O site da Edel colocou no ar uma entrevista com os mestres Gillan e Glover sobre o disco. Algumas pérolas:
1) Gillan fala sobre o título do disco, "Rapture of the Deep" (algo como "êxtase das profundidades")
"É uma expressão criada pelo Jacques Cousteau pra definir o estado confuso em que um mergulhador fica quando desce três atmosferas, o que dá uns 30 metros. Você passa por um sentimento de euforia; dá um efeito fisiológico estranho na sua mente e na sua função mecânica. É um pouco como estar bêbado ou chapado - não que eu já tenha estado assim, claro (risos).
Um fã mandou uma foto: num vilarejo inglês tinha um lago e tinha uma placa dizendo 'Danger - Deep Water' (cuidado - águas profundas) e alguém tinha riscado o 'water' e escrito 'Purple' no lugar. E isso ficou na cabeça da gente, e a expressão 'Rapture of the Deep' descreve muito bem o que eu estava pensando na época: se você está numa condição dessas, começa a pensar nas coisas de um jeito diferente. E tem um grande conteúdo espiritual subjacente às letras de quatro ou cinco músicas, certamente. Não se deve levar literalmente - é uma imagem com palavras."
2) Gillan sobre as rádios de classic rock:
"(A música 'MTV') é na verdade sobre as rádios de classic rock. Cheguei à conclus"ao de que mais acidentes de trânsito são causados por essas rádios do que por dirigir bêbado - porque o pessoal dorme no volante de tanta chatice, porque elas tocam as mesmas músicas antigas o tempo inteiro! E tem outra história por trás dela: o Roger estava dando uma entrevista pra uma rádio de Nova York, durante meia hora, e ele queria falar sobre o disco Bananas, mas as meninas queriam saber coisas velhas e históricas do rock, e no fim da entrevista ela disse: 'Boa sorte com o novo disco, e muito obrigado por ter vindo. E agora, um pouco de Deep Purple, yeah! Smoke on the Water!' - e não tocaram o disco novo. Acho que é uma atitude muito saudável desrespeitar essas coisas e tirar um pouco de sarro delas."
3) A versão do Glover:
"Tradicionalmente, não somos muito bons em escolher singles. Sempre fazemos a escolha errada. (...) De qualquer forma, obviamente nunca tocam nada nosso no rádio, exceto nas estações de classic rock nos Estados Unidos, onde de qualquer jeito só tocam Smoke on the Water. Então, tocar no rádio não é prioridade pra gente - fazer músicas que signifiquem algo para nós é uma prioridade, músicas que ficarão bem ao vivo."
4) Gillan sobre Money Talks:
"Isto se baseia no princípio, acho, de que o dinheiro como moeda corrente é uma ferramenta essencial na civilização. Entretanto, quando o dinheiro se torna uma commodity, ele ganha uma complexidade muito chata. Se as pessoas estão apenas interessadas em usar o dinheiro pra ganhar mais dinheiro, alguém acaba pagando por isso! Então, quando se fala nisso, fala-se sobre corrupção. Quer dizer, não tem nada errado em ganhar dinheiro, não tem nada errado em curtir a vida, mas eu sou contra a ganância e a corrupção que surge quando só se quer acumular riquezas às custas de outras pessoas, e por isso há referências aí sobre ter mais comida no prato do que o necessário e não se preocupar, porque tem guardas na porta. O dinheiro sempre volta pro dinheiro, dinheiro faz dinheiro e cochicha no meu ouvido, ri da minha cara - isso corrompe!"
5) Gillan compara com Bananas:
"Adoro o Bananas. Ele tocou mais do que qualquer outro disco do Deep Purple na história da minha casa e dos meus amigos! Mas foi outra transição, porque foi o primeiro disco feito com Don Airey, e acho que na época a gente o considerava mais como o cara que veio no lugar do Lord. E eu acho que neste novo disco ele pega muito mais forte. Ele deu uma grande contribuição no Bananas, mas acho que sua personalidade emergiu ao longo dos últimos dois anos na estrada, e consequentemente teve o efeito de levantar os outros caras na banda. Isso criou aquele maravilhoso equilíbrio entre o órgão do Airey e a guitarra do Steve Morse. Talvez o disco anterior favorecesse mais a guitarra - este está mais balanceado, acho."
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