sábado, 15 de agosto de 2009

A voz de David Coverdale

O Whitesnake teve de suspender sua turnê enquanto o Coverdale trata um edema e uma lesão vascular nas cordas vocais. Durante um show em Denver, ele perdeu a voz no palco e teve de correr a um hospital. Diz uma nota oficial que o problema foi detectado a tempo de ser tratável.

Isso não me espanta, infelizmente. Há anos, o grande vocalista da Mk3 vinha ficando rouco, cada vez mais. Durante muito tempo, porém, ele conseguiu usar a rouquidão musicalmente, como em "Shake My Tree" (Coverdale/Page, 1992). No disco mais recente do Whitesnake (Good to be Bad, 2008), na faixa "All I Want, All I Need", sua rouquidão chega a preocupar, mas ele manda bem.

Parte desses problemas certamente se deve ao cigarro e à cachaça. Outra parte, porém, certamente se deve às mudanças que ele impôs à sua voz ao longo do tempo.

Aos 20 e poucos anos, no Deep Purple e na fase áurea do Whitesnake, o Coverdale tinha uma voz muito própria, poderosa e característica. Era um grave fluido, natural, elegante, que aparentemente não forçava as cordas vocais.



A partir do Whitesnake de laquê, no final dos anos 80, ele começou a forçar uns agudos à la Robert Plant ("Still of the Night", do disco de 1987, mostra bem isso). Quando ele formou banda com o Jimmy Page, abusou disso e especialmente ao cantar Led Zeppelin nem parecia mais o mesmo cara que cantava "Mistreated":



Não tinha muito como não dar nisso, infelizmente. Esta é uma apresentação dele em 14 de junho, no festival Download, em Donnington Park. Ele está bem, mas desafina um tanto e rouqueia:



Torço pela melhora do Coverdale. É um dos meus vocalistas favoritos, e se não fosse um disco com a voz dele (Stormbringer) eu não teria descoberto o Deep Purple.

Outro dos meus favoritos, o Ian Gillan, tem mais sorte do que juízo: perdeu seus agudos característicos da juventude, mas descobriu novos tons pra cantar. Continua fumando e manguaçando. No início dos anos 80, chegou a operar a garganta, mas não sei se foi pelo mesmo problema do Coverdale.

Esses caras são patrimônios culturais da humanidade. Não é qualquer um que constrói o que eles construíram ou abusa como eles abusaram. Não é qualquer edeminha que os derruba, não. É sonho querer o velho Gillan dos agudos de volta, mas acho que o velho Coverdale dos graves tem chances de voltar caso se cuide bem.

sábado, 11 de julho de 2009

Há 40 anos, o Deep Purple virava O Deep Purple

Em 10 de julho de 1969, num barzinho apertado chamado Speakeasy, na Margaret Street, em Londres, Ian Gillan e Roger Glover estreavam no Deep Purple. Foi o começo público da fase mais criativa da história da banda. E até hoje o Gillan diz que foi o melhor show da vida dele, embora tivesse só umas 20 pessoas. O lugar hoje é um salão de cabeleireira.

Durante pouco mais de um mês, a partir do início de junho, a Mk2 era uma formação clandestina. Eles ensaiavam de dia no Hanwell Community Centre, onde Charles Chaplin estudou. Foi lá que esboçaram Kneel and Pray (mais tarde Speed King) e Child in Time (Jon Lord brincava tocando "Bombay Calling", do It's a Beautiful Day, e o Gillan começou a gritar em cima).

À noite, eles se dividiam: Blackmore, Lord e Paice pra um lado, tocando com a Mk1, e Gillan e Glover pro outro, fazendo os shows finais do Episode Six. No dia 10 de junho, exatamente um mês antes da estréia ainda calhou de as duas bandas tocarem no mesmo festival, em Cambridge. Mesmo depois de a Mk2 estrear nos palcos, Gillan e Glover ainda passariam duas semanas intercalando shows entre as duas bandas.

A primeira música que eles gravaram foi Hallellujah, em 7 de junho. Ela também foi o tema do primeiro vídeo gravado por eles, em 2 de agosto, na TV alemã:



Mas o que eu acho o auge da criatividade do Deep Purple é isto aqui, do Bilzen Jazz Festival, em 22 de agosto:

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ian Gillan acústico

Pela primeira vez em sua carreira, Gillan cantou um acústico nesta semana, na Absolute Radio, com o guitarrista Steve Morris. Cantou "When a Blind Man Cries", outtake do Machine Head, e "Better Days", do One Eye to Morocco.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Minha entrevista com o Jon Lord

Pra quem não viu ou quer ver de novo. De brinde, eu cantando Smoke on the Water:






quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ensaio do Lord com a orquestra

O filho de um dos membros da Orquestra Sinfônica Municipal esteve no ensaio do Jon Lord, sexta passada, e gravou esta maravilha: "Soldier of Fortune" e "Child in Time"



domingo, 3 de maio de 2009

Eu no site do Jon Lord

É só clicar aqui.

Vídeos da Virada

Já tem na internet três vídeos que mostram trechos do que foi o show do Jon Lord.

O primeiro é da TV Cultura, logo depois do "toca Raul". É um pedaço do final do primeiro movimento do Concerto. Como tem pelo menos três câmeras ali, acho que é bem possível que a TV faça uma edição do show inteiro pra gente ver:



Os outros dois foram postados no YouTube pelo Marquito da Gaita. São Pictures of Home e Child in Time, mas o som está horrível, possivelmente porque ele não pegou um bom lugar:





EDITADO: Apareceram mais dois vídeos, um do comecinho de "Wait a While" e outro do solo do Jon Lord no segundo movimento:





EDITADO 2: Este vídeo mostra Child in Time. O som está ótimo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

O mestre

Entrevistei Jon Lord ontem. Vai ao ar na MTV segunda ou terça.

sábado, 18 de abril de 2009

Deep Purple com Lord e Malmsteen

No Japão, dia 15:

Possível setlist do Jon Lord

Dei uma pesquisada na internet pra ver se conseguia descobrir algo sobre o possível setlist do Jon Lord em São Paulo. No YouTube, tem um show inteiro feito na Eslováquia dia 12 de março com a mesma banda que vem ao Brasil. Eles tocaram pelo menos estas:

- Concerto
- Pictures of Home
- One From the Meadow (Beyond the Notes)
- Bourèe (Sarabande)
- Pictured Within (Pictured Within)
- The Telemann Experiment (Beyond the Notes)
- Child in Time

Deve ser simplesmente genial assistir Child in Time tocada ao vivo pelo Jon Lord. Pelas minhas contas, será a primeira vez em que alguém envolvido no original toca essa música aqui no Brasil.

O Steve Balsamo, um dos dois vocalistas que vêm com o Lord, tem a voz mais ou menos parecida com a do Gillan quando jovem. O problema, como vocês podem ver no vídeo abaixo, é que na hora dos gritos cantam ele e a também ótima cantora Kasia Laska. Problema porque o resultado me lembra mais a versão de Blackmore's Night do que a do verdadeiro Deep Purple da Era de Prata amigos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Turner alfineta mais um ex-membro do Purple

E desta vez é David Coverdale. Ao dar uma entrevista ao The Metal Circus, da Espanha, ele foi convidado a responder se usa equipamento digital pra corrigir a voz. Ele admitiu, depois puxou o tapete do Coverdale.

    "Pra ser honesto, eu tenho uma máquina que ajuda a cantar os backings - é da Digitech, grande tecnologia - mas ela não usa samples, faz ao vivo; você canta no microfone e aí essa máquina pega a sua voz, o que você põe na máquina é exatamente o que você leva. Então, se você cantar uma bosta, o som vai ser uma bosta. Não tem mágica, não tem fita. Porque há pouco tempo eu vi na internet que o David Coverdale tava usando todo tipo de fita. Bom, eu estava na Finlândia com o Graham Bonnet e estávamos no mesmo festival que o Whitesnake, e eu não acreditei que ele usava essas fitas - pra voz principal! Não pros backings, mas pro principal! Eu fiquei... de boca aberta. Eu dizia: 'Mas que porra, David?! Não pode fazer isso. Parece tão besta, tão bobo.' E todo mundo reclamando disso. Não, eu canto ao vivo. O que eu faço é aquilo mesmo... não tô tentando falar merda... é verdade. Todo mundo vê... eu não acreditei, porque o David sempre foi um dos meus cantores favoritos. Usar fitas pra voz principal... eu até entendo fazer os backings se o resto da banda não canta. Mas pra voz principal? Fala sério!"

Eu também já tinha ouvido algo parecido antes sobre o Coverdale. Não acho exatamente simpático, mas também não tenho provas de nada. O que me incomoda mesmo é o gosto que o Turner tem em pichar os outros que já foram ou são do Purple. Logo ele, que é um cantor bem competente mas trocava os pés pelas mãos quando cantava ao vivo com o Purple. Logo ele.

Lord volta a tocar com o Deep Purple - por uma noite

Ontem, dia 15, enquanto começávamos a trabalhar aqui no Brasil, o Jon Lord subia ao palco com o Deep Purple no Japão pra tocar duas músicas: Perfect Strangers e Smoke on the Water. Esta teve mais um convidado especial, o guitarrista Yingwie Malmsteen, discípulo de Blackmore.

