terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Clarín não gostou

O Deep Purple participou do festival Cosquín Rock no Luna Park. O som estava ruim e a performance da banda não agradou o resenhista:

    Con 40 años de trayectoria, Deep Purple influenció a la mayoría de los que aportaron su arte a los escenarios pesados. Un comienzo bien rocker con Highway Star mostraba la gastada voz de un descalzo Ian Gillan que dista mucho de sus años mozos. La precisión cronométrica de Ian Paice tras los parches era el pulso que le daba vida a un Purple que se desdibujó tema tras tema.

    Luego de la primera canción hubo un parate de quince minutos por problemas de sonido, que el genial tecladista Don Airey capitalizó. No olvidó ejecutar, entre otros pasajes, el muy aplaudido Adiós Nonino, de Astor Piazzolla, y la música de Star Wars.

    La arabesca Rapture of the Deep encontró a un carismástico Steve Morse en guitarras con Roger Glover, infatigable colega, manejando las cuatro cuerdas del grupo. Algunos puntos oscuros fueron la arrastrada versión de Perfect Strangers, junto a la cansina Smoke on the Water, donde el grupo dio la sensación de que el concierto era un simple trámite. La banda inglesa -que se presentó el viernes y ayer en el Luna Park- tocó Hush, una reliquia cantada en parte por el público, y cerró con Black Night, dejando el escenario al dente para Almafuerte.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Qual é a dos mestres

Estamos desafiados a ganhar dos argentinos nos shows brasileiros. Olha o que foi Black Night lá:


O Abdalla, vocalista da banda Powerhouse, me contou certa vez a história de um sujeito que ele conheceu na fila de um show do Deep Purple no final dos anos 90. Esse cara conhecia as duas músicas da banda que passavam na Kiss, até gostava, mas não estava muito disposto a pagar pra ver um show que consistisse só em músicos e seus instrumentos. Queria lasers, profusão de gelo seco, cenários mirabolantes, músicos fazendo piruetas e talvez um monstro de plástico caminhando pelo palco e soltando fogo pela boca.

"Fica de olho. Esses aí não precisam de nada disso", disse meu amigo. Ao final do show, o sujeito estava boquiaberto. Naquela noite, o Deep Purple ganhou mais um fã devoto.

Os mestres não têm a pirotecnia de um Iron Maiden, nem o balé todo da Madonna, nem os óculos do Elton John, nem o porco voador do Roger Waters e nem a profusão de músicos de apoio dos Rolling Stones. Mas pra quê? São apenas cinco tiozinhos tocando bem pra caramba. E curtindo muito o que fazem, e com um carisma imenso, como bem lembrou o Wilerson.

Roger Glover sabe disso melhor do que ninguém. Vejam o que ele disse num programa da TV argentina:

    "Acho que nos anos 80 houve muita competição, onde o pessoal concorria pra ver quem fazia o maior espetáculo. O nosso negócio não é o show business. Nós voltamos à música, ao nível da banda. Quem precisa dessas apresentações são os popstars. Nós, do hard rock, não precisamos."

Avise aos seus colegas de outras bandas, Rog. De repente, se tirar o espetáculo todo, eles baixam o preço dos ingressos.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A tal biografia

A biografia que estou lendo do Blackmore é esta, que está à venda na Livraria Cultura por R$ 64,64:


Leva umas semanas pra chegar, mas vale muito a pena. É uma belíssima leitura, onde se fica conhecendo melhor o Blackmore e as bandas das quais ele fez parte.

Trata-se de uma biografia não-autorizada, portanto ela é cheia de pequenos fatos pouco honrosos da longa carreira desse gênio genioso. Mas é escrita por um grande fã, que não julga o biografado por esses fatos. Ele os inclui não para "pichar" sua imagem, mas para compreender melhor quem é e como pensa nosso guitarrista favorito.

O perfil que se desenha aí, a partir de diversas entrevistas coletadas ou feitas pelo autor, é o de como surgiu um artista pioneiro e complicado como Blackmore.

Há várias fotografias raras ali dentro, de um personagem que não gosta de ser fotografado. E a discografia, ao final da obra, inclui várias faixas de outros artistas em que Blackmore tocou no início da carreira como um anônimo e prolífico guitarrista de estúdio.

Com tudo isso, o livro não sai caro. O que "sai caro" mesmo é esperar ele chegar. Levou uns dois meses.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Estréia em Minsk


É noite de 14 de fevereiro em Minsk, capital da Bielo-Rússia. Os fãs de rock se amontoam no estádio. O celular de um dos participantes foca um soldado de jaqueta pesada, lembrando o velho exército soviético. As luzes se apagam, e primeiro vem o tecladista - cabeludo, de bigodão. O baixista passa meio correndo. O baterista se posiciona em seu banquinho.

Então, entra o guitarrista, todo vestido de preto e com uma guitarra branca pendurada em seu pescoço. Aplausos, muitos aplausos. Ele pára do lado esquerdo do palco, defronte aos amplificadores, e lá ficará pelo resto do show. Em meio ao solo de teclado, entra o vocalista, socando o ar em júbilo. Muitos aplausos.

