sexta-feira, 30 de junho de 2006

A entrevista

Não faz meia hora que eu falei com o Glenn Hughes. Liguei pra casa dele, em Los Angeles. Atendeu a mulher dele, chamou o mestre e começamos a falar. Eu quase não acreditei. Passamos 15 minutos muito agradáveis conversando.

Ele é um grande cara, mas eu tive certeza de que não sirvo pra ser jornalista de rock full-time. Não sei entrevistar direito caras que eu admiro (como eu trabalho normalmente com jornalismo de política, não corro esse risco). Gaguejei, me perdi, elogiei, falei besteira e tudo mais.

Algumas perguntas que eu queria fazer não foram feitas. Outras, sobre a história do Deep Purple, foram. Mas as principais declarações dele seguem abaixo.

“Estamos fechando nas próximas semanas um acordo com uma gravadora brasileira pra lançar Songs for the Divine por aí. Já me sondaram pra ir a um festival em outubro, que vai passar pelo Rio. Adoro o Brasil, sou louco por São Paulo, mas infelizmente ainda não conheço o Rio. Vai ser uma boa chance.”

“Quando eu entrei no Deep Purple, em 1973, a indústria da música era muito diferente de como é hoje. Era mais simples. Tinha mais a ver com grandes bandas e boa música. Nos últimos 20 anos é que mudou bastante. Pra minha carreira, foi um passo natural saltar do Trapeze para o Deep Purple. O Trapeze era muito popular na América, mas ainda não nos conheciam na Europa.”

“Eu entrei no Deep Purple com 21 anos, em junho de 1973. A idéia de ter um dueto de vozes no Deep Purple já andava pela cabeça do Ritchie e do Jon. Desde o começo estavam convidando o Paul Rodgers. Fiquei amigo, individualmente, de todos os colegas da banda.”

“Quando eu cheguei na banda, cheguei trazendo elementos de blues. Eu era um dos poucos caras brancos que entendiam a música dos cantores negros. Eu e o Bolin conhecíamos a fórmula secreta pra misturar o rock com o funk. Todo mundo curtiu, no começo. Especialmente depois da entrada do Bolin, a gente começou a aprofundar isso.”

“O Ritchie é um cara mais difícil, mas até aí todos os grandes guitarristas são difíceis. O Jimmy Page é difícil, o Jeff Beck é. Todos são. O Tony Iommi é mais tranqüilo, mas é exceção.”

“Tommy Bolin era uma figuraça. Gente boa, crianção... só que ele tinha aquele problema muito sério com a heroína. Em 1975, eu comecei a pegar pesado com as drogas. Cocaína, Heroína... nessa época o Bolin já estava começando a experimentar com morfina.”

“Quando o cara é famoso, vive cercado de gente oferecendo drogas, bebida, carros, aviões, mulher. Tudo de graça. Infelizmente, eu era muito jovem, não estava preparado pra tudo isso. Não queria ficar viciado, mas infelizmente depois que a coisa começa o cara fica querendo mais. A coisa foi mais pesada comigo e com o Bolin. Não digo que os outros não viessem junto, mas eles eram mais da bebida. Eu nunca fui de beber, mas acabei pegando pesado com a cocaína. As drogas são uma merda, fodem a vida do cara. Eu estou há 15 anos lutando com elas.”

“O que acabou com o Deep Purple, há 30 anos, foi uma combinação de sexo, drogas e rock’n’roll. Rolava muita doideira. Tinha troca de mulheres, muita droga e o negócio de a música ir numa direção diferente.”

“Agora em agosto ou setembro, devo ir a um estúdio pra ouvir as fitas dos ensaios de Stormbringer pro disco novo. Infelizmente, parece que não sobraram músicas extras. Mas eu vou vasculhar tudo aquilo, todas aquelas fitas dos ensaios. Devo achar alguma coisa nova e diferente. Mas o disco ainda vai demorar um pouco, talvez só saia em janeiro.”

“Diga aos fãs brasileiros que eu vou adorar voltar lá pra cantar minhas músicas. Adoro o país e sua musicalidade.”

