Há muitos meses, pouco depois de se aposentar do Deep Purple Jon Lord disse numa entrevista que o seu sonho era fazer um grande show de homenagem ao Deep Purple, colocando no palco em sistema de rodízio todos os ex-membros ainda vivos (ou seja: todos menos Tommy Bolin, que faleceu mesmo, e Rod Evans, que morreu pra fins de direitos sobre seu quinhão da memória purpleana).
Sempre achei que seria inviável, principalmente por causa do clima pouco amigável entre Ian Gillan e Ritchie Blackmore, o homem de preto. Mas agora em dezembro sai uma edição especial da revista Record Collector, com uma imensa matéria sobre o Purple e entrevistas com dez membros e ex-membros da banda. Nessas entrevistas, Blackmore e Lord dizem que ainda se falam bastante e não descartam uma volta aos palcos para alguma coisa especial.
Desde 2002, quando o Jon Lord se aposentou, as turnês do Deep Purple têm tido convidados especiais no palco. Joe Satriani, que substituiu Blackmore, subiu ao palco já duas vezes para trocar licks com seu sucessor Steve Morse. Glenn Hughes andou passando pelos bastidores. Coverdale e Lord já andaram trocando abraços no aeroporto de Los Angeles. Semana passada, como botei aqui no Cabide, Lord subiu ao palco pra ver se o Don Airey está cuidando bem de seu Hammond.
A única grande incógnita é o Blackmore, mas depois dessa entrevista me parece que só falta combinar com os russos (leia-se: Gillan). Nunca entendi direito a briga deles, e olha que eu já li tudo sobre o assunto. Li os argumentos de ambos os lados em várias entrevistas e na autobiografia do Gillan. Quanto mais eu leio, mais me soa infantil a briga. Tomara que os dois coroas voltem a se falar. Depende mais do Blackmore, parece. "You know I loved you once and I wanna love again, but you don't give nothing", gravou o homem da goela de prata em 1973. Tem muita mágoa em trinta anos, incluindo principalmente as duas saídas do Gillan do Deep Purple, um copo d'água jogado na patroa do cantor (no vídeo Come Hell or High Water) e uma história malcontada de algo feio que o Blackmore teria feito à filha do Gillan há muitos anos. Mas eu, como otimista e pacífico que sou, acho que não é nada que uma cervejada e um bate-papo sincero não resolva. Pombas, são dois senhores de 59 anos. Mais do que maduros. Torço por isso.
Juro que, se sair o concerto dos sonhos do Jon Lord, eu quebro o porquinho, me endivido até o último fio de cabelo e saio voando para onde quer que seja.
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