo pela 409ª vez (sim, eu contei), e pela 69ª vez o Gillan puxava o coro da plateia de "Smoooke on the Waaaater, fire in the sky".

Gillan brinca com a plateia. A banda se prepara para voltar a tocar. Nisso, Blackmore olha para Glover. Dá uma levantadinha na guitarra, como quem pergunta: "quer trocar?" Glover topa - ia contrariar, por acaso? Eles trocam. Blackmore vai para o lado esquerdo do palco, ao lado do teclado. Glover vai para o lado direito, no cantinho do Blackmore.

Seguem-se quatro minutos com o Deep Purple em pleno estado de graça. ESSE é o MEU Deep Purple, amigos. É nessas horas que eu não sei por que ouço tão pouco a Mk2 pós 1984.



(Agradeço ao @brunoalsantos por ter me apontado outra performance da Mk2a hoje. Sem isso eu não teria chegado a esse vídeo.)

Glenn Hughes: radialista

Glenn Hughes vai ser apresentador de um programa dominical na rádio Planet Rock, de Londres. Ele vai apresentar as músicas que fizeram e fazem sua cabeça e também vai contar causos de sua vida na estrada.

As rádios rock inglesas são fascinantes porque trazem os músicos pra apresentar. Bruce Dickinson e Suzi Quatro tinham, e Roy Davies ainda tem, programas na BBC 6 Music. Alice Cooper, Joe Bonamassa (também da Black Country Communion) também apresentam programas na Planet Rock. Ronnie Wood apresenta na Absolute Classic Rock.

E o legal é que essas rádios transmitem na internet. Clique nos links acima, ajuste seu relógio e ouça a estreia do Hughes no outro domingo, dia 5 de junho. Lembre que, por conta do fuso horário, 18h lá são 14h aqui.

No Brasil, o que tem de mais parecido com isso?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Wine, women and song

David Coverdale lançou há algum tempo sua própria marca de vinho, o Whitesnake Zinfandel. Agora, ele dá uma entrevista ao California Wine Press contando suas experiências com vinhos, mulheres e canções. Trechinho:
Sendo um inglês da classe trabalhadora, eu não fui apresentado ao vinho até minha adolescência, quando comecei a escola de arte... eu não entendia nada de paladar... só bebíamos chianti barato e Blue Nun até chegarmos ao nirvana. Em outras palavras: bebíamos até tontear. Depois que eu entrei para o Deep Purple, o jogo todo mudou. Fui apresentado a vinhos fabulosos, que só as carteiras mais recheadas podiam comprar. Também é um fator que me motiva a trabalhar: esses Chevalier Montrachet não saem barato!
Mais uma vez, ele anuncia sua autobiografia, "Como Era Branca Minha Cobra".

Com vocês, o Whitesnake com Jon Lord, em 1983, tocando "Wine, Women and Song":

domingo, 22 de maio de 2011

Don Airey com disco novo no forno

Dia 22 de agosto, sai lá fora o terceiro disco solo do tecladista Don Airey. O título é "All Out". Numa das faixas, quem toca guitarra é Joe Bonamassa, da Black Country Communion.

Airey é um nerd de boa cepa. Sempre coloca menções a Star Wars em seus solos. Neste disco, uma das faixas se chama "Wrath of Thor". A lista completa é esta:

1. The Way I Feel Inside
02. Estancia
03. People In Your Head
04. B'cos
05. Running From The Shadows
06. Right Arm Overture
07. Fire
08. Lon Road
09. Wrath Of Thor
10. Tobruk

Vitor Benvindo, do MOFODEU, resenha o Who Cares

O Vitor Benvindo, do MOFODEU, faz uma análise do single duplo do Who Cares, com Gillan, Lord, Iommi e outros. Manda ver, Vitão!


Há 27 anos Ian Gillan (DEEP PURPLE, EPISODE SIX) deixava o BLACK SABBATH. Sua passagem pelo grupo deixou um legado de críticas e dúvidas. O disco “Born Again” (1983) foi recebido com frieza e o que poderia ser um encontro histórico hoje em dia não passa de uma curiosidade na carreira dos artistas. Sempre que se fala em Ian Gillan no Sabbath, uma interrogação aparece no rosto de quem ouve a frase. A sensação que se tem é que existe ainda uma dúvida a ser paga pela dupla Ian Gillan e Tony Iommi.