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Fala Hughes

Glenn Hughes deu uma entrevista à Rock'n'Roll Universe e falou sobre o Purple. Algumas declarações:

"O Blackmore é bem doido. Acho que uma galera foi a nocaute com as guitarras que ele jogou na platéia (em California Jam). Uma vez ele me bateu com a guitarra. Ele disse pra eu nunca ir pro lado dele do palco. Claro, eu queria saber o motivo, então uma noite eu fui. Ele jogou a guitarra pro alto e me deu uma raquetada com ela nas costas. Doideira. Mas isso é parte de quem ele é, e eu o adoro por isso."

(Sobre o fim do Deep Purple, em 1976) "As coisas começaram a ficar malucas. Acho que tinha um monte de coisas rolando. Muita coisa rola nos bastidores que pouca gente percebe. Só digo que foi sexo, drogas e roquenrôu. Todos esses elementos-chave foram as coisas que acabaram com a banda. Tinha coisas fodidas rolando nos bastidores, com drogas, esposas, namoradas (Jon Lord roubou na época a namorada de Hughes e até hoje é casado com ela). Foi por isso que a banda acabou. O David Coverdale e eu estávamos indo pra lados diferentes, mas acho que a banda estava cansada. Acho que precisava de férias, foi uma boa hora pra acabar a banda. Eu mesmo andava meio desiludido. Comecei a me afundar na cocaína, e queria tocar mais funk. (...)"

(Sobre a intenção de reunir a Mk3) "Acho que David e eu faríamos isso. Falo em nome do David, e o David e eu conversamos sobre isso no natal. Acho que lá pelas tantas começou a rolar na imprensa. Mas, enquanto o Gillan, o Glover e o Paice estiverem lá, acho que não acontece. Acho que se um dia o Deep Purple parar de fazer turnês com os dois Ians e o Roger, que são gente muito boa por sinal, talvez role. Não quero pisar no pé de ninguém e fazer algo errado. Mas acho que, se juntasse Ritchie Blackmore, Glenn Hughes, David Coverdale, Ian Paice e Jon Lord de novo, provavelmente seria uma baita turnê. David e eu já conversamos sobre como seria legal voltarmos a cantar juntos. Mas só rolaria se fosse no Deep Purple. E só se fosse com o Ritchie Blackmore. Na minha idade de agora, 53, as coisas têm que fazer sentido. Não quero fazer uma coisa errada. (...) Nunca falei com o Ritchie a respeito. Não dei nenhum telefonema, ninguém deu. Acho que ele curte o negócio lá com a mulher dele. Só acho que na hora certa, pode rolar. Acho que, se for acontecer, seria nos próximos 2 ou 3 anos."

quarta-feira, 21 de junho de 2006

O Orkut dos famosos

Glenn Hughes está no MySpace. Em seu site, ele convida todos a se tornarem amigos dele no serviço. Entre os amigos do Hughes, estão Steve Vai e Paul Rodgers.

Como era branca minha cobra

Esse é o título da autobiografia que o Coverdale disse que vai escrever, em entrevista à Record Collector. Trocadilhos garantidos. Ou não, visto que a música em que ele criou o nome tinha esta singela letra:

White skin women keep me howlin' for more
Brown skin honey, I love

Got a whitesnake mama
You wanna shake it mama
Got a whitesnake mama
Come an' let it crawl on you,
just enough to see ya through


Tomara que ele também conte a história de como o Wando roubou sua música Fire'n'Passion.

sexta-feira, 16 de junho de 2006

Motivando a Croávia



O Deep Purple se apresenta hoje perto do hotel onde está hospedada a seleção da Croácia, para motivar o time para o confronto com o Japão, neste domingo. Enquanto isso, a seleção brasileira ataca de pagode.

Fiz bem em torcer pra Croácia na terça. Perdeu, mas incomodou os favoritos. Repito a dose no domingo.

terça-feira, 13 de junho de 2006

Plastic Night Band ou Blackmore's Ono

OK, essa vai ser longa. Eu, se fosse vocês, imprimia. Mas não deixem de comentar.

Pense em um grande artista que se apaixona perdidamente por uma mulher e passa a criar apenas junto com ela, brigando muito mais feio do que o normal com os colegas com os quais mudou sua arte e ainda por cima passando a se comportar diferente. O caso clássico é o de John Lennon e Yoko Ono. Mas pode descrever a recente relação de Hermeto Paschoal com Aline Morena. E pode descrever, certamente, o caso de Blackmore com a sua patroa, vulgo Blackmore's Night.