É a estréia da banda Over the Rainbow, cujos cartazes bielorussos tinham o "over the" bem pequeno e anunciavam a "volta dos membros originais".

O vocalista e líder da banda, recebido em júbilo, é Joe Lynn Turner, que cantou na fase mais pop do Rainbow - entre 1980 e o final, em 1984. Depois, foi chamado para o Deep Purple. Desde o começo na banda, ele aceitou muito bem as brincadeiras pesadas feitas pelo Ritchie Blackmore e aos poucos ganhou seu respeito e espaço na conspiração política interna da banda. Em 1989, após a demissão de Ian Gillan do Deep Purple, Turner foi cantar lá e, ao que diz a biografia do Blackmore, tentou conspirar contra Jon Lord. Quebrou a cara. Hoje, praticamente vive das glórias daqueles quatro anos de sua carreira no Rainbow, mais a fama dos outros dois anos no Purple.

O tecladista bigodudo é Tony Carey, que esteve no Rainbow entre 1975 e 1978. Ele foi demitido por Ritchie Blackmore por duas vezes. Blackmore pegava em seu pé por não jogar futebol, segundo o próprio dono da bola admitiu em entrevista a Bloom em 1998. Os outros, como Cozy Powell, entravam junto na brincadeira, até que Carey não suportava mais sequer almoçar com os colegas. Blackmore queimava cartas de tarô e passava por baixo de sua porta no hotel. Carey acabou pedindo pra sair e não foi creditado no último disco que gravou com a banda, "Long Live Rock'n'Roll".

O baterista lá no fundão é Bobby Rondinelli, que tocou na banda entre 1980 e 1983. Uma das versões para sua saída da banda pouco antes de ela terminar, segundo Bloom, era que Turner teria conspirado com Blackmore para isso.

O baixista, Greg Smith, tocou com a última formação do Rainbow, entre 1994 e 1997. A biografia de Ritchie Blackmore só menciona sua contratação após a demissão de Rob DiMartino. Nada sobre seus destaques na banda. Nada sobre eventuais brigas.

O guitarrista, apesar das roupas e do canto do palco, é o único que não tocou nas várias formações do Rainbow - embora tenha o DNA do único que esteve em todas. Jürgen Blackmore só esteve em shows do Rainbow original tentando falar com seu pai, que o driblava, segundo ex-membros da banda contaram ao biógrafo Jerry Bloom. Mas o cara é o que há de mais impressionante na banda, como se pode ver neste vídeo de "Kill the King":



Este foi o setlist:

Tarot Woman
Kill the King
Street of Dreams
Man on the Silver Mountain
Death Alley Driver
Eyes of the World
Ariel
Power
Can’t Happen Here
Jealous Lover
Stargazer
Long Live R’n'R

Encore 1
Since You Been Gone
I Surrender

Encore 2
All Night Long

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Preços e hábitos

Na Argentina, o Deep Purple está sendo chamado de "VIP Purple" por conta dos preços cobrados para os shows de Buenos Aires. Eles vão de 90 a 220 pesos argentinos. Isso, em reais, dá algo entre R$ 59 e R$ 144. No festival Cosquín Rock, o ingresso custa 68 pesos, ou R$ 44.

No Brasil, os preços vão de R$ 120 a R$ 300. Não vi nenhuma notícia criticando - mas fãs, sim. Não que os mestres não mereçam ser bem pagos, mas o bolso dos fãs costuma ter fundo.

Gosto desse espírito contestador argentino. Quando estive em Buenos Aires, em 2007, vi que todas as pichações da cidade tinham um viés reivindicatório. No século passado, no meu primeiro emprego em jornal, calhou de uma vez dar uma onda de protestos na Argentina, onde se queimava carros, quebrava vidros, batia panela e tudo mais. Um mestre, então, me dizia que a diferença entre o Brasil e a Argentina tinha a ver com a diferença nas touradas portuguesa e espanhola.

Segundo ele, que morou em Portugal por muitos anos, enquanto na Espanha o toureiro mata o boi, em terras lusas ele fica só driblando.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Blackmore, esse grande cara - e um causo do Turner

Eu sempre tiro um pouco de sarro das manias do Blackmore aqui no blog, mas não me canso de dizer que ele é meu guitarrista favorito. Embora seja meu guitarrista favorito, eu sempre pesquisei muito pouco sobre como ele virou o Homem de Preto que conhecemos. Por isso, comprei o livro "Black Knight", uma biografia não-autorizada. Estou devorando; ainda ontem, esse livro me manteve acordado até as 2 da manhã. Anteontem, até as 4.

Blackmore sempre foi um cara muito tímido, e o encadeamento dos fatos no livro sugere que boa parte das manias dele tem a ver com essa característica - por mais que seja estranho imaginar que um cidadão que põe fogo no palco possa ser tímido. As roupas pretas, o perfeccionismo, o ensimesmismo, a própria bronca com o Gillan (que é um sujeito MUITO expansivo), o laconismo. Blackmore ergue um escudo de estranhices para se defender. E se diverte com isso. Se você é tímido (e eu sou, até demais), deve saber mais ou menos como é a sensação, em outra escala.

