terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jon Lord agradece a força

Jon Lord: Your responses have touched my heart
August 30, 2011

Just a quick line or two from an absolutely overwhelmed, gratified and humbled musician.

Your responses to the news of my condition have touched my heart in a way that has truly helped to make my life a better place to be than it had occasionally threatened to become these last few weeks.

Your wonderful messages wishing me strength and courage have given me even more strength and courage – and so much more than you can ever know.

I read many of them with tears in my eyes, grateful for this cast-iron proof of the innate goodness of the human being, and grateful to every single one of you for your invaluable support.

This message goes out too to all the similarly wonderful folk on other websites whose support has been equally warm and strong and I want you all to know how greatly heartened and comforted I am by all this.

The treatment continues and I am confident and being supported by my glorious family and an amazing group of friends.

See you soon.

God bless
Jon

terça-feira, 23 de agosto de 2011

1991+20: os vídeos

Hoje faz 20 anos do dia do show do Deep Purple no Gigantinho, em Porto Alegre - aquele que eu perdi porque tinha só 14 anos. Separei bastante material aqui pra escrever um bom post sobre a turnê brasileira, mas não consegui tempo ainda. Calhou de o vintenário coincidir com uma mudança importante no trabalho.

Então, pra não deixar a peteca cair enquanto tento arrumar um tempinho, publico aqui os quatro vídeos que estão no YouTube com músicas do segundo show da turnê brasileira. Foi no ginásio do Ibirapuera, em 17 de agosto de 1991. Meus comentários seguem antes de cada um dos vídeos.

A Mk5 foi a única formação que homenageou praticamente todas as anteriores, tendo na média o mais representativo setlist de toda a história do Deep Purple. Faltou uma tiradinha de chapéu para a Mk4, mas o Blackmore não toparia (como o Gillan não topa tirar o chapéu pra Mk3). Turner também é mais respeitoso com as formações anteriores do que Coverdale e Hughes foram com seus antecessores durante a Mk3. Ao vivo, eles eram excelentes com material próprio mas baixavam de qualidade quando tocavam (poucas) músicas de antes do seu tempo.

Em sua crítica dos shows para a Bizz, meu mestre André Forastieri resumiu: "Pô, qualquer show que começa com Burn, acaba com Smoke on the Water e tem no meio Perfect Strangers é maravilhoso", ainda que o Forasta ponderasse que "o novo vocalista Joe Lynn Turner tem menos voz que a Xuxa".

Nos comentários dos vídeos que estão na internet, mesmo fãs de Turner estranham o quanto sua voz está ruim. E, embora seu estilo não feche bem com o do Purple, ao menos em estúdio ele não é um mau cantor. Basta ouvir sua voz no disco "Slaves & Masters".

O show abriu com Burn. Todo mundo nervoso pra testemunhar esse momento histórico enquanto rolava uma gravação e um show de laser. Blackmore e Paice tinham uma combinação: o guitarrista fica sentado atrás dos amps e dá o sinal para o baterista começar a música quando ele, Blackmore, estiver pronto. Nesse show funcionou, embora num dos últimos não tenha funcionado (falo no próximo post). O que não funcionou foi o microfone do Turner.



Repare que os aplausos ao final da primeira música são bem menores do que os aplausos antes de ela começar.

A segunda música foi Black Night, que fazia medley com Child in Time e Long Live Rock'n'Roll. Child in Time empolgou mais antes de Turner efetivamente cantá-la (sem os gritos). Na gravação em áudio do show da noite anterior, dá pra ouvir gente questionando a masculinidade do Turner e chamando o Gillan de volta.



Como Turner não toca congas e tampouco sai do palco, ele fica meio perdido durante os solos dos colegas. Fica na frente da bateria, brinca com o pedestal do microfone.

A seguir, vem a primeira música nova da noite: Truth Hurts. Sério? Sério. Ao vivo tem um arranjo diferente, mais lento, aproveitando mais o feeling do Blackmore. E a música acaba indo por nove minutos. Abstraia a voz e letra sertaneja ("I wanna know who you've been loving in my place") e a experiência é quase hipnótica.



