domingo, 29 de dezembro de 2002

Manancial de entrevistas

Achei um site ótimo, o Firerock. Tem um arquivo com entrevistas com o Deep Purple e com ex-membros, além de fotos daquele show que eu perdi no Via Funchal, em setembro de 2000 (sim, esta aqui do lado é uma delas). A entrevista com o Steve Morse, logo abaixo, foi feita pelo Ciro Visconti. Esse cara toca guitarra feito um doido, tem colunas (ou tinha) na revista Guitar Class e tem uma banda genial chamada Purpendicular, que toca só covers adivinhem de quem. Certa vez fui a um show deles em São Paulo, no Dinossauros Rock Bar, e fiquei impressionado com a qualidade do som deles. O Visconti toca o Made in Japan nota por nota, e simplesmente conversou de igual para igual com o Steve Morse. Bom, vamos às entrevistas.

Olha os tesouros que tem lá:

Steve Morse - "Quando eu me juntei à banda, eles estavam fazendo músicas com muito sintetizador, e o uso do órgão não fazia mais parte do som banda como antigamente. Quando entrei, eu disse: Eu adoro o Machine Head! Que tal fazermos um som mais próximo daquele disco? Então o Jon (Lord – tecladista) voltou a ligar seu órgão em amplificadores, o que os deixa com um som mais agressivo. Além disso, eu e ele temos tocados mais frases juntos, você sabe, guitarra e órgão sempre foram a marca do Deep Purple, e é o que eu sempre admirei na banda. Como eu disse, eu só tentei deixar a banda soando como antigamente, pelo menos como eu lembrava (risos)."

Deep Purple - "Gillan - Esse show de São Paulo (o de março de 1999) será o primeiro desde novembro, então nós teremos dificuldades até de lembrar como se anda no palco, porém se acertássemos toda a parte técnica antes, não haveria nenhum problema.
Firerock - Porque vocês ficaram todo esse tempo sem tocar? Estavam de férias?
Gillan - Na verdade não foram bem férias, porque minha esposa tinha um lista grande de trabalhos caseiros pra eu fazer (risos)."

"Firerock - Vocês têm algum projeto de lançar um disco acústico?
Paice - Eu não acredito que o Deep Purple seja uma banda pra tocar acústico, mesmo porque é muito difícil pra um baterista de uma banda de rock n´roll tocar acústico (risos), o mais legal é tocar bem alto, senão perde a graça.
Gillan - Na verdade não existe um projeto de fazer algum trabalho acústico, mas se acontecesse de incluir alguma música nesse estilo num álbum futuro, seria legal. Em um show na África do Sul, eu, o Lord e o Steve Morse fizemos Smoke on the Water, e ficou muito legal sem o baixo e bateria. Isso nos mostrou um outro lado da música. No Fireball, nós gravamos Anyone's Daughter, que é acústica. O problema maior foi tirar o Paice da bateria, porque ele não sabia fazer mais nada além de tocar bateria, no final ele acabou usando um tamborim e um bumbo. Existe uma nova dinâmica pra nossa vida musical agora, então, daqui pra frente nós não iremos fazer, necessariamente, um álbum característico do Deep Purple, isso pode variar de um álbum extremamente pesado, ou mais melódico e emocional, nós entramos numa fase onde as coisas devem caminhar de uma forma diferente, além disso, nós não queremos repetir com o Morse o que já fizemos com o Blackmore."


Glenn Hughes - "Quando o David Coverdale entrou para o Deep Purple eu senti que ele era um cara de talento. Foi engraçado porque eu havia pedido para o resto da banda sair, para comer algo, enquanto isso eu e o David compusemos uma linda musica no piano e, quando os caras voltaram eles ficaram super entusiasmado com a criatividade de David. Posso dizer com muito orgulho de que David Coverdale e Glenn Hughes formam um grande time. É muito bom ouvir nós dois juntos. A respeito da divisão de vocais, nós nos entendíamos super bem, David e eu temos a mente super aberta somos acima de tudo muito profissionais cada um respeitava o espaço do outro."

David Coverdale - "De todos os músicos com quem eu toquei até hoje, Jon Lord é o que me faz mais falta, é uma grande pessoa, e um excelente músico."

Joe Satriani - "Eu mencionei aos jornalistas, que me perguntaram incessantemente sobre isso, durante aquela tour, 'eu acho que eu estou celebrando o legado de Deep Purple com o público enquanto eu estou lá no palco. Acreditem, eu sou um de você, porém, eu tive sorte de ter uma chance de estar no palco e tocar com a banda'. Eu quero dizer eu não estava roubando o lugar de Ritchie Blackmore, e eu não tinha nenhuma intenção de ficar, mas os caras precisavam de um guitarrista, e eles estavam no processo de se desmama do Blackmore e achar um novo membro permanente, que se mostrou ser o Steve Morse. Mas na ocasião eles realmente não sabiam o que fazer."

Ian Paice - "O Glenn (Hughes) é um cara muito mais ligado ao groove da música negra como funk e soul music, e isso fazia com que eu tivesse que prestar muito mais atenção nele, do que me preocupar em tocar, isso me limitava um pouco. O Roger (Glover) é um baixista mais livre, ele toca com a alma, e além do mais ele é muito mais rock'n' roll o que me possibilita muito ter mais 'abertura' na hora de tocar. Eu só toco desse jeito no Deep Purple, pela forma que o Roger toca."
"Ganhei minha primeira bateria quando tinha 15 anos, mas três anos antes eu já estava destruindo toda a mobília da minha casa com um par de baquetas, daí meu pai achou que seria mais barato me comprar uma bateria, assim eu não iria destruir mais nada em casa."
"Eu tentei em estúdio tocar (Fireball) só com um bumbo, e apesar de eu ter conseguido a velocidade, o impacto não era o mesmo. Eu fiquei tentando a noite toda sem sucesso, no outro dia de gravação o The Who, estava alternando os horários de estúdio com a gente, e a bateria do Keith Moon, que tinha dois bumbos, estava num canto, eu fui lá peguei um bumbo do Keith e coloquei na minha bateria, e fiz tudo o que eu conseguia fazer com os dois bumbos."
"Quando a Burn estava sendo elaborada, eu achei que se eu trabalhasse ela como eu vinha trabalhando as outras músicas rápidas, ela seria somente mais uma 'música rápida'. Enquanto o Ritchie [Blackmore] e o Roger [Glover] estavam criando em cima dela eu fiquei meio de 'saco cheio' e resolvi tocar em cima qualquer coisa que eu conseguia tocar, comecei a brincar e fazer meio que um solo, e eles de repente falaram "Isso mesmo, essa é a levada". Essa é mais uma história do Deep Purple, e foi assim que a Burn nasceu."
"O Ritchie (Blackmore) toca muito alto, então eu tinha que 'descer o braço' e tocar muito alto também. Já com o Steve (Morse), eu posso tocar num volume mais controlado, e dá pra usar baquetas mais leves e ter mais técnica, porque quando você toca muito alto você perde a sensibilidade da música."

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