Ao longo dos anos, já li, ouvi e passei adiante todo tipo de explicação sobre a origem do riff de Smoke on the Water. Minha favorita é a que coloca Tom Jobim na história, com a introdução da música "Maria Moita".
Em entrevista à CNN, porém (veja aqui), Ritchie Blackmore dá outra versão: segundo ele, nosso querido dã-dã-dã é o tema da Quinta Sinfonia de Beethoven tocado ao contrário. É a primeira vez que eu o vejo dizer isso. "Isso significa que eu devo uma grana preta a Beethoven", disse Blackmore.
Não faz sentido: enquanto o riff de Smoke on the Water tem quatro notas, o da Quinta tem duas: tchan-tchan-tchan-tchaaaaan...
Já havia visto anteriormente um paralelo entre Smoke on the Water e a Quinta na questão do poder da simplicidade. Quinta ao contrário, é a primeira vez.
Mas, como foi o Blackmore quem compôs e eu toco mal pra cacilda, quem sou eu pra tirar sarro, certo?
O entrevistador - que não conseguiu aprender o riff nem com o Blackmore ensinando - também pergunta se alguma vez na vida o guitarrista já cansou de tocar nosso querido dã-dã-dã. Ele responde:
-- Absolutamente nunca. È um riff que todos devemos ter em nossas mentes. Toda noite quando eu vou dormir, eu lembro dele e penso: "nossa, sou muito feliz por ter escrito o pam-pam-pam, pam-pam-param...".
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Smoke over Beethoven
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terça-feira, 18 de setembro de 2007
Fênix
O Deep Purple voltou em 1984, depois de oito anos parado. A volta foi chamada de caça-níqueis na época. Depois, ficou comum bandas voltarem para homenagear a si próprias - mas praticamente só o Deep Purple voltou a ser uma banda que dá a cara a tapa produzindo coisas novas consistentemente.
Em novembro, duas ótimas bandas farão um tributo a seu passado glorioso em Londres: Led Zeppelin (com Jason Bonham na bateria) e Sex Pistols (que já voltou duas ou três vezes antes). O Led vai homenagear o produtor Ahmet Ertegun - o cidadão que assinou o contrato deles com a Atlantic Records. Os Pistols vão homenagear os 30 anos do disco "Nevermind the Bollocks".
Ambos valem a pena para quem estiver a fim de vender a mãe pra ver grandes bandas fazendo grandes shows. Eu, pessoalmente, só vendo a minha se um dia rolar aquele show proposto pelo Jon Lord, reunindo todos os ex-membros do Deep Purple. Mas só o Jon Lord e os ex-membros da Mk3 e da Mk5 (menos o Blackmore) são a favor, portanto minha genitora pode dormir sossegada.
Em novembro, duas ótimas bandas farão um tributo a seu passado glorioso em Londres: Led Zeppelin (com Jason Bonham na bateria) e Sex Pistols (que já voltou duas ou três vezes antes). O Led vai homenagear o produtor Ahmet Ertegun - o cidadão que assinou o contrato deles com a Atlantic Records. Os Pistols vão homenagear os 30 anos do disco "Nevermind the Bollocks".
Ambos valem a pena para quem estiver a fim de vender a mãe pra ver grandes bandas fazendo grandes shows. Eu, pessoalmente, só vendo a minha se um dia rolar aquele show proposto pelo Jon Lord, reunindo todos os ex-membros do Deep Purple. Mas só o Jon Lord e os ex-membros da Mk3 e da Mk5 (menos o Blackmore) são a favor, portanto minha genitora pode dormir sossegada.
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domingo, 16 de setembro de 2007
Radio One, you're the only one - for me!
No dia 30 de setembro, a rádio BBC 1 completa 40 anos. Lá pelos idos de 1967, apenas as rádios piratas tocavam roquenrôu mais ousado do que Beatles. Quando ela foi criada, tudo estourou - de Jimi Hendrix (que compôs a letra do título) a Led Zeppelin e Deep Purple.
Boa parte do rock inglês passou por aqueles estúdios, e é claro que grandes momentos do Purple estiveram lá. Foi na BBC que eles tocaram publicamente pela primeira vez na Inglaterra com a Mk1, por exemplo, uma semana depois de gravarem o Shades of Deep Purple. Houve um show antes, na Dinamarca, em que eles anunciaram que "Roundabout é o caralho, nosso nome agora é Deep Purple, porra".
