sexta-feira, 26 de setembro de 2003

O cúmulo: Deep Purple na Caras

Sim. Tutty Vasques, o resenhista oficial da Caras, comenta que saiu na revista a foto:

"Seja lá quem for Andréa Prado, a amiga que levou Jô Soares ao show do Deep Purple tem estilo de causar inveja a Fernanda Young"

É aquela Caras que tem na capa o casamento da Donamarta do Petê. Alguém tem como escanear isso?

quinta-feira, 25 de setembro de 2003

I hear the beating of your wings...

No show da Cidade do México, ontem, no espaço de tempo entre o fim de Smoke on the Water e o começo do bis, o Purple recebeu das mãos de Jean-Pierre Harrison os restos de três CDs que a astronauta Kalpana Chawla levou para ouvir no espaço: Machine Head, Purpendicular e Down To Earth (este, do Rainbow). Logo depois, antes de Hush, a banda tocou Contact Lost uma segunda vez.

O material doado à banda tem certificado de autenticidade da NASA. Acho que o Harrison é esse cara de barba. Troquei alguns emails com ele, mas sempre fico sem jeito na hora de responder.


quarta-feira, 24 de setembro de 2003

Não me chamo Walter, nem moro em Niterói

E aí, o que vocês acharam do Casseta e Planeta com o Deep Purple?

Tá rolando um belo debate lá no fórum. Já te cadastrou? Participa lá!

I'm sword! Speak seriously!

No site do Casseta, tem uma entrevista com o Gillan e uma com o Paice, que caiu numa piada velha por covardia. Tem também uma canja de House of Pain.

segunda-feira, 22 de setembro de 2003

No frigir dos ovos

O Omelete publicou minha resenha sobre o show do Deep Purple. Pra quem ainda não leu, é só clicar no bannerzinho abaixo.


Estadão: Gillan se veste como personagem de comédia

O Estadão resenha o show paulista, sem poupar elogios aos Hellacopters. O jornal aponta, com exatidão, que a escolha do mix de bandas foi "esquizofrênica". Acho que Hellacopters abrindo pro Deep Purple dava bem. Hellacopters abrindo pro Sepultura não fazia feio. Mas o Sepultura no meio não tinha nada a ver, embora muita gente goste de tudo isso.

Ao Deep Purple, são reservados alguns parágrafos meio irônicos. Grifos meus:

"À 0h17, entra a cereja do bolo, o Deep Purple. Tiozinhos vitaminados, têm energia e um hit parade para segurar qualquer show. O cantor Ian Gillan é o primeiro a entrar, filmando o público com sua câmera de vídeo. 'Vocês são inacreditáveis', ele diz. Gillan se veste que nem o Agustinho, de A Grande Família, as camisas excessivamente engomadas e o visual de cafa de periferia. É um grande boa-praça, e a voz ainda segura uma grande onda.
Com um solo vigoroso do 'dono da banda', o baixista Roger Glover, o Purple ataca Highway Star, e começa um outro show, com outro patamar de qualidade sonora - técnica, bem-entendido. O guitarrista Steve Morse brincou com citações de guitarra, tocando introduções de músicas dos Beatles ou Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, passando por Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Canções como Woman from Tokyo, Smoke on the Water, Black Night e Hush pagam o preço do ingresso. Hora de ir para casa, acabou a missa. "

Steve escreve em Porto Alegre

Em seu site, o Steve escreveu uma notes from the road ao deixar Porto Alegre. Ele menciona a imensa quantidade de entrevistas e participações na TV que o Purple fez e comenta: "um dos programas de TV envolvia dois comediantes com nomes que só se pode dizer na TV a cabo nos States". Heh.

Ele manifesta surpresa com o fato de bastante gente cantar junto algumas das músicas do novo disco, e se pergunta se tudo isso é resultado de cópias piratas do disco novo. Poxa, nas primeiras filas do Gigantinho éramos só eu e a Mila cantando. E Bananas chegou a ser o décimo mais vendido no site da Saraiva, então deve estar tendo alguma saída, não acham?

Mais pra frente ele até reconhece isso, atribuindo a uma vendagem possivelmente boa as pencas de convites para a TV. Ele reclama que sempre perguntam o motivo de o disco se chamar Bananas, e revela que cada vez eles inventam uma resposta mais estapafúrdia.

E é legal ver o Steve comentar sobre um fenômeno que eu sofri na pele: o empurra-empurra nas primeiras filas. Diz que na semana passada ele ficou apavorado ao ver a segurança empurrando a grade contra o público e as filas de trás esmagando cada vez mais os da frente contra a grade. Poxa, era fogo isso.

domingo, 21 de setembro de 2003

Dias de vôo



Uma matéria da New York Times Magazine lembra os dias de glória do Starship 1, o avião usado por todas as grandes bandas entre 1973 e 1976 - palco e símbolo de toda espécie de excessos por parte das bandas. (Certa vez, no documentário Os Anos do Heavy Metal, perguntaram ao Steve Tyler, do Aerosmith, o que acontecera com o avião deles. "Subiu pelo nariz", ele respondeu.) Entre outros luxos, ele era equipado com uma suíte com cama queen-size e colchão d'água, lareira, telão, bar com teclado, cadeiras com assento de couro e duas aeromoças totosas chamadas Suzee e Bianca.

O Deep Purple também usou o avião, na turnê de 1974 (de California Jam), e não podia faltar na matéria. É a primeira vez em que vejo uma menção à banda no New York Times desde 1997, mas posso estar enganado. Os dois trechos em que os mestres aparecem são estes:

"Para os membros do Deep Purple e seus roadies, a maior vantagem era assistir filmes pornô no monitor de vídeo de último tipo e usar o Starship para atiçar as groupies ["atiradoras de elite", segundo o Tiago]. 'As meninas entravam no avião e voavam até onde quer que fosse o próximo show', lembra Bruce Payne, o empresário do grupo. 'Pais dentro do perímetro de dois Estados ligavam para a polícia'. Mas o baterista do Deep Purple, Ian Paice, não se arrepende. 'O Starship era um belo lugar para entrar para o clube da alta milhagem', diz."

"Paice tem boas lembranças de estar em Miami e, de repente, voar para Boston para jantar lagostas. 'Era um tempo em que tudo era factível', diz. 'E não tínhamos vergonha de gastar a grana'. Bruce Payne, o empresário da banda, rugia: 'Esse jantar provavelmente nos custou US$ 11 mil'."

Seu Casseta e os adoradores do Roxo Profundo

Confirmado para terça o Deep Purple no Casseta. Eles botaram no ar um vídeo bem legal: o Beto Silva é fã do Purple (inclusive mandou um email para o The Highway Star avisando sobre o programa, e com alguma sorte acessa este humilde blogue); o Hubert não gosta. olha a polêmica e uns trechos de House of Pain ao vivo no Casseta. Diz o Hubert que é uma pouca vergonha que o Purple tenha juntado mais gente no estúdio do que a Sheila Mello.

Já o Hélio de La Peña tirou o maior sarro de alguns amigos, que chamou de Adoradores do Roxo Profundo:

No carro, rumo ao Projac, fui tomando várias cervejas para entender os dogmas dessa religião e decorar as diversas formações por que passou a banda. Os dois fanáticos trocavam considerações sobre hits do passado como se fosse um duelo de repentistas. Citavam riffs clássicos da primeira fase, baladas da segunda fase, sucessos de quando eles voltaram... E eu que nem sabia que eles tinham ido!

Procurei extrair um pouco de cultura da experiência. Descobri que o baterista é canhoto, que o vocalista é meio estrela, o baixista é careca, o tecladista é brocha e que o guitarrista – como todos os guitarristas de rock – toca pra caralho.

A porta do estúdio tinha mais homem do que set de filmagem do Carandiru. Fucker lembrava que já gravamos com as duas Sheilas do Tchan, Xuxa, Luma de Oliveira, Sabrina do BBB, enfim, as maiores deusas do país, e nunca tanto marmanjo apareceu para ver as gravações. (...)

A banda chegou. Os coroas, vestidos em trajes civis, entraram no camarim sem ser notados. Mas quando reapareceram caracterizados de super-heróis do rock'n'roll, o tempo parou. Dividiram o corredor do estúdio em antes e depois de Deep Purple. Inebriados, tontos, desnorteados, os Adoradores do Roxo Profundo não queriam que aquele momento terminasse.

Não consegui ver meus amigos dentro do estúdio. Era muito mico pra eles ficar ao lado de um cara que não manja porra nenhuma daquilo, que nem sabia que Ian Gillan e Ian Paice não são a mesma pessoa.

Chuva de cadeiras em São Paulo

Segundo a Folha, 33 mil caras foram ao Pacaembu ver o Purple no sábado.

É o Albertino quem conta. Pelo visto, a marcha da imbecilidade continuou em São Paulo, ao contrário do que garantiu um fã do Sepultura que entrou neste blogue e disse que o que eu presenciei era coisa de gaúcho...

"O show ontem foi marivilhoso, o set foi o mesmo dos últimos shows, com Space Truckin no lugar de Bananas. No solo do Airey teve um pequeno trecho de Mr Crowley,Aquarela do Brasil, Star Wars e uma música clássica, acho que do Vivaldi. Pena foi que quase no final de Haunted um imbecil jogou um negócio no rosto do Gillan. Pensei qté que ele ia parar de cantar, mas continuou. Não sei o que um débil mental desses tem na cabeça.
No Sepultura, além de haver uma invasão em massa do setor mais caro, houve uma chuva de cadeiras. Ainda bem que pelo visto ninguém se machucou. É ridículo querer fazer um show deles com cadeiras, estavam pedindo pra isso acontecer. Lamentável.
O Gillan cantou muito. O clima da banda no palco estava ótimo: um brincando com o outro, e o Morse sorriu praticamente o show inteiro. Dá gosto de ver eles tocando com tanta empolgação e harmonia.
Antes da Smoke o Morse tocou Sweet Child o Mine do Guns, Honky Tonk Women(Stones), Day Tripper(Beatles), Manic Depression(Hendrix).
Don Airey me surpreendeu: o solo dele foi bom demais. Eu conheço o trabalho dele há muitos anos pelas bandas e projetos onde tocou, mas não imaginava o quanto o cara toca. Em alguns desses momentos de sua carreira ele não tinha lá muito destaque, muitas vezes ele tocava e nem era considerado membro das bandas, apenas músico convidado. É claro que o mestre Lord faz muita falta e é por tudo que fez no Purple insubstituível, mas Don Airey está dando conta do recado."


