sexta-feira, 26 de dezembro de 2003
Compromisso marcado
Qualquer fã do Purple que ganhe na Megasena acumulada nos próximos meses já tem compromisso marcado no novo ano: Jon Lord vai apresentar o Concerto para Grupo e Orquestra na Áustria, em 11 de setembro. Não está confirmado se o Steve Morse vai tocar. Kirstjan Järvi, regente da Tonkuenstler Orchestra de Viena e um músico bastante antenado em fusões de sons, será o terceiro maestro a pôr as mãos na obra-prima de Jon Lord.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2003
Marca Diabo
Tá no Marca Diabo, do grande Giuliano Ventura, uma nova versão do meu texto sobre como Tom Jobim compôs o riff de Smoke on the Water.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2003
Mr. Madman
Não estou curtindo nem um pouco a sobreexposição do Ozzy. Sempre respeitei o cara, até pelo meu passado de metaleiro e tal. Claro, tinha as histórias de morder morcegos no palco, e nunca esqueço da performance dele fazendo omelete no vídeo "O Declínio da Civilização Ocidental, Parte 2 - Os Anos do Heavy Metal", gaguejando e se descoordenando porcamente. Era vez que outra, entrava nos anais do folclore roqueiro.
Mas nos últimos dois anos toda semana o Ozzy arranja algum escândalo familiar pra aparecer pelo pior motivo possível. Primeiro veio a bajulação à rainha da Inglaterra, lembram? Antes ele também profanou a letra de War Pigs - transformando um hino antimilitarista em historinha de bruxas new age. Depois veio o reality show na MTV, doença "terminal" da mulher dele, piração do filho, filha cantando música da Madonna e demonstrando gostar de mulher... Semana passada foi aquela história da bolinação. Hoje, tá no Estadão que ele está processando o psiquiatra dele porque deu uns remédios que deixavam ele muito fora do ar.
Que diabos se passa com o Ozzy? Resolveu levar a sério os comentários de que ele se tornou uma caricatura de si mesmo?
Há alguns meses, alguém escreveu pro site do Ian Gillan perguntando se ele não pretendia fazer um reality show que nem o do Ozzy. "Is nothing sacred anymore???", foi a resposta do mestre. Por essas e outras é que eu respeito imensamente o Deep Purple.
Claro, curto o Black Sabbath. A fase do Ozzy é um primor. Mas... bem que ele podia se respeitar um pouco mais.
Mas nos últimos dois anos toda semana o Ozzy arranja algum escândalo familiar pra aparecer pelo pior motivo possível. Primeiro veio a bajulação à rainha da Inglaterra, lembram? Antes ele também profanou a letra de War Pigs - transformando um hino antimilitarista em historinha de bruxas new age. Depois veio o reality show na MTV, doença "terminal" da mulher dele, piração do filho, filha cantando música da Madonna e demonstrando gostar de mulher... Semana passada foi aquela história da bolinação. Hoje, tá no Estadão que ele está processando o psiquiatra dele porque deu uns remédios que deixavam ele muito fora do ar.
Que diabos se passa com o Ozzy? Resolveu levar a sério os comentários de que ele se tornou uma caricatura de si mesmo?
Há alguns meses, alguém escreveu pro site do Ian Gillan perguntando se ele não pretendia fazer um reality show que nem o do Ozzy. "Is nothing sacred anymore???", foi a resposta do mestre. Por essas e outras é que eu respeito imensamente o Deep Purple.
Claro, curto o Black Sabbath. A fase do Ozzy é um primor. Mas... bem que ele podia se respeitar um pouco mais.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2003
Especial sobre o Glover em sua terra natal
Roger Glover, o homem do baixo do Deep Purple, fez 58 anos no último dia 30. O programa Wales This Week, do País de Gales (terra natal do baixista gentefiníssima), fez um especial sobre ele, que pode ser visto na internet. A um jornal local, ele segue os passos do Gillan em dizer que não é uma lenda e conta os detalhes saborosos de sua história:
" 'Experimentamos a vida que muitos acham que é legendária. E não me arrependo de nada. Eu era jovem, solteiro e mais rico do que poderia imaginar mesmo nos meus sonhos mais doidos. Curti muito aquele tempo.'
Mas, apesar das lendas, Glover insiste em que o Deep Purple nunca foi uma banda chegada em drogas quando ele esteve com eles. Ele admite que sua maior fraqueza eram as groupies. 'Eu tirava fotos delas se elas deixassem. No dia seguinte, o resto do Purple chegava e perguntava: 'e aí, o que você pegou ontem, Rog?' E lá vinham as polaroids.'
Mas Roger logo pagou por seus excessos quando desenvolveu uma dor na virilha. 'Fui ao médico, ele me deu um remédio e disse pra eu pegar leve. Eu conseguia subir ao palco, mas depois do show sempre tinha uma puta festa em dezenas de quartos. Infelizmente, o remédio funcionava como afrodisíaco. Eu ia pegar leve? Não, tinha outra festa, outra garota. Mas eu pagava por isso com dor'."
" 'Experimentamos a vida que muitos acham que é legendária. E não me arrependo de nada. Eu era jovem, solteiro e mais rico do que poderia imaginar mesmo nos meus sonhos mais doidos. Curti muito aquele tempo.'
Mas, apesar das lendas, Glover insiste em que o Deep Purple nunca foi uma banda chegada em drogas quando ele esteve com eles. Ele admite que sua maior fraqueza eram as groupies. 'Eu tirava fotos delas se elas deixassem. No dia seguinte, o resto do Purple chegava e perguntava: 'e aí, o que você pegou ontem, Rog?' E lá vinham as polaroids.'