Além de ajudar o Lord a afiar suas garras pra tocar no Brasil, esse show marca a terceira vez em que ele toca com a banda desde sua aposentadoria, há sete anos. A primeira foi em Wembley, em 2004. A segunda foi em setembro, em Londres, na Sunflower Jam.

Alguém consegue vídeo desse show de ontem?

sábado, 11 de abril de 2009

O ano em que Blackmore teve sua crise dos 30

Nesta semana, completou 34 anos o fim da Mk3 do Deep Purple. A fase do Deep Purple que apresentou David Coverdale e Glenn Hughes para o mundo terminou quando Ritchie Blackmore pediu para sair. Ele deixou a banda em 7 de abril de 1975, uma semana antes de completar 30 anos. Portanto, ele completa 64 na próxima terça.

Blackmore andava de saco cheio com o rumo que o Deep Purple estava tomando, especialmente depois da gravação de Stormbringer. Pela primeira vez desde que tomara as rédeas da direção musical da banda, em 1969, seus colegas se recusaram a gravar uma música proposta por ele - no caso, "Black Sheep of the Family", do Quatermass. O original é este:



Blackmore não é um cara que tope perder poder assim desse jeito. De um lado, ele começou a fazer críticas à banda em entrevistas. De outro, ele passou a ensaiar com os caras do ELF, que vinha abrindo os shows do Purple. O vocalista do ELF era um baixinho de pulmão poderoso, que passaria à história do rock como Ronnie James Dio. O disco que ele gravou com o novo grupo foi Ritchie Blackmore's Rainbow. A música do Quatermass rejeitada pelo Purple abre o disco.

O último show de Blackmore em sua primeira passagem pelo Deep Purple aconteceu em Paris, no dia 7 de abril de 1975. Partes dele já eram conhecidas durante anos por conta primeiro do Made in Europe e depois por conta do The Final Concerts. Mas o show só foi lançado inteiro recentemente, no Live in Paris 1975.

O show termina com "Highway Star", que Blackmore compusera com Gillan na estrada quase quatro anos antes. Eu particularmente não gosto muito do jeito como a Mk3 (leia-se baixo e vozes) interpreta a faixa. Mas, para encerrar o show, os vocalistas resolveram fazer uma homenagem aos gostos do colega que partia.

"SHE HAS BIG FAT TITS! BIG FAT TITS AND EVERYTHING!" (Ela tem peitos enormes! Peitos grandes e tudo mais!)

Também nesta semana, no dia 6 (segunda), o show mais explosivo da Mk3 completou 35 anos: foi o California Jam. Sobre ele já tive a oportunidade de escrever todos estes textos aqui, inclusive este Clássicos Purpendicular, quando o show completou 30 anos.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Stormbringer saiu no Brasil

Saiu no Brasil o remaster do Stormbringer. Está R$ 45 na Livraria Cultura. Se dois leitores deste blog comprarem o disco por este link, vocês estarão me pagando uma cerveja em fevereiro do ano que vem, sem tirar um tostão a mais do bolso.

Pra quem comprou importado e agora lamenta, não fique assim. É complicado o histórico dos lançamentos dos remasters do Deep Purple no Brasil:

* Shades of Deep Purple, Book of Taliesyn e Deep Purple saíram.
* Concerto for Group and Orchestra saiu em CD e DVD (valeu a dica!).
* In Rock não saiu.
* Fireball saiu sete anos depois (eu paguei R$ 60 pelo importado, e hoje se acha o nacional até a R$ 9). A sobrecapa de cartolina não vem na maior parte dos que se acha.
* Machine Head não saiu.
* Made in Japan saiu alguns anos depois.
* Who Do We Think We Are não apenas não saiu como é dificílimo de achar até importado.
* Burn até hoje não saiu.
* Stormbringer saiu junto com o importado.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Não é 1º de abril: JON LORD VEM AO BRASIL!

Segundo notícia em seu site, ele vai tocar o Concerto for Group and Orchestra com a orquestra Sinfônica Municipal, regida pelo maestro Rodrigo de Carvalho. O concerto será no dia 2 de maio, às 18h, na virada cultural. Portanto, é de graça. E vai acontecer ao ar livre, na avenida São João.

A banda será a que vem acompanhando Lord há algum tempo: Steve Balsamo e Kasia Laska (voz), Chester Kamen (guitarra), Guy Pratt (baixo) e Steve White (bateria). É esta banda aqui, que tocou na Eslováquia:


A voz do Balsamo lembra ou não lembra a do Gillan na época do Concerto original?

Amanhã, começo a tentar uma entrevista com o maestro e com Lord para o blog. Esse eu não perco nem a pau!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Três resenhas

Recebi na última semana dois discos que eu estava esperando. Também ouvi um terceiro, que ganhei inesperadamente. Ouvi os três com bastante calma nos últimos dias, então estou pronto pra fazer a resenha pra vocês. Duvido que qualquer um deles saia no Brasil, infelizmente.

1) STORMBRINGER (Remaster)

    Nunca esperei tanto tempo por um remaster do Purple. Este estava por sair desde 2005. Eu já estava roendo as unhas, porque o vinil de Stormbringer foi o disco que me apresentou ao Purple. Valeu a pena a espera? Acho que sim, especialmente porque, com a cotação atual da libra, importá-lo saiu mais ou menos o preço de um CD duplo nacional. Fosse mais caro, meu bolso teria doído. A remasterização desabafou todas as faixas. O som é mais claro, não apenas mais alto. Dá pra ouvir bem todos os instrumentos (ouça "Love Don't Mean a Thing", por exemplo). As faixas extras são mais ou menos no mesmo nível das de Burn: acrescentam apenas detalhes saborosos ao que a gente já sabia. Não há papo de estúdio, não há faixas inéditas. Há alguns vocais novos. A escolha das faixas, remixadas pelo Glenn Hughes, realça a contribuição dele ao álbum: nenhuma delas nunca foi tocada pelo Purple ao vivo, porque são exatamente as que o Blackmore julgava funkeiras demais para a idéia dele do que o Deep Purple devia ser. O Rasmus Heide, do The Highway Star, diz que elas realçam os motivos pelos quais o Blackmore saiu da banda - o que faz sentido. Ao mesmo tempo, são as mais improváveis de ouvir versões diferentes. Não são óbvias. Não fizeram uma nova versão da faixa-título, que sempre levanta a galera nos shows de tributo, por exemplo. Holy Man, posta em primeiro lugar entre os remixes, não traz absolutamente nenhuma novidade que eu tenha notado. Mas é o grande momento da carreira do Hughes, seu primeiro número-solo no Deep Purple. You Can't Do It Right está com um baixão mais agressivo, gostoso de ouvir. Diz o livreto do Simon Robinson que essa foi a primeira faixa que foi descoberta nos arquivos profundos da EMI - e quem descobriu achou que era Earth, Wind and Fire. Love Don't Mean a Thing trouxe um pandeiro e um tecladão mais alto no final, sobre o "looking for lovin'... I need a livin...". Apesar de o teclado ser genial, ele abafou o solo de guitarra, que eu acho mais genial ainda. No livreto, diz que essa letra na verdade vem de um cantor de rua que parou o Blackmore pra cantar pra ele um negócio que tinha composto. Aí, o Blackmore levou o cara pro Starship 1 e chamou o Hughes pra compor. O nome do cantor de rua nunca apareceu. Hold On ficou muito legal, com alguns versos cantados de um jeito diferente. Instigante. High Ball Shooter é instrumental - pra você e eu e todo mundo cantar junto. Se preferir não cantar, preste atenção no baixo funkeado. Acho que foi por isso que o Hughes remasterizou essa.


2) ONE EYE TO MOROCCO (Ian Gillan)

    O Ian Gillan tem uma coisa que eu acho muito legal nos discos dele fora do Purple: ele realmente SAI do Purple nesses discos. Mais ainda: ele não tem a mínima preocupação em seguir um estilo definido. Pra pegar só os discos que ele assina com o próprio nome (sem ser uma banda), Naked Thunder é de um jeito, o Toolbox é de outro, o Dreamcatcher é de outro, Gillan's Inn é de outro e One Eye to Morocco é de outro diferente. A faixa-título começa com um floreado meio árabe, cítaras e um riff que bem podiam estar na novela da Juliana Paes. Mas o Marrocos do título é uma referência obscura - é uma expressão comum na República Tcheca pra se referir aos distraídos. O disco traz uns rocks bem vigorosos, como "No Lotion for That" e "Change My Ways" (que aliás é a que mais parece Purple, mas é diferente). Três faixas são compostas pelo guitarrista Michael Lee Jackson, incluindo "Texas State of Mind", que também está no DVD "Live in Anaheim". O que me chamou mais a atenção nesse disco é que ele enfatiza o novo jeito que o Gillan descobriu de cantar pelo menos desde 2002/2003. Ele não tem mais os agudos dos anos 70, e seria covardia exigir isso dele. Em outras resenhas eu observei que ele saboreia mais as palavras. Ouvindo esse disco é que me caiu a ficha: hoje, ele canta mais com os recursos da boca do que com os da garganta.