O Zé Roberto dá mais detalhes:

"10 e 20 mais ou menos, entra o Sepultura e aí o bicho pegou. Eu estava em um setor meio distante (Setor G), e de onde eu estava, comecei a ver cadeiras voando no setor Vip Premium, (aquele dos convidados), arrancadas, desmembradas e atiradas longe pelos sem cérebro. Formou uma pilha enorme que os seguranças começaram a recolher. No nosso setor, som bom e ordem. Todos curtindo por incrivel que pareça. O Sepultura parecia que não acabava mais, mas acabou, e então passaram-se longos minutos de uma espera interminável, até que as 00:20, apagam-se as luzes e aí o estádio veio abaixo!!! Os primeiros acordes de Highway Star dão um arrepio de levantar até os pelos do nariz. Delírio total. É incrivel como podemos ver um Deep Purple super bem entrosado, com um bom humor incrivel entre todos. É como se eles tivessem formando a banda agora, com gás total. O Gillan era só alegria e estava num super astral, assim como o resto da banda. O set list foi o mesmo de Porto Alegre:

Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: (trechos de Guns n Roses, Rolling Stones, Led Zeppelin, AC/DC e Beatles)
Smoke on the Water
Bis:
Hush (com solo de bateria)
Black Night

Grande parte da platéia, ficou boiando com as músicas novas, mas é impressionante como Contact Lost ficou linda ao vivo. Haunted nem se fala. House of Pain uma porrada e I got your number, do cacete pra não falar outra coisa. Houveram dois mini solos de bateria do Ian Paice e um puta solo do Don Airey. Aliás falando nisso, acho que o Steve Morse poderia voltar a fazer com o Don Airey, aqueles duelos Guitarra/Teclado que fazia com o Jon Lord. O Pacaembú estava lotado e a vibração da platéia em algumas músicas como Perfect Strangers por exemplo, fizeram o Estádio tremer e ao terminar o showzaço do Deep Purple, eu nem lembrava mais quem tinha tocado antes. Meu amigo gravou os treis shows e eu estou curiosissimo pra ouvir. Tirou 80 fotos do Deep Purple, algumas de cima do palco e não vejo a hora dele revelar. Cheguei as 4 da matina em casa, quebrado e rouco, mas de alma lavada mais uma vez e dizendo: Long Live Rock n Roll, Long Live Deep Purple!!!!
Na volta pra casa, ouvindo o CD Bananas no carro, pensei nos Fãs de Curitiba e me senti muito triste, porque eles perderam o melhor show do ano. "


A Thaís também foi:

"o show começou demais, a banda estava alucinada com a platéia (amazing, unbeliaveble...), no começo uma energia muito boa e o show prometia ser daqueles muuuuuito intensos, mas eis que durante a Silver Tongue (acho), um IDIOTA qualquer lá da ala dos convidados jogou um troço qualquer na cara do Ian, bem no final da música e aquilo eu vi que foi um banho de água gelada no vocalista... o Roger, já no começo da outra música fez um sinal de "toma cuidado" para a platéia e até que depois eles conseguiram manter o ritmo, mas aquilo deu uma esfriada na banda, eu senti muito isso. Deu pra ver que o Gillan ficou p. mesmo, mas o show tinha que continuar então a coisa continupu acontecendo... ele interagia muito com a platéia. O Morse tocando com aquele carinho e olhava para a platéia como quem só tinha aquilo a oferecer e meio que mostrava os acordes, era muito legal. Glover uma simpatia, sempre... altíssimo astral para a banda. Paice com suas caras e bocas na bateria, demais tb... "

sábado, 20 de setembro de 2003

Bronca curitibana

O Karl Ellwein foi mais um que perdeu a viagem:

"Cara, viajei 6 hrs de Londrina a Curitiba para ver o Purple... Vocês já sabem o resultado.... Pois bem. Até às 14.00hrs eu ainda ligava para um dos organizadores do evento, que me aconselhou a ir, por causa da liminar que poderia ser deferida pelo juíz... Eu estava com 30 pessoas ansiosas para ver o show. Resolvemos sair para a estrada, pois se esperássemos mais algum tempo demoraríamos muito para chegar... Se a gente não fosse e rolasse o show, não iriam devolver o dinheiro do ingresso. Resultado: Muitos se desentenderam por culpa de outras pessoas, pela péssima organização do evento, realmente desanimei em fazer novas excursões, foi uma experiência horrível. Chegamos lá e centenas de policiais para recepcionar a gente com cacetetes e armas... Inúmeras excursões voltando para suas cidades, todos deprimidos, enchendo a cara pra esquecer e descontando a raiva em outra coisa....E quem vai pagar as nossas despesas com a Van ??? Se fala muito em ingressos, mas e o pessoal de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Cascavel, Campo Mourão, Londrina ??? O que fazemos com os cerca de R$ 60,00 que cada um pagou na Van?? E com o choro da maioria do pessoal, do desgaste emocional ? Sugiro aqui que corramos atrás de nossos direitos através da Justiça, e que esses organizadores respondam judicialmente o que fizeram. Precisamos ser ressarcidos sim !!! Deixamos de ir a São Paulo, e agora vamos ver na TV e nos abalar mais ainda ???? Fica aqui registrado meu protesto..."

Sobre Curitiba

É o Thyago quem manda bala:

Foi uma falta de respeito o que aconteceu hoje no estado do PR não só com as pessoas que compareceriam ao evento vindo perto ou de longe como pessoas que vieram de SC, mas também com as bandas que apesar de receberem eles estavam na cidade para fazer o que eles sabem fazer que é tocar suas músicas para o seu público. Nada contra o show ser cancelado, mas não como foi em cima da hora quando já existiam pessoas esperando na frente local escolhido para o show.
O que seria um orgulho para os fãs da boa música ter grandes músicos como os do DEEP PURPLE em nosso estado, acaba virando frustração e vergonha, da má organização do nosso estado e da nossa capital que tem orgulho de se auto denominar capital cultural da América, mas não tem um lugar capaz de receber um grande show deixando fãs de várias de idades na mão, e não é com a devolução do nosso dinheiro que ficaremos satisfeitos, não existe dinheiro que pague a emoção de ver seu ídolo tocando clássicos que só de ouvir já arrepiam. Foram três meses de contagem regresiva para nada. Só quem é fã sabe do que estou falando.

Charge sobre Gillan no Casseta

O Charges.com.br botou no ar uma charge animada tirando sarro do Deep Purple ter ido ao Casseta e Planeta. A caricatura do Gillan está simplesmente HILÁRIA, e imagino que ele deva ter se sentido bem como diz a paródia. Claro que já mandei pro cara que administra o site do mestre, como não?

Saca só o que é a letra, cantada ao som de Smoke on the Water:

Com toda minha fama
Tô aqui bancando o otário
OK, eu gravo esse programa
Mas eu mato meu empresário

A sorte é que onde eu moro
Não passa esse canal
Oh, God, será que alguém assina na Inglaterra
Globo internacional

Oh, assim vai ter
E se eu fosse teu pai?
Oh, assim vai ter

Gillan pedala o Jô

A entrevista do Deep Purple no Jô estava insossa. O Paice se divertiu muito falando da mulher dele. O Gillan estava com uma cara de "porra, maior roubada", e cochichava com o Don o tempo inteiro. Até que o Jô se dirigiu a ele e ele deu uma resposta perfeita:

-- E então, além de cantar, que outro papel você faz na banda?
-- Papel de bobo, às vezes...

Pra deixar claro

Olha só: eu não tenho nada contra Sepultura, inclusive gostava quando eu tinha uns 15 anos de idade. Ainda ontem à tarde tinha elogiado a música que eles gravaram com o Zé Ramalho para o filme Lisbela e o Prisioneiro, que ficou muito legal.

Mas só acho que animalices do tipo que eu vi no show, feitas por uma meia dúzia de centenas de caras que só foram lá pra ver o Sepultura, não são coisa de quem tá lá pra ver o show. Poxa, os caras nem viam os caras tocando - e eles tocam muito -, de tão preocupados que estavam em ver de onde vinha o soco seguinte. Tinha um baixinho de um metro e meio de altura que ficava com os punhos cerrados, na altura do rosto. Nem olhava pro palco, até porque tinha um monte de cabeças na frente; só ficava procurando roda punk pra se meter.

Isso é chato pra cacete, especialmente num ambiente em que tem vinte mil caras espremidos num espaço relativamente pequeno.

sexta-feira, 19 de setembro de 2003

Curitiba: o motivo

O Groucho, de Curitiba, esclarece:

"A última informação é que a prefeitura proibiu. Isso porque um show foi mal organizado uns 2 meses atras por aqui e 3 adolescentes morreram. Agora, ao invés de fiscalizar tudo certinho, o pessoal da prefeitura prefere ficar com medo que de alguma merda e os fãs que se fodam. Detalhe: a kaiser tirou o patrocinio e a responsabilidade pelo evento "

Os mestres no celeiro de ases

Porto Alegre, 18 de setembro de 2003

Um concerto em três movimentos.

Primeiro Movimento: Andante
Ou "Razzle Dazzle, call it what you want"


Quando reunimos nosso grupo, já lá estava aquela multidão de gente de camiseta preta. Muitos com camiseta do Sepultura. Cabeças raspadas. Punks. Cabelos coloridos. Piercings heterodoxos. Tudo indicava que o bicho ia pegar lá dentro. Resolvemos deixar a fila passar e observar a fauna por uns instantes - tinha muito moleque barrado pela segurança por estar fazendo arruaça. Fomos tomar umas cervejas.

Só resolvemos entrar depois que já havia começado o show dos Hellacopters. Não nos interessava muito ver eles e o Sepultura, o que interessava era o prato principal. Então deixamos passar a fila e depois tentamos entrar. Primeira barreira: não podia levar máquina fotográfica, por exigência do patrocinador. "Até as TVs só vão poder filmar alguns segundos de cada show", disse alguém do marketing. Tivemos que deixar nossas câmeras num guarda-volumes da segurança. Sem problemas. Tudo pra ver o Deep Purple em paz.

Chegamos e já havia passado mais da metade dos Hellacopters. Do pouco que vimos, pareceu bem legalzinho. Mas não era o prato principal. Resolvemos aproveitar a pouca empolgação da massa com eles pra abrir caminho e tentar chegar mais perto do palco. E fomos chegando. E chegando. E chegando. E chegamos.