Mas Roger logo pagou por seus excessos quando desenvolveu uma dor na virilha. 'Fui ao médico, ele me deu um remédio e disse pra eu pegar leve. Eu conseguia subir ao palco, mas depois do show sempre tinha uma puta festa em dezenas de quartos. Infelizmente, o remédio funcionava como afrodisíaco. Eu ia pegar leve? Não, tinha outra festa, outra garota. Mas eu pagava por isso com dor'."
quinta-feira, 27 de novembro de 2003
Anunciadas as faixas do remaster
Foram anunciadas as faixas do remix de Burn:
01. Burn
02. Might Just Take Your Life
03. Lay Down Stay Down
04. Sail Away
05. You Fool No One
06. What's Goin' On Here
07. Mistreated
08. A 200
09. Mistreated remix
10. You Fool No One remix
11. Burn remix
12. Sail Away remix
13. Coronarias Redig
01. Burn
02. Might Just Take Your Life
03. Lay Down Stay Down
04. Sail Away
05. You Fool No One
06. What's Goin' On Here
07. Mistreated
08. A 200
09. Mistreated remix
10. You Fool No One remix
11. Burn remix
12. Sail Away remix
13. Coronarias Redig
sexta-feira, 21 de novembro de 2003
Livro sobre Jon Lord
Acaba de sair na Inglaterra um livro sobre a obra orquestral de Jon Lord, chamado "Gemini Man". O autor é Vince Budd, um grande estudioso de música erudita e fã do Purple - ele é o autor dos encartes dos relançamentos em CD dos discos do Jon (como estas notas a Sarabande, e também escreveu o melhor artigo que já vi no mundo, analisando duas peças musicais do Deep Purple - o Concerto para Grupo e Orquestra e a Gemini Suite.
"Gemini Man" tem cem páginas, em formato A5 (meio-ofício). Eu compraria, mas parece que é bem caro (14 libras, ou R$ 70, incluindo postagem) porque a tiragem é pequena. Vince vai a fundo nas influências por trás do trabalho do TOMATO, e mostra o contexto clássico da obra do Lord.
"Gemini Man" tem cem páginas, em formato A5 (meio-ofício). Eu compraria, mas parece que é bem caro (14 libras, ou R$ 70, incluindo postagem) porque a tiragem é pequena. Vince vai a fundo nas influências por trás do trabalho do TOMATO, e mostra o contexto clássico da obra do Lord.
Do túnel do tempo
Vocês conseguem identificar o Ritchie Blackmore, então com 15 anos, nessa foto de Screaming Lord Sutch & The Savages?
quinta-feira, 20 de novembro de 2003
Master from the Vaults
Está saindo do forno o DVD "Master From the Vaults", com imagens do Deep Purple nos anos 70 e da banda Gillan nos 80. Tem o seguinte:
• Mandrake Root, Improvisation
• Speed King
• Child in Time
• Wring that Neck
• No No No
• Hallelujah
• Highway Star
• When a Blind Man
cries*
• Demon's Eye*
• Lucille*
• Smoke on the Water*
*pelo Ian Gillan
Cabe lembrar que esse DVD vale MUITO mais a pena que outro recentemente lançado - que tem três músicas do Deep Purple no programa alemão Beat Club (Hallellujah, Highway Star e No No No). Esse aí, além das três, tem bem mais coisas.
O Erich Estrada garante que entre Mandrake Root e Wring That Neck vem do Doing Their Thing.
O Zé Roberto já avisa que vai ter na loja dele, mas a um preço meio salgado (uns R$ 90). Eu acho que vale. Zé, bota aí pra gente o link ou o email da tua loja, pra quem estiver interessado.
• Mandrake Root, Improvisation
• Speed King
• Child in Time
• Wring that Neck
• No No No
• Hallelujah
• Highway Star
• When a Blind Man
cries*
• Demon's Eye*
• Lucille*
• Smoke on the Water*
*pelo Ian Gillan
Cabe lembrar que esse DVD vale MUITO mais a pena que outro recentemente lançado - que tem três músicas do Deep Purple no programa alemão Beat Club (Hallellujah, Highway Star e No No No). Esse aí, além das três, tem bem mais coisas.
O Erich Estrada garante que entre Mandrake Root e Wring That Neck vem do Doing Their Thing.
O Zé Roberto já avisa que vai ter na loja dele, mas a um preço meio salgado (uns R$ 90). Eu acho que vale. Zé, bota aí pra gente o link ou o email da tua loja, pra quem estiver interessado.
terça-feira, 18 de novembro de 2003
Foi Antônio Brasileiro quem soprou essa toada
Por incrível que pareça, o riff de Smoke on the Water - aquele, mundialmente elogiado pela simplicidade dos três acordes e universalmente evitado por vendedores de guitarras - foi na verdade composto por... Antonio Carlos Brasileiro Jobim.
Não, Tom Jobim não estava em Montreux em 1971 e tampouco assistiu ao cassino pegando fogo. (Certamente esteve alguma vez no festival de jazz, e o "funky" Claude Nobs certamente tem discos de MPB em sua vastíssima coleção.) Provavelmente, Jobim também não conhecia os guris do Deep Purple, e acho até que nem eles eram fãs do maestro soberano.
Esta história começa no fórum gringo do Deep Purple. Em um dos tópicos, o colega sul-africano Jouni aponta para um link de um site com trechos do disco da cantora de technobossa Rosália de Souza. "Escutem a faixa 'Maria Moita' - escreveu - E depois digam se reconhecem aquele trechinho musical pegajoso".
Mesmo que num ritmo manhoso, não tinha como não reconhecer o dã-dã-dã. Era, sem dúvida, o riff de Smoke on the Water. Mas o cancioneiro da bossa nova foi composto em sua quase integralidade nos anos 60, então havia chances de ser mais velho que Smoke on the Water.
Era. Pior que era.
Pesquisando na internet, vi que em 1964 a Nara Leão já cantava Maria Moita em festivais. A música, composta por Carlos Lyra e com letra de Vinícius de Moraes, era no mínimo oito anos mais velha que Smoke on the Water. Busquei outros trechos de outras versões da música pra ver se o fraseado continuava lá. Continuava. A cifragem de Maria Moita está aqui.
Aprofundando mais a pesquisa, encontrei o seguinte trechinho de entrevista do Carlos Lyra no site do Tom Jobim:
"E ele também fez uma introdução para 'Maria Moita', que eu mantive para sempre, herdei dele. E teve também uma volta, quando eu sugeri que ele mudasse uma nota em 'O morro não tem vez'. A frase melódica dele era mais para o blues, e ele acabou adotando a que eu mostrei, e ele disse: 'Esta é mais popular, é mais o morro, já não é aquela coisa de morro dos Estados Unidos, um negócio de Beverly Hills, esse morro é mais carioca.' E a gente trocava figurinha assim, o tempo todo, que era uma coisa muito gostosa."