Blackmore e Gillan, guardadas as proporções, foram Lennon e McCartney no Deep Purple. A Candice não estava lá nas primeiras brigas, mas a Yoko também não. E ambas estavam junto na época do conflito final. Duas mulheres de idéias exóticas, especialmente sobre arte. Se Blackmore e Lennon já tinham alguma tendência temperamental, a parceria com as respectivas só adensou a redoma em torno deles.

Eu nunca tinha pensado nessa história nesses termos até ler a nota do Blackmore sobre Montreux. Eu sabia que ele recusaria, mas foi preciso ler a nota pra cair a ficha. Até ontem, eu interpretava Blackmore's Night como um ato de cavalheirismo do Blackmore - que, coitado, já era meio bolado e não andaria batendo muito bem das idéias. Mas eu achava bonito o fato de um grande artista como ele sair dos holofotes para dar passagem à patroa. Românticos. Estamos em falta no mundo.

Nas últimas duas semanas, alguns fatos surgiram, reforçando a hipótese Yoko Ono. Tem o caso do jornalista sueco, em que a empresária e sogra do Blackmore fez questão de ter um chilique mais explosivo do que aquele que o Blackmore teve no California Jam. Outro dia, fuçando o site de Blackmore's Night, li uma declaração da Candice sobre o episódio do copo d'água do vídeo Come Hell or High Water. Sim, ela estava lá como backing vocal. Sempre achei que fossem maledicências as declarações do Gillan sobre o fato de o Blackmore ter saído do camarim naquela noite puxado pela namorada por uma coleira.

Yoko Ono. Santa ou demônia? Libertadora ou escravizante? Até hoje, não sei direito o que pensar dela. Por conseqüência, não sei direito o que pensar do Blackmore com a patroa. Já disseram que esse tipo de interpretação sobre síndrome de Yoko Ono é bem machista. Faz algum sentido.

Com a pulga atrás da orelha, fiz questão de reler as declarações que o Lennon deu à Playboy na entrevista publicada pouco depois de ele morrer. Nunca li um Lennon tão maduro. Acho que o Blackmore concordaria, se não estivesse tão preocupado em falar com duendes e coisas do gênero.

Obviamente, curto mais os Beatles do que a Plastic Ono Band, mais o Deep Purple do que Blackmore's Night. Acho que faz sentido curtir o Blackmore no Purple apenas por aquilo que está gravado e em que eu sempre descubro coisas novas.

Acho chato que ele esteja incomunicável com os ex-colegas, acho que ele está esquisitão (Lennon também esteve), acho foda esse negócio da sogra. Mas é inegável que Blackmore aparenta estar muito mais feliz hoje do que em qualquer ponto de 13 anos para trás. O artista se escondeu sob um rabo de saia, mas o homem ficou feliz.

Deixemos o Blackmore em paz com seu passado, seu presente e seu futuro. Afinal, depois que chega ao topo, um homem não tem esse direito adquirido?



Para ler e pensar, reproduzo abaixo alguns trechos da famosa entrevista à Playboy.

PLAYBOY: Por que você virou um homem caseiro?

LENNON:
Houve muitas razões. Eu cumpri obrigações e contratos desde que eu tinha 22 anos e até bem depois de fazer 30. Depois de tantos anos, era tudo o que eu conhecia. Eu não era livre. Eu estava preso numa caixa. Meu contrato era a manifestação física de estar na prisão. Era mais importante encarar a mim mesmo e encarar essa realidade do que continuar uma vida de roquenrol - e ficar oscilando conforme sua própria performance ou a opinião do público sobre você. O roquenrol não tinha mais graça. Decidi não aceitar as opções-padrão do meu negócio - ir pra Las Vegas cantar seus grandes sucessos, se tiver sorte, ou ir pro inferno, que é pra onde Elvis foi.

ONO: O John era como um artista que é muito bom em desenhar círculos. Ele se prende a isso e acaba virando sua etiqueta. Ele tem uma galeria pra promover isso. E, no ano seguinte, ele inventa de fazer triângulos, sei lá. Não reflete a vida dele. Quando você continua fazendo a mesma coisa por dez anos, ganha um prêmio por ter feito isso.