Segundo Movimento: Vivace
Ou "Fools die laughing still"


O bicho realmente pegou quando o Sepultura estava se preparando a tocar. A essa altura, já estávamos mais perto do palco, a uns cinco metros de distância. Descobrimos nos músculos o efeito de misturar os públicos de Sepultura e Deep Purple assim que alguns caras inventaram de brincar de fazer ola involuntária com a turma. Algum babaca empurrava de um lado e a platéia toda se desequilibrava. Até que alguém do outro lado se invocava e empurrava de volta. E nós no meio. Durante o show do Sepultura, surgiram vários focos de rebeldia no meio da platéia, em que grupos de pós-adolescentes descerebrados (menor de 18 não entra) faziam o que se chama de "roda punk": basicamente, praticavam o edificante esporte de dar e receber sopapos cordiais pelo amor ao barulho. Alguns homens fãs do Purple fizemos uma barreira humana para evitar que as meninas – a Mila e uma outra, que conseguiu levar máquina fotográfica – sofressem algum golpe. Chegamos a desenvolver um sismógrafo auditivo. Sabíamos que nas músicas "Territory", "Roots" e "Sepulnation" seria prudente reforçar a barreira, então ficamos atentos a alguns sinais. Fica fácil depois dos primeiros 15 minutos. Ao final do show do Sepultura, a coisa acalmou, apesar de alguns empurrões em massa. O importante era que sobrevivemos. O Deep Purple vale o sacrifício.

Terceiro Movimento: Presto
Ou "no matter what we get outta this..."


Finalmente, começou a preparação para o show do Purple. Enquanto os roadies ajustavam os instrumentos da banda e serventes desinfetavam o palco, alguns descerebrados remanescentes do show do Sepultura resolveram disparar insultos contra o que estava ajustando a bateria, porque estava "demorando demais". Sorte que o Sean não entende português e pena que os bobos não entendem que bom som precisa de regulagem, é diferente de sair destroçando de qualquer jeito (até o Sepultura sabe disso). Nós já estávamos descobrindo toda a emoção das sardinhas em lata. Havia apenas cinco filas de gente entre nós e o palco, e no final do show descobrimos que as cinco filas se apertavam em menos de 1,5 m². O setlist seria semelhante ao do Rio. Não tenho informações sobre como foi lá, mas em Porto Alegre tivemos DOIS solos de bateria. Numa entrevista antes da turnê brasileira começar, o Paice havia dito que não faria solos de bateria.

As luzes se apagaram lá pelas 0:10 – impossível olhar o relógio para saber ao certo. Os holofotes roxos iluminaram a cortina onde se lia o nome da banda. Paice subiu ao palco, sentou-se em seu banquinho e começou a fazer o que sabe melhor. Roger Glover veio logo em seguida e deu o ritmo. Highway Star, claro. Inicialmente, o baixo estava mixado muito alto, e pelo menos em Highway Star a gente quase só ouvia o baixo e as vozes da galera. Mais de 20 mil pessoas cantando a plenos pulmões cada verso da música. Os olhos do Gillan brilhavam ao ver a emoção toda. (Sim, as sardinhas privilegiadas podiam ver até o brilho dos olhos dele.) O mestre repetia toda hora o quanto éramos fantastic e amazing. Modéstia: fantástico e formidável é ele.

A Highway Star, seguiram-se Woman From Tokyo, que levantou a galera; Silver Tongue, que deixou muitos curiosos e poucos cantando; Lazy, que levantou de novo o povo. Então, Gillan pediu silêncio por um minuto, para que ele contasse brevemente a história do vôo STS-107, de Kalpana Chawla e de como a explosão da Columbia afetou o Deep Purple. Seguiu-se uma muitíssimo bem-sacada seqüência. Em Contact Lost, todos viram que Steve Morse não tem mãos, e sim uma enorme aranha que escala o braço da guitarra e faz o som da danada sorrir. Haunted, estou convencido, é uma espécie de homenagem a Kalpana. "All that's left is the ghost of your smile" lembra muito o que Ian escreveu em fevereiro ao homenagear os astronautas mortos - que só lembrava do sorriso de Kalpana. E Space Truckin' era a música que os heróis do espaço usavam como despertador. E lá se foram os 20 mil espectadores gritar o refrão: "COME ON! COME ON! LET'S GO SPACE TRUCKIN!" E foi aí que tivemos o primeiro solo de bateria da noite, para o deleite de milhares de pares de olhos arregalados.

I Got Your Number também não era muito conhecida do pessoal de lá, até por ser recente. Destaque, aqui, para o Gillan novamente. Com todo o respeito devido ao mestre, é a primeira vez em que eu o ouço acertar palavra por palavra de todas as músicas novas (em Lazy e Highway Star, por exemplo, ele vira versos de cabeça pra baixo há 31 anos). O pessoal tinha corrigido um pouco o volume do baixo na mixagem, mas nós ainda estávamos na frente do amplificador do Roger Glover. Isso só enfatizou como as músicas novas, especialmente, têm toda a malandragem nos hábeis dedos do senhor de bandana. Todas não: Well Dressed Guitar depende quase só dos dedos do Steve Morse, e in Morse we trust. Pena que quase não dava pra ouvir. Já falei que o baixo estava muito alto?

Acho que foi mais ou menos nessa fase do show que eu ouvi uma discussão feia à minha esquerda. Um troll exaltado queria ir mais pra perto da grade e gritava com uma moça: "Tu não entende nada de Deep Purple, eu sim; deixa eu passar!" E a moça era apenas a Mila, que traduz o THS para o português e ouve o Purple desde o berço - inclusive cantava de cor todas as músicas novas, nas quais o mané boiava. Se o simpático rapaz entende mesmo de Deep Purple, vai acessar o The Highway Star. Se estiver lendo esta resenha, fica o recado: cavalheirismo é sempre bom, mesmo num estádio superlotado e num canto onde todos são sardinhas.

House of Pain também agradou bastante a galera que ainda não conhecia. Muito mesmo. Também, com uma levada daquelas não tem como ficar indiferente.

Foi aí que as luzes se concentraram sobre Don Airey. O novo homem dos teclados do Purple não fez nada feio. Não diria que Jon Lord não faz falta, porque eu gosto muito dele. Mas o Don Airey traz um elemento novo muito sutil. Alguma energia extra, talvez. Citações diferentes. Começou com Beethoven. Alguns remanescentes da sepulnation vaiaram, e foi a primeira vez em que vi vaiarem isso - e olha que eu já ouvi uma penca de piratas. Coisas de show com Sepultura no meio. Entrou Aquarela do Brasil e o povo foi pro espaço durante o tema de Star Wars. Um pulinho pro lado e Airey estava no comando do Hammond, afundando os dedos na introdução de Perfect Strangers. E as vinte mil sardinhas que cantavam junto podiam lembrar, lembrar o nome deles, enquanto eles fluíam por nossas vidas, singravam mil oceanos e os frios, frios espíritos de gelo. A vida inteira, sombras de outros dias.

No riff-raff que precede Smoke on the Water desde pelo menos 1997, foi legal ver que ainda funciona a brincadeira do Steve. Eu invejo quem caiu - fui surpreendido num CD pirata há alguns anos, então ao vivo de verdade dilui um pouco o impacto depois de ouvir vários riff-raffs. Teve muito cara que se iludiu e achou que o Deep Purple ia tocar cover de Guns'n'Roses (que tem má fama entre os metaleiros mais "tradicionais", pelo menos por aqui), que ia sair cover de Led Zeppelin e de Jimi Hendrix. Vi algumas decepções, logo dissipadas com os quatro acordes mágicos que se tornaram a marca registrada do Purple. Eu já tinha participado uma vez de um coro de Smoke on the Water (no show de 97), mas nunca na frente do palco. Já tinha visto em vídeo, mas ver o Ian praticamente na minha frente com as mãos na cintura e reclamando "I CAN'T HEAR YOU, C'MON!" como um professor cobrando a letra do hino nacional é algo inesquecível.

No bis, tivemos Hush (com um razoável solo de bateria) e Black Night, com o Gigantinho tremendo com os ecos de ooô no riff. Mais tarde, comendo alguma coisa, decidimos nos reunir para uma comemoração anual do dia em que o Deep Purple esteve em Porto Alegre.

Então ficou assim o setlist:

Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: Sweet child O'Mine, Purple Haze, ?, Whole Lotta Love, ?
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush (com solo de bateria)
Black Night

Curitiba cancelado?

Parece que Curitiba foi cancelado por motivos de segurança. Aguardem bombásticas informações.

Será que viram o rolo que é fazer show do Purple onde vai ter fãs do Sepultura?

Mais um viu

O Luíz Otávio Junges também estava lá no celeiro de ases e manda bala:

"cara, as palavras apoteótico e antológico são medíocres par descrever o que aconteceu no gigantinho. talvez tenha sido o melhor show que eu já vi em termos de interação público-banda. o pessoal do purple (os caras tão judiados mesmo, o gillan e o baixo são dois tios de cabelo branco) babou com a empolgação do público, que cantou praticamente todas as músicas. o gillan fez várias reverências pro publico, se curvando como que em adoração, batendo palmas e repetindo a todo momento: 'you are amazing! you are fantastic!' eu não tinha idéia da performance do gillan no palco - nesse show ele parecia uma criança que tinha ganhado o melhor presente do mundo. quanto aos músicos, os caras detonaram. morse (guitarra) sensacional, tecladista irrepreensível, paice (batera) fantástico. uma coisa que eu achei muito a fudê, que o dantinho falou que é normal nos shows, é que o baixo tava muito alto no início, e o glover toca muito, a galera delirou e acompanhou o ritmo do baixo, começando o show melhor do que isso seria impossível, e ao som de highway star, foi de pedir pra morrer - parecia um sonho, porra! e na finaleira, pra não deixar pedra sobre pedra, smoke on the water. qualidade do som excelente, sem eco (não sei o que eles fizeram, porque o felipe me disse que longe do palco dava eco no gigantinho, mas eu pelo menos não ouvi nada, nada)."

Ele também manda um aviso pros amigos furões: "mas o guga e o daniel são dois 0x0! arquibancada num show desses é pra matar! eu não vi vocês lá, mas depois do show vi que tinha uma ligação no celular. bom, pelo menos vocês estavam lá! mané que não foi, se fudeu. foram os 25 reais mais bem gastos dos últimos tempos."