Não é novidade que os caras do Purple ouviam jazz, e bossa nova era o fino do jazz entre o final dos anos 60 e começo dos 70. O guitarrista Ritchie Blackmore roubava fraseados para fazer riffs, sem se preocupar muito. O riff de "Burn", por exemplo, é completamente chupado de "Fascinating Rhythm", dos irmãos George e Ira Gershwin; "Child in Time" foi roubo do Jon Lord - o teclado da introdução é uma cópia mais lenta de "Bombay Calling". Há uma série de casos assim, que relatei há tempos aqui.
"Smoke on the Water", porém, era até hoje tida como completamente original.
Alguém aí tem o telefone do Carlos Lyra? Estou indo atrás da conexão Deep Purple também. Creio que o segredo seja o Claude Nobs.
Não, Tom Jobim não estava em Montreux em 1971 e tampouco assistiu ao cassino pegando fogo. (Certamente esteve alguma vez no festival de jazz, e o "funky" Claude Nobs certamente tem discos de MPB em sua vastíssima coleção.) Provavelmente, Jobim também não conhecia os guris do Deep Purple, e acho até que nem eles eram fãs do maestro soberano.
Esta história começa no fórum gringo do Deep Purple. Em um dos tópicos, o colega sul-africano Jouni aponta para um link de um site com trechos do disco da cantora de technobossa Rosália de Souza. "Escutem a faixa 'Maria Moita' - escreveu - E depois digam se reconhecem aquele trechinho musical pegajoso".
Mesmo que num ritmo manhoso, não tinha como não reconhecer o dã-dã-dã. Era, sem dúvida, o riff de Smoke on the Water. Mas o cancioneiro da bossa nova foi composto em sua quase integralidade nos anos 60, então havia chances de ser mais velho que Smoke on the Water.
Era. Pior que era.
Pesquisando na internet, vi que em 1964 a Nara Leão já cantava Maria Moita em festivais. A música, composta por Carlos Lyra e com letra de Vinícius de Moraes, era no mínimo oito anos mais velha que Smoke on the Water. Busquei outros trechos de outras versões da música pra ver se o fraseado continuava lá. Continuava. A cifragem de Maria Moita está aqui.
Aprofundando mais a pesquisa, encontrei o seguinte trechinho de entrevista do Carlos Lyra no site do Tom Jobim:
"E ele também fez uma introdução para 'Maria Moita', que eu mantive para sempre, herdei dele. E teve também uma volta, quando eu sugeri que ele mudasse uma nota em 'O morro não tem vez'. A frase melódica dele era mais para o blues, e ele acabou adotando a que eu mostrei, e ele disse: 'Esta é mais popular, é mais o morro, já não é aquela coisa de morro dos Estados Unidos, um negócio de Beverly Hills, esse morro é mais carioca.' E a gente trocava figurinha assim, o tempo todo, que era uma coisa muito gostosa."
Não é novidade que os caras do Purple ouviam jazz, e bossa nova era o fino do jazz entre o final dos anos 60 e começo dos 70. O guitarrista Ritchie Blackmore roubava fraseados para fazer riffs, sem se preocupar muito. O riff de "Burn", por exemplo, é completamente chupado de "Fascinating Rhythm", dos irmãos George e Ira Gershwin; "Child in Time" foi roubo do Jon Lord - o teclado da introdução é uma cópia mais lenta de "Bombay Calling". Há uma série de casos assim, que relatei há tempos aqui.
"Smoke on the Water", porém, era até hoje tida como completamente original.
Alguém aí tem o telefone do Carlos Lyra? Estou indo atrás da conexão Deep Purple também. Creio que o segredo seja o Claude Nobs.
Para futuro granicídio
Olha que delícia este DVD do Jon Lord que sai na semana que vem lá fora: é um documentário com uma longa entrevista do mestre e o registro da turnê solo que ele fez depois de sair do Deep Purple. Ele conta por que saiu da banda, mostra o que tem feito e anuncia seus planos para o futuro. Há imagens dele com o Deep Purple, com a Hoochie Coochie Men, e com a Queensland Orchestra e a banda george, tocando o Concerto regido por Paul Mann.
O DVD dura uma hora e meia e tem as seguintes músicas:
1. Concerto For Group And Orchestra
2. Who's Been Talkin'
3. 24/7 Blues
4. When A Blind Man Cries
5. Back At The Chicken Shack
6. Boom Of The Tingling Strings (a nova composição orquestral do mestre, para piano)
7. Pictured Within
O DVD dura uma hora e meia e tem as seguintes músicas:
1. Concerto For Group And Orchestra
2. Who's Been Talkin'
3. 24/7 Blues
4. When A Blind Man Cries
5. Back At The Chicken Shack
6. Boom Of The Tingling Strings (a nova composição orquestral do mestre, para piano)
7. Pictured Within
sábado, 15 de novembro de 2003
A lista de exigências de Ritchie Blackmore
Quem foi Blackmore nunca perde a majestade. Um pequeno jornal inglês conta sobre a lista de exigências feita pelo guitarrista. Não pode rir:
"A lenda do rock Ritchie Blackmore não pede muita coisa para vir tocar em Workington - nada além de uma floresta viva, uvas sem sementes, um jantar à luz de velas para dois, mil libras em dinheiro vivo e um 'rabo-quente' elétrico. Essas são só algumas das exigências que têm sido uma grande dor-de-cabeça para Paul Sherwin, o administrador do Carnegie Theatre.
O extravagante ex-guitarrista do Deep Purple traz ao teatro sua banda ao estilo medieval, a Blackmore's Night, em novembro. Blackmore, provavelmente mais conhecido por tocar o riff da abertura de Smoke on the Water, quer criar a atmosfera adequada no palco, e para isso Paul Sherwin precisa achar tantas árvores vivas quantas forem possíveis para criar o efeito de um bosque.
Mr Sherwin não faz idéia de como resolver isso, mas é algo de que ele precisa para garantir a aparição de Blackmore. 'O grupo já contratou o teatro, o que significa que eles vão pagar todos os elementos extras que quiserem. O problema é que falta achar as coisas que eles querem', diz.