Se você assistiu tudo, deve ter notado a falta de jeito ampliada do Turner aqui. Mas confesso que achei simpática aquela parte lá no final, com o Turner, o Blackmore e o Glover sentados na frente da bateria, Glover quase consolando o Turner, "calma, esse negócio de chifre não existe, é só uma coisa que colocaram na sua cabeça". Aí eles levantam abruptamente, como quem diz "CORRE QUE A CANA VEM VINDO!"

No setlist daquele ano, logo depois vinha Hey Joe. Não encontrei esse vídeo nos shows brasileiros. E na verdade o último vídeo que encontrei é do que vem depois de Hey Joe: um medley entre The Cut Runs Deep (minha segunda favorita daquele disco, depois de Fire in The Basement) com Hush. O engraçado é que o Turner apresenta The Cut Runs Deep como sendo de "um ex-amigo meu", mas nos créditos do disco constam apenas membros da banda. Será que ele está se referindo a Blackmore, de quem até hoje se diz amigo, ou a Jon Lord, com quem nunca se bicou?



Destaque pra brincadeira entre bateria e guitarra. Turner é competente em chamar a platéia com o "Ô, ooô, ô". Mas eu preferia mais brincadeira entre bateria e guitarra. Até porque depois do ooô entra uma versão meio matada da letra de Hush.

Na biografia do Blackmore, Turner conta que "The Cut Runs Deep" foi a sua primeira colaboração criativa no Purple. Quando ele entrou no estúdio, Blackmore começou a tocar "Hey Joe" (a que vem logo antes no set) e ele agarrou o microfone e saiu cantando. Aí começaram as novidades. Eles começaram a tocar o riff dessa música e ele bolou o refrão na hora, no melhor estilo protoemo: "e quanto à mágoa? E quanto ao vazio por dentro?"

E assim terminam os vídeos do segundo show do Purple no Brasil que encontrei no YouTube. Segundo o The Highway Star, o restante do setlist daquele ano era este:

Perfect Strangers
Fire In The Basement
(incluindo) Bass solo
King Of Dreams
Stand By Me (Ben E King) only occasionally
Love Conquers All
Ritchie's Blues instrumental
Difficult To Cure
(incluindo) Keyboard Solo
Knocking At Your Back Door
(incluindo) Teddy Bear's Picnic instrumental
Tutti Frutti (Little Richard)only occasionally
A Whiter Shade Of Pale (Procol Harum)only occasionally
Yesterday (The Beatles)only occasionally
That'll Be The Day (Buddy Holly)only occasionally
Lazy
Wicked Ways
Highway Star
(incluindo) Bourree from Sarabande (Jon Lord)
Smoke On The Water
(incluindo) Drum Solo
(incluindo) In The Hall Of The Mountain King
(incluindo) Woman From Tokyo

Você conhece mais vídeos de shows do Brasil naquele ano? Mande aqui nos comentários. E conte mais sobre os shows que viu!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Confirmado: show em SP dia 10 de outubro

O Whiplash viu no site do Via Funchal que tem show dos mestres marcado pra 10 de outubro. Será uma segunda-feira (!).

Não se sabe se vai ser com a orquestra ou não. Os ingressos custam de R$ 130 (pista normal) a R$ 300 (pista premium).

Também não se sabe se até lá eles já terão ou não gravado o novo disco. Torço que sim.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre o Glenn Hughes

O Fernando Gilliatt colocou um comentário muito legal ali na caixinha, cuja resposta demanda mais do que o espaço de um comentário. Foi isto que ele escreveu:

    Só não é perfeito, não que vc deseje isso e nem eu tb espero isso afinal é um blog pessoal com SUAS impressões e tals, acho que exagera com o Hughes. Sempre leio suas críticas ao jeito meio "extravagante" e sem feeling do Hughes me causa um desconforto danado. As excentricidades e birras do Gillan são vistas com humor e como se fossem algo que fazem o personagem se tornar maior, enquanto as do Hughes são molecagens e frescuras de um velho imaturo. Os exageros vocais do Hughes são coisas de menino mimado querendo aparecer enquanto Gillan com qualquer coisa que o faça atualmente, mesmo que sendo apenas um fantasma da voz que foi, é "coisa de gênio" que se reinventou. Enfim, só tenho a agradecer pelo Purpendicular mas não acha que exageras com o Hughes?
Isso já foi verdade em boa parte. Sempre respeitei o Hughes como músico, até porque foi com o Stormbringer que eu comecei a curtir o Purple. Mas durante um bom tempo peguei pesado com a figura dele. Injustamente.