Pois bem, depois de tanto tempo eles estão juntos novamente, mesmo que eventualmente. Sem a preocupação de se pagar dívidas, eles se uniram a grandes músicos da história do Hard Rock e Heavy Metal em uma causa beneficente: ajudar a reconstrução de uma escola de música, na Armênia, destruída por um terremoto. Entre os convidados estão: Jon Lord (DEEP PURPLE, WHITESNAKE), Nicko McBrain (IRON MAIDEN), Jason Newsted (METALLICA), Linde Lindström (HIM), entre outros.

O projeto, chamado de WhoCares, resultará em um single CD com duas faixas inéditas compostas exclusivamente para a causa: “Out Of My Mind” e “Holy Water”. O single tem previsão de lançamento para 24 de maio na Europa e 24 de junho na América do Norte.

No entanto, as duas faixas já estão disponíveis no YouTube. Seguem os vídeos com as canções, os dados de produção, além de uma breve análise sobre cada uma delas.

01 – “Out Of My Mind”

* Ian Gillan (DEEP PURPLE, BLACK SABBATH) – Vocais
* Tony Iommi (BLACK SABBATH) – Guitarra
* Linde Lindström (HIM) – Guitarra
* Nicko McBrain (IRON MAIDEN) – Bateria
* Jason Newsted (METALLICA) – Baixo
* Jon Lord (DEEP PURPLE, WHITESNAKE) – Teclado

Por mais que Gillan e Iommi não estivessem preocupados em pagar dívidas pode-se dizer que está faixa seria digna de estar em qualquer álbum da discografia não só do Sabbath como também do Purple. A canção tem elementos marcantes da carreira das duas bandas e traz uma fusão de elementos dos grupos que talvez não aparece nem mesmo no primeiro encontro entre os músicos, em “Born Again”.

Do Sabbath nota-se, a introdução ligeiramente soturna e, como sempre, o riff pesado e marcante. É impressionante como Tony Iommi tem uma fonte inesgotável de riffs maravilhosos. No caso de “Out Of My Mind”, trata-se de um riff absolutamente simples, mas que nem por isso deixa de ser genial, já que é ele leva conduz a faixa de uma maneira em que é quase impossível não se balançar a cabeça. O solo da canção também é um capítulo a parte, com o carimbo de qualidade “Tony Iommi”, porém mais melódico do que o guitarrista costuma fazer em seus trabalhos com o Black Sabbath.

As características que remetem ao Deep Purple estão ligadas mais aos trabalhos mais recentes da banda do que aos discos clássicos da banda. A música lembra bastantes algumas das canções dos bons álbuns lançados depois de 1996, com Steve Morse na guitarra. A canção tem uma característica bem próxima às do disco “Bananas” (2003), com guitarras marcadas e com peso e com o habitual vocal melódico de Ian Gillan. Esses discos, apesar de serem encarados pelos mais xiitas com preconceitos, revigoraram a banda nos anos 90 e 2000, trazendo uma nova forma de cantar para Gillan. É esse vocal que está em “Out of My Mind”. Quem espera os agudos dos 60 e 70, pode esquecer.

Outra característica que nos remete ao Purple é o teclado de Jon Lord, que se não está tão marcante como no auge da banda, nos remete um pouco ao que foi feito nos anos 80, especialmente no álbum “Perfect Strangers” (1984). Não, não espere aqueles clássicos duelos entre o órgão Hammond de Lord e a Stratocaster de Blackmore (ou a Gibson SG de Iommi). O que percebemos em “Out Of My Mind” é algo mais básico, mas fundamental para dar corpo à canção.

Portanto, “Out Of My Mind” pode ser considerado um hard rock com o DNA do Sabbath e do Purple, que poderia completar qualquer um dos álbuns da banda, mas certamente não se tornaria um clássico. É um ótimo trabalho, digno, honesto e por uma boa causa.

02 – “Holy Water”

* Ian Gillan (DEEP PURPLE, BLACK SABBATH) – Vocais
* Tony Iommi (BLACK SABBATH) – Guitarra
* Steve Morris – Guitarra
* Michael Lee Jackson – Guitarra
* Randy Clarke – Bateria
* Rodney Appleby – Baixo
* Jesse O’Brien – Órgão Hammond
* Arshak Sahakyan – Solo de Duduk
* Ara Gevorgyan – Duduk na Introdução

A segunda canção do álbum é um pouco mais experimental. Trata-se de uma balada com elementos mais sofisticados como a inclusão de instrumentos pouco convencionais como o duduk, um instrumento de sopro típico da região do Cáucaso, de onde a Armenia faz parte.