Foi na BBC que o Deep Purple tocou Kneel and Pray, em 29 de agosto de 1969, poucos dias depois de a música ser tocada em Amsterdã, num dos mais antigos piratas conhecidos da Mk2. Era assim:
Dois meses depois, em 31 de outubro, eles voltam aos estúdios pra tocar a mesma música com uma nova letra. Vocês conhecem:
Nesse meio tempo, eles já haviam estreado a nova letra no festival de jazz de Montreux, em 4 de outubro. O Gillan não fazia idéia de que ritmo queria dar à música, nem tinha escrito direito a letra, mas matou a pau. No dia 14, eles estavam no estúdio batendo ponto pra gravar a versão com o piano, homenageando Jerry Lee Lewis.
No dia em que eles tocaram a nova música no estúdio da BBC, eles também tocaram uma "nova" música - John Stew. Por acaso, muito parecida com What Do You Want, dos Yardbirds.
Também foi na BBC, em 9 de setembro de 1970, que o Deep Purple estreou o single Black Night. E, no dia 23 daquele mês, o locutor pediu pra eles entrarem no estúdio e trazerem uma coisa nova. Trouxeram Grabsplatter, uma instrumental que saiu no The Anthology (1985) e que tinha tudo a ver com uma faixa gravada pelo Blackmore e pelo Paice no disco "Green Bullfrog", gravado em fevereiro.
Hoje, a rádio está bem diferente. Não toca nenhum tipo de música que me agrade. Mas claro: ela toca o que tem de mais novo na música britânica, e o que me agrada era o que havia de mais novo alguns anos antes de eu nascer.
De qualquer forma, os 40 anos da Radio One merecem ser celebrados por todo fã da pegada inglesa sobre o rock.
Boa parte do rock inglês passou por aqueles estúdios, e é claro que grandes momentos do Purple estiveram lá. Foi na BBC que eles tocaram publicamente pela primeira vez na Inglaterra com a Mk1, por exemplo, uma semana depois de gravarem o Shades of Deep Purple. Houve um show antes, na Dinamarca, em que eles anunciaram que "Roundabout é o caralho, nosso nome agora é Deep Purple, porra".
Foi na BBC que o Deep Purple tocou Kneel and Pray, em 29 de agosto de 1969, poucos dias depois de a música ser tocada em Amsterdã, num dos mais antigos piratas conhecidos da Mk2. Era assim:
- You were good
I was bad
I just want everything you had
Good loving is meant for two
A bit for me and a bit for you
Oh please, set me free
Stop my misery - OH!
Dois meses depois, em 31 de outubro, eles voltam aos estúdios pra tocar a mesma música com uma nova letra. Vocês conhecem:
- Good Golly, said the little miss Molly
While she was rocking in the house of blue light
Tutti Frutti was oh, so rooty
When whe was rocking to the east and west
Come on baby, drive me crazy
Do it, do it - AAAAAAAAHHHH!!!!
Nesse meio tempo, eles já haviam estreado a nova letra no festival de jazz de Montreux, em 4 de outubro. O Gillan não fazia idéia de que ritmo queria dar à música, nem tinha escrito direito a letra, mas matou a pau. No dia 14, eles estavam no estúdio batendo ponto pra gravar a versão com o piano, homenageando Jerry Lee Lewis.
No dia em que eles tocaram a nova música no estúdio da BBC, eles também tocaram uma "nova" música - John Stew. Por acaso, muito parecida com What Do You Want, dos Yardbirds.
Também foi na BBC, em 9 de setembro de 1970, que o Deep Purple estreou o single Black Night. E, no dia 23 daquele mês, o locutor pediu pra eles entrarem no estúdio e trazerem uma coisa nova. Trouxeram Grabsplatter, uma instrumental que saiu no The Anthology (1985) e que tinha tudo a ver com uma faixa gravada pelo Blackmore e pelo Paice no disco "Green Bullfrog", gravado em fevereiro.
Hoje, a rádio está bem diferente. Não toca nenhum tipo de música que me agrade. Mas claro: ela toca o que tem de mais novo na música britânica, e o que me agrada era o que havia de mais novo alguns anos antes de eu nascer.