Como parte do contrato para a apresentação da Blackmore's Night, Sherwin recebeu nesta segunda, por fax, um ‘rider’ de cinco páginas. Ele diz: 'Precisamos que os seguintes elementos de palco sejam fornecidos no local: pequenas árvores ou plantas, de até 80 cm; grandes árvores com folhas, nada de palmeiras ou outras árvores tropicais; vasos de vidro. Não aceitamos plantas artificiais.'
Estupefato, Sherwin afirmou: 'Esse é de longe o pedido mais bizarro que já recebemos. De onde eu vou tirar uma floresta? (...) Geralmente a gente só precisa lidar com refeições, bebidas e hospedagem - nunca uma floresta. Pelo menos eles estão pagando. Mas nos comprometemos a trazer esse show. Qualquer sugestão será recebida com gratidão.'
Por sorte, segundo ele, a banda traz as suas próprias tochas de 'fogo real', que são de metal sólidos e acendem com óleo de lamparina. Por trás do palco, a lista inclui um pedido de oito mãos de palco e um motorista, com um carro ou camionete. (...)
Ninguém poderá fumar no palco, bastidores, próximo aos camarins ou na platéia. O bar do teatro também deverá ficar fechado durante a performance.
Apesar das exigências excêntricas, a Blackmore’s Night costuma lotar platéias no mundo inteiro, e Workington é a segunda parada em sua turnê britânica.(...)
Fãs que fizerem um esforço especial para irem vestidos de cavaleiros andantes, camponeses, cortesãs ou menestréis terão garantido um lugar nas primeiras duas fileiras da platéia."
"A lenda do rock Ritchie Blackmore não pede muita coisa para vir tocar em Workington - nada além de uma floresta viva, uvas sem sementes, um jantar à luz de velas para dois, mil libras em dinheiro vivo e um 'rabo-quente' elétrico. Essas são só algumas das exigências que têm sido uma grande dor-de-cabeça para Paul Sherwin, o administrador do Carnegie Theatre.
O extravagante ex-guitarrista do Deep Purple traz ao teatro sua banda ao estilo medieval, a Blackmore's Night, em novembro. Blackmore, provavelmente mais conhecido por tocar o riff da abertura de Smoke on the Water, quer criar a atmosfera adequada no palco, e para isso Paul Sherwin precisa achar tantas árvores vivas quantas forem possíveis para criar o efeito de um bosque.
Mr Sherwin não faz idéia de como resolver isso, mas é algo de que ele precisa para garantir a aparição de Blackmore. 'O grupo já contratou o teatro, o que significa que eles vão pagar todos os elementos extras que quiserem. O problema é que falta achar as coisas que eles querem', diz.
Como parte do contrato para a apresentação da Blackmore's Night, Sherwin recebeu nesta segunda, por fax, um ‘rider’ de cinco páginas. Ele diz: 'Precisamos que os seguintes elementos de palco sejam fornecidos no local: pequenas árvores ou plantas, de até 80 cm; grandes árvores com folhas, nada de palmeiras ou outras árvores tropicais; vasos de vidro. Não aceitamos plantas artificiais.'
Estupefato, Sherwin afirmou: 'Esse é de longe o pedido mais bizarro que já recebemos. De onde eu vou tirar uma floresta? (...) Geralmente a gente só precisa lidar com refeições, bebidas e hospedagem - nunca uma floresta. Pelo menos eles estão pagando. Mas nos comprometemos a trazer esse show. Qualquer sugestão será recebida com gratidão.'
Por sorte, segundo ele, a banda traz as suas próprias tochas de 'fogo real', que são de metal sólidos e acendem com óleo de lamparina. Por trás do palco, a lista inclui um pedido de oito mãos de palco e um motorista, com um carro ou camionete. (...)
Ninguém poderá fumar no palco, bastidores, próximo aos camarins ou na platéia. O bar do teatro também deverá ficar fechado durante a performance.
Apesar das exigências excêntricas, a Blackmore’s Night costuma lotar platéias no mundo inteiro, e Workington é a segunda parada em sua turnê britânica.(...)
Fãs que fizerem um esforço especial para irem vestidos de cavaleiros andantes, camponeses, cortesãs ou menestréis terão garantido um lugar nas primeiras duas fileiras da platéia."
sexta-feira, 14 de novembro de 2003
Talk seriously, we're swords!
Esta é do último Q&a do Gillan, quando um cara falou que bem lá no fundo ele e o Blackmore se amam:
"Por favor, não ponha palavras na minha boca dizendo que eu amo Ritchie (não importa o quanto eu negue). Essa é uma noção romântica. Claro que tenho grande afeição pelo Ritchie de que me lembro, e tento esquecer todas as coisas ruins. Eu dividi quartos com ele antigamente, e não dá pra negar o papel fenomenalmente poderoso que ele teve na banda antes de eu entrar e durante o meu período. Por sinal, eu era fã do Purple antes mesmo de ser convidado, e tinha todos os três primeiros álbuns com Rod Evans e Nick Simper. Digamos assim: a estrada é longa, e eu não nutro maus sentimentos. Tenho grande respeito por Ritchie e genuinamente espero que ele esteja feliz. Entretanto, o Deep Purple é uma coisa viva e respirante, e isso se deve em um grau nada pequeno ao amor e puro talento que Steve e, recentemente, Don trouxeram à família."
"Por favor, não ponha palavras na minha boca dizendo que eu amo Ritchie (não importa o quanto eu negue). Essa é uma noção romântica. Claro que tenho grande afeição pelo Ritchie de que me lembro, e tento esquecer todas as coisas ruins. Eu dividi quartos com ele antigamente, e não dá pra negar o papel fenomenalmente poderoso que ele teve na banda antes de eu entrar e durante o meu período. Por sinal, eu era fã do Purple antes mesmo de ser convidado, e tinha todos os três primeiros álbuns com Rod Evans e Nick Simper. Digamos assim: a estrada é longa, e eu não nutro maus sentimentos. Tenho grande respeito por Ritchie e genuinamente espero que ele esteja feliz. Entretanto, o Deep Purple é uma coisa viva e respirante, e isso se deve em um grau nada pequeno ao amor e puro talento que Steve e, recentemente, Don trouxeram à família."
quarta-feira, 12 de novembro de 2003
Filantropia
Segundo esta matéria da Associated Press, publicada por diversos jornais do mundo todo, o Deep Purple vai doar os CDs encontrados entre os destroços da Columbia para o Rock'n'Roll Hall of Fame (no qual a banda ainda não entrou). Steve Morse também anunciou que vai doar todos os direitos autorais recebidos pela música "Contact Lost" ao fundo de solidariedade às famílias dos astronautas mortos no acidente.
segunda-feira, 10 de novembro de 2003
Momento Monique Evans
O Blackmore já estava com a Candice em 1993? Ela foi backing vocal do Deep Purple nessa turnê, mas eles já estavam saindo quando o Blackmore saiu do Purple?