Quando mexi na cara do Purpendicular, antes de retomá-lo, fui atrás de todos os posts antigos para colocar tags sobre os membros. Esta, por exemplo, é a do Hughes. Algumas coisas que eu escrevi sobre ele me deixaram espantado. Apaguei várias, editei outras. Talvez tenha a ver com o fato de que ele andou associado ao Joe Lynn Turner, esse sim um cantor bom mas caricato. Botei os dois no mesmo saco durante um tempo.

Esse tom mordaz deixou de existir nos últimos dois anos. E deixou de existir porque finalmente eu conheci o que o Glenn Hughes fez fora dos discos do Deep Purple. Desde que eu pesquisei muito sobre a vida e a obra do Hughes pra entrevistá-lo, em 2009. E ainda mais especialmente desde que ele supervisou a produção dos remasters de Stormbringer e Come Taste The Band e inventou o Black Country Communion.

Pra mim, Hughes fazia um excelente trabalho no estúdio, mas no palco estragava. Não consigo deixar de ter essa impressão ouvindo os shows e sua performance neles, e tenho pilhas de exemplos concretos. Pra mim, havia muito pouco que diferenciasse isso do que o Joe Lynn Turner fez, em essência.

Outra coisa que me desinteressou do Glenn Hughes por muito tempo foi o fato de ele ter se detonado usando drogas. As únicas substâncias alteradoras de consciência que eu uso são bebida (geralmente com moderação), música e gibis. E durante muito tempo acabei medindo meus músicos favoritos por essa minha régua. Até porque as coisas que Hughes usava o prejudicavam demais. Sendo que ele é um BAITA músico em situações controladas. Excelente baixista, grande cantor. Se mistura soul na sua música, e se isso não é do meu gosto direto geralmente, é o menor dos fatores.

Pesquisando sua vida, porém, descobri o que mais ele gravou depois de limpar a cara. Descobri o quanto ele é gente fina, aberto, bonachão. Ainda não li sua biografia inteira, só trechos, mas estou doido para ler. Do pouco que li, achei bem mais interessante que a do Gillan ou a do Blackmore, as outras duas que já li.

A diferença é basicamente a mesma entre um filme e um documentário. O que é mais interessante nas vidas de Blackmore e Gillan é a música que fizeram. Já a vida de Hughes é turbulenta. Se algum membro do Deep Purple se reinventou várias vezes, foi ele. Perto dos perrengues dele, os dos outros são fichinha.

Ganhei muito respeito pelo Hughes por conta dessa pesquisa. Mas isso não mudou minha avaliação musical sobre sua atuação no Deep Purple.

Não faço segredo de que para mim o melhor do Deep Purple está na Mk2. Ainda acho que ao vivo o Hughes queria tanto mostrar seu talento como cantor que a banda inteira acabava se perdendo sem uma linha de baixo firme na hora do improviso - pra mim, esse improviso é o ponto alto dos shows da Mk2. Tenho como provar, especialmente com o DVD "Phoenix Rising", que os exageros de Hughes foram fatores importantíssimos para o Deep Purple quase acabar em 1975 e acabar no ano seguinte. Ele mesmo diz que achava chato esse negócio de solar por sei lá quanto tempo, que é o que eu mais gosto na Mk2.

Acho, porém, que com a idade fui ficando mais propenso a avaliar os outros pelo que são, com suas qualidades e seus defeitos, em vez de avaliá-los pelo que eu gostaria que fossem. E, caramba, eu posso não gostar da performance do Hughes tocando Space Truckin' em 1974, mas hoje sei o quanto ele estava prejudicado.