LENNON: Ganha o grande prêmio quando pega câncer e passou dez anos desenhando círculos e triângulos. Eu tinha me tornado um artesão, e podia ter continuado sendo um artesão. Eu respeito os artesãos, mas não estou interessado em virar um.

ONO: Só pra provar que consegue deixar as coisas de lado.

PLAYBOY: Vocês estão falando de discos, claro.

LENNON:
É, ficar lançando só porque esperam isso de mim, como tanta gente que faz um disco a cada seis meses porque é o que se espera.

PLAYBOY: Está falando de Paul McCartney?

LENNON:
Não só o Paul. Mas eu tinha perdido a liberdade inicial do artista ao me tornar escravo da imagem do que o artista deve fazer. Muitos artistas se matam por causa disso, seja pela bebida, como o Dylan Thomas, ou por doideira, como o Van Gogh, ou do coração, como o Gauguin.

PLAYBOY: A maior parte das pessoas teria continuado a produzir. Como você conseguiu ver uma saída?

LENNON:
A maior parte das pessoas não vive com Yoko Ono.

PLAYBOY: Ou seja...?

LENNON:
A maior parte das pessoas não tem uma companheira que diga a verdade e que se recuse a viver com um artista de merda, algo que eu sei ser muito bem. Eu sei encher de besteira a mim mesmo e a todo mundo em volta.
YOKO: É a minha resposta.

PLAYBOY: O que ela fez por você?

LENNON:
Ela me mostrou a possibilidade da alternativa. "Não precisa fazer isso". "Não preciso? Mas... mas... mas..." Claro, não foi tão simples e nem rolou da noite pro dia. Precisou de reforço constante. Cair fora é muito mais difícil que seguir em frente. Eu já fiz as duas coisas. Por encomenda e no prazo, eu entreguei discos de 1962 a 1975. Cair fora parece aquilo que os caras fazem aos 65 anos, quando de repente não era pra eles existirem mais e são mandados pra fora do escritório [bate na mesa três vezes]: "Sua vida acabou. Vá jogar golfe."

(...)

PLAYBOY: Por que dizem tanto que a Yoko manda em você?

LENNON:
Eles se apegam a uma coisa que nunca nem sequer existiu. Qualquer um que diga ter algum interesse em mim como um artista individual ou mesmo como parte dos Beatles simplesmente entendeu mal qualquer coisa que eu já disse se não entendem por que estou com a Yoko. E, se não conseguem ver isso, não conseguem ver nada. Estão todos batendo punheta pra... sei lá, podia ser qualquer um. Mick Jagger ou algum outro. Deixa eles baterem punheta pro Mick Jagger, tá bom? Eu não preciso.

PLAYBOY: Ele adoraria.

LENNON:
Eu simplesmente não preciso disso. Deixa eles irem atrás dos Wings. Esqueçam de mim. Se é isso que querem, vão atrás do Paul ou do Mick. Não estou aí pra isso. Se isso não está claro pelo meu passado, estou dizendo em preto e verde, do lado dos peitos e bundas da página 196 da Playboy. Vão brincar com os outros meninos. Não me encham o saco. Vão brincar com os Rolling Wings.