3) A LIGHT IN THE SKY (Don Airey)

    Este eu ganhei autografado do próprio tecladista, depois de um duelo de máquinas fotográficas no backstage do Purple (ele disparou primeiro e ganhou). É um material quase completamente instrumental, focado nos teclados. E Airey usa vários teclados. Alguns efeitos saem direto das brincadeiras sonoras que ele faz durante seus solos que fazem tremer o chão dos shows do Deep Purple. Se você ouvir o disco casualmente, apenas botar e ouvir, ele é um ótimo disco de tecladista. Você pode dizer: "pombas, esse Airey toca bem pra cacilda". Mas experimente ouvi-lo prestando atenção nos títulos das músicas. Pense neles enquanto ouve faixas como "Ripples in the fabric of time" (rasgos no tecido do tempo) e "Space troll patrol" (patrulha dos trolls do espaço). As faixas são altamente evocativas de imagens de viagens no tempo, monstros espaciais, odisséias no espaço. Algumas faixas têm vocal. Elas lembram um pouco o Purple, um pouco o Rainbow, com seus riffs pesadões. O poderoso pulmão do cantor Carl Sentance lembra o do Dio. Gosto muito de música instrumental. Conhecia muito pouco do trabalho solo do Airey. Isso me estimulou a ir atrás de "K2", o álbum anterior dele. Mas não percam de jeito nenhum o site pessoal do tecladista. É uma experiência visual e tanto.

domingo, 22 de março de 2009

A razão já era, mas a briga continua

Em outubro, o Gillan deu uma entrevista em que fazia várias críticas ao Blackmore - especialmente sobre o processo que o ex-guitarrista moveu contra o Deep Purple supostamente pra ter seu rosto tirado de uma camiseta de Machine Head.

Agora, cinco meses depois, os advogados de Blackmore respondem. Dizem que a briga do Blackmore era pelo fato de não estar recebendo sua parte nos direitos de imagem.

Mas a parte mais divertida é a frase final do comunicado, que dá o verdadeiro motivo dele:

    "Ritchie está francamente surpreso com os comentários infantis de Gillan sobre outras questões que ele discute na entrevista. Já não é hora de ele agir como adulto?"

Eu pessoalmente acho que os dois deviam crescer de uma vez e parar de birra besta. Mas não pude deixar de reler a entrevista pra ver que comentários infantis seriam esses.

Imagino que o Homem de Preto deva estar se referindo a este trecho:

    Rockpages.gr: Acho que você já sabe que a empresária do Blackmore é a sogra dele, agora...

    Ian Gillan: É...

    Rockpages.gr: E ela raramente deixa ele dar uma entrevista sozinho.

    Ian Gillan: Sério?

    Rockpages.gr: Tem que ter a Candice Night junto, e ela também nunca deixa ele dar entrevistas pra revistas de rock e perguntas sobre o Deep Purple não são permitidas...

    Ian Gillan: Bom, eu não sei por quê... eu tenho umas fotos dela pelada... (dando uma risadinha).

    Rockpages.gr: (Chocado!) De quem? (risos).

    Ian Gillan: Da sogra dele. Fabuloso!?

    Rockpages.gr: (risos) E ela também acha que a melhor cantora que já trabalhou com o Blackmore é a Candice...

    Ian Gillan: Bom, é uma opinião, né? Quer dizer, eu podia dizer que o Bob Dylan é o melhor de todos os tempos, por causa da emoção, mas alguém podia responder "É, mas ele sempre desafina", enquanto um fã devoto deve acreditar que ele é absolutamente fantástico. Eu defenderia que o Bob Dylan é um grande cantor, porque cantar toca as pessoas. Se você quiser ser técnico e dizer que a Candice quer ser a melhor cantora, tudo bem. Mas eu tenho fotos da mãe dela pelada.

    Rockpages.gr: (risos) Você podia me emprestar algumas delas pra eu publicar junto com a entrevista...

    Ian Gillan: São muito pornográficas (risos).

    Rockpages.gr: A gente podia borrar um pouco as fotos... por falar em fotos, o que houve com a camiseta do Machine Head? Teve um boato...

    Ian Gillan: Ah, é muito simples, é hilário. Quando você está no Deep Purple, está no Deep Purple, assina tudo, etc. Aí, o Ritchie estava recebendo, recebia por tudo e às vezes até ganhava mais do que qualquer outro. Ele mandou o advogado dele dizer pro Bruce Payne: "Não pode usar minha imagem do Machine Head, eu não quero estar nisso". Aí, o Bruce disse: "Tudo bem, então a gente borra o rosto dele pra ele sair fora". Foi isso que ele pediu. Aí, o Ritchie começou a processar o Bruce, porque ficou bravo e eu acho que já foi a tribunal várias vezes.

    Rockpages.gr: Então, foi parar no tribunal...

    Ian Gillan: No tribunal não, mas teve uma audiência prévia com um juiz antes de ir pro tribunal. Mas o juiz vive dizendo "que besteira, você pediu pra sua imagem não ser usada e eles tiraram fora, borraram. O que você vai fazer?" É uma bobajada.

    Rockpages.gr: Às vezes, parece que o Ritchie não é ele mesmo...

    Ian Gillan: Bom, provavelmente quem mandou foi a sogra pelada dele. Acho que o Ritchie nem sabia disso.

    Rockpages.gr: Exatamente o que eu acho...

    Ian Gillan: A culpa é da sogra pelada. (risos)

domingo, 15 de março de 2009

O dia em que o Deep Purple acabou, em 1976


Há 33 anos, neste mesmo dia, o Deep Purple acabava. Segundo Glenn Hughes, foi por um misto de sexo, drogas e rock'n'roll. Ele e o guitarrista Tommy Bolin andavam com sapatos de jaca, Coverdale bebia como nunca e Paice e Lord seguravam as pontas. Havia alguns shows ótimos e outros horríveis.

Em certo ponto, Lord e Paice chegaram à triste conclusão de que os shows daquela formação haviam virado "uma pálida imitação do Deep Purple". Isso apesar de ela contar com ótimos músicos e de ter gravado um disco fabuloso.

Naquele 15 de março de 1976, o Deep Purple subiu ao palco do Empire Theatre, em Liverpool, como uma banda que existia. Ao final do show, Coverdale chegou para o Lord pedindo pra sair do Deep Purple. "Não existe mais Deep Purple pra você sair", respondeu o tecladista. A banda acabou DURANTE o show, ao contrário do que houve em todas as outras mudanças em sua formação. E continuaria acabada durante oito anos.

O que houve durante aquela hora e meia para levar a banda a acabar?

Antes de mais nada, já estava combinado entre os únicos dois membros fundadores remanescentes, Lord e Paice, que seria o último show. Só que o Coverdale não sabia disso e também decidiu ali. Para isso, ouvi o show.

A gravação não é grande coisa. É chiada.

Nela, Bolin faz barulhos com os efeitos de sua guitarra nos solos. Entra atrasado nas músicas. Perde o pé em Lazy. Hughes abusa da goela em Georgia - gosto da voz dele, mas ao vivo ele era um mala. Durante o solo de Homeward Strut, Bolin faz uma barulheira danada. Noutro solo, após "Owed to G", alguém grita: "Queremos o Ritchie!" Isso vira uma multidão. Todos pedindo o Blackmore de volta. Em Stormbringer, ele recupera a forma. O bis, Highway Star, foi no padrão da Mk4 - enérgica, mas absolutamente nada a ver com a música herdada da Mk2.

Glenn Hughes chegou a voltar ao palco para um segundo bis, diz um resenhista que estava no show. Ninguém mais veio. Puto, ele jogou o baixo pro alto e foi embora. Consta que o barulho foi horrível.

É um espetáculo triste, esse de ouvir uma banda boa acabar. Ainda mais pelos motivos com que acabou. Eu acho os momentos ruins da Mk4 especialmente deprimentes.

(A foto vem do site do Glenn Hughes)

Made in Japan

O The Highway Star publicou um pedaço do rolo de fita restaurado do Made in Japan, com o Gillan cantando Highway Star. Deleitem-se:

sexta-feira, 13 de março de 2009

Santo graal

O The Highway Star dá o furo:

HAVIA, SIM, câmeras apontadas para o palco em um dos shows do Made in Japan. O filme encontrado tem 26 minutos, é mudo e tem apenas trechos de várias músicas.

Um pedaço de Highway Star, mudo e com 90 segundos, pôde ser recuperado e sincronizado com o som. Ele vai estar no DVD duplo que eu mencionei ontem.

Os outros 24 minutos e meio devem ser usados num documentário sobre o Made in Japan, tipo o genial "Classic Albums: Machine Head".

O The Highway Star também fala que o vídeo completo de Rises Over Japan deve sair oficialmente em DVD junto com o remaster de Come Taste the Band - possivelmente em 2010. Preparem seus bolsos.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Baú do tesouro

Está pra sair em junho um DVD duplo com imagens raras (e outras nem tanto) do Deep Purple. Ele inclui, segundo a DPAS:

DVD 1:

Help (Mk1) - Inédita. Gravada numa cobertura na Dinamarca, à la Beatles, logo nos primeiros dias do Deep Purple. Eles estão dublando, mas a preciosidade é que se trata da mais antiga filmagem que existe do grupo.

Hush (Mk1) - No Clube Playboy, em 1968. Todo mundo já viu isso no Heavy Metal Pioneers e no YouTube.

Wring That Neck (Mk1) - Inédita. Gravada no começo de 1969, por uma equipe de filmagem canadense, no estúdio De Lane Lea.

Hallelujah (Mk2) - No Beat Club. Isso já está no DVD "Master from the Vaults"

Mandrake Root (Mk2) - Inédita oficialmente. Possivelmente no South Bank Summer Festival, em 1970. Você já viu no YouTube, porque eu já pus aqui.