Mas nunca vou esquecer o quanto eu fiquei grato quando:

1) Ouvi o remaster de Stormbringer, o meu primeiro disco do Purple. Com um sorrisão de orelha a orelha.

2) Eu não conseguia piscar vendo Hughes ensaiar Holy Man acústico em São Paulo, depois de eu entrevistá-lo.

3) Eu estava deprimido numa tarde de sábado, cheio de problemas na cabeça, e casualmente ouvi pela primeira vez o primeiro disco do Black Country Communion. Aquele baixo supersônico da abertura mandou meus problemas pra muito longe. IIIII am a messengeeeer... and this is my prophecyyyy... I'm going baaaaaaack... to the Blaaaaack Country...

Na mesma hora tuitei: "Has @glenn_hughes forgotten he's not a kid anymore? Old men are not supposed to play like this". Ele me mandou uma DM na hora, faceiríssimo.

Hoje, se tem algum ex-membro do Deep Purple fazendo música nova de um jeito que empolgaria o Marcelo que descobriu um Stormbringer empoeirado em 1990, é o Glenn Hughes. Pena, porém, que ele apanhou tanto da vida (e deste blog) até chegar a este ponto. Acho até que é pra compensar isso que eu falei tanto nele aqui nos últimos meses.

Abração, meu grande. Depois diga lá o que achou dos posts recentes sobre ele.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Será que eles vêm aí?

Nos comentários a um post anterior, o King Deletado I alerta para esta marcação do The Highway Star de que haverá um show do Deep Purple em Buenos Aires dia 16 de outubro. São três datas argentinas no calendário: 14, 16 e 18.

Enquanto isso, um jornal do Recife informa: se for fechado contrato, o Purple toca lá dia 8 de outubro.

Ou seja: há uma turnê sul-americana em preparação, que talvez passe pelo Brasil inclusive antes de Buenos Aires. As datas daqui ainda não estão confirmadas, mas aparentemente há negociações. Alguém sabe quem está marcando via São Paulo? E para quais datas?

E será que vai ter parceria com orquestra local, como nas turnês europeia e norte-americana deste ano? Se sim, qual seria a orquestra aqui? Em 2000, eles tocaram o Concerto com a Jazz Sinfônica. Em 2009, Jon Lord tocou com a Sinfônica Municipal.

A dúvida: eles gravam o disco novo antes ou depois dessa turnê?

terça-feira, 16 de agosto de 2011

1991+20: Você estava lá?

Vários leitores do Purpendicular têm lembranças dos shows históricos de 1991, que a partir de hoje completam 20 anos.

Conte aqui nos comentários a sua lembrança e até domingo eu amarro tudo num post especial.

1991+20: Gillan deu o primeiro gostinho

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. Que se completam HOJE, aliás, mas o post sobre essa turnê é o próximo. Neste terceiro post da série, vemos como Ian Gillan foi o primeiro ex-membro do Deep Purple a atiçar a sede da brasileirada tocando coisas do Deep Purple.

No final dos anos 80, Gillan estava gordo, bebendo demais... e desempregado. Sua demissão do Deep Purple, em 1988, foi algo muito chato.

O clima não estava bom havia muito tempo. Além das brigas com o Blackmore, que o acusava de viver esquecendo letras (e esquece até hoje, mas com elegância), Gillan chegou a dizer numa coletiva que o empresário deles, Bruce Payne, era um babaca ("dickhead"). Em sua biografia, Gillan diz que sacou que estava tudo indo pro ralo na banda quando o baterista Ian Paice lhe disse que não chegava perto do instrumento quando não tinha show.

Apesar de todo o clima ruim, o estopim da demissão mesmo foi a discussão sobre como gravar um disco para o qual a banda há havia composto algumas coisas - o sucessor de House of Blue Light. Gillan insistiu que a banda fizesse uma baita produção desse disco, num grande estúdio de Nova York. Jon Lord foi o mais vocalmente contra. Então, Gillan pegou a questão dos estúdios pra chamar Bruce Payne de "inútil pra caralho". Silêncio sepulcral. Os membros da banda foram embora, um por um.