Ô, Guga" Ô, Daniel! A melhor parte do show é juntar o povo pra curtir junto um momento único! Eu, pelo menos, de tempos em tempos me empolgava com um trecho da música, olhava pro lado e via um desconhecido com a mesma cara de bobo que eu e já dava aquele aperto de mão de estralar dedo...

Primeira resenha

Esta não é a minha ainda (tá fogo o dia hoje), e sim do Marcos Resende. Ele sabe porque estava lá:

Foi um grande show do Purple. O show no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, começou no dia seguinte. Era para ser no dia 18, mas começou depois da meia-noite. Era zero hora e 15 ou 30 minutos, não lembro, quando o Deep Purple entrou no palco. Antes da meia-noite, até que não foi difícil aguentar o som dos suecos do Hellacopters, parecia divertido, mas sem conhecer as músicas é complicado. Na sequência, na hora do "barulho" do Sepultura me meti no bar do ginásio e ali fiquei enchendo a cara de Kaiser (argh!) e whiskey (Passport) e também conversando com velhos fãs do DP que aguardavam o grande momento da noite. O Gigantinho estava lotado nos espaços disponíveis na pista e arquibancada, e ficaram apenas alguns lugares vazios nas cadeiras numeradas. Mas a grande merda da noite foi o camarote da Kaiser que tirou parte da visão de quem estava num dos lados da arquibancada, fazendo com que esse povo só tivesse uma visão completa do palco através do telão. Como pista e arquibancada eram integradas, quando acabou o show do Sepultura, me meti na pista e consegui um bom lugar bem de frente pro palco. Não teve cadeira na pista. O show foi muito bom, mas havia algum problema no som. É tradicional que a acústica do Gigantinho é ruim, mas desta vez a qualidade até que foi suportável. No início estava difícil de ouvir o vocal do Gillan, mas depois da primeira música a mesa de som tratou de corrigir o problema. O público ficou enlouquecido na abertura com 'Highway Star'; depois com 'Knockin at Your Back Door'; 'Perfect Strangers', executada após o tema de Guerra nas Estrelas nos teclados de Don Airey (que teve alienígenas que acharam que era música do DP - hehe); na muito esperada 'Smoke On the Water', com o Ginásio inteiro cantado o refrão; e no final com as clássicas 'Hush' e 'Black Night'. Esses foram os grandes momentos da noite, o restante do show foi extremamente competente, mas não chegou a entusiasmar o público na sua totalidade. Agora, o que senti falta no palco foi a presença do Jonh Lord. Não adianta, o Don Airey é competente, mas o Jonh Lord é uma figuraça. Às vezes eu ficava olhando pro palco e imaginado o cara ali. Fora isso, foi um baita show do Deep Purple. Sem falar que o Steve Morse toca para caralho ! Eram 2 da madrugada quando o show acabou. Fiquei observando o ginásio esvaziar e tomei o rumo das ruas da cidade e também mais um pouco de cerveja. Tudo feito para celebrar este momento. O legal é que apesar da Kaiser que tomei no ginásio, e não dormir quase nada, não tive ressaca. Acho que fiquei bem por que fiquei com Deep Purple na cabeça. E Deep Purple não dá ressaca.



Agradecimentos para todos os verdadeiros fãs de rock que estiveram presentes nesta noite no Gigantinho; para o Bola ( foi bom voltar a falar contigo, um abraço !); para a turma do velho e bom rock (e que toca um Rush, of course) de Canela / Gramado - um abraço pra vocês ! ); e em especial pra Vivian, aquela menina que tem me feito voltar a sorrir - "At speed of love(...)nothing changes faster(...)".

And Special Thanks to

Ian Gillan
Roger Glover
Steve Morse
Don Airey
Ian Paice


"Smoke on the water, fire in the sky" (of Porto Alegre)

THS fecha os fóruns

O Dave Hodgkinson fechou os fóruns de discussão do The Highway Star. Pena mesmo. O fórum em português estava começando a deslanchar com uma turma boa, mas nos gringos tinha uns malas - sempre eles - que ferravam tudo.

E até a paciência do Paul Mann conseguiram estourar. Foi uma medida sábia, embora dolorosa. O único jeito de impedir os trolls de aparecerem é distribuir implantes de bom senso para toda a população mundial, feitos pela ONU.

Para a brasileirada que ficou órfã do fórum, quem vota a favor de abrirmos uma lista de discussão sobre o Deep Purple?

Conclusões pós-show

1) O Sepultura devia ter acabado quando saiu o Max Cavalera. Assim eu não teria levado tanto chute e soco involuntário quanto levei de uns retardados que insistiam em fazer roda punk enquanto eu esperava o prato principal. Nunca mais vou a um show do Sepultura na minha vida (tá, eu não ia mesmo, mas ainda assim. Ainda assim). Se você for ao show do Purple no Kaiser Music, vá com um casaco bem grosso, não importa o calor.

2) Já falei alguma vez que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Pois é. Era eufemismo.

3) Nunca confie num palpite de gente que trabalha com marquetagem. Sério.

4) Pedimos informações a três caras diferentes da equipe de marquetagem. Apenas o terceiro prestou mais atenção na Camila que no Tiago, e apenas esse deu informações corretas. Conclusão politicamente incorreta da noite, após algumas esfihas no Habib's: dar informações erradas é coisa de viado.

5) A Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeçaaaaaaaa!!!! Ninguém pode negar.

6) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Mencionei também que era eufemismo? Pois é. Não só era eufemismo como eu também estava redondamente enganado. São maiores que a história grega, são o Deep Purple e lhes chega pra ser felizes no universo. They're space trucking 'round the stars.

7) Até que os Elecópetros são bem legaizinhos. Mas só a nível de até.

8) O Gillan lembrou de cada palavra das letras do disco novo do Deep Purple. Fato inédito e histórico.

9) In Morse we trust. E não foi apenas a primeira consoante que mudou no teclado do Purple. Veio vigor, com todo respeito ao Jon Lord.

10) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda que existe? Se não falei, deixo dito.

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Os senhores de Ipanema



O sobrinho de uma das gurias dos Purple Forums manda o relato do show no Rio:

Após 1 h. na fila, entrei. Me deparei com uma situação estranha: Não tinha mesas, só cadeiras. Aparece um comunicado nos telões dizendo que 'o artista pediu que as mesas fossem retiradas'. Purple é rock até o osso!!! O q aconteceu? Ninguém sentou nas cadeiras. Quem pagou mais caro ficou em pé, colado no palco, e os q pagaram $60 ficaram atrás de uma grade, a cerca de 25m do palco. Fiquei me lamentando de não ter pago $20 a mais p/ ficar colado no palco e tentar pegar uma das 37 palhetas, 4 baquetas e 5 toalhas que a banda tacou na galera.

O Deepestfan diz que o povo não quis nem saber:

Quando as luzes se apagaram, a galera saiu correndo pra frente do palco (no pequeno espaço entre a primeira fila das cadeiras e o palco) e aí já era....abrindo com Highway Star, a segurança ainda tentou, mas não deu pra conter a galera. Era um show de rock completo!!!! Muita gente da pista também invadiu....

O Purple tocou Space Truckin' desta vez, logo depois de Haunted - o que só acrescenta à minha idéia de que Haunted é uma homenagem à Kalpana Chawla ("all that's left is the ghost of your smile", diz a música; quando houve o acidente, o Gillan diz que da nave o que ele mais lembrava era do sorriso dela). Space Truckin' é muito legal, mas pra entrar eles tiraram Bananas - que é uma das músicas mais legais do novo disco. I've Got Your Number, que estava no bis, veio logo depois. O bis ficou com Hush e Black Night.

No solo do Airey, teve o tema de O Fantasma da Ópera, depois Chega de Saudade, o tema de Star Wars e algo que ele classificou como "alguns barulhinhos legais, uma dakelas músicas clássicas q tocam no desenho do Pernalonga" (possivelmente Chopin). Aí entrou Lazy. No Riff-Raff do Morse antes de Smoke on the Water, teve Sweet Child O' Mine, Little Wing, Back In Black, Here Comes the Sun e Whole Lotta Love.

O Marcel manda o setlist inteiro:

Highway Star
Woman from Tokio
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well dressed Guitar
House of Pain
Perfect Strangers
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush
Black Night

quarta-feira, 17 de setembro de 2003

Glover na Zero Hora

Abaixo, a íntegra da entrevista com o Glover que saiu na Zero de hoje:

"Show
Entrevista: Roger Glover, baixista do Deep Purple

Discreto e eficiente como manda o arquétipo do baixista de rock, Roger Glover é uma das principais forças dentro do Deep Purple e um dos remanescentes da chamada formação clássica da banda, do início dos anos 70. Sóbrio, mas bem-humorado, Glover falou a Zero Hora por telefone dos Estados Unidos, onde mora. Leia a íntegra da entrevista:
Zero Hora – Vocês escolheram começar a turnê pelo Brasil, é importante tocar aqui?
Roger Glover – É importante ir a todos os lugares. É uma questão de negócios, os agentes decidiram marcar os shows, não é uma escolha nossa.
ZH – O repertório será diferente no Brasil?
Glover – O Brasil verá um Deep Purple bem diferente do das últimas turnês. Nos últimos dois anos, vínhamos tocando o mesmo repertório em turnês e festivais, não tínhamos um novo disco. Agora, vai mudar, temos um disco novo, e acho que muitas das músicas dele serão músicas de palco. Em um show em Berlim, já tocamos seis novas músicas, acho que foram bem, deveremos continuar.
ZH – Qual a interpretação para o título do novo CD, Bananas? É algo político?
Glover – Cada um interpreta de um jeito. A idéia original para Bananas veio de uma foto tirada no Vietnã. Eu vi a imagem em um jornal da Austrália, era um cara carregando um montão de bananas em uma bicicleta. É a foto na contracapa do encarte do CD. Eu vi aquilo e disse pro Ian Gillan, que estava do meu lado no avião: "É um ótimo título para um disco, vamos chamá-lo "Bananas". Era uma brincadeira, mas ele gostou. Isso foi há uns três anos, não achamos um nome melhor. Mas é o tipo da coisa sem maiores significados. Lembro de quando era guri, há muitos anos, gostei muito de uma música que ouvi no rádio, mas não lembro que tenha sido um grande sucesso, porque a banda tinha um nome estúpido: "The Beatles" (risos). Se você falar com Ian Gillan, ele dirá que é uma coisa política. A banana é um produto que sofre uma série de regulações na Inglaterra. Ian ficou brabo com essas regras, que a banana tem de ter um determinado tamanho e curva. Bananas de outros países não podem ser vendidas na Europa, porque não atendem às regras. Para o Ian, é uma coisa muito política. Para mim, apenas gosto da idéia da incongruência: algo tão simples como uma banana pode ser tão pesado em grande quantidade. "Bananas", em inglês, é também uma gíria para "ficar maluco". No final, para uma banda como o Deep Purple, é difícil que a maioria das pessoas saiba que ela exista, que dirá que lançou um novo álbum. Então, um nome controverso ajuda (risos).