PLAYBOY: Você já----

LENNON:
Não, peraí um minuto. Vamos continuar por um segundo; às vezes eu não consigo me livrar disso. [Ele está de pé, escalando a geladeira.] Ninguém nunca disse nada sobre o Paul ter me enfeitiçado ou sobre eu ter enfeitiçado o Paul! Ninguém achou que era anormal naquele tempo, dois caras juntos, ou quatro caras juntos! Ninguém disse, "Pô, como é que esses caras não se separam? Tipo, o que será que rola nos camarins? Que papo é esse de Paul e John? Como é que eles ficam tanto tempo juntos?" Passamos mais tempo juntos lá no começo do que John e Yoko; nós quatro, dormindo no mesmo quarto, praticamente na mesma cama, no mesmo caminhão, vivendo juntos noite e dia, comendo, cagando e mijando juntos! Tá bom? Fazendo tudo juntos! E ninguém falava porra nenhuma sobre estarmos enfeitiçados. Talvez dissessem que estávamos enfeitiçados pelo Brian Epstein ou pelo George Martin [primeiro empresário e produtor dos Beatles, respectivamente]. Sempre tem alguém que deve ter feito alguma coisa pra você. Sabe, eles andam parabenizando os Stones por estarem juntos há 112 anos. Uêêêêêpa! Pelo menos o Charlie e o Bill ainda têm suas familias. Nos anos 80, eles vão estar perguntando: "Por que esses caras ainda andam juntos? Não podem se virar sozinhos? Por que eles precisam andar com uma gangue? É o liderzinho que tem medo que alguém possa esfaqueá-lo pelas costas" Essa vai ser a questão. Essa aí é que vai ser a questão! Eles vão olhar pros Beatles e pros Stones e todos esses caras serão relíquias. Os dias em que essas bandas eram feitas só de marmanjos estarão nas fitas de notícias, sabe. Vão mostrar fotos do cara de batom rebolando a bunda e os quatro carinhas com a maquiagem preta nos olhos tentando parecer sacanas. Isso é que vai ser piada no futuro, e não um casal cantando junto, ou vivendo e trabalhando junto. Tudo bem quando você tem 16, 17 ou 18 anos, ter companheiros e ídolos, OK? É tribal, é turma, tudo bem. Mas quando isso continua e você ainda está fazendo a mesma coisa aos 40 anos, quer dizer que ainda tem cabeça de 16.

(...)

PLAYBOY: Você fica dizendo que não quer voltar dez anos atrás, que muita coisa mudou. Você não sente que seria interessante - não precisa ser cósmico, só interessante - se reunir, com tantas experiências novas, e cruzar seus talentos?

LENNON:
Não seria interessante levar o Elvis de volta à fase da Sun Records? Sei lá. Mas fico feliz em ouvir o que ele gravou naquela época. Não quero arrancá-lo do caixão. Os Beatles não existem e nunca existirão de novo. John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Richard Starkey podem até fazer um show -- mas nunca mais serão os Beatles cantando "Strawberry Fields" ou "I am the Walrus" de novo, porque não temos mais vinte e poucos anos. Não podemos ser assim de novo, nem as pessoas que estão ouvindo.

PLAYBOY: Mas não é você que está dando muita importância a tudo? E se fosse só uma diversão nostálgica, tipo reunião da turma do segundo grau?

LENNON:
Nunca fui a essas reuniões. Meu negócio é: fora da vista, fora da cabeça. É essa a minha atitude em relação à vida. Então, não tenho nenhum romantismo quanto a nenhuma parte do meu passado. Penso nisso só até o ponto em que isso me deu prazer ou me ajudou a crescer psicologicamente. É essa a única coisa que me interessa no passado. Aliás, eu não acredito no ontem ("I don't believe in yesterday"). Sabe, eu não acredito no ontem. Só me interessa o que eu faço agora.

segunda-feira, 12 de junho de 2006

Não vai rolar

Como esta revista eletrônica já suspeitava, o meu gênio genioso favorito não vai tocar com o Deep Purple na homenagem aos 40 anos do Festival de Jazz de Montreux. Vejam lá a nota que Ritchie Blackmore colocou em seu site:

"O boato mais ridículo do mês! A verdade sobre o show que vai acontecer em Montreux é: Ritchie e seus representantes nunca foram sondados pelos membros do Deep Purple, por seus agentes ou pelos organizadores do show de Montreux. A única forma pela qual este escritório ouviu falar sobre o show foi por meio de fãs que aparentemente estão sendo enganados por boatos falsos. Como todos sabem, Ritchie deixou o Deep Purple em 1993 - há 13 anos. Ritchie não fará uma aparição no show de Montreux."

