quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um mestre faz 70 anos

Eu já pensei que um homem de 60 anos era um velho. Quando mudei de ideia, por conta dos meus mestres do Deep Purple, passei a pensar que velho mesmo é com 70. Recentemente mudei de ideia de novo - 70 era quase a idade do Jon Lord. É a idade que o mestre faz hoje.

Sou fã de todos os membros e ex-membros do Deep Purple, até daqueles a quem critico. Mas o Lord tem um lugar especial na minha admiração. (OK, tem mais uns três de quem eu diria o mesmo.) Foi por conta da ansiedade em torno de sua aposentadoria do Deep Purple que este blog foi criado, aliás.

Primeiro, porque desde que vi suas primeiras fotos ele sempre me pareceu um pouco com meu tio favorito - alto, magro, com um bigodão e aquela cara de bonachão. Mais ou menos numa época da vida em que esse tio fazia o nobre papel de dar os empurrões, puxões de orelha, gargalhadas e copos de cerveja de que um jovem precisa. Tinham mais ou menos a mesma idade, embora meu tio fosse mais maltratado pela vida. Então, sempre que eu via o Jon Lord fazer alguma micagem, eu lembrava das micagens do tio Nelson. Quando meu tio morreu, em janeiro, minha trilha sonora pessoal era "To Notice Such Things", que mestre Lord compôs em memória do amigo Sir John Mortimer.

Segundo, porque foi a partir de suas intervenções, influências e improvisos que muita música boa me foi apresentada ao longo da vida. Foi Jon Lord quem me consolidou a ideia de que existem apenas dois tipos de música: boa e ruim. Sou-lhe extremamente grato por isso. Sem falar que a história de ele se aposentar do rock para virar compositor de música erudita quase full-time é sensacional.

Terceiro, porque foi o primeiro membro do Deep Purple que recebeu (E RESPONDEU!) um e-mail meu, em 1999. Imaginem minha alegria.

Quarto, porque ele tinha meros 27 anos quando compôs o Concerto for Group and Orchestra. Quando fiz 27, eu ficava me martirizando, me perguntando se eu conseguiria fazer algo tão grandioso com tão pouca idade. Ganhei um prêmio de jornalismo aos 29, quase 30, e na época me contentei: aquele era o meu Concerto. Posso fazer melhor, mas Jon Lord também fez melhor depois do Concerto.

Quinto, porque embora não tenha sido o primeiro membro do Deep Purple que conheci pessoalmente, nem o primeiro que entrevistei, Lord foi o primeiro que eu entrevistei pessoalmente (saiu até no site dele). E tenho o vídeo para provar.



Nessa entrevista, para a MTV, brinquei: "vida boa, essa sua; você toca o que quer, faz os shows que quer, viaja pelo mundo e ainda pode voltar a tocar com seus amigos quando dá". E ele: "você acaba de fazer minha vida parecer maravilhosa".

Jon Lord, meu mestre, lhe desejo muito mais anos de uma vida maravilhosa.

(O que eu acho que é velho hoje? Talvez minha avó, que tem 92 anos. Mas ainda posso mudar de ideia. Tudo depende da longevidade dos membros do Deep Purple.)

2 comentários:

  1. Parabéns, mestre!! Ele é uma das razões pelas quais eu ADORO o Deep Purple!!!!

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  2. Marcelo, por favor estenda a ele meus sinceros parabéns também. Não encontro palavras para dizer o que o Purple foi e o que é em minha vida. Parabéns a vc também pelo site e que inveja de poder chegar tão perto das pessoas que mais admira. Uma bênção!!! Um abraço e visite meu blog: blogmcrm.blogspot.com
    Marcos.

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