Quer dizer: foi ela que puxou o buldogue da guitarra pela coleira há dez anos?
Isso me lembra uma história de uns anos atrás. Uma revista de guitarra estava estreando no Brasil (acho que a Guitar World) e direto no número 1 tinha coluna do Steve Morse e entrevista com o Blackmore. Comprei, direto.
Lá pelas tantas tinha a seguinte pergunta ao Blackmore:
-- É verdade que você gosta de se vestir de mulher em casa?
-- É, mas não quero falar sobre o assunto.
Esse homem de preto é realmente estranho.
Quer dizer: foi ela que puxou o buldogue da guitarra pela coleira há dez anos?
Isso me lembra uma história de uns anos atrás. Uma revista de guitarra estava estreando no Brasil (acho que a Guitar World) e direto no número 1 tinha coluna do Steve Morse e entrevista com o Blackmore. Comprei, direto.
Lá pelas tantas tinha a seguinte pergunta ao Blackmore:
-- É verdade que você gosta de se vestir de mulher em casa?
-- É, mas não quero falar sobre o assunto.
Esse homem de preto é realmente estranho.
domingo, 9 de novembro de 2003
Haja o inferno ou altas águas
Há dez anos, neste mesmo dia, Ritchie Blackmore fazia seu antepenúltimo show no Deep Purple. Era quase o fim da curta existência da terceira encarnação da Mk2. O show ocorreu no NEC Birmingham, na Inglaterra, e está registrado no vídeo "Come Hell or High Water". O CD também tem grandes pedaços desse show, embora também traga material de um show de 16 de outubro na Alemanha.
Sempre achei esse disco meio deprimente, porque eles parecem meio tristões, burocráticos. O Blackmore, especialmente. Aí eu comprei o vídeo, e o Blackmore realmente me decepcionou. Além da cara amarrada, ele aprontou coisas como chegar ao palco dois versos depois do começo de Highway Star e atirar um copo d'água no câmera (depois soube que também acertou a mulher do Ian, vejam só).
Claro que tem momentos grandiosos, como o Blackmore e o Lord puxando malandramente o riff de Burn no meio de Speed King (no CD), uma apocalíptica interpretação de "Paint it Black", dos Rolling Stones (no vídeo) e o Jon Lord imitando som de sirene de bombeiros quando Gillan canta os versos "they burned down the gambling house/it died with an awful sound" em "Smoke on the Water".
O vídeo intercala entre as músicas trechos de entrevistas com os quatro membros então remanescentes do Purple – eles ainda não sabiam se iam continuar na estrada –, todos eles pessimistas e lembrando episódios malas do Blackmore. O homedepreto tinha um camarote só pra ele (onde passava o tempo com sua namorada, possivelmente Candice Night), enquanto os outros quatro relembravam os velhos tempos compartilhando um camarim. Na noite de 2 de novembro, Blackmore e Gillan quase foram às vias de fato.
Em sua defesa, o homem de preto reclamava que o cantor esquecia versos inteiros e detonava sua voz tomando cerveja. Ele também não curtia a coisa de os câmeras ficarem passando pelo palco. Sim, o cara é um puta guitarrista mas é temperamental.
No dia 30 de outubro, Blackmore havia enviado uma carta aos colegas, por meio do empresário Colin Hart, dizendo que estava de saco cheio e que só iria completar a turnê européia com a banda - que terminaria duas semanas depois, no dia 17 de novembro, em Helsinque, na Finlândia. Depois do show inglês registrado em Come Hell, enquanto os Gillan, Paice e Glover davam entrevistas e o Jon Lord ligava para o Simon Robinson, Blackmore só apareceu pra ir embora. Vestido de pajem medieval e puxado pela coleira por sua namorada (creeedo).
No show, registrado em Come Hell..., Eles tocam várias músicas do disco The Battle Rages On, que já não me empolgava muito na época do lançamento. A turnê também marcou a chegada aos palcos de uma das minhas músicas favoritas do Fireball, "Anyone's Daughter" - pela primeira vez ao vivo desde 1971.
A passagem de Child in Time para Anya me deixou imensamente chateado. Depois de uma performance em que precisou ser ajudado pelos instrumentais para fazer os agudos, no silêncio entre as duas músicas o Ian Gillan dizia a frase "that was then, now is now, and all things return" ("isso foi antes, agora é agora, e tudo volta"). Quando ouvi isso pelas primeiras vezes, achei que ele estava pedindo desculpas. Diz ele que não era.
Come Hell or High Water é bom. É sempre legal ouvir o Blackmore tocando. Mas é essa fase do Purple que me lembra por que eu, particularmente, não faço questão de que o homem de preto volte à banda. Cada vez que passo uma semana ouvindo as delícias dos anos 70 e fico lembrando de como o Blackmore era ducaramba, eu volto a ouvir Slaves & Masters, The Battle Rages On e Come Hell or High Water pra lembrar como o Blackmore já não queria mais nada com o Purple.
Pra saber mais sobre a turnê, vai lá no especial do THS.