Speed King (Mk2) - Possivelmente do programa alemão Ich Bin Vicky Leandros, de 1970. Tem de má qualidade no YouTube.

Black Night (Mk2) - Inédito oficialmente. No Top of the Pops, acho que é aquele com o Paice usando camiseta do Super-Homem. Você já viu no YouTube.

Child In Time (Mk2) - Possivelmente é do Doing Their Thing. Você já viu no "Master from the Vaults" e no YouTube. Com alguma sorte, recuperaram a performance inteira.

Lazy (Mk2) - Possivelmente, você já viu no "Machine Head Live" e no YouTube.

Strange Kind Of Woman (Mk2) - Inédito oficialmente. Nem a DPAS sabe.

Composição de Fireball (Mk2) - Filme ruim gravado durante a gravação do disco. Já vi trechos disso.

Fireball (Mk2) - Inédita oficialmente. É provavelmente um vídeo engraçadíssimo em que eles estão dublando e o Blackmore toca a guitarra com as cordas na barriga. Eu já pus aqui, direto do YouTube.

Demon's Eye (Mk2) - Inédita oficialmente. É provavelmente um vídeo da TV alemã de 1971, onde eles mostram o mais antigo duelo conhecido entre Gillan e Blackmore. Você já viu no YouTube e aqui.

No No No (Mk2) - É a versão Mickey Mouse, do Beat Club. Já saiu no "Master from the Vaults" e você já viu no YouTube.

Into The Fire (Mk2) - Inédita. Possivelmente do mesmo programa de Demon's Eye. Eu acho que ainda não vi.

Never Before (Mk2) - Montajão de imagens. Está disponível no "Classic Albums: Machine Head".

Highway Star (Mk2) - Beat Club, provavelmente. Você já viu na MTV, no "Master from the Vaults" e no YouTube.

Smoke On The Water (Mk2) - Provavelmente é a mesma da universidade de Hofstra, única performance de Smoke on the Water conhecida em vídeo com a Mk2 original.

Burn (Mk3) - Inédita oficialmente. Estudantes ingleses da Leeds Polytechnic gravaram um show inteiro em 1974. Isso esteve no YouTube por um tempo mas sumiu.

Mistreated (Mk3) - California Jam. Manjadão.

Love Child e You Keep On Moving (Mk4) - Inéditas oficialmente em DVD. São do "Rises Over Japan". Você já viu no YouTube.


DVD 2:

And The Address (Mk1) - Inédita oficialmente. Na TV Playboy. Você já viu no YouTube.

Wring That Neck (Mk2) - Inédita oficialmente. No Bilzen Jazz Festival. Você já viu no YouTube.

Mandrake Root e Wring That Neck (Mk2) - Inédita oficialmente. No Pop Deux, em Paris. Você já viu no YouTube.

Black Night (Mk2) - Inédito oficialmente em DVD. Diz que é "promo". É o mais manjado de todos os vídeos do Purple.

No No No Take 1 e No No No Take 2 (Mk2) - Inédito oficialmente. É o ensaio pro Mickey Mouse do DVD anterior. Um deles circulava pelo YouTube.

"Jt Nuit" (Mk3) - Inédito. Na TV francesa, em 1974

Burn, Space Truckin' e duas entrevistas (Mk3) - Inédito oficialmente. Da Leeds Polytechnic. Andavam pelo YouTube. Agora, só se acha as entrevistas.

Documentário da TV da Nova Zelândia (Mk4) - Inédito oficialmente. Acho que já vi no YouTube, mas não tenho certeza.

Smoke On The Water (Mk4) - Inédito oficialmente. Da TV da Nova Zelândia.

Uma entrevista com Tony Edwards, de 1976. Inédito oficialmente. Edwards era o E da HEC, e foi um dos homens que puseram o Deep Purple de pé.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Ian fala

Logo após o show de sábado, mestre Ian Gillan gravou um vídeo pra explicar que estava com gripe. Outros membros da banda já tiveram problemas de saúde antes, mas ninguém notava - Paice tocando bateria depois de uma operação de fígado, Steve Morse com tendinite. Ele é o mais visível.

"Estou um pouco gripado. Quando eu escapo pro meu canto atrás da bateria, é pra dar uma tossida e coisas assim. Não é pra cheirar cocaína, nada disso. O único motivo pelo qual meu nariz anda escorrendo é que eu estou gripado."

No fim, talvez tenha sido eu quem pautou o vídeo do mestre. Quando o cumprimentei, disse que estava um pouco preocupado e ele ficou todo cheio de dedos, disse que não era nada. Como se viu, a gripe não o impediu de cantar muito, muito bem.

Os mestres na ilha

O LucasRRR gravou o primeiro show da história do Deep Purple em Florianópolis. Pra quem quiser baixar, este é o link.

domingo, 8 de março de 2009

Em Montreux, antes do incêndio

O Rasmus Heide, do The Highway Star, encontrou no YouTube um vídeo do Deep Purple tocando em Montreux em abril de 1971 - oito meses antes de voltarem à cidade a tempo de presenciarem o incidente que gerou "Smoke on the Water".

Segundo minha planilha, eles tocaram lá em 16 e 17 de abril daquele ano, logo depois de uma turnê na Alemanha que gerou vários bootlegs.

Em 1971, o Deep Purple tinha o costume de tocar ao vivo uma versão de "Yodel", aquela música dos montanheses, antes de começar a botar pra quebrar. Há um bootleg famoso, gravado na Dinamarca dias depois desse show de Montreux, em que caiu a luz. Chama-se "Danish Yodel - Beware". "Beware" é um poema de autoria do Gillan, que ele leu ao final do show.

O vídeo também inclui uma entrevista com os mestres. A repórter insiste em perguntar ao Gillan e ao Lord se a música do Purple era um produto de consumo, como a Coca-Cola. Eles riem. Lord fecha a questão: "Não. Não bebemos muita Coca-Cola." Gillan nega que a música deles tenha atitude política, e todos definem música como "diversão". Interessantíssima entrevista, apesar de a repórter ser mala.

Nunca imaginei que pudesse haver vídeo disso - ainda mais nessa qualidade. Também há trechos de todas as outras músicas do show, inclusive uma Child in Time poderosíssima. O som é poderoso, apesar de uns cortes chatos. Fora isso, deliciem-se.

Ian Gillan, o Cavaleiro do Púrpura


    Percebi aquilo só uma vez, durante a noite toda. Ele deu um bocado de ordem e todo mundo se mandou. Então, quando ficou só... Batman se curvou sobre a sela... feito um velhinho... Mais do que depressa, ele se ergueu e sorriu pra mim como se fosse engraçado.

O trecho acima vem de perto do fim de "Batman: o Cavaleiro das Trevas", um clássico dos quadrinhos dos anos 80. Um Batman de 60 e tantos anos volta a patrulhar Gotham City. Por baixo do capuz ainda é um senhor de idade, mas a motivação o mantém em pé. Ele leva tiro de bandido e da polícia, apanha feito cachorro ladrão, mas ainda assim segura as pontas com firmeza. Consegue até regenerar uma gangue e liderar uma cavalgada heróica para dar um choque de ordem no blecaute nuclear de Gotham City. Afinal, ele é o Batman.

Lembrei do Cavaleiro das Trevas ao ver agora há pouco o show do Purple em São Paulo. Amanhã devo escrever uma resenha decente. O rascunho que fiz no calor da hora está no Twitter. Fui enviando música a música pra não perder o setlist, e aproveitei pra incluir outras observações.

Só escrevo isto às três da manhã porque preciso contar a vocês quem realmente é o Ian Gillan. Ao longo da semana, vi gente reclamando da postura profissional dele. Vi gente achando um desrespeito ele cantar gripado desse jeito. Quem fala isso tem seus motivos, com base no que viu.

Porém, o Gillan que eu vi, do ponto de vista privilegiado de quem assiste o show lá da coxia, foi outro. Imensamente profissional. Fabulosamente respeitoso com seu público. Tossindo, mas à altura da lenda.

Acompanho o Deep Purple com freqüência suficiente pra não esperar do Gillan os agudos de 1970. Isso não é demérito, é um fato da natureza: o Pelé também não ganharia uma Copa hoje, com a idade que tem, e sei lá se ele ainda sequer cabeceia a bola de olhos abertos. Mas isso já é de alguns anos. O fato novo é que desde a chegada à América do Sul o Gillan estava gripado. Perdeu muito a voz noutros shows. Tossia muito.

Conversei com ele aqui. Ele estava bem rouco, mas garantiu que estava bem: "Acho legal que você se preocupe, mas é só uma gripe mesmo", ele disse. OK, mas um cantor gripado é mais ou menos o mesmo que um escrevinhador com tendinite.

Embora a coisa parecesse bem feia, ele estava bom o bastante pra cantar bem, embora sem arriscar muito. Um amigo ouviu uma nota desafinada em Into the Fire, mas fora isso nada além. Ele tossia de quando em vez entre um verso e outro. Mas as cenas que fizeram meu já imenso respeito por ele crescer ainda mais ocorreram deliberadamente longe da vista do público.