De qualquer forma, os 40 anos da Radio One merecem ser celebrados por todo fã da pegada inglesa sobre o rock.
domingo, 9 de setembro de 2007
Venha provar a banda
Achei agora há pouco um arquivo com todas as cifras de Come Taste the Band. Se você toca violão, é um prato cheio.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Nessun Dorma
Morreu hoje o tenor Luciano Pavarotti. O cantor italiano era amigo do Ian Gillan desde 2001, quando o Deep Purple participou do Pavarotti and Friends, em Módena (Itália). Gillan cantou com ele uma versão em inglês de Nessun Dorma.
Em 2005, quando o CD Gillan's Inn estava sendo gravado, rolou a história de que Pavarotti cantaria em Smoke on the Water - o que não aconteceu. De fato, o cantor já estava afastado dos palcos. Desde 2006, ele tinha diagnosticado um câncer no pâncreas.
No DVD Highway Star, que conta a carreira do Ian Gillan, o tenor diz que Gillan ou é um gênio ou é um doido por topar cantar uma das músicas mais queridas dos fãs de ópera. E ele conclui: só pode ser um gênio. Pavarotti também diz admirar Gillan porque, enquanto um cantor lírico tem que cantar exatamente do mesmo jeito sempre, um cantor de rock pode recriar o ato toda noite.
Isso se mostrou nas colaborações entre os dois, também. Em cada uma das vezes em que Gillan cantou com Pavarotti, ele cantou uma letra diferente para Nessun Dorma. Na primeira, Gillan compôs uma letra em inglês preservando mais o ritmo ("no, no, I'll cry till the morning, cuando la luce splenderà"). Na segunda vez, em 2003, ele fez mais respeitando o texto original ("I will keep it till the morning, cuando la luce splenderà"). O vídeo da segunda vez só tem, que eu saiba, no DVD do Gillan.
Meus respeitos ao tenor. Fiquem abaixo com sua colaboração com o Ian Gillan.
EDITADO: Segue abaixo a homenagem feita por Ian Gillan ao tenor.
Luciano Pavarotti
Eu nunca vou esquecer a alegria daquelas experiências com o Maestro.
Nesta noite, haverá duas estrelas extras no céu, as mais brilhantes de todas - seus olhos cintilantes.
Ele foi um artista titânico - o maior tenor de todos os tempos.
Ele era um homem generoso e gentil.
Obrigado, Luciano,
ig
Em 2005, quando o CD Gillan's Inn estava sendo gravado, rolou a história de que Pavarotti cantaria em Smoke on the Water - o que não aconteceu. De fato, o cantor já estava afastado dos palcos. Desde 2006, ele tinha diagnosticado um câncer no pâncreas.
No DVD Highway Star, que conta a carreira do Ian Gillan, o tenor diz que Gillan ou é um gênio ou é um doido por topar cantar uma das músicas mais queridas dos fãs de ópera. E ele conclui: só pode ser um gênio. Pavarotti também diz admirar Gillan porque, enquanto um cantor lírico tem que cantar exatamente do mesmo jeito sempre, um cantor de rock pode recriar o ato toda noite.
Isso se mostrou nas colaborações entre os dois, também. Em cada uma das vezes em que Gillan cantou com Pavarotti, ele cantou uma letra diferente para Nessun Dorma. Na primeira, Gillan compôs uma letra em inglês preservando mais o ritmo ("no, no, I'll cry till the morning, cuando la luce splenderà"). Na segunda vez, em 2003, ele fez mais respeitando o texto original ("I will keep it till the morning, cuando la luce splenderà"). O vídeo da segunda vez só tem, que eu saiba, no DVD do Gillan.
Meus respeitos ao tenor. Fiquem abaixo com sua colaboração com o Ian Gillan.
EDITADO: Segue abaixo a homenagem feita por Ian Gillan ao tenor.
Luciano Pavarotti
Eu nunca vou esquecer a alegria daquelas experiências com o Maestro.
Nesta noite, haverá duas estrelas extras no céu, as mais brilhantes de todas - seus olhos cintilantes.
Ele foi um artista titânico - o maior tenor de todos os tempos.
Ele era um homem generoso e gentil.
Obrigado, Luciano,
ig
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