ZH – Há outra letra mais crítica, Picture of Innocence, algo não muito comum nas canções do Deep Purple.

Glover – Temos estado muito envolvidos com política, de uma forma geral. Nunca nos dissemos de esquerda ou direita, nem pró ou contra algo. Achamos que não é nossa tarefa. Como banda, temos opiniões diferentes, é impossível dar um ponto-de-vista. Picture of Innocence não é bem sobre política, mas sobre como estamos sendo homogeneizados, transformados no mesmo. Na União Européia, temos tido de nos conformar com regras, mas as pessoas são diferentes, querem se expressar de formas diferentes. As culturas são muito importantes. No Brasil, vocês são orgulhosos da sua cultura, porque é brasileira, e de nenhum outro lugar. Eu venho de um país pequeno, o País de Gales, temos nossa cultura, somos diferentes, é bom ser diferente.


ZH – Hoje, a banda toda vive na Inglaterra?

Glover – Não. Três moram na Inglaterra e eu e Steve (Morse) moramos nos Estados Unidos.


ZH – Há muito tempo você vive na Inglaterra?

Glover – Steve vive há muito mais tempo que eu, uma vez que ele nasceu aqui. Uma das alegrias de ter uma banda é viajar pelo mundo. Quanto mais viajo, mais percebo algo que John Lennon disse: "países são apenas homens fazendo coisas". Países na verdade não existem, não há fronteiras. Não me vejo como um músico britânico. "Imagine não haver países. É fácil se você imaginar", disse Lennon. Eu gosto de diferentes culturas, mas não gosto da idéia de um país ser melhor que outro. Patriotismo me parece um desperdício de fôlego. Os americanos gostam de dizer: "somos o melhor país do mundo". E não é. Isso não é apenas inútil, é também perigoso, pode levar à guerra, ao medo das outras pessoas. As pessoas não gostam de mudanças. Em uma banda como o Deep Purple, sim, nós mudamos. Temos de mudar, se não morremos. Há quem diga: "oh, não, vocês têm que ser como eram em 1970". Não posso sê-lo, assim como quem diz isso também não pode.


ZH – Você mencionou mudanças. Os fãs esperam que vocês toquem hoje exatamente como nos anos 70, ou é diferente quando a banda está no palco?

Glover – É diferente quando estamos no palco. Coisas ótimas aconteceram nos anos 70. Reconhecemos isso, temos ótimas lembranças, temos um grande passado. Mas o passado não é importante, não existe mais. O que existe é agora e o futuro, e o futuro ainda nem chegou. Não pensamos no passado, pensamos no que estamos fazendo agora e no que fazer a seguir. E no palco há algo especial. Vi uma banda tocando outro dia em Nova York, e achei muito boa. Era uma jovem banda inglesa, todos na faixa dos 20 anos, chamada Stedment. Eu nunca tinha ouvido falar deles. No outro dia, fui comprar o disco deles. Ouvi e não achei bom o disco. Há algo na música tocada ao vivo, uma eletricidade, que faz do show a melhor situação para se ouvir música, quando se vê o músico tocando. Não sei o que nossos fãs esperam, mas quando vamos dar um show, queremos dar tudo de nossa habilidade musical. Somos músicos, tocamos diferentemente a cada noite, há muita expressão e experimentação rolando. Acho que os fãs do Deep Purple perceberam isso ao longo do tempo. Não somos apenas volume alto, há um pouco de inteligência rolando.


ZH – Há duas músicas no novo álbum em que Jon Lord aparece como autor. Elas parecem ser as mais elaboradas do disco.

Glover – São as que estavam há mais tempo rolando. Começamos a compor esse repertório há dois ou três anos, e Jon ainda estava na banda. Essas músicas nunca ficaram realmente acabadas, eram apenas idéias brutas. Quando fomos fazer o disco, retrabalhamos os temas. Não acho que haja razão para elas serem diferentes só por terem Jon Lord como um dos autores. Talvez sejam um pouco mais complicadas, talvez porque estivéssemos apenas nos divertindo. Mas a faixa Bananas é também bem complicada, acho que isso não quer dizer nada.


ZH – Mas é muito diferente compor sem Jon Lord?

Glover – Sim, mas não é necessariamente ruim. Eu gosto de Jon, tenho muito respeito por ele. Não comparamos Don (Airey) com Jon, são pessoas diferentes, assim como não comparamos Steve (Morse) com Ritchie (Blackmore). Alguns fãs adoram compará-los, mas se nós o fizermos não teremos vida (risos). Don traz seu próprio caráter à banda. Sim, sentimos falta de Jon, que era e é um músico soberbo, mas Don também é. A coisa funciona bem. Jon vinha pensando em sair da banda nos últimos quatro ou cinco anos, nesse período ele não estava realmente dentro da banda. O último ano e meio tem sido bem melhor, porque Don é o nosso tecladista de qualquer forma.


ZH – Como vocês se conheceram?

Glover – Eu conheci Don quando estava no Rainbow, entre 79 e 80, virou um bom amigo. Depois, não o vi por alguns anos. Nos falamos quando o Cozy Powell morreu. Don, Cozy e eu éramos muito próximos nos tempos do Rainbow. Quando John ficou doente em uma turnê, pensamos: quem consegue tocar a parte do John? Don foi a escolha óbvia. Ligamos para ele, enviei uma fita e disse: Você pode aprender isso em dois dias? (risos) Ele veio e tocou com a gente, então foi uma escolha natural.


ZH – Como é hoje a relação da banda com seus ex-membros, como Ritchie Blackmore? Ainda há atrito entre ele e a banda?

Glover – Não que eu saiba, mas até onde ele se importa, sim. Quer dizer, não há contato com ele. Ele, por meio de seu agente, tem se preocupado em que não usemos o nome dele para mostrar nossa música. Nós não nos importamos muito com isso, para nós não é tão importante. Mas, quando ele ainda estava na banda, não havia muita comunicação mesmo. Então, não haver comunicação agora não quer dizer nada. Também não há comunicação entre nós e Joe Lynn Turner ou Glenn Hughes ou David Coverdale.


ZH – Não se teve mais notícia de Nick Simper e Rod Evans?

Glover – Eu não tive, na verdade não lembro. Nick Simper tocou numa banda chamada Warhorse, ou coisa parecida. Para ser honesto, não sei o que ele está fazendo agora, acho que ele toca em alguma banda na Inglaterra, mas não acho que seja algo de muito sucesso. Rod Evans desapareceu, ninguém sabe onde está. Depois do Purple, ele também teve uma banda, chamada Captain Beyond. Acho que ele se mudou para os EUA, mas ninguém sabe onde ele anda agora.


ZH – Você mencionou antes que assistiu uma banda nova tocando. Você percebe a influência do Deep Purple nas bandas atuais?

Glover – Acho que se percebem influências, mas não só do Deep Purple. O som do Deep Purple veio da música dos anos 50. Não diretamente, mas crescemos ouvindo isso, foi uma impressão muito forte. Acho que, no final dos anos 60 e início dos 70, o que se viu foi o nascimento do hard rock, que não poderá nascer de novo. Acho que ainda se ouve a influência das grandes bandas daquele tempo, como Led Zeppelin, Black Sabbath and Deep Purple. Mas não tenho nenhum orgulho pessoal disso, acho que aconteceu de eu estar na banda certa no lugar certo e na hora certa.


ZH – Não é então nada específico, tipo "esses caras estão tocando guitarra igual a nós"?

Glover – Não muito. Sim, às vezes você ouve, mas não acho que seja problema. Acho que é bajulação.


ZH – Que tipo de música você gosta de ouvir hoje?

Glover – O mesmo tipo de música que eu gostava de ouvir ontem (risos). Vou explicar: eu gosto de canções, antes de mais nada. Se apresentarem boas canções, vou gostar, não interessa se é uma banda, um grupo de heavy metal, Mariah Carey, Radiohead ou Fritz the Cat. Não procuro música velha ou nova. É tudo música. Há muita música por aí com a qual não me ocupo muito, não porque seja música ruim, mas por ser música feita por máquinas, não por músicos. Você pode fazer uma boa canção com uma máquina, mas não acredito que uma máquina possa fazer uma boa música. As pessoas podem se expressar, não interessa se usem máquinas ou instrumentistas, mas depende de como se usa. Há quem use as máquinas muito bem. Não sou contra tecnologia, ela é legal, o que conta é como usar. O que interessa é se você se conecta emocionalmente com as pessoas. Quando você compõe algo que atinge uma outra pessoa, é o que realmente o que conta.


ZH – Como você mencionou, o Purple é sempre citado como uma das maiores bandas do hard rock, ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath. Como vocês lidavam com isso na época? Havia competição entre as bandas?

Glover – Não lembro de nenhuma competição entre as bandas. Eu era um fã de Led Zeppelin, um grande fã. Não sabia realmente muita coisa sobre o Black Sabbath, não era meu tipo de música. Mas a música do Led Zeppelin eu achava fantástica. Não havia competição. Sabe, quando você é uma banda jovem e não tem sucesso nenhum, você se compara com todo mundo. Quando você conquista o sucesso, de repente você está em seu próprio mundo. Nunca fui muito competitivo a ponto de pensar em ser melhor do que alguém, pensava em ser diferente, o melhor é ser diferente.


ZH – Ser você mesmo.

Glover – Sim, sendo você mesmo você será diferente, todos são únicos. E é algo difícil ser você mesmo. Quando eu tinha 12 anos e estava aprendendo a tocar guitarra, a primeira coisa que fiz foi aprender músicas dos outros, os sucessos da época. Aí, você está tentando ser outra pessoa. É um longo processo de tornar-se você mesmo, demanda tempo e experiência.


ZH – Posso imaginar. Você começou tocando baixo ou começou na guitarra e depois passou para o baixo?