Atrás da bateria havia uma espécie de penteadeira preparada para o Gillan. Ali havia o setlist, toalhas, garrafas e lenços de papel. Foi ali que ele deixou seus crocs para entrar no palco como gosta: de pé no chão. E era ali que ele se refugiava na hora dos solos.

Ali, Ian apoiava os braços magros sobre a penteadeira, fechava os olhos e baixava a cabeça. Meditava. Respirava fundo, e sua camiseta ondulava.

Por um instante, estava ali um velhinho - um respeitável senhor de mais de 60 anos. Mas era só um instante. Quando o solo estava por terminar, Ian tomava um bom gole do que tivesse na frente (fosse água, cerveja ou pinga), respirava fundo e voltava para o palco.

Ao ultrapassar a bateria, ele batia o olho na platéia e abria seu sorriso mais sincero. Abria os braços, como que querendo abraçar os milhares de espectadores, e a galera delirava. Ele estava novo em folha, revigorado, como o Popeye depois de comer espinafre. Aí, puxava o microfone do bolso traseiro da calça e fazia o que sabe fazer melhor: cantava, batia palmas, regia a platéia, pulava, chacoalhava o pandeiro. Estava pronto para o combate. Afinal, ele é o Ian Gillan.

Lembrei das vezes em que deixei de trabalhar por estar muito gripado. Foram poucas, e não prejudicaram ninguém. Mas, quando vi o Ian Gillan daquele jeito, e além de tudo levantando daquele jeito, me senti um tremendo dum bunda-mole pelo mero motivo de faltar ao serviço por conta de gripe.

Termino com uma citação da primeira parte do Cavaleiro das Trevas:

    Onde está a dor? Eu deveria ser uma massa de músculos exaustos e doloridos... fracos, desgastados, incapazes de se mover. Se eu fosse velho, com certeza estaria assim... mas hoje eu sou um homem de trinta anos... não, vinte. A chuva em meu peito é um batismo. Eu nasci outra vez.

terça-feira, 3 de março de 2009

Você foi ao show? Conte aqui!

Minhas amigas lá de Porto Alegre contam que o Gillan estava gripado e tossindo o tempo todo no show de ontem. Tomara que ele melhore hoje e siga melhorando até sábado.

Você foi? Conte o que achou!

Novo disco este ano?

Don Airey, em entrevista ao Classic Rock Revisited:

    Vamos fazer um disco, provavelmente este ano, O último que fizemos nos manteve na estrada pelos últimos três anos, que é a duração dessa turnê.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Clarín não gostou

O Deep Purple participou do festival Cosquín Rock no Luna Park. O som estava ruim e a performance da banda não agradou o resenhista:

    Con 40 años de trayectoria, Deep Purple influenció a la mayoría de los que aportaron su arte a los escenarios pesados. Un comienzo bien rocker con Highway Star mostraba la gastada voz de un descalzo Ian Gillan que dista mucho de sus años mozos. La precisión cronométrica de Ian Paice tras los parches era el pulso que le daba vida a un Purple que se desdibujó tema tras tema.

    Luego de la primera canción hubo un parate de quince minutos por problemas de sonido, que el genial tecladista Don Airey capitalizó. No olvidó ejecutar, entre otros pasajes, el muy aplaudido Adiós Nonino, de Astor Piazzolla, y la música de Star Wars.

    La arabesca Rapture of the Deep encontró a un carismástico Steve Morse en guitarras con Roger Glover, infatigable colega, manejando las cuatro cuerdas del grupo. Algunos puntos oscuros fueron la arrastrada versión de Perfect Strangers, junto a la cansina Smoke on the Water, donde el grupo dio la sensación de que el concierto era un simple trámite. La banda inglesa -que se presentó el viernes y ayer en el Luna Park- tocó Hush, una reliquia cantada en parte por el público, y cerró con Black Night, dejando el escenario al dente para Almafuerte.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Qual é a dos mestres

Estamos desafiados a ganhar dos argentinos nos shows brasileiros. Olha o que foi Black Night lá:


O Abdalla, vocalista da banda Powerhouse, me contou certa vez a história de um sujeito que ele conheceu na fila de um show do Deep Purple no final dos anos 90. Esse cara conhecia as duas músicas da banda que passavam na Kiss, até gostava, mas não estava muito disposto a pagar pra ver um show que consistisse só em músicos e seus instrumentos. Queria lasers, profusão de gelo seco, cenários mirabolantes, músicos fazendo piruetas e talvez um monstro de plástico caminhando pelo palco e soltando fogo pela boca.

"Fica de olho. Esses aí não precisam de nada disso", disse meu amigo. Ao final do show, o sujeito estava boquiaberto. Naquela noite, o Deep Purple ganhou mais um fã devoto.

Os mestres não têm a pirotecnia de um Iron Maiden, nem o balé todo da Madonna, nem os óculos do Elton John, nem o porco voador do Roger Waters e nem a profusão de músicos de apoio dos Rolling Stones. Mas pra quê? São apenas cinco tiozinhos tocando bem pra caramba. E curtindo muito o que fazem, e com um carisma imenso, como bem lembrou o Wilerson.

Roger Glover sabe disso melhor do que ninguém. Vejam o que ele disse num programa da TV argentina:

    "Acho que nos anos 80 houve muita competição, onde o pessoal concorria pra ver quem fazia o maior espetáculo. O nosso negócio não é o show business. Nós voltamos à música, ao nível da banda. Quem precisa dessas apresentações são os popstars. Nós, do hard rock, não precisamos."

Avise aos seus colegas de outras bandas, Rog. De repente, se tirar o espetáculo todo, eles baixam o preço dos ingressos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A tal biografia

A biografia que estou lendo do Blackmore é esta, que está à venda na Livraria Cultura por R$ 64,64:


Leva umas semanas pra chegar, mas vale muito a pena. É uma belíssima leitura, onde se fica conhecendo melhor o Blackmore e as bandas das quais ele fez parte.

Trata-se de uma biografia não-autorizada, portanto ela é cheia de pequenos fatos pouco honrosos da longa carreira desse gênio genioso. Mas é escrita por um grande fã, que não julga o biografado por esses fatos. Ele os inclui não para "pichar" sua imagem, mas para compreender melhor quem é e como pensa nosso guitarrista favorito.

O perfil que se desenha aí, a partir de diversas entrevistas coletadas ou feitas pelo autor, é o de como surgiu um artista pioneiro e complicado como Blackmore.

Há várias fotografias raras ali dentro, de um personagem que não gosta de ser fotografado. E a discografia, ao final da obra, inclui várias faixas de outros artistas em que Blackmore tocou no início da carreira como um anônimo e prolífico guitarrista de estúdio.

Com tudo isso, o livro não sai caro. O que "sai caro" mesmo é esperar ele chegar. Levou uns dois meses.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Estréia em Minsk


É noite de 14 de fevereiro em Minsk, capital da Bielo-Rússia. Os fãs de rock se amontoam no estádio. O celular de um dos participantes foca um soldado de jaqueta pesada, lembrando o velho exército soviético. As luzes se apagam, e primeiro vem o tecladista - cabeludo, de bigodão. O baixista passa meio correndo. O baterista se posiciona em seu banquinho.

Então, entra o guitarrista, todo vestido de preto e com uma guitarra branca pendurada em seu pescoço. Aplausos, muitos aplausos. Ele pára do lado esquerdo do palco, defronte aos amplificadores, e lá ficará pelo resto do show. Em meio ao solo de teclado, entra o vocalista, socando o ar em júbilo. Muitos aplausos.

É a estréia da banda Over the Rainbow, cujos cartazes bielorussos tinham o "over the" bem pequeno e anunciavam a "volta dos membros originais".

O vocalista e líder da banda, recebido em júbilo, é Joe Lynn Turner, que cantou na fase mais pop do Rainbow - entre 1980 e o final, em 1984. Depois, foi chamado para o Deep Purple. Desde o começo na banda, ele aceitou muito bem as brincadeiras pesadas feitas pelo Ritchie Blackmore e aos poucos ganhou seu respeito e espaço na conspiração política interna da banda. Em 1989, após a demissão de Ian Gillan do Deep Purple, Turner foi cantar lá e, ao que diz a biografia do Blackmore, tentou conspirar contra Jon Lord. Quebrou a cara. Hoje, praticamente vive das glórias daqueles quatro anos de sua carreira no Rainbow, mais a fama dos outros dois anos no Purple.

O tecladista bigodudo é Tony Carey, que esteve no Rainbow entre 1975 e 1978. Ele foi demitido por Ritchie Blackmore por duas vezes. Blackmore pegava em seu pé por não jogar futebol, segundo o próprio dono da bola admitiu em entrevista a Bloom em 1998. Os outros, como Cozy Powell, entravam junto na brincadeira, até que Carey não suportava mais sequer almoçar com os colegas. Blackmore queimava cartas de tarô e passava por baixo de sua porta no hotel. Carey acabou pedindo pra sair e não foi creditado no último disco que gravou com a banda, "Long Live Rock'n'Roll".

O baterista lá no fundão é Bobby Rondinelli, que tocou na banda entre 1980 e 1983. Uma das versões para sua saída da banda pouco antes de ela terminar, segundo Bloom, era que Turner teria conspirado com Blackmore para isso.

O baixista, Greg Smith, tocou com a última formação do Rainbow, entre 1994 e 1997. A biografia de Ritchie Blackmore só menciona sua contratação após a demissão de Rob DiMartino. Nada sobre seus destaques na banda. Nada sobre eventuais brigas.