Lord no disco de Miller Anderson
Quem estiver com saudade do Jon Lord pode ir atrás do novo disco de Miller Anderson, "Bluesheart". Lord toca em duas faixas: Help Me e Runnin' Blues. Pra quem não associa o nome à figura, Anderson cantou Pictured Within na apresentação do Concerto for Group and Orchestra em 1999. ("Here be friends... here be heroes... here be sunshine... here be rain...")
sexta-feira, 7 de novembro de 2003
Fogos à meia-noite
O JB de hoje tem uma resenha do novo disco do Homem de Preto, Fires at Midnight:
"Ritchie Blackmore tem, há muito tempo, um lugar de destaque entre os deuses do Olimpo do rock. O guitarrista poderia ter escrito seu nome na história apenas com o riff de Smoke on the water, um dos mais famosos de todos os tempos, mas fez isso com outros tantos riffs sensacionais em sua brilhante carreira no Deep Purple, que ajudou a fundar. Depois de deixar a banda pela segunda e definitiva vez, em 1993, ele retomou o Rainbow, grupo criado em sua primeira saída do Deep Purple (entre 1975 e 1984) para depois, em 1997, iniciar o Blackmore's Night, ao lado de sua mulher, Candice Night, que tem dois de seus CDs lançados no Brasil.
Com uma proposta totalmente diferente do Deep Purple e do Rainbow, o Blackmore's Night tem poucos momentos que lembram o rock pesado dos anos 70, que só aparece em um ou outro solo de guitarra elétrica. O estilo do casal volta suas atenções para o passado, com uma espécie de música renascentista, medieval, mas com toques do presente, de pop. A voz soprano de Candice Night é belíssima e Blackmore demonstra todo o talento que tem com cordas em geral, tocando guitarras acústica e elétrica, bandolim, arriscando no tamborim e na percussão renascentista.
O primeiro álbum, Shadow of the moon, de 1997, seguiu uma linha 100% acústica [NM: mentira, uma faixa tinha até tss-tum eletrônico] e foi lançado no Brasil no ano seguinte. O segundo, Under a violet moon (1999), tem as mesmas características, mas já conta com a aparição da guitarra elétrica, enquanto em Fires at midnight (2001), a interferência de elementos eletrônicos, além do peso da famosa guitarra de Blackmore, direcionam o som um pouco mais para o rock progressivo, sem, no entanto, deixar de lado a música medieval.
Under a violet moon, na época de seu lançamento, recebeu críticas positivas em todo mundo. Basicamente acústico, o álbum tem alguns convidados especiais, como John Ford - baixista e vocalista da banda britânica The Strawbs, conhecida, principalmente, nos anos 70, por fazer um rock progressivo com influências de folk -, que divide os vocais com Candice na faixa Wind of Willows. Outro convidado é o tecladista Jens Johansson, da banda finlandesa de heavy metal melódico Stratovarius, que aparece em quatro faixas. A única interferência da guitarra elétrica no disco é na excelente Gone with the wind, com um solo maravilhoso de Blackmore.
Assim como aconteceu em 1998, quando a gravadora CID lançou o primeiro álbum, os outros dois estão saindo com um certo atraso no Brasil. Junto com Under a violet moon está sendo lançado também Fires at midnight, este último o trabalho mais pesado do Blackmore's Night. O solo de guitarra da faixa-título deste disco, por exemplo, é digna de fazer parte de qualquer música do Deep Purple, ou de algum outro dinossauro do rock pesado ou progressivo.
Enquanto são lançados no Brasil Under a violet moon e Fires at midnight, já está saindo do forno este ano, na Europa e no Japão, Ghost of a Rose, disco de inéditas do Blackmore's Night que a CID já está em negociações para trazer para o país no ano que vem. Resta aguardar, pois, tratando-se de Ritchie Blackmore, certamente vem mais coisa boa por aí."
"Ritchie Blackmore tem, há muito tempo, um lugar de destaque entre os deuses do Olimpo do rock. O guitarrista poderia ter escrito seu nome na história apenas com o riff de Smoke on the water, um dos mais famosos de todos os tempos, mas fez isso com outros tantos riffs sensacionais em sua brilhante carreira no Deep Purple, que ajudou a fundar. Depois de deixar a banda pela segunda e definitiva vez, em 1993, ele retomou o Rainbow, grupo criado em sua primeira saída do Deep Purple (entre 1975 e 1984) para depois, em 1997, iniciar o Blackmore's Night, ao lado de sua mulher, Candice Night, que tem dois de seus CDs lançados no Brasil.
Com uma proposta totalmente diferente do Deep Purple e do Rainbow, o Blackmore's Night tem poucos momentos que lembram o rock pesado dos anos 70, que só aparece em um ou outro solo de guitarra elétrica. O estilo do casal volta suas atenções para o passado, com uma espécie de música renascentista, medieval, mas com toques do presente, de pop. A voz soprano de Candice Night é belíssima e Blackmore demonstra todo o talento que tem com cordas em geral, tocando guitarras acústica e elétrica, bandolim, arriscando no tamborim e na percussão renascentista.
O primeiro álbum, Shadow of the moon, de 1997, seguiu uma linha 100% acústica [NM: mentira, uma faixa tinha até tss-tum eletrônico] e foi lançado no Brasil no ano seguinte. O segundo, Under a violet moon (1999), tem as mesmas características, mas já conta com a aparição da guitarra elétrica, enquanto em Fires at midnight (2001), a interferência de elementos eletrônicos, além do peso da famosa guitarra de Blackmore, direcionam o som um pouco mais para o rock progressivo, sem, no entanto, deixar de lado a música medieval.
Under a violet moon, na época de seu lançamento, recebeu críticas positivas em todo mundo. Basicamente acústico, o álbum tem alguns convidados especiais, como John Ford - baixista e vocalista da banda britânica The Strawbs, conhecida, principalmente, nos anos 70, por fazer um rock progressivo com influências de folk -, que divide os vocais com Candice na faixa Wind of Willows. Outro convidado é o tecladista Jens Johansson, da banda finlandesa de heavy metal melódico Stratovarius, que aparece em quatro faixas. A única interferência da guitarra elétrica no disco é na excelente Gone with the wind, com um solo maravilhoso de Blackmore.
Assim como aconteceu em 1998, quando a gravadora CID lançou o primeiro álbum, os outros dois estão saindo com um certo atraso no Brasil. Junto com Under a violet moon está sendo lançado também Fires at midnight, este último o trabalho mais pesado do Blackmore's Night. O solo de guitarra da faixa-título deste disco, por exemplo, é digna de fazer parte de qualquer música do Deep Purple, ou de algum outro dinossauro do rock pesado ou progressivo.
