Lá por 2003, o baixista Roger Glover, o mais simpático membro do Deep Purple, colocou em seu site uma foto da filha, Gillian. Escrevi pra ele dizendo: "poxa, é a tua cara!" Ele responde: "pra isso que servem os genes". Pouco tempo depois, os talentos vocais da moça começaram a se revelar no disco "Snapshot", do pai.
Em 2007, Gillian lançou seu primeiro disco, "Red Handed" (algo como "na tampinha" ou "com a mão na massa"). Fez uma breve turnê por Londres em julho, e eu não assisti a nenhum dos shows por puro desencontro: o primeiro foi no dia em que eu cheguei, morto de cansaço e completamente caipira na cidade, e o segundo foi no dia seguinte à minha partida. Fui ao bar, porém, e não apenas tomei uma cerveja em homenagem à cantora como também deixei um bilhete para ela (devidamente entregue e respondido) e trouxe pra casa um pôster anunciando o show.
Consegui recentemente seu disco. Ainda não saiu no Brasil. No final do ano, fui para a praia. Como não curto multidões nem sol nem mar nem areia, deitei na rede, sob a sombra, com os fones no ouvido, curtindo o talento da filha do Glover. A mulher canta MUITO. Mandei um e-mail pra ela comentando o disco. Ela ficou faceiríssima: "Ouviu deitado na rede, na praia? É exatamente essa a vida que eu queria pro meu disco!"
Uma canção em especial me chamou mais a atenção do que as outras: "Holy Communion". É um blues com guitarra, gaita e violino. Blues com violino! É algo em que eu pensava desde 1993, quando comecei a ter aulas de teoria musical na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, antes de largar pra estudar pro vestibular. Nessa faixa, a filha do Roger Glover mostra boa parte da técnica que deve ter aprendido com Ian Gillan, o vocalista do Deep Purple, que considera Roger um irmão. Eles são bastante próximos: no DVD em que Ian documenta os bastidores do Purple, tem uma hora em que a filha do amigo aparece pra falar alguma coisa sobre sua franja.
Com vocês, Gillian Glover. Quer a letra? clica aqui. Quer ouvir mais? Visite o perfil dela no Myspace.
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