Ouvindo o CD do Deep Purple aqui, lembrei do show que assisti deles em Porto Alegre, no Opinião, meses antes desse delicioso CD que comprei. Meu ingresso do show deles aqui em 1997 era o número 0002. Foi um dos ingressos que mandaram para redações de jornais, no caso a do Correio do Povo, onde eu trabalhava à noite.
Foi muito engraçada aquela noite... ganhei o ingresso na última hora. O Paulinho Moreira tava lá no Opinião cobrindo o show... e passando para a redação as duas primeiras músicas que eles tinham tocado. Eu estava trabalhando, mas nervoso. Fui lá na Variedades para bisbilhotar e vi a Valquíria Rey escrevendo errado o nome de uma música. Sacrilégio. Corrigi. Ela perguntou como é que eu sabia, e respondi: "tenho todos os discos deles em casa..." E ela: "Tá fazendo o que que não foi lá? Pega meu ingresso e vai!"
Peguei o primeiro táxi e fui. Cheguei no meio de um solo quilométrico do Jon Lord. Era um dia quente pra caramba em março de 97... e o lugar com mais visibilidade que achei foi no meio de uns gringos bêbados. Fiquei tomando uísque com eles e tal. Aí a gente começou a brincar de subir nos ombros um do outro por uns segundos para ver melhor. Cantei todas as músicas. Ainda conheci a mulher do Gillan na saída, com minha camisa toda suada. Cheguei na redação de volta depois da meia-noite, com a camisa abertona, o vento batendo e secando o suor.
Fui pra sala do diretor de redação e disse pra ele: "olha só, fiz uma coisa muito feia hoje... escapei do trabalho para ir ao show do Deep Purple". Ele olhou bem para mim e perguntou: "Guri, tu qué levá um gancho?" E eu: "Não, claro". E ele: "Ah, bom, então eu não ouvi isso". Eu fiquei completamente sem jeito e fui saindo de fininho. E ele: "Deixa eu esquecer por um minuto que sou teu chefe. Senta aí e conta como tava, ontem eu botei foto deles na capa do jornal porque também gosto..."
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