Alguns comentários:

1) Claude Nobs não teria feito a declaração sobre a possível ida de Ritchie a Montreux se não fosse verdade, pelo menos, que os empresários do Deep Purple iriam tentar;

2) Bruce Payne, o empresário do Purple (que trabalhou com Blackmore durante mais de 20 anos e hoje não consegue falar com ele), já passou por problemas terrivelmente chatos com Blackmore antes. Coisa de tentar pagar direitos autorais e além de tudo ser processado. O Blackmore tem uma birra feia com ele e o Purple em geral (vide notícia abaixo, em alemão);

3) A empresária e sogra do Blackmore é biruta. Há poucas semanas, ela tomou de um jornalista sueco a caríssima caixa "Listen, Learn, Read On", que ele tentou pedir para o Blackmore autografar. Fez um fiasco dos diabos e disse que jornalistas suecos nunca mais entrevistariam o genioso gênio. É bem possível que essa senhora tenha feito que não ouviu caso o Payne tenha ligado. Tenho algumas idéias sobre o porquê do comportamento dela, mas deixo isso para um outro post, sobre como me parece que funciona Blackmore's Night;

4) Dona Vânia pode dormir sossegada: não vou mais vender a mãe pra ir a Montreux.

(Meu agradecimento de hoje vai ao amigo Robson Rocco, por avisar que saiu a nota oficial.)

domingo, 11 de junho de 2006

De raiz

DE RAIZ

Muito antes de Child in Time, Ian Gillan já quebrava tudo. Vejam abaixo dois flagrantes dele no Episode Six, em 1967 (o Glover também tocava lá), e o vídeo alemão de Hallellujah, a primeira música que ele gravou com o Deep Purple. Depois de Hallellujah, um vídeo raro de Screaming Lord Sutch. O Blackmore deve ser o guitarrista, mas só aparece o som.







sexta-feira, 9 de junho de 2006

Imagens raras

Na turnê de outubro de 1968 pelos EUA, abrindo a turnê de despedida do Cream, a EMI gravou um vídeo com o Deep Purple, no Inglewood Forum. Era um movimento ousado - era praticamente inviável lançar comercialmente um vídeo de música naquela época pré-VHS e (só agora me caiu a ficha) pré-Woodstock. O vídeo acabou sendo arquivado, mas cópias piratas dele acabaram circulando no mercado negro. A qualidade da imagem é péssima. O som se salva com alguma qualidade - tanto que a Purple Records lançou recentemente um CD com isso.

Deliciem-se com Help (detalhe para a performance "sit-in" do Rod Evans) e Mandrake Root, na versão da Mk1.



quarta-feira, 7 de junho de 2006

Stormbinger coming... time to die!

STORMBRINGER COMING... TIME TO DIE!

Sim, tempo de morrer. Morrer com uns noventa paus no remaster importado, que deve sair neste ano. O Glenn Hughes vai fazer parte da equipe de produção.

Vai ter pérolas, como a versão original do que o Coverdale diz ao contrário no início da faixa-título ("cocksucker, muthafucker, Stormbringer") e uma versão instrumental de Highball Shooter pra qualquer fanático pelo Deep Purple fazer seu purpleoquê em casa se achando o próprio Coverdale ou Hughes. Sem falar em TRÊS VOCAIS DIFERENTES para Soldier of Fortune.

sexta-feira, 2 de junho de 2006

Meu nome é Gillan

Comprei hoje o CD "Gal Tropical", de 1979. Tava R$ 19 no Submarino. Esse é o mesmo disco que tem a Gal Costa cantando "Força Estranha" e "Balancê". Mas não é isso que me interessa, exatamente.

Na última faixa desse disco, chamada "Meu Nome É Gal", composta por Roberto e Erasmo em 1969, a doce bárbara faz um duelo gillanesco com a guitarra de Robertinho do Recife. A idéia, consta, foi dele. Robertinho é um conhecedor do rock bretão, então provavelmente ele se inspirou no que Blackmore e Gillan fizeram no Made in Japan.

E vocês achavam que Deep Purple não tinha nada a ver com Roberto Carlos, né?

Minha dica: procurem também ouvir o segundo disco da Gal, de 1969, que tem a versão original dessa música. É um disco lindamente experimental. Tem umas guitarras fabulosas, uns barulhinhos sensacionais. Lembra um pouco os Mutantes. Que período glorioso para a música, aquele.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Acho que não rola

Saiu ontem uma entrevista com o Blackmore numa revista alemã. Ele colocou no site dele uma imagem da página:



Fiz um esforço de reportagem pra traduzir essa frase. Diz ali: "até um gorila podia ter pego meu lugar no Deep Purple".

Bem, amigos do Purpendicular, acho que não vai rolar o reencontro em Montreux.