"Sobrou Roger. Roger, meu querido amigo de tantos anos, se inclinou sobre a mesa, de punho cerrado, e olhou na minha cara. 'Ian', ele disse, 'desta vez você foi longe demais'." Dias depois, o cantor estava no estúdio de sua casa quando recebeu um telefonema de seu empresário, Phil Banfield, informando formalmente o inevitável.

Com o apoio da sua mulher, Bron ("Gubbins, agora você pode fazer o que realmente quer"), Gillan juntou um grupo de músicos e começou a se apresentar em 1989, sob o nome Garth Rockett and the Moonshiners. O guitarrista, Steve Morris, compunha coisas - e disso veio o disco Naked Thunder, lançado em julho de 1990.

Foi para promover esse disco que Ian descobriu a nova geografia do mundo pós-queda do Muro de Berlim.

Ele começou sua turnê pela ainda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em maio. Passou pela Armênia, Geórgia e Ucrânia, países do outro lado da Cortina de Ferro que mal estavam conquistando a liberdade de ouvir rock e rezar. Em sua turnê por esses países, Gillan foi anunciado como o cantor que fez o papel de Jesus Cristo (Superstar), o que lhe atraiu narizes torcidos e momentos de reverência indevida. Na Geórgia, celebrou pela segunda vez seu casamento com Bron, numa cerimônia encomendada pela agência de notícias russa Tass.

Foi em agosto que ele chegou ao Brasil, vindo direto da Dinamarca. Tocou em quatro datas, segundo seu site:

03.08.90 Sao Paolo Projeto SP, Brazil - broadcast on radio.
04.08.90 Sao Paolo Projeto SP, Brazil
06.08.90 Rio Teatro Nacional, Brazil
08.08.90 Porto Alegre, Brazil or Curitiba Aluba Pavilion


(Certamente essa foi Curitiba. Porto Alegre não foi.)

Veja, estávamos em pleno Plano Collor. O Brasil estava com os pés afundados numa economia dos diabos. Poucos grandes shows ainda vinham ao Brasil. O do Gillan, no Projeto SP, foi aparentemente o maior show que São Paulo recebeu em 1990.

O jornalista André Forastieri resenhou os shows na Bizz. Diz ele que o Projeto SP ficou "abarrotado" para ouvir pela primeira vez "Strange Kind of Woman", "Knocking at your Back Door" e "Smoke on the Water" na voz original, ainda que com guitarra, baixo e bateria emprestados. "Gillan - recém-chegado de seis semanas excursionando pela URSS - misturou clássicos do Purple, velharias da Ian Gillan Band e novidades do álbum solo Naked Thunder", escreveu.

O vídeo abaixo é de um desses shows. Gillan canta "No Good Luck", do então disco novo.



Em sua passagem pelo Rio, Gillan chegou a gravar imagens muito das canastronas para um clipe da mesma música:



Ian Gillan abriu as comportas, e no ano seguinte viriam os outros quatro quintos da Mk2.

A essas alturas, o Deep Purple estava gravando o primeiro disco da Mk5, entre Orlando (Miami) e Nova York. A banda tinha um novo vocalista, Joe Lynn Turner, que veio cheio de ideias. Segundo o próprio Turner admitiu em entrevista para a biografia de Ritchie Blackmore, Turner já chegou puxando briga com Jon Lord. "Você é o passado, eu sou o futuro", disse o novo cantor no meio de um discurso em defesa da gravação de "power ballads" como Love Conquers All.

Foi com esse "cantor do futuro" que o Deep Purple começou sua turnê mundial pela Hungria, em fevereiro de 1991. Essa turnê começaria por um país ex-comunista e terminaria em meio à Guerra do Golfo. Quase no finzinho, pisou no Brasil - e é essa perna que completa 20 anos hoje e será assunto do próximo post.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Terceiro DVD de Montreux a caminho

Mal faz um mês que os mestres tocaram em Montreux e a Eagle já está anunciando o DVD com o show - que tem a companhia de uma orquestra, na turnê "Songs That Built Rock", e marca os 40 anos do famoso incêndio do cassino.