Ao contrário da outra faixa, “Holy Water” traz poucas características das bandas clássicas dos idealizadores do projeto. Apesar de uma vigorosa guitarra, a falta do peso habitual quase não f nos faz reconhecer Iommi na faixa. Ao invés dos tradicionais riffs arrastados, notamos uma guitarra apresenta maior versatilidade, indo da quase ausência de efeitos a uma distorção moderada. A combinação a guitarra base de Steve Morris, traz uma característica pouco presente nos trabalhos de Iommi.

Talvez os vocais de Gillan seja o ponto de contato mais próximo da canção com o trabalho do Deep Purple. Apesar de a banda ter se especializado em fazer grandes baladas desde “When I Blind Man Cries” (1971) até “Sometimes I Feel Like Screaming” (1996), nenhuma delas tem as características de “Holy Water”. No caso dessa nova canção, nota-se forte influência da música caucásia não só na incorporação dos instrumentos, mas também na melodia introdutória. Algum ouvinte mais atento pode associar o órgão Hammond bem marcado ao trabalho de Don Airey nas baladas dos dois últimos discos do Deep Purple, como em “Haunted” (Bananas, 2003) ou “Before Time Began” (Rapture of the Deep, 2005), essa segunda no que se refere a sua parte introdutória. Não nego essa semelhança, mas não acredito que esses trabalhos são suficientes para deixar marcas de característica no trabalho da banda.

Acredito ser “Holy Water” uma boa faixa, porém menos impactante que a primeira. A faixa serve como um justo tributo a ser prestado ao país que Ian Gillan e Iommi prestam assistência desde final dos anos 80, quando promovorem o Rock Aid Armenia. Naquela ocasião a dupla se reuniu para regravar o maior clássico do Purple, “Smoke on the Water”, com a participação de astros como Bruce Dickinson (IRON MAIDEN), David Gilmour (PINK FLOYD), Paul Rodgers (FREE, BAD COMPANY), Brian May e Roger Taylor (QUEEN), Ritchie Blackmore, entre muitos outros.

Confira:

Coincidentemente ou não estão previstas para lançamento ainda esse ano uma versão remixada de “Rock Aid Armenia” e uma edição “deluxe expanded” para a primeira parceria entre Gillan e Iommi, o disco “Born Again”, de 1983, do Black Sabbath

sábado, 21 de maio de 2011

Paice, em Israel: só os frouxos cancelam shows por motivo político

No ano passado, especialmente depois do ataque israelense a um navio palestino (que levava inclusive uma cineasta brasileira), matando parte da tripulação, vários músicos cancelaram shows que fariam em Israel. Elvis Costello foi um. Santana foi outro. Pixies também.

Já o Deep Purple anunciou em dezembro que tocaria lá. Houve alguma pressão pra eles mudarem de ideia, mas isso não rolou. O motivo é muito simples, afirmaram membros da banda em entrevista coletiva: eles não misturam música e política.

Ian Paice teria dito que cancelar show por motivo político é coisa de "wimp" (frouxo, medroso, bunda-mole). Ian Gillan disse que o fato de eles terem tocado em Londres não significa, por exemplo, que eles tenham apoiado o governo Tony Blair.

O Haaretz atribui a Steve Morse - único americano da banda - o seguinte raciocínio: se o Deep Purple não respeita os políticos de seu próprio país e mesmo assim toca lá, por que levaria os políticos de outros países em consideração na hora de decidir se tocam ou não?

Em 2008, eles foram contratados pela Gazprom, a Petrobras russa, pra tocar na despedida do fã Dmitri Medvedev, que virou presidente da Rússia. Neste ano andaram voltando lá pra bater papo com ele.

Minha opinião pessoal: não acho NADA legal banda puxar saco de político. Qualquer banda e qualquer político. Não gosto da postura do Bono, por exemplo, de puxar o saco dos políticos de todos os países que o U2 visita, ainda que por causas nobres.

Também não curti quando o Deep Purple foi tocar na festa privada do Medvedev. A foto do evento é essa aí de cima. Mas aí tem um outro nível, também - eles não foram lá pra necessariamente puxar o saco. Foram contratados pra tocar - e espero que tenham ganho bem pra isso.