Enquanto são lançados no Brasil Under a violet moon e Fires at midnight, já está saindo do forno este ano, na Europa e no Japão, Ghost of a Rose, disco de inéditas do Blackmore's Night que a CID já está em negociações para trazer para o país no ano que vem. Resta aguardar, pois, tratando-se de Ritchie Blackmore, certamente vem mais coisa boa por aí."
quinta-feira, 6 de novembro de 2003
A escola de Blackmore
Um dos personagens que mais admiro na música e na política inglesas é David "Screaming Lord" Sutch. O cara era um Forrest Gump que deu certo. Não cantava nada, mas suas bandas lançaram gente como Ritchie Blackmore e Jimmy Page. Não ganhava uma eleição, mas entrou para o Guinness dos recordes como um dos mais longevos líderes políticos do país.
É certo que o partido dele não era nada sério. O Monster Raving Loony Party tinha como slogan a frase "Vote for insanity - you know it's right". O partido chegou a lançar até um gato (chamado Cat Mandu) para concorrer às eleições para primeiro ministro. Fazia propostas como a obrigatoriedade de senhores carecas usarem chapéu pra evitar que o reflexo do sol nas calvas atrapalhe a visibilidade de pilotos de avião.
Quando Sutch morreu, em 1999, até o primeiro-ministro Tony Blair mandou uma carta reconhecendo a importância política da maluquice do Lord Sutch. É uma figuraça que eu adoraria ter entrevistado. Certa vez conversei sobre ele com um amigo que foi correspondente da Folha em Londres e ele disse o mesmo (só que ele chegou à cidade mais ou menos na época em que David morreu, enquanto eu nunca fui lá).
Em uma entrevista de 1997, Lord Sutch revela o que botava na papinha dos músicos com que ele trabalhava. Realmente, se for olhar o que o Blackmore fazia no palco em 1970, faz sentido. Se for olhar os últimos minutos do California Jam, também.
O que você procurava nos músicos de apoio? Vários caras que ficaram famosos tocaram com você em diferentes formações dos Savages.
Ensinávamos os Savages a serem visuais e se moverem bastante. Eu corria muito pelo palco, então ensinamos a banda a não ficar parada também. Esse é um dos principais fatores. Havia uma rotina de marcha com o baixista e o cara da batuta: eles andavam pra frente, esquerda-direita esquerda-direita e iam pro lado da galera. O bateirista e o pianista andavam lado a lado. Então pulavam pelo palco e saltavam no ar, e tudo isso era ensinado a caras como Ritchie Blackmore, que até nós o pegarmos ficava só ali no canto paradão. A gente tinha que arrastar o cara pelo palco pra botar um pouco de vida nele.
Então, quando ele entrou no Deep Purple, a banda decolou. Quando eles faziam shows de palco, diziam que o Ritchie Blackmore roubava o show, porque ele era muito visual. Ele estava muito na frente de todos os outros. Eles podiam ser como ele talvez musicalmente, mas não visualmente, porque ele foi treinado pela Screamin' Lord Sutch and the Savages. Os outros eram só simples músicos.
É certo que o partido dele não era nada sério. O Monster Raving Loony Party tinha como slogan a frase "Vote for insanity - you know it's right". O partido chegou a lançar até um gato (chamado Cat Mandu) para concorrer às eleições para primeiro ministro. Fazia propostas como a obrigatoriedade de senhores carecas usarem chapéu pra evitar que o reflexo do sol nas calvas atrapalhe a visibilidade de pilotos de avião.
Quando Sutch morreu, em 1999, até o primeiro-ministro Tony Blair mandou uma carta reconhecendo a importância política da maluquice do Lord Sutch. É uma figuraça que eu adoraria ter entrevistado. Certa vez conversei sobre ele com um amigo que foi correspondente da Folha em Londres e ele disse o mesmo (só que ele chegou à cidade mais ou menos na época em que David morreu, enquanto eu nunca fui lá).
Em uma entrevista de 1997, Lord Sutch revela o que botava na papinha dos músicos com que ele trabalhava. Realmente, se for olhar o que o Blackmore fazia no palco em 1970, faz sentido. Se for olhar os últimos minutos do California Jam, também.
O que você procurava nos músicos de apoio? Vários caras que ficaram famosos tocaram com você em diferentes formações dos Savages.
Ensinávamos os Savages a serem visuais e se moverem bastante. Eu corria muito pelo palco, então ensinamos a banda a não ficar parada também. Esse é um dos principais fatores. Havia uma rotina de marcha com o baixista e o cara da batuta: eles andavam pra frente, esquerda-direita esquerda-direita e iam pro lado da galera. O bateirista e o pianista andavam lado a lado. Então pulavam pelo palco e saltavam no ar, e tudo isso era ensinado a caras como Ritchie Blackmore, que até nós o pegarmos ficava só ali no canto paradão. A gente tinha que arrastar o cara pelo palco pra botar um pouco de vida nele.
Então, quando ele entrou no Deep Purple, a banda decolou. Quando eles faziam shows de palco, diziam que o Ritchie Blackmore roubava o show, porque ele era muito visual. Ele estava muito na frente de todos os outros. Eles podiam ser como ele talvez musicalmente, mas não visualmente, porque ele foi treinado pela Screamin' Lord Sutch and the Savages. Os outros eram só simples músicos.
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O jardim das delícias terrenas
Você sabia que a capa do terceiro disco do Deep Purple ("Deep Purple") é uma reprodução alterada da seção "inferno" do painel "O Jardim das Delícias Terrenas" (1504), de Hyeronimus Bosch? Claro que no disco há uma montagem com eles embaixo do que parece ser o arco de um violino, mas ainda assim. Confira abaixo a capa do disco e o original.
quarta-feira, 5 de novembro de 2003
Pra programar o bolso
A EMI anunciou seu calendário de relançamentos de discos do Deep Purple e correlatos:
• DEEP PURPLE - THE EARLY YEARS.
• WHITESNAKE - THE EARLY YEARS.
Devem sair em fevereiro de 2004, em uma série da EMI que mostra trabalhos dos primeiros anos de bandas contratadas pela gravadora. Nada de material novo aqui.
• DEEP PURPLE - BURN.