O guitarrista, apesar das roupas e do canto do palco, é o único que não tocou nas várias formações do Rainbow - embora tenha o DNA do único que esteve em todas. Jürgen Blackmore só esteve em shows do Rainbow original tentando falar com seu pai, que o driblava, segundo ex-membros da banda contaram ao biógrafo Jerry Bloom. Mas o cara é o que há de mais impressionante na banda, como se pode ver neste vídeo de "Kill the King":



Este foi o setlist:

Tarot Woman
Kill the King
Street of Dreams
Man on the Silver Mountain
Death Alley Driver
Eyes of the World
Ariel
Power
Can’t Happen Here
Jealous Lover
Stargazer
Long Live R’n'R

Encore 1
Since You Been Gone
I Surrender

Encore 2
All Night Long

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Preços e hábitos

Na Argentina, o Deep Purple está sendo chamado de "VIP Purple" por conta dos preços cobrados para os shows de Buenos Aires. Eles vão de 90 a 220 pesos argentinos. Isso, em reais, dá algo entre R$ 59 e R$ 144. No festival Cosquín Rock, o ingresso custa 68 pesos, ou R$ 44.

No Brasil, os preços vão de R$ 120 a R$ 300. Não vi nenhuma notícia criticando - mas fãs, sim. Não que os mestres não mereçam ser bem pagos, mas o bolso dos fãs costuma ter fundo.

Gosto desse espírito contestador argentino. Quando estive em Buenos Aires, em 2007, vi que todas as pichações da cidade tinham um viés reivindicatório. No século passado, no meu primeiro emprego em jornal, calhou de uma vez dar uma onda de protestos na Argentina, onde se queimava carros, quebrava vidros, batia panela e tudo mais. Um mestre, então, me dizia que a diferença entre o Brasil e a Argentina tinha a ver com a diferença nas touradas portuguesa e espanhola.

Segundo ele, que morou em Portugal por muitos anos, enquanto na Espanha o toureiro mata o boi, em terras lusas ele fica só driblando.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Blackmore, esse grande cara - e um causo do Turner

Eu sempre tiro um pouco de sarro das manias do Blackmore aqui no blog, mas não me canso de dizer que ele é meu guitarrista favorito. Embora seja meu guitarrista favorito, eu sempre pesquisei muito pouco sobre como ele virou o Homem de Preto que conhecemos. Por isso, comprei o livro "Black Knight", uma biografia não-autorizada. Estou devorando; ainda ontem, esse livro me manteve acordado até as 2 da manhã. Anteontem, até as 4.

Blackmore sempre foi um cara muito tímido, e o encadeamento dos fatos no livro sugere que boa parte das manias dele tem a ver com essa característica - por mais que seja estranho imaginar que um cidadão que põe fogo no palco possa ser tímido. As roupas pretas, o perfeccionismo, o ensimesmismo, a própria bronca com o Gillan (que é um sujeito MUITO expansivo), o laconismo. Blackmore ergue um escudo de estranhices para se defender. E se diverte com isso. Se você é tímido (e eu sou, até demais), deve saber mais ou menos como é a sensação, em outra escala.

Quando eu terminar de ler, posto aqui uma resenha. Já li todos os capítulos sobre o Deep Purple.

Só pra dar um gostinho: o capítulo que fala sobre a Mk5 traz uma revelação interessante sobre o Turner, outro personagem constante em piadinhas neste blog.

Em todos os capítulos, desde os que falam de 1968, vários entrevistados reclamam que Lord pouco contribuía com as composições do Purple - o que eu estranho demais, considerando a importância do teclado na sonoridade da banda. Para Slaves & Masters, calhou de ele ser o primeiro a reclamar de uma música por ser melosa demais para o Deep Purple. Sim, era "Love Conquers All".

A música cabia no contexto da tentativa de fazer um álbum comercial, porque na época era regra todo mundo botar uma baladinha num disco de hard rock, do Twisted Sister ao Cinderella. O argumento do Turner foi exatamente este: "o Motley Crue faz isso". Lord reclamou. Nas palavras do vocalista:

"Eu lembro que o Jon andou dizendo que 'Love Conquers All' era merda e não era uma boa música, e eu disse: 'se você tocar direito, eu vou cantar pra caralho e vai ser uma baita power ballad, então cala essa porra de boca e te mexe'. O Ritchie se virou no banquinho pra rir, e tentou esconder o riso. Ele queria dizer isso pro Jon havia anos. Naquela hora eu acho que me passei da conta, mas eu estava frustrado musicalmente porque olha só... o Jon nunca escrevia, e ficava lá sentado bebendo uma taça de vinho, lendo o livro dele, ouvindo música clássica"

(Parêntese: o "lendo um livro" é uma referência depreciativa que o Blackmore dirige ao Lord diversas vezes ao longo dos capítulos sobre o Purple. Como se fosse má coisa...)

Blackmore lembra que Turner disse ao Jon Lord, naquela explosão, uma outra frase: "Você é o passado, eu sou o futuro". E Blackmore se diverte ao dizer que sempre cumprimenta Lord dizendo "olá, sr. Passado".

Isso explica muita coisa - como, por exemplo, o fato de o tecladista não tocar em faixas feitas fora do álbum, como "Slow Down Sister" e "Fire Ice and Dynamite" (salvo engano), mas isso não aparece no livro.

O que eu recuperei de respeito pelo Blackmore com esse livro é diretamente proporcional ao que eu perdi de respeito pelo Turner com essa briga. Se bem que eles todos brigavam ou ficavam de cara feia um com o outro o tempo todo desde 1968, pelo que entendi.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Florianópolis também

Dia 5, o show é no Floripa Music Hall, em Florianópolis, segundo o Diário Catarinense.

Se vai ter Porto Alegre e Floripa, será que tem Rio também? Alguém tem notícia disso?

Show em Porto Alegre

Segundo a Zero Hora, foram anunciados dois shows do Deep Purple em Porto Alegre, no teatro do Bourbon Country.

Quase do lado da casa da minha mãe. Pena que não vou estar aí.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mais dois shows na Argentina

O Infobae fala de mais duas datas de shows do Purple na Argentina: 20 e 22 de fevereiro, no Luna Park, em Buenos Aires. Até agora à tarde, eu só sabia da data em Córdoba no dia 14.

Embora já seja muito em cima, será que não tem mais datas brasileiras de que a gente não saiba? Qualquer informação, entrem em contato.

Mas o mais divertido é ver como o último parágrafo mantém o hábito de traduzir os nomes das músicas nos discos argentinos. E tem um erro factual: "Quemar" é "Burn", que o Gillan não canta nem com reza braba. Músicas mais novas estão no original:

    Junto a clásicos como "Humo sobre el agua", "Silencio" y "Quemar", temas como "Wrong man", "Before time began" y "Junk yard blues", serán las perlitas nuevas que se escucharán y los clásicos que son una mezcla de hard rock, rock and roll, blues y el british rock de su momento, quienes seguramente florearán dos noches mágicas en el estadio de la Av. Corrientes y Bouchard.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Blackmore também desmente

Achei que o Blackmore não precisava desmentir o balão de ensaio do Glenn Hughes sobre uma volta da Mk3. Mas ele desmentiu, ao jornal italiano Corriere della Sera:

    "Girano voci che ritorni coi Deep Purple? Se è per questo ci sono anche voci sull'imminente fine del mondo. La gente si annoia ad ascoltare il generico vecchio rock che pompano in tv e in radio. E a me non si poteva chiedere di suonare 'Smoke on the water' per tutta la vita".

Em português:

    "Boatos de eu voltar com o Deep Purple? Então é por isso que também andam dizendo que o mundo vai acabar. As pessoas já estão de saco cheio de ouvir o velho rock genérico martelando na TV e no rádio. E não me peçam pra tocar 'Smoke on the Water' pelo resto da vida."

Gala Gillan


Já pensou que um dia veria Ian Gillan de gravata-borboleta?

Foi para assistir à ópera na República Tcheca. Se você entende lá a língua deles, bom proveito.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Yes, they can

Conhece o Obamicon? Ele faz ícones com qualquer foto, baseado naquele photoshop clássico do Obama em vermelho e azul. Apresento-lhes minha banda favorita.









As férias da Candice

Para monitorar o que acontece com o Deep Purple, seus membros e ex-membros, cadastrei alertas de RSS ativados pela menção a seus nomes no noticiário. Uma das palavras-chave é Blackmore's Night. Com isso, descobri que a Candice andou de férias num resort de luxo. A menção está no meio de uma matéria de turismo do USA Today:

    On a typical 80-degree morning, Candice Night, Theresa Pepe and Denise Weston hop on small catamaran for just such a trip. Delroy Bain of Caicos Dream Tours hands out snorkeling gear and promises to take the group to see endangered rock iguanas at nearby Little Water Cay.

    (...) The women chose Provo as a girlfriend getaway for its quiet, beach-oriented luxury. Today's agenda: boat trip, then spa. "There's no noise here," Night says. "You can just listen to the waves and water."

    Figuring out if the person behind the sunglasses next to you is famous (as opposed to merely rich) is a key Provo activity. Night — the lead singer of the band Blackmore's Night — and her friends discover that actor Peter Michael Goetz is on the trip with his wife, Connie. Cards are discreetly exchanged.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Solando com os mestres

Don Airey acaba de terminar sua turnê solo na Europa, divulgando seu disco solo, "A Light in the Sky". O The Highway Star postou vídeos. Ele tocou até coisas que gravou com o Rainbow e o Ozzy, mas nada do Deep Purple - isso ele deixa para a vindoura turnê.