Da mesma forma, na mão inversa, eu acho que seria abuso da boa vontade qualquer político barrar qualquer banda.

Alice Cooper e Miles Davis tocaram no Brasil em 1974, em pleno governo Médici. E isso foi legal pra caramba - um sopro de liberdade em meio à ditadura. A maior parte das bandas legais não vinha pra cá, mas por motivos econômicos. Não tinha grana pra um show deles. A economia era muito fechada.

Aí, estou com os meus velhos mestres mais uma vez. Banda geralmente não toca pra político. Toca pra fã. Independente de seus fãs apoiarem ou não o governo do país em que vivem.

Ex-Jamiroquai cobre licença de Glover

Mestre Roger Glover tirou um tempinho pra cuidar de assuntos familiares. Não foram informados quais, mas a gente sabe que ele tem filha e neto pequenos. Isso pode demandar bastante o tempo de um homem.

Assim, é a primeira vez desde a volta da banda em 1984 que alguém diferente do velho Roger cuida da baixaria do Purple.

Quem anda tocando no lugar dele, durante a licença, é Nick Fyffe, do Jamiroquai. É o sujeito mais jovem que já tocou regularmente com o Deep Purple: nasceu em 1972, ano do lançamento do Machine Head.

Ele sempre toca no show beneficiente promovido anualmente pelas patroas de Paice e Lord, a Sunflower Jam. O The Highway Star diz: "Roger está vivo e bem, e voltará quando as circunstâncias permitirem".

Um vídeo de fã mostra Fyffe tocando Highway Star no Chipre. Ouve-se mais a guitarra que o baixo, mas fora isso o som está bem bom:

Coverdale: o homem que canta o que o marmanjo tem vergonha de falar

ATENÇÃO: este post foi editado - o amigo Diogo Salles, do Tungcast, mandou o original de um pedaço importante do argumento.

David Coverdale foi o primeiro vocalista do Deep Purple em quem prestei atenção, no Stormbringer esquecido pela minha prima. Aquela voz forte, grave, fechava com a minha voz. Eu cantava facilmente as partes dele.

Whitesnake é uma banda que respeito e sempre respeitei. Curto bastante, especialmente os primeiros discos. Adoro o Starkers in Tokyo, que sempre ouço com a patroa.

Dito isso, devo botar o dedo num aspecto da polêmica entre meu ex-colega Borbs e o cantor Tico Santa Cruz. Este ficou irritado quando o Borbs comparou o Whitesnake ao Restart. Na adolescência eu também me irritaria. Mas foi Zezé Di Camargo, o cantor sertanejo, quem me abriu os olhos, há uns quatro anos.

A polêmica começou com um articulista do Jornal da Tarde admitindo gostar de música sertaneja e criticando os ataques dos roqueiros aos sertanejos. Aproveitou o ensejo pra dar uma zoadinha no meu amigo Diogo Salles, chargista de mão cheia que ilustrou o texto. Diogo respondeu: ué, mas o meu Whitesnake também é brega nesse sentido de usar o amor como temática. A diferença é a qualidade musical. "Nóis é brega, mas nóis é bão", escreveu.

Então veio o artigo do Zezé di Camargo, que eu li no RSS.

"Você, como roqueiro e fã de Whitesnake, há de convir que o David Coverdale quando veio do Deep Purple e fundou o Whitesnake, deu um tratamento (como diriam?) brega para as letras da banda. Aliás, em termos de letras, é o grupo que mais fala de amor. Não precisa ir muito. Basta analisar os títulos das músicas (Is This love, Looking for love). Mas uma coisa é certa, e isso prova que, de amor, o Brasil entende bem. Em 1985, substituindo o Def Leppard no Rock In Rio, o Whitesnake passou a se consagrar no nosso país com esta apresentação. Sendo assim, dou a mão à plamatória: Diogo e tantos outros que ainda estampam a camiseta do preconceito, vamos vestir a camiseta dos ‘bregas’, se assim preferirem rotular, ou dos puros, como prefiro chamar"
E é verdade. Zezé puxava a brasa para o seu assado comparando o sertanejo ao Whitesnake. Essa eu não engulo, claro. Há óbvias diferenças musicais, na maior parte do tempo (ainda que no "Into The Light" o Coverdale tenha feito coisas bem zezedicamarguianas).

Mas o aspecto da temática é verdadeiro. O que há de diferente em escrever "É o amor" ou "Is This Love"?