Quando eu terminar de ler, posto aqui uma resenha. Já li todos os capítulos sobre o Deep Purple.

Só pra dar um gostinho: o capítulo que fala sobre a Mk5 traz uma revelação interessante sobre o Turner, outro personagem constante em piadinhas neste blog.

Em todos os capítulos, desde os que falam de 1968, vários entrevistados reclamam que Lord pouco contribuía com as composições do Purple - o que eu estranho demais, considerando a importância do teclado na sonoridade da banda. Para Slaves & Masters, calhou de ele ser o primeiro a reclamar de uma música por ser melosa demais para o Deep Purple. Sim, era "Love Conquers All".

A música cabia no contexto da tentativa de fazer um álbum comercial, porque na época era regra todo mundo botar uma baladinha num disco de hard rock, do Twisted Sister ao Cinderella. O argumento do Turner foi exatamente este: "o Motley Crue faz isso". Lord reclamou. Nas palavras do vocalista:

"Eu lembro que o Jon andou dizendo que 'Love Conquers All' era merda e não era uma boa música, e eu disse: 'se você tocar direito, eu vou cantar pra caralho e vai ser uma baita power ballad, então cala essa porra de boca e te mexe'. O Ritchie se virou no banquinho pra rir, e tentou esconder o riso. Ele queria dizer isso pro Jon havia anos. Naquela hora eu acho que me passei da conta, mas eu estava frustrado musicalmente porque olha só... o Jon nunca escrevia, e ficava lá sentado bebendo uma taça de vinho, lendo o livro dele, ouvindo música clássica"

(Parêntese: o "lendo um livro" é uma referência depreciativa que o Blackmore dirige ao Lord diversas vezes ao longo dos capítulos sobre o Purple. Como se fosse má coisa...)

Blackmore lembra que Turner disse ao Jon Lord, naquela explosão, uma outra frase: "Você é o passado, eu sou o futuro". E Blackmore se diverte ao dizer que sempre cumprimenta Lord dizendo "olá, sr. Passado".

Isso explica muita coisa - como, por exemplo, o fato de o tecladista não tocar em faixas feitas fora do álbum, como "Slow Down Sister" e "Fire Ice and Dynamite" (salvo engano), mas isso não aparece no livro.

O que eu recuperei de respeito pelo Blackmore com esse livro é diretamente proporcional ao que eu perdi de respeito pelo Turner com essa briga. Se bem que eles todos brigavam ou ficavam de cara feia um com o outro o tempo todo desde 1968, pelo que entendi.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Florianópolis também

Dia 5, o show é no Floripa Music Hall, em Florianópolis, segundo o Diário Catarinense.

Se vai ter Porto Alegre e Floripa, será que tem Rio também? Alguém tem notícia disso?

Show em Porto Alegre

Segundo a Zero Hora, foram anunciados dois shows do Deep Purple em Porto Alegre, no teatro do Bourbon Country.

Quase do lado da casa da minha mãe. Pena que não vou estar aí.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Mais dois shows na Argentina

O Infobae fala de mais duas datas de shows do Purple na Argentina: 20 e 22 de fevereiro, no Luna Park, em Buenos Aires. Até agora à tarde, eu só sabia da data em Córdoba no dia 14.

Embora já seja muito em cima, será que não tem mais datas brasileiras de que a gente não saiba? Qualquer informação, entrem em contato.

Mas o mais divertido é ver como o último parágrafo mantém o hábito de traduzir os nomes das músicas nos discos argentinos. E tem um erro factual: "Quemar" é "Burn", que o Gillan não canta nem com reza braba. Músicas mais novas estão no original:

    Junto a clásicos como "Humo sobre el agua", "Silencio" y "Quemar", temas como "Wrong man", "Before time began" y "Junk yard blues", serán las perlitas nuevas que se escucharán y los clásicos que son una mezcla de hard rock, rock and roll, blues y el british rock de su momento, quienes seguramente florearán dos noches mágicas en el estadio de la Av. Corrientes y Bouchard.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Blackmore também desmente

Achei que o Blackmore não precisava desmentir o balão de ensaio do Glenn Hughes sobre uma volta da Mk3. Mas ele desmentiu, ao jornal italiano Corriere della Sera:

    "Girano voci che ritorni coi Deep Purple? Se è per questo ci sono anche voci sull'imminente fine del mondo. La gente si annoia ad ascoltare il generico vecchio rock che pompano in tv e in radio. E a me non si poteva chiedere di suonare 'Smoke on the water' per tutta la vita".

Em português:

    "Boatos de eu voltar com o Deep Purple? Então é por isso que também andam dizendo que o mundo vai acabar. As pessoas já estão de saco cheio de ouvir o velho rock genérico martelando na TV e no rádio. E não me peçam pra tocar 'Smoke on the Water' pelo resto da vida."

Gala Gillan


Já pensou que um dia veria Ian Gillan de gravata-borboleta?

Foi para assistir à ópera na República Tcheca. Se você entende lá a língua deles, bom proveito.