Sexta-feira, foi o Ian Gillan quem começou uma turnê solo européia que vai até dia 10 de fevereiro. Ele está divulgando seu álbum solo "One Eye to Morocco", que já está em pré-venda na Amazon germânica.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nova cantora na área


Pois é, amigos. Essa não é a Britney Spears, não. É a mulher do nosso guitarrista favorito, Ritchie Blackmore. A foto é a capa do novo site dela, promovendo seu projeto solo.

O site vem completo com dicas de moda (para ter um cabelo como o dela é preciso aplicar óleo quente e deixar secar naturalmente, segundo o que eu entendi da dica de sua cabeleireira), as causas filantrópicas que ela apóia (incluindo a Salve os Texugos, uma clínica de reabilitação de animais e uma ONG que mede as emissões de carbono feitas nos shows da banda) - e, é claro, trechos das músicas-solo dela.

Ah, sim, o som. Não tem muito a ver com Blackmore's Night.

"Gilded Cage" parece coisa do Bryan Adams. Tem uns floreios de violão parecidos com os feitos pelo Blackmore. É o que mais parece Blackmore's Night - no que a banda tem de mais cansativo. Não me espantaria se fosse sobra de estúdio.

"Gone Gone Gone" lembra uma mistura entre Britney Spears e o disco do Deep Purple com o Joe Lynn Turner. Tem guitarra, teclado e baixo sugestivos, mas se você fechar os olhos consegue imaginar até as coreografias.

"Now and Then" parece uma mistura de música de FM mela-cueca (tipo "love songs") com cantiga de ninar.

***


E continua a dúvida: com a Candice em carreira-solo, o que é que o mestre está preparando?

domingo, 25 de janeiro de 2009

Novo DVD da Mk3 - mas cuidado!

Outro dia o Bruno perguntou o que mais havia em vídeo da Mk3. Fiz algumas edições aqui.

Daqui a poucos dias, em 10 de fevereiro, será lançado na Europa um DVD com um show teoricamente quase inédito da Mk3, ao vivo na Alemanha em 1974. Ele sai pela IMV Blueline, segundo o Blabbermouth. Até agora, essas imagens teriam sido de alguma forma exibidas basicamente só na Argentina, diz a matéria, embora ninguém as conheça. Ao contrário do California Jam, onde houve uma desinteligência com os câmeras, esse vídeo mostraria fartos minutos de Ritchie Blackmore em ação.

O set é aquele que a gente conhece de Cal Jam e Live in London:

* Burn
* Might Just Take Your Life
* Mistreated
* Smoke On The Water
* You Fool No One
* The Mule
* Space Truckin'

O The Highway Star adverte:

    1. Tem uma foto do Cal Jam na capa.
    2. A lista de faixas parece idêntica à do Cal Jam.
    3. O selo (IMV Blueline) tem um histórico de lançar coletâneas toscas.
    4. Não que seja completamente impossível, mas uma gravação de vídeo do Purple de 55 minutos completamente desconhecida de 1974 aparecendo por um selo pequeno e independente?

Nos comentários, um fã alemão lembra que uma cópia pirata do California Jam já foi lançada na Argentina como "Leipzig". Esse DVD também circula nas estantes brasileiras. Outro fã lembra que nesse setlist não tem Lay Down Stay Down - como a primeira versão do Cal Jam também não tinha.

Considerando o custo de importar, minha dica é a seguinte: aguarde as resenhas primeiro para ver se é inédito mesmo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Hughes vai tocar o Burn inteiro em praça pública

É o que consta em seu fórum oficial. Vai ser a primeira vez em que ele toca todo o álbum Burn, na ordem exata. E vai ser de graça. Só que vai ser em Kavarna, na Bulgária. Ele foi contratado por Tsonko Tsonev, prefeito metaleiro da cidade e, segundo ele, seu grande amigo. Hughes também vai cantar para abrir a Maratona Nacional Búlgara, no dia anterior.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Terceiro DVD

A DPAS está para lançar o terceiro DVD de imagens de arquivo do Deep Purple. O primeiro, vocês sabem, foi Machine Head Live. O segundo, California Jam. As faixas do terceiro serão divulgadas em breve, dizem eles.

No site, eles usam uma imagem da Mk1 a mais mal-documentada do Purple. Deve ter coisas deles, mas acho que não vai ser só. Tendo Mk1, algumas possibilidades de imagens conhecidas deles são:

1) A gravação do primeiro show em que eles usaram o nome "Deep Purple". Eu já vi o vídeo, mas com som "dublado";

2) A aparição dos mestres no Playboy Club, onde o Blackmore ensina o Hef a tocar guitarra;

3) O show na Califórnia gravado num vídeo em preto-e-branco cuja qualidade era considerada perdida.

Não sendo nenhuma dessas, é ainda mais empolgante.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A máscara

Em 1984, entre a reunião do Deep Purple para gravar seu 11o álbum de estúdio (abril) e o início da turnê de Perfect Strangers (novembro), tendo já saído do Rainbow, Roger Glover lançou um disco chamado "The Mask". Era seu terceiro disco solo, seguindo "Butterfly Ball" (1975) e "Elements" (1978). Foi gravado ainda no segundo semestre de 1983, quando ele estava no Rainbow.

"The Mask" é um disco interessante. Tem sintetizadores bem datados. Lembra um tanto o som dos 80, e em alguns pontos parece The Police. A faixa-título teve até clipe à la Sessão da Tarde, resgatado pelo produtor e divulgado no The Highway Star:



Cabe aqui lembrar que cada disco do Glover tem uma característica própria, e geralmente diferente do que ele faz em sua carreira principal: "Butterfly Ball" é uma ópera-rock com um quê de vaudeville - bela chance de juntar os amigos para um churrascão musical, dois anos depois de se aposentar do Purple; "Elements" é instrumental, soa um tanto new age - uma experimentação interessante para quem então passava o tempo inteiro produzindo discos até de ex-coelhinhas da Playboy; "The Mask" é pop-rock dos anos 80, numa vertente quase oposta ao que fazia o Rainbow; "Accidentally on Purpose" (com o Gillan), é pura diversão, um disco de reconciliação com o velho amigo; "Snapshot", já da fase do Purple com Airey, puxa para o bom e velho roquenrôu de instrumentagem simples e direta. Mal posso esperar pelo próximo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Adoro errar assim

Dois comentários no post abaixo dão conta de que o Via Funchal já está vendendo os ingressos para os shows do Purple. Eles ocorrem em 6 e 7 de março.

Ou seja: pelo menos em São Paulo vai ter shows.

No Rio e em outras cidades, ainda não vi nada anunciado. Caso alguém veja, avise. Reformando um pouco a análise do post anterior, é possível que cidades fora do grande eixão não queiram por causa do dólar. É de ver. Tomara que eu esteja errado aqui também.

A grande dúvida é: o que é a tal "pista premium" do Via Funchal, cujo ingresso custa R$ 300? Será que premiunizaram os lugares na frente do palco? Ela não está indicada no mapa dos lugares da casa de espetáculos.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Talvez não role show do Purple

Por conta da crise, é possível que não role turnê do Deep Purple no Brasil neste ano. Aos fatos.

1) O dólar anda corcoveando. Voltou aos níveis de 2005, depois de uma longa trajetória de queda. Ainda não estabilizou direito. Como os cachês e outros custos são cotados em dólar, o mercado dos espetáculos está em alerta desde outubro. Três meses antes, o mesmo mercado comemorava o bom momento do câmbio para trazer os shows. A conta é fácil: quando o câmbio está baixo, pagando-se menos reais os artistas recebem mais dólares.

2) Em 1999, o câmbio deu uma corcoveada com a maxidesvalorização empreendida logo após a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. O Deep Purple tinha marcado uma turnê que incluiria Porto Alegre, mas a produtora local acabou desmarcando o show de lá porque ficou caro demais.

3) Está lenta a marcação dos shows do Purple no primeiro semestre, e possivelmente um dos fatores é essa crise mundial. Lembrem que a crise começou a encrespar lá por setembro, o que pegou todo o período de antecedência razoável para marcar datas para os primeiros meses do ano.

4) Estamos quase no meio de janeiro e o único show marcado para fevereiro é o da Argentina, dia 14/2. A seqüência lógica seria o Deep Purple vir para o Brasil na mesma viagem, mas até agora nada foi anunciado. Se demorar mais uma semana, pode ter impacto nas vendas de ingressos, porque seria muito em cima da hora.

5) No ano passado, chegou a ser anunciado um show em Manaus e o Deep Purple cancelou, prometendo para os organizadores incluir a cidade na turnê mais ou menos em março deste ano. Isso foi antes da crise. Agora, conversei com os organizadores e eles disseram que chegou a vir a nova proposta dos shows para março, mas ela foi recusada. Não conversei com produtores de São Paulo, Rio e outras cidades.

