segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Velhos estamos todos

Ontem, teve o show do Deep Purple em São Paulo. Não fui, pela terceira vez na vida em que houve um show deles na cidade onde vivo e pela primeira vez não fui mesmo tendo o ingresso garantido.

Não há muito o que dizer a respeito. Eu estava muito cansado de três semanas pesadas de trabalho incluindo finais de semana, a chuva estava pegando forte e eu estava meio gripado. Se fosse ao Credicard Hall, teria de esperar do lado de fora, na chuva, até abrirem o guichê onde eu deveria pegar meu ingresso. Depois, teria de esperar do lado de fora até abrirem o portão.

Em 2006, peguei chuva e espera, enfrentei a confusão do Tom Brasil e um imbecil mijou na minha perna. Como ando mais cansado do que o normal, achei que enfrentar mais chuva e todas essas possibilidades correria o risco de estragar minha noite.

O show era quase o mesmo que eu tinha visto em São Paulo, ao vivo, e no DVD de Montreaux e do Hard Rock Café de Londres. Desta vez, tinha duas músicas diferentes.

Eu sei, e sou quem mais fala isso, que o barato do Deep Purple é que eles fazem shows diferentes com músicas iguais. Mas o espectador tem que estar na pilha pra isso. Eu não estava. Mas tenho certeza de que todos os que foram ao show se divertiram pra caramba.

Cheguei a ir ao lugar onde encontraria um dos meus melhores amigos pra irmos juntos, mas a chuva o atrasou e eu desanimei. Comprei um vinho e vim pra casa ouvir o Deep Purple dos anos 70 no disco. Esse, sim, foi uma perda lamentável não ter visto ao vivo.

O Deep Purple ocupa o lugar do futebol na minha vida. Isso sempre foi assim e sempre será. Mas acho que estou ficando como aquele torcedor fiel e fanático que não tem saco de ir ao estádio.

***


Por conta dessas reflexões todas, fiquei pensando nos efeitos do tempo. Um pouco em mim, claro, mas um tanto nos mestres.

Neste ano, em 20 de abril, o Deep Purple completa 40 anos. Apenas os fãs estão comemorando. Eles não marcaram nada. Mas, até aí, olha o que foram os jubileus da existência deles:

1973 (5 anos): saem o Gillan e o Glover
1978 (10 anos): não havia Deep Purple
1983 (15 anos): aparando as últimas arestas pra voltar
1988 (20 anos): Gillan é expulso
1993 (25 anos): Gillan volta, Blackmore sai logo depois
1998 (30 anos): sai só uma coletânea e um disco novo (Abandon), considerado fraco por muita gente (eu gosto dele)
2003 (35 anos): sai um disco novo (Bananas) e uma turnê cujo ponto mais diferente foi o fato de eles tocarem no Casseta e Planeta.

Isso me faz pensar que os mestres não são muito de comemorar suas datas. Talvez pra não pensarem muito no efeito da idade - deixa isso pro lado de fora do palco. Deve ser em parte isso que os mantém inteiros.

Eu devia me inspirar nesse exemplo. Estou tranqüilo de não ter ido. Mas não consigo deixar de pensar que ando mais velho do que cinco homens com o dobro da minha idade.

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