sexta-feira, 5 de agosto de 2011

1991+20: Coverdale, o primeiro a pousar aqui

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. O segundo post da série dá um salto de dez anos e chega ao Rock in Rio, onde o primeiro ex-membro do Deep Purple tocou no Brasil. Foi David Coverdale, com o Whitesnake.

A banda foi convidada meio que de improviso. Originalmente, quem tocaria seria o Def Leppard - só que o baterista da banda, Rick Allen, teve um acidente de carro e precisou amputar o braço esquerdo. Ele voltaria a tocar depois, muito bem, mas com menos de um mês para o show a banda precisou ser substituída. Os organizadores do Rock in Rio trocaram então o leopardo surdo pela cobra branca.

Olha a companhia em que o Whitesnake ficou:



Coverdale chegou no dia 9 de janeiro de 1985. No primeiro dia, segundo a Folha, o som foi "tão baixo que decepcionou os mais destemidos metaleiros".

Sim, "metaleiros". Essa era a palavra usada na época. E olha como era a matéria do Fantástico sobre a noite dos metaleiros.



Parou de rir? OK, vamos em frente.

No show, nada de músicas do Deep Purple. Nem "Soldier of Fortune", que faz parte do repertório do Whitesnake até hoje. Mas o guitarrista John Sykes fez um sucesso enorme. A apresentação abriu com uma composição feita quando Jon Lord estava na banda: "Walking in the Shadow of the Blues".



Em sua passagem pelo Rio, o Whitesnake ganhou fama de mulherengo, como informava a Folha:


Coverdale ainda teve tempo de improvisar uma letra sem pé nem cabeça, que teria sido gravada com membros do Roupa Nova e do Rádio Táxi para uma propaganda de cigarro:



Também no Rock in Rio, só que agora na banda do Ozzy Osbourne (o "rock-horror", como diria Sérgio Chapelin), viria um futuro membro do Deep Purple: Don Airey, compositor da célebre introdução de "Mr.Crowley".



Enquanto isso, lá fora, o Deep Purple já tinha voltado à ativa.

Com a reunião da Mk2, eles faziam shows pela Europa reciclando o repertório do Made in Japan e incluindo material do Perfect Strangers. O clima na banda estava excelente, a ponto de Gillan e Blackmore saírem do palco abraçados em algumas noites. Mas isso duraria pouco. Em 1987, o programa "Old Grey Whistle Test", da BBC, foi a Paris com uma caravana de fãs do Purple. Um desses fãs chegou a vir do Reino Unido até o Brasil só pra ver a noite dos metaleiros, a noite do rock-horror do Chapelin.

Nisso, a BBC conseguiu captar o momento em que, pra sacanear tanto o Blackmore quanto a BBC, Gillan, Lord, Paice e Glover não voltaram ao palco pra tocar Smoke on the Water. O vídeo inteiro tem 9 minutos, mas vale ver.



Ao final da turnê de "House of Blue Light", Blackmore sofreu um acidente com a guitarra e quebrou o mindinho. Ficou um tempo de molho. Nesse meio-tempo, decidiu defenestrar Ian Gillan da banda, por julgar que ele estava cantando mal.

Foi exatamente por conta disso que tivemos no Brasil o show de Ian Gillan um ano antes dos outros quatro quintos da Mk2. É esse o assunto do próximo post.

4 comentários:

  1. Ótimo post Soares, mas ficou uma dúvida. Além de sacanear o Blackmore, pq os caras quiseram sacanear a BBC? Foi sacanagem mesmo ou eles estavam putos com alguma coisa?

    Abraço

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  2. Estavam putos, mas não lembro com o quê. Outro dia li um livro que falava nisso, mas não lembro qual. Chequei em dois dos possíveis, que tenho no ipad, mas não eram eles.

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  3. Achei. É na biografia do Blackmore (Black Knight). Foi George McManus, da gravadora Polydor, quem conseguiu marcar com a BBC. O problema é que o Ian Gillan estava puto porque o apresentador da BBC Andy Kershaw disse que o Deep Purple tinha voltado só pela grana. "Eu estava me cagando porque consegui um orçamento da Polydor pra levar o Whistle Test até a França, porque se conseguirmos colocar essa banda na TV pra uma geração mais jovem vamos vender o triplo de discos, mas o Gillan apronta essa, e então eu vou pra lá com a equipe da TV tentar filmar o Dep Purple sem o Gillan saber", disse McManus. No final, o Gillan deixou a equipe filmar só uma música e mais o bis. Aí eles não voltaram. Raymond D'Addario, gerente de produção do Purple, diz que não rolou porque o Gillan não ouviu os aplausos dos franceses. Mas não ouviu porque o lugar era grande, segundo D'Addario. O Blackmore concordou e decidiu voltar pro palco junto com o roadie da bateria. Segundo o autor do livro, "foi uma das situações mais bizarras que já foram vistas num show do Purple; a única vez em que o Blackmore acabou sendo o único a fazer um bis, embora tristemente tão breve que pareceu que mal valia a pena, exceto pelo fato de ele querer mostrar que estava certo."

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  4. Marcelo... posts fantásticos sobre os 20 anos do DP no Brasil.. e estou particularmente envaidecido de você ter usado este vídeo de Walking in the Shadow... produzido por este humilde fan... fato que o video que tenho deste show (19/01) não tinha o começo da música, então fiz um início "fake, juntando imagens e tentando sincronizá-las... o video original entra em 1:47, quando entra tanbém o som do video original (antes disso, é o som do bootleg)! Não está estado da arte, não é digno deste blog, mas... estou feliz de ele ter sido escolhido para ilustrar o post!! Outro Fato: no dia 11/01/85, a noite, no especial do dia do Rock in Rio na Grobo, ouvi uma musica do tal Isneike, chamada alguma-coisa-of-love... tudo começou ali para este fan... abraços !!

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