6) O gráfico abaixo mostra a cotação do dólar e as vindas do Purple ao Brasil desde o início do plano real. Não inclui a turnê de 1991, por exemplo, porque teria que atualizar a cotação dia a dia pelo real. Observe que o Deep Purple (e certamente não só ele) vem quando o dólar está estável, caindo ou subindo moderadamente. Quando o câmbio está em fase de segura-peão, fica caro trazer a banda.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Batalha de titãs

Amanhã, às 20h, no programa Planet Rock, da Rockline, o Tony Iommi vai receber Ian Gillan e Glenn Hughes como convidados.

O que será que vai rolar?

Pra ouvir o programa, clique neste link.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Twitter do Glenn Hughes

Se você ainda não acompanha, acrescente lá. Por vários motivos:

1) Só lá a gente fica sabendo que Johnnie Bolin, irmão baterista do Tommy Bolin, está em estado grave no hospital, com problemas cardíacos. Torçamos todos pela sua melhora.

2) Só lá a gente acompanha as dietas do baixista. Por exemplo: ele deixou de comer glúten, e afirma que o açúcar é a tchutchuca do capeta. Ele andou meio doente com a friagem toda.

3) Só lá a gente fica sabendo que ele dirige um Jaguar Portfolio, tem uma impressionante coleção com mais de 100 guitarras e vai todo ano para Londres comprar artefatos da Prada e Ralph Lauren.

4) Só lá a gente acompanha em tempo real os resmungos do grande músico sobre o fato de não sair a volta da Mk3:

9/jan (já depois de o Jon Lord negar o boato da volta): "All this hullabaloo about Deep Purple.they were 2 big bands MK 2 and 3.....2 was staight rock, 3 had swagger and groove...Hughes/Coverdale.."

"Todo esse fuzuê sobre o Deep Purple. Houve duas grandes bandas, Mk2 e 3... a 2 era rock certinho, a 3 tinha ginga e groove... Hughes/Coverdale.."

29/dez: "Its a shame that the Purple Family members are not close... RIP MK 111 and 1V... My fans favorites... love DC, brothers 4ever"

"É uma vergonha que os membros da Purple Family não sejam próximos... descanse em paz, Mk3 e 4... as favoritas dos meus fãs... beijo DC, irmãos pra sempre"

25/nov: "Dear me...a promoter in Sweden wanted me on the same bill as Purple, but they said no...like I have said B4 move over Rover, G's takin over"

"Nossa... um promoter da Suécia queria que eu tocasse no mesmo dia que o Purple, mas eles disseram que não... como eu disse antes, sai da frente que o G tá tomando conta"

18/out: "We are @ br, like Indiana Jones out here...they look diff, i do 4 sure,.Purple are touring @ the same time..move over Rover, G's taken over"

"Estamos em BR, parece coisa do Indiana Jones... eles parecem diferentes, é claro. O Purple faz turnê ao mesmo tempo... sai da frente que o G tomou conta"

5/out: "We are on the plane to Moscow...my plan is to give the Russians the greatest Rock show of the year...are you listening Deep Purple?!?!"

"Estamos no avião pra Moscou... meu plano é dar aos russos o maior show de rock do ano... tá me ouvindo, Deep Purple?!?!"

5/ago: "@ the Rock and Roll hall of fame....I'm freakin' over the old Fender gtrs on display...shame Purple have burned out lately...MK3 anyone?"

"No Rock and Roll Hall of Fame... estou pirando com as velhas guitarras Fender expostas... pena que o Purple andou perdendo o gás... que tal MK3?"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Remaster de Perfect Strangers a caminho!


Segundo a DPAS, o Roger Glover já começou a cavocar os baús em busca de material para o remaster dos 25 anos de Perfect Strangers, a serem completados em abril deste ano. Mas talvez ainda demore mais um pouco, como sói acontecer.

Vocês sabem: o de In Rock foi de 25 anos, o de Fireball também, o de Machine Head idem. Aí, a partir de Made in Japan, a coisa meio que encrespou. Quando chegou a Burn, foi de 30 anos. Stormbringer já chega agora ao trigésimo-quinto.

De qualquer forma, estou curioso. Será que desse baú sai a mítica faixa "RIJIR", gravada nos ensaios em Vermont?

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Jon Lord: volta da Mk3 é só boato

Em seu site oficial, mestre Jon Lord comenta a nova onda de boatos sobre uma possível volta da Mk3. Ele nega que sequer tenha acontecido um convite e diz que só aceitaria um eventual convite se o baterista fosse o Ian Paice. Assim sendo, mais uma vez, temos apenas Coverdale e Hughes. Contagem regressiva para o Coverdale dizer que não sabe de nada e não viu nada.

A íntegra da nota:

    "Parece tudo um monte de papo furado e especulação maluca pra mim.

    Eu gosto do Lars e do que ele conquistou com o Metallica. Ele obviamente sempre foi muito elogioso em seus comentários sobre o DP, e eu adoro a história de seu famoso 'batismo de fogo' aos nove anos de idade em nosso show de 73 no KB Hallen, em Copenhagen, mas, se me pedissem pra me envolver numa reunião da 'Mark III' (e, aliás, não fui. Tudo o que eu disse foi que a idéia tinha alguns pontos bons e alguns pontos nem tão bons) - e eu de fato considerasse essa oferta, eu não poderia sequer imaginar isso sem a presença do Ian Paice.

    Aliás - eu NÃO me aposentei!

    Muito amor, e um ano novo tão pacífico quanto possível para todos vocês.

    Jon

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E por falar em Stormbringer...

A DPAS postou em seu site alguns trechos de músicas do remaster. Hold On está cheio de vocais novos. Inicialmente fiquei meio com a pulga atrás da orelha com a voz do Hughes. Parecia grave demais - parecida demais com a atual - pra ter sido feita na época. Mas depois ouvi o original e vi que naquela música ele canta mais grave mesmo.

Ouçam lá e comentem aqui.

Paice toca em tributo ao Purple

No final de dezembro, o Ian Paice tocou em Berlim com a banda de tributo Purpendicular (que não é formada pelos leitores deste blog e nem aquela onde o Abdalla cantava). No repertório, alguns acepipes: Not Responsible, Stormbringer e até mesmo Emmaretta - que o Nick Simper já andou tocando com uma banda de tributo na Áustria.

Só pra dar um gostinho, e ainda lembrando a notícia aí de baixo - Stormbringer pra vocês, com o vocalista dando uns gritos gillanescos no começo e no "TIME TO DIE":

Nova tentativa de volta da Mk3?


A revista Classic Rock deste mês (que sai amanhã na Inglaterra) publica entrevistas separadas com David Coverdale, Glenn Hughes e Jon Lord - onde os três dizem que estão tentando convencer Ritchie Blackmore a topar uma volta da Mk3, de alguma forma. Ian Paice, apenas, não poderia pois tem outra banda com a mesma tradição.

É possível que não role - já não rolou em outras tentativas, mas há peças se aprumando.

Lars Ulrich, baterista do Metallica, também disse à revista Classic Rock que estaria disposto a tocar com uma reunião da Mk3 caso ela ocorresse. O primeiro show a que o baterista assistiu na vida foi o primeiro da Mk3, no KB Hallen, em Copenhagen (no dia exato em que meus pais casaram, aliás).

Ulrich diz:

    "Eu sei que andam dizendo que, se juntassem Coverdale, Hughes, Lord e Blackmore teriam quatro membros que não estão no Deep Purple atual - então, só precisaria de um baterista. Eu seria voluntário pra essa (risos). Se precisarem de um baterista, o Coverdale tem meu telefone."

Sobre as peças que se aprumam, acompanhe abaixo.

Glenn Hughes sempre quis. Sempre foi ele quem espalhou boatos da volta - e, em 2007, teve as asas cortadas pelo Coverdale. Em seu Twitter, em 29 de dezembro, Hughes deixou uma mensagem críptica lamentando que a família Purple não é muito unida e mandando um beijo pro Coverdale, que chamou de "irmão para sempre". Não sei a quem ele se referia, mas isso já é depois que o papo já devia estar circulando entre os interessados. Talvez alguém (sei lá quem) tenha jogado um balde d'água na idéia.

David Coverdale, por sua vez, costuma dizer que está feliz com o Whitesnake, mas andou oferecendo obliquamente seus préstimos ao Led Zeppelin pós-Plant ao sugerir que seu amigo Jimmy Page deveria fazer um rodízio de vocalistas. Ou seja: ele está disponível para projetos grandes.

Jon Lord anda quieto, aparentemente feliz apenas com sua música clássica e eventuais aparições com os velhos amigos, como em setembro. É o melhor dos mundos, fala sério.

Ritchie Blackmore, que é Ritchie Blackmore, está oculto sob sua usual capa de mistério, agora com o capuz da carreira-solo anunciada pela Candice e os "outros projetos" em que ele estaria envolvido, segundo sua patroa.

Não sei se rola, porque há muitos fatores envolvidos. O primeiro deles são as personalidades envolvidas. O segundo deles são as personalidades que não estarão envolvidas mas que atualmente carregam a bandeira do Deep Purple. O terceiro deles são as burocracias envolvidas. Seria possível haver dois Deep Purple por aí? Blackmore toparia excursionar sob outro nome que não o Deep Purple?

(Por mim, se rolasse, eles podiam usar qualquer outro nome que eu iria igual. Podia ser que nem naquela banda dos ex-membros do Whitesnake, chamada "In The Company of Snakes". Podia ser "More Black Than Purple", ou "DisPurple" que eu iria.)

Se rolar, eu quebro o porquinho pra ir.