quarta-feira, 3 de setembro de 2003

A coletânea que falta

Pessoalmente, eu não curto coletâneas do Deep Purple. Toda coletânea é redutora. Serve pra apresentar o Purple às namoradas. Serve pra dar de presente pra um amigo. Mas a única que eu faço questão de manter em casa é a Singles As & Bs (e só por causa de Hallellujah e Coronarias Redig). O resto tudo eu prefiro ouvir nos álbuns, dentro de seu contexto original. Mais ainda: dentro da ordem selecionada pela banda.

Outra coletânea que eu compraria, e que não sei por que não lançam, é uma com as músicas do Purple gravadas na BBC. Nos anos 70, existia uma cláusula contratual das gravadoras que tornava caríssimo para as rádios usar o original gravado. Então, a BBC convidava os caras para entrar no estúdio deles e tocar uma versão tão semelhante quanto possível à que foi gravada – e é dessa safra em parte que sai toda aquela cacetada de Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Hendrix na BBC.

O Purple tem um material belíssimo nessas sessões. Tu vês as músicas se desenvolvendo - caso de Speed King, gravada por duas vezes no estúdio da BBC (a primeira como "Ricochet" ou "Kneel and Pray"). E tem algumas raridades, como o Gillan cantando Bird Has Flown e a banda gravando um instrumental chamado Grabsplatter.

Pois essas raridades existem, mas espalhadas. Todas as da Mark 1 saíram nos remasters dessa fase. As da Mark 2 continuam bagunçadas: um pouco saiu no Listen, Learn, Read On; alguma coisa saiu naquele vinil "The Anthology", duplo, e no CD triplo com o mesmo nome. De resto, o que era ao vivo daquela época saiu em "In Concert 70-72" e "Live in London", mas o que me interessa é o que é de estúdio. E isso está disperso na pirataria.

Há dois anos, consegui coletar todo o material que o Purple fez nos estúdios da BBC entre 69 e 70 (eles passaram a não ser tão bem-vindos nos estúdios deles por causa de "Black Night", que um DJ da época achou uma concessão grande demais ao comercialismo) e gravei um CD pra consumo próprio, por ordem de data. É de arrepiar a espinha, se ouves na mesma tarde do Concerto e do In Rock.

Se um dia a Purple Records lançar isso com um livretinho do Simon Robinson, podem cobrar o preço que quiserem que eu pago sem achar nem um pouco ruim.

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