Glover – Comecei no violão, tocando alguns acordes e cantando músicas folk e sucessos da época. No colégio, formamos uma banda e fui para o baixo, não porque queria, mas porque um garoto sabia mais acordes que eu, e o outro tinha uma guitarra elétrica. Eles começaram a tocar, então fui para o baixo (risos). Mas adorei, gostei muito.


ZH – Quais eram os sucessos da época?

Glover – A primeira música que toquei foi Rock Island Line, do Lonnie Donegan, antes do rock'n'roll, logo antes. Lonnie Donegan foi um artista maravilhoso, foi um dos primeiros a tocar blues e gospel na Inglaterra. Muitos garotos ingleses cresceram ouvindo Lonnie Donegan. Ele ensinou os Beatles, o Eric Clapton, o Jimmy Page, ele foi o primeiro herói de todos os ingleses. E meu também. Ele morreu no ano passado. Depois dele, vieram Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley e houve uma grande mudança no mundo, lá por 55, 56, foi quando o rock'n'roll nasceu. Eu tinha 12, 13 anos, era uma época fantástica e eu tinha a idade perfeita. Antes disso, ninguém se expressava emocionalmente. As músicas eram feitas muito cuidadosamente, e tocadas com muito cuidado. Aí Little Richard apareceu gritando, pensei "puxa, nunca vi isso, alguém gritar". Era um tipo de música novo, aberto e excitante. Os jovens disseram: sim, é uma ótima forma de expressão. Os mais velhos não gostaram muito, não gostaram de ver emoções expressas tão abertamente. Preferiam algo como Frank Sinatra, que é ótimo. A música era feita cuidadosamente, não era algo selvagem. Nem um pouco.


ZH – Isso leva a outra pergunta: muitos críticos parecem achar que foram os punks que inventaram a energia no rock. Mas o próprio Deep Purple era uma das bandas mais energéticas, e você lembrou que Little Richard já era selvagem nos anos 50. Qual foi a sensação quando o punk rock apareceu e tentou bater todas as bandas que já existiam, havia uma sensação de destruição?

Glover – Nunca me afetei muito com a música punk. Música punk tinha tudo a ver com energia e não muito a ver com música. O que é bom, eu ouvia Sex Pistols e achava ótimo, porque havia muita atitude. Eu não achava isso um problema. Talvez o seu problema seja dar atenção aos críticos (risos). Cada um tem um ponto de vista. Se você nasceu numa determinada época, vai lembrar do que aconteceu a partir dali. Rock'n'roll foi a primeira coisa que eu ouvi. Para muita gente, o punk rock foi a primeira coisa que se ouviu, e o que veio antes soa antiquado. É como eles vêem. Entendo isso assim: a música parece andar em ondas, ciclos, e não vejo o punk rock como um outro estilo de música, mas como uma batalha entre negócios e arte. Às vezes você não gosta disso ou daquilo, mas é arte. Às vezes, é algo criativo, feito por artistas, músicos, escritores, que criam de coração, e isso faz sucesso porque é forte. Aí o mundo dos negócios toma a arte e faz com que uma porção de gente a copie, porque faz sucesso. Aí, o produto se torna diluído. Aí vem uma nova onda de artistas e faz algo diferente. O punk foi parte desse movimento. O hard rock foi a manutenção de uma onda. Em 1969, queríamos continuar o que Cream e Jimi Hendrix tinham começado. Daí, a coisa floresceu e se tornou muito grande no início dos anos 70, mas, lá por 1975, a única outra alternativa era a música disco. Naturalmente, o punk rock era bem diferente da disco, e foi um novo choque, o rock era pop de novo. E a próxima mudança de volta ao pop foi o grunge, Seatlle. E é um processo contínuo.


ZH – Então, não existe isso de "o rock está morto"?

Glover – O rock é um tipo de música, como o são o jazz, o gospel e o clássico. A música clássica mudou muito. Você ouve música clássica dos séculos 15 e 16 e ouve a dos séculos 18 e 19, é muito diferente. É o mesmo tipo de música, você vê as similaridades. Mas a raça humana evolui e muda as coisas. A diferença do Vivaldi pro Stravinsky é grande. Quando Stravinsky apresentou A Sagração da Primavera pela primeira vez, em Paris, a obra foi vaiada, e hoje é vista como uma das maiores obras da música erudita. Foi vaiada porque as pessoas não entenderam, não estavam preparadas para a mudança. O rock'n'roll também sofreu mudanças. O Deep Purple teve seu papel, temos sorte de ter nosso espaço durante um longo tempo. Nunca poderemos ser tão inovadores como éramos nos 70, era um período especial, é impossível sermos como éramos, ninguém normal pode ser como era há 30 anos. Não é questão de dizer se somos melhores ou não, é diferente. Mudar é bom, é necessário, você muda de pele de tempos em tempos."

terça-feira, 16 de setembro de 2003

Mais Purple no Casseta

O site do Casseta botou no ar algumas outras fotos da gravação e promete pra breve os bastidores, imagens e entrevistas.

Mais cassetadas púrpura






Fala sério, Gillan!



Na tarde desta terça (16) o Deep Purple gravou no Rio de Janeiro sua participação no humorístico "Casseta e Planeta, Urgente!", da TV Globo.

O grupo britânico gravou cenas ao lado dos personagens Fucker (Hubert) e Sucker (Reinaldo), uma dupla que satiriza o estilo dos policiais dos filmes e seriados norte-americanos. A gravação durou cerca de uma hora.

No quadro, que ainda não tem data prevista para ir ao ar, um delegado interpretado por Beto Silva escala Fucker e Sucker para fazer a segurança da banda no Brasil, já que a dupla fala muito bem o inglês.

Fucker e Sucker, que sempre são dublados em suas aventuras, vão ao estúdio onde o Deep Purple está ensaiando só que desta vez dispensam o trabalho de seus fiéis dos dubladores. A confusão fica armada quando a dupla de policiais, que se diz fã de carteirinha da banda, comete uma gafe ao comparar o estilo musical do Deep Purple com o de Julio Iglesias, Bee Gees e Celine Dion.

O grupo britânico fica furioso com os policiais e se vinga da gafe contratando os dubladores dispensados através do delegado corrupto, o único que sai lucrando com negociação.

Além de atuarem no humorístico, os integrantes do Deep Purple irão cantar a música "Smoke on the Water" que, na versão dos dubladores vira "Não me chamo Walter". Para compor o cenário a Globo encomendou cachos de bananas verdes, uma alusão ao nome do novo CD do grupo, "Bananas".

domingo, 14 de setembro de 2003

Made in Recife

Felipe Barriga (ao que consta, não é parente do síndico do Chaves) conta que o show na capital de todos os pernambucanos durou mais de hora e meia. O setlist foi semelhante ao de Goiânia. O Thiers inclui alguns momentos emocionantes:

Gillan estava extremamente empolgado... Emocionou, quando ele estendeu no palco a bandeira do Brasil com a de Pernambuco junto.

O Felipe lembra o sempre arrepiante momento em que o pessoal canta a levada de Black Night: "ô, Ôoô, ooô, ooÔoo, ôo! Ôo!" Quando eu ouvi isso nos fundos do Araújo Vianna, no show do Gillan de 11 anos atrás, fiquei eletrizado. Eu pulava e gritava ooô junto, até que veio a polícia pra acabar com a galinhagem. Os mais exaltados estavam quase derrubando o portão.

No riff-raff antes de Smoke on the Water, o Felipe identificou Moby Dick, Honky Tonky Woman e Sweet Home Alabama.

sábado, 13 de setembro de 2003

Muda lugar do show em Curitiba

Na capital do mais sudestino dos Estados do sul, o show também foi transferido. Não vai mais ser no pedreira, e sim no Expotrade de Pinhais. A informação é do Ronaldo, que viu no site da 96radiorock.

Rolou em Goiânia

O Marcelo Costa foi ao show de Goiânia e conta pra gente:

Highway Star
Woman From Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Bananas
Knocking At Your Back Door
Morse Solo
House of Pain
Airey Solo
Perfect Strangers
Morse tocando Sweet Child O' Mine, Voodoo Child e Stairway to Heaven
Smoke On The Water
Hush
I've Got Your Number
Black Night

A banda tocou muito coesa. Ian Gillan me pareceu melhor que das últimas duas vezes em que os assisti no Via Funchal. Glover e Paice demonstraram a competência usual, com Morse dominando o palco. Não há como negar que senti a falta do Rei do Hammond - Jon Lord, apesar de Don Airey ter sido extremamente competente. O show durou pouco mais de 1h:20min.


No que o Bugasman complementou:

Marcelo, voce se esqueceu de Well-Dressed Guitar e principalmente de Perfect Strangers, foi um dos climax do show, Don Airey começou seu solo no teclado com músicas como o hino Brasileiro, do Goiás EC e até mesmo o tema do filme Star Wars (completa) e depois iniciou Perfect Stragers

Caraca. Será que o Airey vai tocar o Celeiro de Ases?

quinta-feira, 11 de setembro de 2003

Deep Purple topou mesmo ir ao Casseta

O Marcel informa que o Purple vai mesmo gravar participação no Casseta e Planeta. Mas eles nem sabiam que estava marcado - foi surpresa pra quase todos eles. As imagens vão ao ar dia 23. O Estadão registra um momento da entrevista coletiva em que o Gillan diz: "Nós temos senso de humor. Por que não?"

O convite foi surpresa pra quase todos, menos pro Gillan. Na semana passada, a assessora de imprensa dele me disse que nem ela e nem o Ian sabiam nada sobre Casseta nenhum. Então, quando o Gillan ouviu o convite, a palavra não era mais estranha pra ele.

Beijo do gordo

O Albertino esteve na gravação do Purple no Jô. Patético, pelo que ele diz. Se ele me permite, dou uma editada no texto dele:

"Bem, a entrevista foi péssima. Infelizmente, o Jô não se esforça nem um pouco pra fazer uma entrevista decente quando não domina o assunto. Perguntou quem da banda gosta de cozinhar (puta pergunta boçal), se era a primeira vez que o Purple vinha ao Brasil,(santa ignorância, Batman) e outras futilidades. Antes do Purple gravar, ele fez uma brincadeira de extremo mau gosto fora do ar. Disse que ia sortear os 5 mais fanáticos pelo Purple presentes, pra "pegar no pau dos caras". Simplesmente escroto.