Eu não me espantaria se Coverdale compusesse uma música chamada "Fire'n'Passion", aliás. E que escrevesse os versos "I want to take you on my lap, lay you on the ground and make you a woman". Ou que tal "I will wait for you, wherever I go, wherever I go, I'll take you with me"? Se soa menos cafona em inglês, é só porque não é nossa língua materna.

Coverdale é meloso na temática. Chega a soar canastrão, às vezes. E, não por acaso, foi o ex-membro mais bem-sucedido do Deep Purple.

Quem canta o amor abre o ouvido da mulherada e ajuda marmanjo a dizer o que tem vergonha. Roberto Carlos faz a mesma coisa, mas pega mal porque é som dos nossos pais. Restart faz a mesma coisa, mas pega mal porque é som dos nossos sobrinhos. Já Whitesnake tem todo aquele escudo sonoro pra você não precisar ter vergonha de admitir que ouve. Prometo que o segredo fica só entre eu, você e o Coverdale.

Eu pessoalmente gosto mais das letras do Gillan maduro, mas as do Coverdale já me tiveram serventia. Sejamos claros: eu só conheci o Deep Purple porque um ex-namorado de uma prima deu o Stormbringer a ela. Por quê? Por causa de Soldier of Fortune, com certeza. Com que finalidade? Ora, bolas.

Coverdale tem as manhas. Coverdale é Wando, Amado Batista, Roberto Carlos, Pe Lanza, Frank Sinatra e Serguei numa pessoa só.

E ninguém precisa ter vergonha disso. Ele certamente não tem.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Blackmore, padrinho de festival medieval

A sogra do Ritchie Blackmore combinou e o nosso guitarrista favorito será o patrono musical da reencenação anual da Batalha de Tewkesbury, ocorrida em 1471. Um dos organizadores do evento é Bill Hunt, que na década de 1970 tocou na ELO.

A cidade de Tewkesbury é próxima a Weston Super-Mare, onde o guitarrista nasceu.

Pra quem curte, o espetáculo é assim:



quarta-feira, 18 de maio de 2011

Trechos da biografia de Glenn Hughes

O site oficial do Glenn Hughes postou e depois tirou do ar um preview de várias páginas da autobiografia do baixista e segunda voz do Deep Purple entre 1973 e 1976. A edição de luxo do livro custa 500 libras, mas é um troço vistoso pra caramba. Tem fotos raríssimas, incluindo uma do Roger Glover dando um pedala no Coverdale.

Enquanto ela esteve no ar, havia vários trechos interessantes disponíveis. Eles tratam de sexo, drogas e rock'n'roll - a tríade de excessos que acabou com o Deep Purple em 76, como o próprio Hughes admitiu a este blog numa entrevista há algum tempo.

SEXO

Hughes fala do seu namoro com Vicky, gêmea da mulher do Ian Paice e há 35 anos patroa do Jon Lord. O preview não entra no trecho sertanejo da história. Mas tem uma foto das gêmeas na época em que derretiam corações. Sinceramente? Pode ser que eu conheça mais mulheres bonitas do que a média (duvido), mas achei bem normaizinhas.

As aventuras de Hughes na chifrolândia continuam quando ele menciona ter casado posteriormente com a namorada do Tommy Bolin. Não fica claro se é a mesma moça exuberante que vestia quase nada quando o guitarrista chegou pra fazer teste no Purple.


DROGAS

A autobiografia do Hughes é um livro altamente sincero. Hughes não tem motivo pra esconder o que fez ou deixou de fazer. Pelo contrário: ele faz questão de contar, até pra mostrar do que se livrou. E não tem pudor de apontar o dedo pra quem fazia junto.

Segundo ele, até ele e Coverdale entrarem, o Deep Purple não era uma banda chegada a drogas. O negócio da banda era cachaça mesmo. "Remy Martin [o conhaque] era a droga favorita dele [Lord]". Talvez experiências, mas nada de hábito - e certamente não vício.

A coisa começou a mudar lá por 1974, com mais grana e mais viagens pros EUA. Segundo Hughes, seu primeiro acesso fácil à cocaína foi ao lado do Paice e das respectivas namoradas. Também diz que costumava "dar um teco" com Lord e Coverdale, embora os dois não tenham se viciado.

