domingo, 12 de dezembro de 2004

Anya, spirit of freedom

Deu no Wall Street Journal: na Rússia, o Deep Purple é sinônimo de liberdade. “Para uma geração inteira de russos, os acordes familiares de ‘Smoke on the Water’ revivem memórias de rebelião juvenil contra os esforços soviéticos de suprimir o heavy metal”, diz o mais importante jornal financeiro do mundo na primeira página da edição deste domingo (que eu vou ter que dar um jeito de comprar, porque não tenho senha pra ler online).

Claro que os mestres e seus fãs já sabiam disso há pelo menos 11 anos. Em 1993, o carro-chefe de The Battle Rages On foi uma música inspirada na paisagem russa: “Anya”. Na turnê que gerou Come Hell or High Water, o Gillan cantava essa música logo depois de “Child in Time”, explicando que “isso foi antes, agora é agora e todas as coisas voltam”.

Nos países da ex-cortina de ferro, explica Gillan em sua autobiografia, “the line between the good and the bad” era lida como uma metáfora à guerra fria. O cego atirando no mundo, as balas voando e fazendo vítimas. Tudo o que restava às populações que ficavam no meio da briga dos poderosos era fechar os olhos, baixar a cabeça e esperar o ricochete. Que, nessa leitura metafórica, seria a queda do muro.

Os gritos ficam com vocês. I wanna hear you si-ing...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

Gonna send ya back to schoolin'

Segundo o jornal The Argus de 24 de novembro, o show do Purple no Brighton Centre, na semana retrasada, teve a presença de dois convidados especiais: Jimmy Page e Robert Plant. Até pediram pra eles subirem no palco dos ex-concorrentes, mas preferiram ficar lá embaixo curtindo junto com o fanzaredo.

Sei lá vocês, mas eu outro dia antei comparando as versões de Page e Plant pras músicas do Led com as originais. E costumeiramente comparo as versões recentes ao vivo do Purple para as músicas antigas com as originais. Sem dúvida alguma, a garganta do Ian Gillan envelheceu muito melhor que a do Plant. Na verdade, não só a garganta - até de rosto o mestre está muito menos demolido.

sábado, 4 de dezembro de 2004

I see you down the Speak

O site da DPAS botou no ar uma seçãozinha contando o que foi o Speakeasy (lugar onde a Mk2 do Purple fez sua primeira apresentação, com a estréia de Gillan e Glover em 1969) e mostrando o que é lá hoje.

Também tem lá uma valiosíssima entrevista com Tommy Bolin, para a Melody Maker, de quando ele estava entrando no Purple. Ele conta entre outras coisas que quem o indicou foi o próprio Homem de Preto. Para botar vergonha na cara da gente, ele tinha 23 anos em 1975 e tocava tudo aquilo. Um ano depois, um mês antes de eu nascer, a química acabou com ele.

A DPAS também avisa que vai ressair o disco "Teaser", primeiro registro solo do carinha.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2004

Seis notícias

1) Em mais um pedaço do quebra-cabeça da história do Deep Purple que vai para o túmulo, o empresário Artie Mogul, ex-presidente da Tetragrammaton Records (EUA), morreu em 26 de novembro. Foi ele quem assinou o contrato com o Deep Purple em maio de 1968, garantindo que eles fizessem sucesso com Hush nos EUA antes mesmo de serem conhecidos na Inglaterra. Apenas para recapitular, há poucas semanas morreu o DJ John Peel, da BBC, o primeiro cara que apresentou o Purple no rádio na Europa.

2) Foi lançado no Brasil o mais novo disco solo do Jon Lord, Beyond the Notes. Salvo engano, é o primeiro disco solo dele que sai por aqui. No ano passado, também foi lançado no Brasil o Snapshot, mais novo disco solo do Roger Glover (e também acho que o primeiro dele a sair no Brasil). Os quatro primeiros da Blackmore's Night também foram lançados por aqui e andam sendo vendidos bem baratinho. São os primeiros esforços solo dos mestres que são lançados nestas plagas sem haver nenhum contexto promocional ou turnê. Parece-me o início de uma muito bem-vinda tendência, que vai poupar os bolsos dos fanáticos. Aguardem resenha aqui.

3) Na FNAC da Paulista, os remasters importados de In Rock e Who Do We Think We Are estão baratinhos: R$ 39,90. Há três anos, comprei na galeria do rock o In Rock por R$ 50 e na Boca do Disco o WDWTWA (sueco) por R$ 80. Os remasters de Fireball e Made in Japan já saíram no Brasil. Já achei o de Fireball por R$ 16 (R$ 31 na FNAC) e o de MiJ por R$ 44 (R$ 51 na FNAC). Paguei R$ 60 pelo de Fireball e R$ 70 pelo de MiJ. Apenas estou no lucro com o remaster duplo de Machine Head: na FNAC está R$ 72, e eu paguei R$ 45 por ele em 2001. Vão lá, completem suas coleções, substituam seus discos antigos e saiam ganhando com os papos de estúdio de In Rock, as galinhagens etílicas de Fireball, a inteira reconstrução de Machine Head, o blues com Blackmore no baixo de WDWTWA e o bis do Made in Japan.

4) Já falei antes, mas repito: é amanhã, dia 2, o especial do Ian Gillan apresentado pelo Bruce Dickinson na Radio 2 da BBC. Dá pra ouvir numa boa pela internet. O Deep Purple foi uma das bandas formadoras da cabeça do goela de sirene do Iron Maiden - cujo teste na banda foi Black Night. No segundo dia deste ano, ele apresentou um especial sobre o Deep Purple que começava com uma narração sobre o tecladinho calmíssimo da versão de estúdio de Speed King:

--Eu queria ser o pé esquerdo do baterista. Eu queria gritar feito uma banshee. Eu queria maltratar as cordas de uma guitarra e fazê-la chorar. Tudo começou quando eu passei pela frente de uma porta fechada de estúdio e de trás dela ouvi isto:

(entra a letra na música: "Good golly, said the little miss Molly, while she was rockin' in the house of blue light...")


5) Já leram a entrevista interativa com o Roger Glover no site dele?

6) Confirmado: Ian Paice e Glenn Hughes fazem parte do projeto italiano Moonstone, que lança seu primeiro disco em janeiro. É a velha cozinha da Mk3 e Mk4 voltando a funcionar brevemente. Também participaram do projeto os feras Carmine Appice, Paul Shortino, Steve Walsh, Eric Bloom, Graham Bonnet, Kelly Keeling, Chris Catena, Tony Franklin, James Christian e Howie Simon.