Achei ontem em promoção o "Ghost of a Rose", do Blackmore's Night. Eu já havia comprado o primeiro deles, "Shadow of the Moon", fora de promoção, e não me agradou. Depois, em promoção (R$ 11,99), comprei "Under a Violet Moon" e "Fires at Midnight". Mas ainda não tinha tido coragem de ouvir, botei hoje.
A impressão é a mesma que eu tive com o primeiro: os instrumentais, com o Homem de Preto mostrando no violão o que sabe fazer com seis cordas, são fenomenais. As canções, com a patroa do Blackmore em tom de Enya, têm clima de som ambiental de carro de balzaquiana que acredita em duendes. Não me fecha com o gosto. No primeiro, deu a impressão de que o Blackmore havia feito uma ironia em "Greensleeves", metendo no meio o riff de "Anya" (do The Battle Rages On). Daí cunhei a frase "Blackmore's Night é uma mistura de Anya com Enya".
Isso só me reforça uma percepção positiva em relação ao Blackmore: o homem é um cavalheiro romântico.
Blackmore já teve tudo. Foi um dos grandes guitarristas dos anos 70, época que gerou gigantes como Eric Clapton, Jimi Hendrix e Jeff Beck. Inspirou gerações posteriores. Criou duas das maiores bandas de rock que já houveram. Adaptou Beethoven para a guitarra. Botou fogo no palco. Fez fama e, certamente, alguma fortuna. Ele já tem e já criou tudo o que poderia querer ter e criar.
Desde 1997, ele vem apostando nesse projeto com a patroa, vários anos mais nova que ele. Ela tem boa voz, até, mas não me faz o gênero. O material é certamente diferente de tudo o que o Blackmore fez antes. Ele se submete ao mico de ele e seus colegas se vestirem feito personagens de O Senhor dos Anéis, o que é ridículo especialmente para um senhor dessa idade (ele completa 60 no ano que vem).
A grande impressão que me dá é que ele está investindo seu nome, talento, recursos e contatos na carreira da patroa, dentro de um nicho que tem mercado e para o qual ela leva jeito.
Blackmore é um sujeito que desenvolveu ao longo dos anos 90 uma em boa parte justificada fama de estourado, antipático, egoísta, ególatra, misantropo e - vamos ser claros - mau-caráter. Eu me decepcionei muito com ele (que sempre foi meu guitarrista favorito) na década passada.
Mas essa demonstração de cavalheirismo e de paixão pela patroa o redime na minha consideração, embora não muito aos meus ouvidos. Não é qualquer um que faz uma coisa dessas por uma mulher.
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