Eles tocaram 3 músicas: Haunted, I've Got Your Number e Smoke on the Water. A qualidade do som naquele estúdio é excelente. A banda tá tocando muito, pra variar, e eu nem imaginava ter a oportunidade de ver eles tocando músicas novas antes do show. Antes de eles tocarem Haunted, o Jô anunciou a Smoke. O Gillan fez uma cara feia que até assustava e balançava a cabeça negativamente, mas a banda tava tocando. De repente o Jô pára tudo e pede desculpas ao Gillan, mas culpa o produtor do Purple pela informação errada. Das 3 músicas tocadas, uma será apresentada em outro programa - provavelmente no Fantástico."

Muda lugar do show em Porto Alegre

O Festival Kaiser Music 2003, que reúne as bandas Deep Purple, The Hellacopters e Sepultura, que aconteceria no próximo dia 18, no Jockey Club, em Porto Alegre, foi transferido para o estádio Gigantinho, no mesmo dia e horário. Segundo a organização, a mudança deveu-se às chuvas que caem na Capital gaúcha nos últimos três dias. Os ingressos já vendidos valem para o Gigantinho e novos serão colocados à venda.

quarta-feira, 10 de setembro de 2003

Casa dos ensaios da Mk1 à venda

A casa onde a primeira formação do Purple ensaiou em 1968, está à venda. São só 1,25 milhão de libras. Baratinho.

No site da DPAS, é Simon Robinson quem faz o apelo: se cada um dos freqüentadores regulares do site mandar 50 centavos de libra pra ele, a casa cai na mão dos fãs.

Abaixo, veja uma foto recente da casa e uma foto oficial do Purple provavelmente tirada lá dentro.


terça-feira, 9 de setembro de 2003

Clássicos Purpendicular: Hallellujah

CLÁSSICOS PURPENDICULAR: HALLELUJAH

Gently borrowed from the DPAS websiteHallelujah foi gravada na calada da noite, sorrateiramente, em 1969.

O Deep Purple já era uma banda mais ou menos estabelecida, ainda em sua primeira formação. Já tinha dois discos lançados (Shades of Deep Purple e The Book of Taliesyn) e um pronto pra lançar (Deep Purple). Já tinha emplacado um hit nos EUA (Hush) e já tinha ido ao Novo Mundo para abrir a última turnê do Cream.

Ocorre que o Jon Lord andava com umas idéias de puxar a banda prum lado mais clássico, mais jazzístico, enquanto o Ritchie Blackmore andava com umas idéias de puxar a banda prum lado mais pesado, mais de jam, e o Ian Paice topava todas. Lord, inclusive, já estava começando a compor o Concerto para Grupo e Orquestra, em que ninguém acreditava muito na época (coisa de hippie). O mínimo múltiplo comum disso tudo perigava ser interessante, mas eles consideravam que não tinham nem voz e nem baixo pra segurar essa sonzeira toda. Principalmente voz, e o cara também tinha que ter dons de composição.

É neste ponto que a história do Deep Purple entra num de seus pontos mais fascinantes. Não canso de ouvir piratarias dessa fase (1969). Em 4 de junho daquele ano, Ritchie Blackmore é convidado pelo cantor Mick Underwood (com quem tocou nos Outlaws) para assistir em Woodford Green a um show do Episode Six, uma banda sensacional dos anos 60 na qual Gillan cantava e Glover tocava baixo. Ian não andava muito contente com os rumos da banda, que parecia estar andando em círculos. Pensava em formar uma banda com Underwood e Glover quando o Purple apareceu, nas pessoas de Blackmore e Lord.

Blackmore e Gillan tocaram telefonemas, Ritchie inclusive subiu no palco com o Episode Six, e o estrago já estava feito.

Gently Borrowed from the DPAS"Desde o primeiro momento, os caras vieram com força; quer dizer, eles pareciam muito 'ricos', confiantes, bem-vestidos, com aquele cabelo bufante. Fiquei meio assim de ir ao encontro deles, e me preparei pegando emprestadas as melhores roupas de Roger Glover pra usar com algumas minhas, e comprei dez cigarros pra me ajudar a acalmar os nervos e pra oferecer pros outros, num gesto de amizade. Saí só com o dinheiro contado pra comprar os cigarros e voltar pra casa, e também estava com uma gripe do cão e o bolso cheio de lenços de papel. Aí nos encontramos, e minha primeira impressão daqueles caras estava certa. Tentei causar boa impressão oferecendo cigarros, e os lenços usados e úmidos caíram do meu bolso. Com a garganta e o nariz entupidos, eu me baixei pra juntar a bagunça toda, e todo mundo me olhando. Eu estava num momento ridículo, e mais adiante eu diria que me senti menor que uma formiga, mais sujo que um pedaço de merda de cachorro e querendo ser mais invisível que a menor parte do universo. Mas eles foram gente finíssima e me ajudaram na organização. Falamos de rock'n'roll e me ofereceram o emprego", diz o Gillan em sua biografia.

Gillan foi falar com Gloria Bristow, a empresária do E6, avisando que ia trocar de emprego mas ia cumprir o calendário do grupo original.

Três dias depois, Blackmore, Lord e Paice se encontram furtivamente com Gillan, que trouxe seu amigo Glover, no estúdio De Lane Lea, em Kingsway, Londres.

Naquele dia 7, alguém puxou uma partitura inédita de Roger Greenaway e Roger Cooke. Ian já conhecia o trabalho da dupla de compositores, porque o Episode Six tocara "Something's Gotten Hold of My Heart" na BBC quatro dias antes, e então soltou o gogó:

I am a preacher, with a message for my people
Over the world, scratching beyond the ground
Looking for the peace that nobody has found
I am a spokesman, for a better way of living
Love is the word, and it can be heard
If you are young the message can be sung
Let me hear you sing..

Hallelujah, Hallelujah, Hallelujah

Oh tell it to the man who's power is the sermon on the wall
Tell it to the man, the Jew, who says you can't misjudge them all
Tell it 'till it can be heard above the wailing of the crowd
Tell it on the field of war and hope you'll soon be justified
There is a better way of life and it's not so hard to find
If you live and let the people in your world speak its mind

I am the pupil, who sells his life for freedom
All over the world, and it can be heard
If you are young the message can be sung

Hallelujah, Hallelujah, Hallelujah


Foi a gravação terminar e o Jon Lord ofereceu o emprego para os dois novos membros. A música, que nunca seria tocada ao vivo pelo Purple, foi lançada num single, ao lado de um pedaço instrumental de April (uma longa composição em três fases do terceiro disco). No dia 2 de agosto, em Bremen (Alemanha), seria gravado o vídeo de Hallellujah que saiu há pouco no Brasil em um DVD.

Ian e Roger acharam a escolha da música completamente bizarra. Quase tanto quanto os cabelos dos caras do Purple - aqueles penteados altos, que pareciam ter sido moldados com um balde sobre a cabeça.

Quando foi feita a gravação de Hallellujah no estúdio, nem The Book of Taliesyn havia saído na Inglaterra. Isso foi no dia 7, e apenas no dia 24 de junho iria ao ar a última sessão ao vivo da Mark 1, na BBC. Desde o dia 16, porém, a nova formação do Deep Purple já ensaiava no Hanwell Community Centre, mas as duas bandas - Purple e E6 - faziam suas últimas apresentações com as formações pré-Purple Mk 2. Perdendo dois importantes membros, o E6 acabaria indo pras cucuias.

Nick Simper só soube do que estava ocorrendo quando leu seu nome na edição européia do New York Times. Numa reunião no escritório da HEC (os empresários do Deep Purple), ele e Rod Evans souberam que tinham levado um pé na bunda. Evans resolveu casar com uma americana, mudar-se para os EUA e começar a banda Captain Beyond. Simper ficou puto e processou o Purple. Pouco tempo depois, fundaria o Warhorse.

Gently borrowed from the DPASNo dia 10 de julho seria a grande estréia do novo grupo, no Speakeasy Club. A única gravação ao vivo que se tem desses primeiros dias é a de Amsterdam, do dia 24. Uma apresentação imensamente enérgica, muito mais do que o que se tem registrado da primeira fase do Purple. O single de Hallellujah com April Part 1 saiu ainda naquele mês, mas não chegou às paradas. Aquela formação ainda atrairia atenção com o Concerto antes de chegar às paradas com o single de Black Night, no ano seguinte.

Muitos fãs ficaram confusos na época com isso, especialmente no Concerto, apresentado em setembro no Royal Albert Hall - ué, aquele cantor não é o que está no disco que tinha acabado de chegar às lojas (Deep Purple)? Não, não era.

Hallellujah hoje pode ser encontrada mais facilmente em Singles As & Bs - tanto no vinil de 1978 quanto no CD de 1993. A música tem alguns covers bem interessantes. O mais famoso é o do Blind Guardian. Mas já em 1970 foi gravada na Alemanha pelo grupo People, e em 1991 o grupo Derek Lawrence Statement fez a sua versão. Derek Lawrence, diga-se, era produtor do Deep Purple até 69.

Quer saber mais sobre aqueles wild days? Segue o roteiro do Ian Gillan pra decifrar a letra da música "69", do Abandon. Sim, não tinha nada a ver com boca naquilo e aquilo na boca.

segunda-feira, 8 de setembro de 2003

Apareceu um dos desaparecidos

Nick Simper, o baixista da formação fundadora do Deep Purple, participou em 2001 da gravação de três faixas de um disco de Wee Willie Harris, um pop star dos anos 50/60. O nome do disco é "Rag Moppin'", e a descoberta é da Deep Purple Appreciation Society.

Nicky, anunciado em Shades of Deep Purple como "o piadista da turma", é um senhor de 57 anos, faz aniversário no mesmo dia do meu irmão mais novo e tem hoje uma banda chamada The Good Old Boys, outro grupo de dinos que o rock esqueceu (além do Voices of Classic Rock). Além de tocar baixo, ele canta. Depois de sair do Purple, Simper teve uma banda chamada Warhorse, de onde ele levou o guitarrista Peter Parkes - que não é o Homem-Aranha - para o grupo.

Alguns deles também tocaram com o nunca assaz lembrado Screaming Lord Sutch, o único político no mundo em quem eu votaria de olhos fechados. Deixa eu divagar um pouco. Sutch, um grande criador de bandas inglesas dos anos 60, revelou o Ritchie Blackmore e foi o grande revitalizador da política britânica nas últimas décadas do século passado. Seu partido, o Loony Monster Raving Party, apresentou um GATO para concorrer a primeiro-ministro e tinha propostas como a obrigatoriedade de carecas andarem de chapéu para não ofuscar os aviadores com o reflexo do sol. Tanto o Lord Sutch quanto o gato, o Cat Mandu, estão mortos hoje. Sutch se suicidou em 99.