Será o terceiro DVD do Deep Purple em Montreux na coleção da Eagle Rock e o quarto lançamento com shows da banda na cidade que deu origem a "Smoke on the Water". Até agora, já temos:

Live in Montreux 1969 (só em CD, com a Mk2)
Live at Montreux 1996 (com a Mk7)
Live at Montreux 2006 (com a Mk8)

O próximo lançamento, que sai dia 7 de novembro, tem um setlist de resto sem maiores surpresas:
  1. Orchestral Intro
  2. Highway Star
  3. Hard Loving Man
  4. Maybe I’m A Leo
  5. Strage Kind Of Woman
  6. Rapture Of The Deep
  7. Woman From Tokyo
  8. Contact Lost
  9. When A Blind Man Cries
  10. The Well Dressed Guitar
  11. Knocking At Your Back Door
  12. Lazy
  13. No One Came
  14. Don Airey Solo
  15. Perfect Strangers
  16. Space Truckin’
  17. Smoke On The Water
  18. Hush
  19. Black Night

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A solidariedade dos velhos amigos

O Deep Purple ainda não fez nenhuma manifestação oficial sobre o tratamento do Jon Lord. Nem seus membros, em seus sites oficiais.

Até agora, apenas dois ex-membros já se manifestaram: Glenn Hughes, no Twitter, e David Coverdale, no fórum do seu site oficial.

Glenn Hughes
Prayers please: to my friend Jon Lord...we all hope for a speedy recovery...much love..GH
8/9/2011 9:58:05 AM #163487

My sincere thoughts, prayers & love are with Jon & his Family at this time...Such sad news...XX

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Força para mestre Jon Lord


Puta que pariu. É o tipo de notícia que a gente detesta dar, mas sabe que um dia chega.

Mestre Jon Lord, que acaba de completar 70 anos e de virar doutor em música, vai dar um tempo em sua carreira de turnês para cuidar de um câncer. Esta é a mensagem que ele divulgou em seu site:

Quero que todos os meus amigos, seguidores, fãs e companheiros de viagem saibam que estou combatendo um câncer e portanto darei um intervalo das apresentações enquanto me trato e me curo.

É claro que vou continuar escrevendo música - no meu mundo, isso deve ser parte da terapia - e espero estar de volta em boa forma no próximo ano.

Deus os abençoe e até mais,

Jon

Por coincidência, exatamente hoje faz 10 anos que Don Airey fez o primeiro show de um outro tecladista que não fosse o Jon Lord no Deep Purple. Lord havia se afastado da banda pra tratar o joelho. Voltou para uma turnê de despedida no começo de 2002 e a turnê foi interrompida por conta de uma gripe do Gillan. A despedida do Purple aconteceu em setembro de 2002.

É como encarar uma doença de parente, e no começo do ano perdi um tio muito parecido com o Jon Lord pra essa mesma doença. Fiquei sacudido aqui, em dobro. Mas certamente o mestre tem melhores médicos do que o meu tio.

A pedido de Lord, o Highway Star recomenda que se respeite a privacidade do mestre.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

1991+20: Coverdale, o primeiro a pousar aqui

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. O segundo post da série dá um salto de dez anos e chega ao Rock in Rio, onde o primeiro ex-membro do Deep Purple tocou no Brasil. Foi David Coverdale, com o Whitesnake.

A banda foi convidada meio que de improviso. Originalmente, quem tocaria seria o Def Leppard - só que o baterista da banda, Rick Allen, teve um acidente de carro e precisou amputar o braço esquerdo. Ele voltaria a tocar depois, muito bem, mas com menos de um mês para o show a banda precisou ser substituída. Os organizadores do Rock in Rio trocaram então o leopardo surdo pela cobra branca.

Olha a companhia em que o Whitesnake ficou:



Coverdale chegou no dia 9 de janeiro de 1985. No primeiro dia, segundo a Folha, o som foi "tão baixo que decepcionou os mais destemidos metaleiros".

