Em artigo para o jornal inglês The Times, mestre Ian Gillan conta como foi o show no Kremlin. Alguns trechos:
- "O pessoal evidentemente não percebe que shows privados são bastante comuns. Eles são o que os músicos chamam de 'canjas em partidas de tênis e bar mitzvah'."
"Precisamo mudar algumas datas da nossa turnê na América Latina pra conseguir, mas valei a pena. Eu nunca tinha entrado no Kremlin antes - embora tivesse tremido de frio do lado de fora em várias ocasiões -, e foi ótimo. A atmosfera era como a de um baile de final de mandato."
"A segurança era forte, mas ser revistado pelos guardas foi bem menos desumano do que na maior parte dos aeroportos comerciais."
"Muitos russos de uma certa geração aprenderam inglês ouvindo rock e música pop no rádio. Foi assim que Medvedev conheceu o Deep Purple. Nós antigamente tocávamos músicas como Child in Time, que mostravam a eles que havia gente fora de seu país que sentia um desencanto similar com seus líderes. É bem refrescante ver como as coisas desapertaram na Rússia."
"O show no Kremlin foi divertido, mas não foi selvagem. Quem não está acostumado a ir a shows de rock não sabe qual é o protocolo. É bem difícil pirar quando se está de paletó, vindo do gabinete. Mas tocar para uma platéia mais reservada não é nada novo pra nós."
"Os caras mais jovens e funcionários iniciantes estavam todos de pé, embora ficassem olhando nervosos pros seus chefes pra ver se podiam ou não soltar as gravatas. Quase como se perguntassem: 'até que ponto vocês permitem que nos divirtamos?'. Tenho certeza de que eu poderia fazer todo mundo ficar de pé, mas eu sabia que a Tina Turner cantaria a seguir, e não seria legal fazer isso com ela."
"Quando encontramos Medvedev, ele tinha um sorriso bobo no rosto, por encontrar sua banda favorita. Tivemos uma boa conversa, mas não falamos de política. Todos na banda temos opiniões tão tremendamente diferentes sobre religião e política que nunca entramos no assunto."
"Sabe aquele boato sobre (Alexei) Miller (o presidente da Gazprom, a Petrobras russa, que pagou o show) adiantando em umas oito horas o acordo da Gazprom com a Ucrânia pra não estragar o show? Bom, fui eu que pedi pra ele fazer isso.
Só brincando: é o tipo de plano que a gente inventa só depois de tomar muita vodca."
Pra quem leu até aqui, um brinde: o vídeo de Smoke on the Water, no show do Kremlin.
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