No site do Deep Purple, a discobiografia do Simper vai só até o Quatermass II, que foi pro saco em junho de 1997. Falta descobrir onde está o Rod Evans, responsável pelo fiasco do Bogus Deep Purple em 1980.

Nota para futura referência: tirando o Roger Glover, todos os outros ex-baixistas do Purple formaram bandas de dinos que o rock esqueceu.

Para sua cultura geral

Banana-roxa: tem a casca entre o vermelho e o roxo, polpa amarelada e é muito doce. Também conhecida como banana-vinagre.

domingo, 7 de setembro de 2003

Palavra de Ian paice

Antes de mais nada, devo agradecer ao Marcel, que me mandou o primeiro aviso, e à Camila, que me avisou pelo MSN quando começava a entrevista do Paice na Brasil 2000 e me aturou fazendo comentários bestas o tempo inteiro.

O Vitão Bonesso passou quase todo o Bananas ao fundo durante a entrevista - e "Bananas" do show de Berlim ("when I say we! Graduated! ehehehey, without honors! Everyone has! Gone bananas!). Também passou Hush do show do Purple em Inglewood em 1968 - o mais antigo registro ao vivo da banda, cujo pirata eu tenho.

Paice disse que o Purple vai tocar quatro músicas novas, talvez mais. "Quando alguma coisa nova entra, alguma coisa tem que sair", explicou. Quando o pessoal começou a comentar que só músicos altamente bons passaram pelo Deep Purple, o Bonesso lembrou do Joe Lynn Turner. O Paice minimizou: "it's another story".

O Bonesso também passou uma música do Paice Ashton & Lord, lembrando que o Tony Ashton morreu há dois meses. Comentaram por que tanto roqueiro andava morrendo, e o Paice respondeu: "rock'n'roll is a small world".

(On a sidenote: I've Got Your Number, pelo que percebi, já está sendo usada em uma propaganda de guitarra em Sampa. Adoro essa cidade.)

sexta-feira, 5 de setembro de 2003

Ted, o Quitandeiro

A DPAS botou uma resenha de um certo Ted, o Quitandeiro, sobre o disco Bananas. Ele classifica cada música de acordo com a madureza da banana. Assim:

"1. House of Pain: ainda não está bem madura. Ainda verde com alguns pontos amarelos começando a aparecer.

2. Sun Goes Down: Amarelo forte, com algumas belas manchas marrom-claro. Sabor máximo e muito potássio.

3. Haunted: Completamente verde. Indigesta. Não pegou sol o bastante.

4. Razzle Dazzle: Totalmente preta. Muito sol. Impossível de comer ao natural, mas ficaria bem num bolo.

5. Silver Tongue: Muito boa, amarela, mas poderia amadurecer mais."

E por aí vai.

quinta-feira, 4 de setembro de 2003

Gillan e as etiquetas

Do último Dear Friends de um certo IG:

"Já fui agraciado com várias etiquetas ao longo dos anos. Já fui um pop rocker, um gritador de blues, um progressivo, hard e heavy rocker, um roqueiro de heavy metal, um dinossauro, um roqueiro velho e enrugado, um classic rocker, uma lenda (não... não... lenda é o Rei Arthur), um ícone (eita) e mais outras coisas que esqueci.

A maior parte dessas definições não foi escolhida por mim. Não me vejo como uma categoria; nunca quis ser empacotado e jogado numa estante. Nunca tive sonhos de celebridade e estrelato (tá, tive uma vez aos 17 anos). Os rótulos foram escolhidos por outros, doidos pra explorar ou inventar um novo gênero de tempos em tempos... nada de errado com isso. Só não nos vemos desse jeito.

Olho em torno da minha sala e tudo que vejo é um produto da imaginação humana.

And another thing I won't discuss is religion…It always causes a fight.

Estou bastante complacente esta semana, enquanto faço as malas para a turnê. Primeira parada, Brasil."

Baratíssimo o ingresso

Desta vez o Purple detonou uma das minhas únicas certezas matemáticas, que eu mantinha desde o show da Mk5 em 1991.

Durante 12 anos, eu previa o preço de um ingresso de show internacional por meio de uma regra de três. O show no Gigantinho custou Cr$ 6 mil e a passagem de ônibus estava Cr$ 100. Sempre funcionou, pelo menos até o show do Hot Dog, Xis e Pepsi - a passagem era pouco mais de R$ 1, o show ficou em torno de R$ 60.

O preço mínimo do show do Purple - R$ 25 - detona todas as minhas previsões. Nunca fui tão bem surpreendido na vida.

quarta-feira, 3 de setembro de 2003

Bananas recomendado pelo JT

Semana passada, o Bananas entrou na lista de recomendados do JT. Com este texto: "Só pelo nome do disco dá pra ver que o Deep Purple está numa boa: ‘Bananas’. Formada em 1968, a lenda do rock volta depois de 11 anos – e com uma descontração inédita. Talvez seja a mudança na formação: no lugar do tecladista Jon Lord, está Don Airey, que tocou com Ozzy Osbourne. O resto da formação continua igual ao último álbum: Ian Gillan (vocal), Roger Glover (baixo), Ian Paice (bateria) e Steve Morse (guitarra). Preço: R$ 28"

A coletânea que falta

Pessoalmente, eu não curto coletâneas do Deep Purple. Toda coletânea é redutora. Serve pra apresentar o Purple às namoradas. Serve pra dar de presente pra um amigo. Mas a única que eu faço questão de manter em casa é a Singles As & Bs (e só por causa de Hallellujah e Coronarias Redig). O resto tudo eu prefiro ouvir nos álbuns, dentro de seu contexto original. Mais ainda: dentro da ordem selecionada pela banda.

Outra coletânea que eu compraria, e que não sei por que não lançam, é uma com as músicas do Purple gravadas na BBC. Nos anos 70, existia uma cláusula contratual das gravadoras que tornava caríssimo para as rádios usar o original gravado. Então, a BBC convidava os caras para entrar no estúdio deles e tocar uma versão tão semelhante quanto possível à que foi gravada – e é dessa safra em parte que sai toda aquela cacetada de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Hendrix na BBC.

O Purple tem um material belíssimo nessas sessões. Tu vês as músicas se desenvolvendo - caso de Speed King, gravada por duas vezes no estúdio da BBC (a primeira como "Ricochet" ou "Kneel and Pray"). E tem algumas raridades, como o Gillan cantando Bird Has Flown e a banda gravando um instrumental chamado Grabsplatter.

Pois essas raridades existem, mas espalhadas. Todas as da Mark 1 saíram nos remasters dessa fase. As da Mark 2 continuam bagunçadas: um pouco saiu no Listen, Learn, Read On; alguma coisa saiu naquele vinil "The Anthology", duplo, e no CD triplo com o mesmo nome. De resto, o que era ao vivo daquela época saiu em "In Concert 70-72" e "Live in London", mas o que me interessa é o que é de estúdio. E isso está disperso na pirataria.

Há dois anos, consegui coletar todo o material que o Purple fez nos estúdios da BBC entre 69 e 70 (eles passaram a não ser tão bem-vindos nos estúdios deles por causa de "Black Night", que um DJ da época achou uma concessão grande demais ao comercialismo) e gravei um CD pra consumo próprio, por ordem de data. É de arrepiar a espinha, se ouves na mesma tarde do Concerto e do In Rock.

Se um dia a Purple Records lançar isso com um livretinho do Simon Robinson, podem cobrar o preço que quiserem que eu pago sem achar nem um pouco ruim.

terça-feira, 2 de setembro de 2003

Show de Berlim inteiro na internet

Quer te aquecer pros shows deste mês? clica aqui e assiste ao show inteiro que rolou em Berlim no dia 20 de agosto.

Te liga na introdução de Lazy e vê se não é de ficar roendo as unhas e rasgando folha de calendário. Aquilo é blues com pilha alcalina e ligado na tomada ainda por cima. A química Morse/Airey funciona como nunca, e o Gillan certamente aprendeu a tocar muito melhor a harmônica. Funcionava com o Lord, diga-se. Mas era muito menos ousado do que é hoje.

Dá um arrepio o Ian pedindo o respeito do pessoal antes de o Steve tocar Contact Lost. E é tocante a forma como o Steve faz a passagem para Haunted. Parece o solo que introduzia When a Blind Man Cries até recentemente. E depois de Contact Lost, a letra do single faz sentido bastante arrepiante. Especialmente sabendo que tudo o que o Gillan lembrava quando via a explosão da nave era do largo sorriso da Kalpana Chawla. All that's left is the ghost of your smile. It stays a while, and then fades away. Não sei se é impressão, mas o Gillan fazia cara de quem quase chora enquanto cantava. Nota minha: faz falta a voz da Beth Hart ao fundo. O Morse fazendo a melodia na guitarra não é o mesmo.

Em Bananas, realmente faz falta o Gillan tocar harmônica entre cada verso. Ao vivo só dá pra tocar entre estrofes.

Não repare no Gillan "colando" as letras novas num caderninho. Ele acerta mais que as antigas. Brabo é quando ele começa a ganhar confiança no palco e pára de colar. Ao cantar Bananas, ele escorrega na letra na parte do "I studied mathematics/graduated without honors". Ele só faz um "eeee...without honors. everyone has gone bananas". Não leve a sério o fato de que tu conheces melhor a letra de House of Pain que o próprio Gillan. Não repare também que Roger e Steve demoram a lembrar que eles é que têm que gritar "BACK TO THE HOUSE OF PAIN!" no refrão. É que é complicado mesmo coordenar baixo e berro. E o som tá ducacete.

Depois do grandioso solo do Airey num teclado Kurtzweil, con direito a citações a Guerra nas Estrelas, ele sobe ao Hammond, estrategicamente colocado no centro do palco, e manda a introdução de Perfect Strangers. Sim. Mudou o mestre das teclinhas, mas a "voz" do teclado é a mesma. Perfeita. A diferença é muito mais sutil que na mudança do Blackmore para o Morse. O Morse acrescentou floreios, enquanto o Airey é reverente à tradição nos trechos em que o teclado reina sozinho - diferente de Lazy, que é um diálogo e nele o Don ousa mais.