Sim, "metaleiros". Essa era a palavra usada na época. E olha como era a matéria do Fantástico sobre a noite dos metaleiros.



Parou de rir? OK, vamos em frente.

No show, nada de músicas do Deep Purple. Nem "Soldier of Fortune", que faz parte do repertório do Whitesnake até hoje. Mas o guitarrista John Sykes fez um sucesso enorme. A apresentação abriu com uma composição feita quando Jon Lord estava na banda: "Walking in the Shadow of the Blues".



Em sua passagem pelo Rio, o Whitesnake ganhou fama de mulherengo, como informava a Folha:


Coverdale ainda teve tempo de improvisar uma letra sem pé nem cabeça, que teria sido gravada com membros do Roupa Nova e do Rádio Táxi para uma propaganda de cigarro:



Também no Rock in Rio, só que agora na banda do Ozzy Osbourne (o "rock-horror", como diria Sérgio Chapelin), viria um futuro membro do Deep Purple: Don Airey, compositor da célebre introdução de "Mr.Crowley".



Enquanto isso, lá fora, o Deep Purple já tinha voltado à ativa.

Com a reunião da Mk2, eles faziam shows pela Europa reciclando o repertório do Made in Japan e incluindo material do Perfect Strangers. O clima na banda estava excelente, a ponto de Gillan e Blackmore saírem do palco abraçados em algumas noites. Mas isso duraria pouco. Em 1987, o programa "Old Grey Whistle Test", da BBC, foi a Paris com uma caravana de fãs do Purple. Um desses fãs chegou a vir do Reino Unido até o Brasil só pra ver a noite dos metaleiros, a noite do rock-horror do Chapelin.

Nisso, a BBC conseguiu captar o momento em que, pra sacanear tanto o Blackmore quanto a BBC, Gillan, Lord, Paice e Glover não voltaram ao palco pra tocar Smoke on the Water. O vídeo inteiro tem 9 minutos, mas vale ver.



Ao final da turnê de "House of Blue Light", Blackmore sofreu um acidente com a guitarra e quebrou o mindinho. Ficou um tempo de molho. Nesse meio-tempo, decidiu defenestrar Ian Gillan da banda, por julgar que ele estava cantando mal.

Foi exatamente por conta disso que tivemos no Brasil o show de Ian Gillan um ano antes dos outros quatro quintos da Mk2. É esse o assunto do próximo post.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

1991+20: Quando o Deep Purple esqueceu de vir ao Brasil

Esta é a série especial sobre os 20 anos do primeiro show do Deep Purple em solo brasileiro. Começamos com o show que esqueceu de acontecer em 1975. O sonho da primeira vinda do Purple durou exatamente um mês.

Em 1974, o rock estava numa fase áurea e o Deep Purple estava entrando com os dois pés na Mk3. Foi um ano em que a indústria de shows de rock estava começando a chegar ao Brasil. Vieram Alice Cooper, Miles Davis e Jackson Five (era considerado rock, não me olhem assim). Na época, a revista Visão classificava aquele ano como "a primeira tentativa brasileira de trabalhar o show business como indústria".

Foi também o ano em que a Folha de S.Paulo inaugurou sua página dedicada ao rock - e o colunista Carlos A.Gouvea também falava no lado "business" do rock ao lado dos lançamentos. Como o acervo da Folha está todo online, pude dar uma olhada no que aconteceu naquele ano - e tive grandes surpresas.

"Burn" foi lançado por aqui em julho de 1974, três meses depois da performance literalmente incendiária do Blackmore no California Jam. A resenha na Folha veio junto com a de "Bang", o disco do James Gang em que Tommy Bolin tocou. E olha que surpresa: para Gouvea, o som do disco "chega a lembrar um pouco o Deep Purple".