Hughes admite que foi perdendo o limite com a química gradualmente, até que sentia não ter ninguém no Purple que acompanhasse seu pique pra cair na farra. Aí entrou o Tommy Bolin, que tinha menos limite ainda - e a partir deste ponto os trechos se tornam mais espaçados.


ROCK'N'ROLL

Esta parte é a minha favorita. Os trechos pulam muito, então não dá pra ler o Hughes contar como ele e o Coverdale pesaram forte a mão na direção musical do grupo.

Mas é divertido saber finalmente qual foi a música que Coverdale gravou bêbado na fita que mandou pro teste do Deep Purple: "You've Lost That Lovin' Feeling". O teste do Coverdale foi no Scorpio Sound Studios, na Marylebone Road.

Hughes queria ser o principal cantor do Deep Purple ("esta é a verdade, e eu tô cagando se parecer arrogante: eu nasci pra estar no palco com uma banda como essa"). E descreve assim o papel que, segundo ele, Blackmore tinha em mente:

"Ritchie achava que o meu papel seria o de ser a cola entre os membros da banda, unindo as harmonias. Ele me via como um instrumentista-cantor tipo Paul McCartney, trabalhando ao lado de outro cara (...) que seria mais tipo Paul Rodgers, com aquela voz de blues."

Aqui tem o primeiro de dois exageros, ouso dizer. Pode ser que o papel buscado para Hughes fosse esse mesmo. Mas, possivelmente por imaturidade, um tanto também por conta da química, Hughes não conseguiu cumprir bem esse papel.

Isso fica bastante claro quando a gente ouve a Mk3 tocar "Space Truckin" ao vivo. Na Mk2, Glover fica de canto segurando a linha de baixo enquanto seus colegas piram. Um ano depois, na Mk3, Hughes quer mostrar seu talento tanto quanto os outros. Natural, em se tratando de uma banda cheia de gênios. Mas com isso ele perde o pulso no baixo, e como a música se estende os solos degringolam. Pena, mas acaba não sendo a cola.

O segundo exagero é que Hughes força um pouco a barra ao classificar como sempre muito amigável a relação entre ele e Coverdale no palco. Faz sentido se for olhar pelo ponto de vista de hoje, quando são dois tiozinhos sessentões que praticamente "serviram juntos" quando moleques. Coverdale hoje é o ex-membro que mais tem contato com ele. Hughes sempre se refere a ele como "meu irmão".

Eu acho muito legal que eles se dêem bem hoje - e eu adoraria que mais deles se dessem bem entre si. Mas qualquer um que ouça os registros ao vivo de 1974 a 1976 percebe que havia uma clara competição entre os dois - provocada especialmente por Hughes, que às vezes invadia o espaço da voz do Coverdale. Infelizmente, foi o que aconteceu. No estúdio, era perfeito. Ao vivo, a coisa mudava de figura.

Enfim: o livro parece bem interessante, mas vou esperar sair o paperback em outubro para comprar. A edição de luxo custa 500 libras!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Presidente da Armênia dá disco da Who Cares para presidente da Rússia


Saiu na semana passada o disco da Who Cares, resenhado ontem pelo Vitor Benvindo. O disco é beneficiente, e sua receita vai para uma escola de música da Armênia.

Ontem, o presidente armeno Serzh Sargsyan mandou o disco de presente para o mais famoso fã do Deep Purple no mundo: seu colega russo Dmitry Medvedev.

Que, por sinal, nunca respondeu meus tweets pedindo uma entrevista para o Purpendicular, nem meus emails pedindo entrevista pra MTV, quando veio ao Brasil no ano passado.

Blackmore: "eu não consideraria tocar com eles"


Ritchie Blackmore e sua patroa Candice deram uma entrevista a Greg Prato, autor de uma biografia de Tommy Bolin. Em certo ponto, Prato botou o elefante pra dentro da loja de cristais:

Ritchie, quais são seus discos favoritos do Deep Purple e do Rainbow, e por quê?

RITCHIE BLACKMORE:
Sei lá, foi há muito tempo atrás e eu não escuto discos que eu tenha gravado.

UGO: Ritchie, você consideraria tocar com o Deep Purple por uma última vez se a banda fosse eleita para o Rock and Roll Hall of Fame?

