segunda-feira, 25 de fevereiro de 2002

Deep Purple no The Times

O jornal "The Times", de Londres, publicou na quinta-feira uma resenha muito simpática sobre o show em Brighton, no dia 19. O Gillan estava visivelmente gripado, mas sua voz ainda estava boa --e a simpatia dele sempre ajuda. O show mereceu quatro estrelas, faltando apenas uma para obter a cotação máxima do jornal inglês, um dos mais importantes do mundo.

Traduzo abaixo a íntegra da resenha, assinada por Paul Sexton:



Deep Purple
by Paul Sexton
Rock: Brighton Centre


"ESTE é um aniversário", disse Ian Gillan, sério, antes que o Deep Purple tocasse um bis com Hush. "Fazem exatamente cem anos que gravamos esta música." Primeira regra da comédia do hard rock: faça suas piadas autodepreciativas primeiro. Ele exagerou um pouco, mas Hush é tão velha que é anterior ao reinado do frontman Gillan e do baixista Roger Glover no Purple, e isso já tem 33 anos. É estranho então que, enquanto os soldados rasos da invasão americana do nu-rock triunfam de cabo a rabo na Grã-Bretanha, o retorno de velhos e grisalhos roqueiros como esses, que começaram toda essa história de cabelo comprido e de sacudir a cabeça, mal e mal registre um aceno da mídia.

À parte de tudo, Gillan deve ter desafiado ordens médicas para aparecer. Uma tosse forte fazia com que ele precisasse de constante atenção no meio da música, mas ele nunca resmungava e até mesmo aproveitava o momento para fazer mais graça ("vou agora para trás da tela para preparar um pequeno truque").

Os Purps estão, como dizem os americanos, em um lugar muito mais alegre atualmente, desde que Ritchie Blackmore foi substituído pelo americano Steve Morse, um modelo de eletricidade potente e disciplinada. Seu momento desgarrado veio em uma farra de riffs famosos, de Peter Gunn até Layla, inevitavelmente preparando a entrada do Deep Purple naquele ícone musculoso, Smoke on the Water. Sim, eles ainda a tocam e, sim, sem elogios gratuitos, ela ainda eletriza. O truque do Purple, agora e sempre, é a coalizão de uma guitarra ágil mas econômica, os vocais elásticos de Gillan e os maravilhosos motivos barrocos do teclado de Jon Lord, enquanto o baixo de Roger Glover e a bateria de Ian Paice mantêm a bem-azeitada casa das máquinas rodando. A mistura estava no ponto em Black Night, Perfect Strangers e outras peças como No One Came e Mary Long, esta escrita a respeito de dois detratores dos dias mais controversos do Purple, Mary Whitehouse e Lord Longford.

Em um certo ponto, um fã que veio para a frente do palco para apertar mãos, correu como se tivesse ganho o campeonato de Wembley só porque havia tocado a perna de Roger Glover. É essa a afeição ainda engendrada por esses cinco articulados artesãos, a maior parte deles em seus cinqüenta e poucos anos, que têm a aparência de quem ainda curte tomar uma cerveja juntos.

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