Em setembro, os fãs do Deep Purple deviam socar o ar como Pelé ao fazer um gol, ao ler a resenha do show de Jackson 5. Gouvea em certo ponto passou a falar sobre os empresários que os trouxeram, os "capitalistas do rock". A mesma empresa que trouxe Michael Jackson e seus irmãos também prometeu trazer outras grandes bandas da época, inclusive... o Deep Purple. A nossa banda favorita estava marcada para vir em janeiro de 1975, segundo a Folha, trazida por uma joint-venture entre um brasileiro e um francês:



O sócio brasileiro da empreitada era George Ellis, que Gouvea faz questão de dizer que era empresário de espetáculos de primeira viagem e havia vendido sua fazenda para financiar a aventura.

Ellis associou-se ao francês Albert Koski, que segundo a Folha levou os Rolling Stones para a França, e também ao lendário empresário de espetáculos americano Howard Stein. A ideia era trazer artistas gringos para o Brasil e levar artistas brasileiros lá pra fora. A sociedade com o americano foi anunciada na Billboard uma semana antes de o show do Deep Purple ser anunciado:



George Ellis também foi empresário do cantor Ney Matogrosso, mas a parceria foi rompida em 1975. Hoje, ele é o sócio-fundador da empresa IdeiasNet, conceituado no ramo digital. Embora eu tenha deixado recados para ele no Twitter e no LinkedIn, ainda não rolou de conversarmos. Mas espero que role. Será uma satisfação imensa ouvi-lo.

Bom, voltando ao show: a empreitada dos Jacksons deu prejuízo. Imagina a economia brasileira em meio à ditadura militar e em pleno choque internacional do petróleo. Dólar lá em cima e tal. Mesmo assim, a empresa anunciou que traria o Paul McCartney.



Em outubro, quando seria a vez de o Traffic tocar no Brasil, a coisa furou. Na coluna "Traffic: o sonho acabou", Gouvea dizia que não tinha mais chance de o Deep Purple rolar em janeiro. E vai mais além: diz que os empresários anunciavam King Crimson mesmo com a banda tendo acabado dois meses antes. E que Ellis entendia era de fazenda (esta foi golpe baixo, eu diria).



Dia 21 de outubro, Gouvea estava mais de cabeça fria, numa reportagem sobre o fato de o Brasil estar começando a descobrir o mercado do rock. Fala da produção do show do Alice Cooper e diz o seguinte sobre as empreitadas de Ellis:



Ele dá o benefício da dúvida com o "vamos esperar". Mas já não havia esperança. O sonho de ver o Deep Purple no Brasil em janeiro de 1975 já havia caído por terra.

Naquele mês, a Koski Ellis Produções ganhou uma projeção grande na MPB, ao produzir o show Elis & Tom. Ele rendeu um dos melhores discos da história da MPB.

E o Purple?

Por essa época já estava gravado o Stormbringer (que chegaria aqui em fevereiro de 75) e, embora a imprensa daqui não soubesse, o Blackmore já estava cada vez mais distante da banda. No começo de 1975, eles se apresentariam apenas no festival de Sunbury, na Austrália, em 25 de janeiro - pra depois entrar em férias até a turnê europeia em que Blackmore deixou a banda, dia 7 de abril.

O primeiro show do Deep Purple, então, esqueceu de acontecer. Meros 14 meses depois da data marcada, a banda estava acabada e entraria num recesso de 8 anos.

O primeiro pedacinho do Purple a se ouvir em solo brasileiro viria só em 1985, com a chegada de David Coverdale para tocar no Rock in Rio com o Whitesnake. É o assunto do próximo post especial.

ARE YOU READY????

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os 20 anos da primeira vinda ao Brasil

Dia 16, faz 20 anos que o Deep Purple tocou no Brasil pela primeira vez.

Eu ainda lembro da minha ansiedade lá em Porto Alegre. Tenho até hoje os recortes dos jornais de lá e revistas de rock da época sobre os shows.

Em homenagem a esse aniversário, agora em agosto vou escrever alguns posts especiais sobre as vindas do Deep Purple ao Brasil.

O primeiro será sobre a vinda deles em janeiro de 1975. A vinda que esqueceu de ocorrer.

Comequié? Aguarde e confie.