RITCHIE BLACKMORE:
Eu não consideraria tocar com eles, mas também eu nunca pensei no assunto. Nessa história de Rock and Roll Hall of Fame já foi eleita muita gente que não tem absolutamente nada a ver com o roquenrôu, então não significa nada pra mim. Além disso, é pretensioso demais.

terça-feira, 10 de maio de 2011

David Coverdale: NERD

Antes de entrar no Deep Purple, David Coverdale era gordinho e espinhento. Antes disso, foi escoteiro - esta foto aqui ao lado foi a que ele enviou quando mandou sua fita de teste para o Deep Purple. Agora descobri que ele tinha mais uma característica em comum com o adolescente que eu era quando descobri minha banda favorita na voz dele: é fã de quadrinhos da Marvel.

No fórum do seu site, Coverdale comentou o filme do Thor e disse que tinha todas as edições originais da Marvel. Um dia decidiu que estava crescido demais pra ler gibi e deu uma mala de revistas de presente pra alguém.

We enjoyed ´Thor´ immensely...even Cindy...Jasper got to ask the director, Kenneth Branagh, of whom I am a great admirer, the first question of the Q & A afterwards...he was pretty ´jazzed´...ahem...I was ( & remain ) a HUGE mythology Marvel comics fan when I was growing up & had all the first editions...I gave a suitcase full of them to a young neighbour when I thought I was too ´old´ to read comics...DUH!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

BCC libera primeiro preview do novo disco

Glenn Hughes mandou ontem aos cadastrados em seu site um e-mail cheio de novidades. A autobiografia dele já está saindo, por exemplo. Estou curioso pra caramba pra ler. O título é "Deep Purple & Beyond - Scenes From the Life of a Rock Star". Cá pra nós, bem melhor que o título do livro que o Coverdale pretende lançar: "How White Is Your Snake", que em português podia ser título de pornochanchada.

Também tem data do lançamento do segundo disco do Black Country Communion - 13 de junho no Reino Unido e no dia seguinte pro resto do mundo. As datas já estão no calendário aqui do lado.

Quer uma palhinha da porradaria?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Jon Lord agora vai ser DOUTOR Jon Lord


A Universidade de Leicester, cidade onde Jon Lord nasceu, vai dar a ele o título honorário de Doutor em Música. A cerimônia vai ser no dia 15 de julho, uma sexta-feira.

A justificativa do título é a seguinte:

Jon Lord, Leicester-born jazz and rhythm and blues musician, who played with the Bill Ashton Combo, Red Blood and his Bluesicians, the Artwoods, The Flowerpot Men and Deep Purple. He now pursues a solo career and retains a deep affection for Leicester, having first had piano lessons just off University Road. (DMus – Doctor of Music)

A concessão do título vem exatamente um dia antes do show do Deep Purple no Festival de Jazz de Montreux, na comemoração dos 40 anos do incêndio do Grand Hotel. Jon Lord até hoje não prometeu se vai ou não. Eu gostaria que fosse. Mas ele tem um ótimo motivo pra não ir, se não for.

(Pessoalmente, tenho um ótimo motivo pra não ir: o ingresso mais barato sai por 370 euros.)

Glenn Hughes vai gravar música "inédita" do Led Zeppelin

Jason Bonham, filho do pai dele, baterista do Black Country Communion e membro da curta reunião do Led Zeppelin em 2007, disse ao Toronto Sun que o próximo disco do BCC vai ter uma música que começou a ser composta para uma volta do Led.

"There's a song that started off as an idea that I worked on with (them), so I was happy to finish it off with this band and have it come out," the 44-year-old drummer says. "It's called Save Me. You'll notice it in the riff. You'll hear a slight Zepesque riff ... it's got a definite feel to it."

Bonham, the son of late Led Zeppelin drummer John Bonham, rehearsed with Page and Jones for several months after the band's 2007 reunion concert in London -- but the project fell apart after singer Robert Plant declined to participate and they were unable to find a way forward.

"I was very much under the illusion that we were going to write an album and we were going to put together a new project," Bonham says. "It was winter, like early December of 2008 when it kind of came to a halt, which was a hard thing for me to get over for a while. I had just played the concert of my life."

A volta do Led acabou dando à luz uma federação de superbandas, então. Bonham Jr. foi pro BCC, JPJ foi pro Them Crooked Vultures e lança disco novo em 2011, Robert Plant reformou sua velha Band of Joy e Jimmy Page disse no ano passado que queria voltar a fazer turnê neste ano.

Mas vai ser bem interessante ver uma música nova "do Led Zeppelin" na voz do Hughes.