Deve sair lá por abril do ano que vem, nos trinta anos do disco original. Essa é, na minha opinião, a jóia da coroa do que vai sair. É aquela versão remasterizada, remixada, com faixas extras e o escambau, incluindo livretinho escrito pelo Simon Robinson, da DPAS. Parece que o Glenn Hughes vai supervisar a remixagem. Diz o site da DPAS que há belos trabalhos em Sail Away, Mistreated e You Fool No One. Em breve haverá trechos no site da DPAS e, claro, o Purpendicular vai dar a dica.
• DEEP PURPLE - THE PLATINUM COLLECTION.
Uma coletânea de três CDs, sem nada de novo pra quem já tem tudo o que já saiu de oficial da banda. Pra quem não tem tudo o que já saiu de oficial, melhor procurar completar...
• DEEP PURPLE - LIVE IN LONDON.
Opa! Vai sair remixado em setembro de 2004. O CD de Live in London só saiu no Japão (no Brasil existe à venda uma versão semioficial, na prática pirata); o primeiro lançamento oficial do mais famoso disco ao vivo da Mk3 vai incluir uma versão de 30 minutos de Space Truckin', que ficou de fora no vinil original, de 1980.
• DEEP PURPLE - STORMBRINGER.
Versão remixada, remasterizada, com faixas extras e o escambau. Deve sair no começo de 2005.
• DEEP PURPLE - THE EARLY YEARS.
• WHITESNAKE - THE EARLY YEARS.
Devem sair em fevereiro de 2004, em uma série da EMI que mostra trabalhos dos primeiros anos de bandas contratadas pela gravadora. Nada de material novo aqui.
• DEEP PURPLE - BURN.
Deve sair lá por abril do ano que vem, nos trinta anos do disco original. Essa é, na minha opinião, a jóia da coroa do que vai sair. É aquela versão remasterizada, remixada, com faixas extras e o escambau, incluindo livretinho escrito pelo Simon Robinson, da DPAS. Parece que o Glenn Hughes vai supervisar a remixagem. Diz o site da DPAS que há belos trabalhos em Sail Away, Mistreated e You Fool No One. Em breve haverá trechos no site da DPAS e, claro, o Purpendicular vai dar a dica.
• DEEP PURPLE - THE PLATINUM COLLECTION.
Uma coletânea de três CDs, sem nada de novo pra quem já tem tudo o que já saiu de oficial da banda. Pra quem não tem tudo o que já saiu de oficial, melhor procurar completar...
• DEEP PURPLE - LIVE IN LONDON.
Opa! Vai sair remixado em setembro de 2004. O CD de Live in London só saiu no Japão (no Brasil existe à venda uma versão semioficial, na prática pirata); o primeiro lançamento oficial do mais famoso disco ao vivo da Mk3 vai incluir uma versão de 30 minutos de Space Truckin', que ficou de fora no vinil original, de 1980.
• DEEP PURPLE - STORMBRINGER.
Versão remixada, remasterizada, com faixas extras e o escambau. Deve sair no começo de 2005.
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terça-feira, 28 de outubro de 2003
A qualidade de Slaves & Masters
Mestre Roger Glover comenta Slaves & Masters em resposta a um fã que perguntou se ele considera que o infame disco do Joe Lynn Turner é um "disco de qualidade":
"A própria questão já é um indicativo do que você pensa sobre ele, e eu nunca poderei mudar a sua idéia disso. Em todo caso, a 'qualidade' a que você se refere é um julgamento subjetivo; não é algo que possa ser medido de alguma forma. Do que pode ser medido, podemos dizer com certeza o seguinte: o CD pesa tanto quanto outros CDs; tem as mesmas dimensões de outros CDs; a duração do conteúdo musical pode ser comparada à da maior parte dos outros CDs; as informações na capa estão corretas – acho que posso dizer, com segurança, que Slaves & Masters é realmente um produto de qualidade."
"A própria questão já é um indicativo do que você pensa sobre ele, e eu nunca poderei mudar a sua idéia disso. Em todo caso, a 'qualidade' a que você se refere é um julgamento subjetivo; não é algo que possa ser medido de alguma forma. Do que pode ser medido, podemos dizer com certeza o seguinte: o CD pesa tanto quanto outros CDs; tem as mesmas dimensões de outros CDs; a duração do conteúdo musical pode ser comparada à da maior parte dos outros CDs; as informações na capa estão corretas – acho que posso dizer, com segurança, que Slaves & Masters é realmente um produto de qualidade."
segunda-feira, 27 de outubro de 2003
Ao lançar Nobody's Perfect, um Deep Purple medieval
Saiu na internet o resumo da Darker Than Blue 36 (Dec 88 - Jan 89). Simon Robinson conta: "O disco ao vivo Nobody's Perfect havia finalmente saído, em junho, mas poucos estavam empolgados com isso, embora a banda tivesse se vestido com roupas medievais para a festa de lançamento, talvez dando a Blackmore a idéia de seu projeto solo quase dez anos depois".
quarta-feira, 22 de outubro de 2003
Como Steve se sentiu ao entrar no Purple
"(Estar no Deep Purple) É interessante. É como fazer parte de um pedacinho da história. Mas o que faz sentido pra mim é o fato de estar tocando com grandes músicos. Não conseguiria participar dessas longas turnês se os caras não tocassem o que eles tocam. Há dez anos, quando os encontrei pela primeira vez, eu disse para o meu empresário: 'tanto eles como eu não nos conhecemos, e não temos certeza de nada; vamos fazer quatro shows e depois decidiremos o que fazer'. Já antes da primeira apresentação, nós todos nos convencemos de que iria dar certo. A conexão foi instantânea. E eu me senti um tanto surpreso com isso"
STEVE MORSE, numa bela entrevista à revista Cover Guitarra. A revista também traz 14 trechinhos de músicas do Morse, incluindo Sometimes I Feel Like Screaming (finalmente aprendi a tocar a introdução no cabong) e cinco do Bananas: House of Pain, Silver Tongue, Bananas, Picture of Innocence e I've Got Your Number
O Marcel me mandou um scan da capa, visto que o site não está no ar. Mas eu ainda tenho que descobrir um canto pra hospedar a imagem antes de botar no ar. Se alguma alma caridosa o fizer, show de bola.
No The Highway Star, o Albertino avisa que tem entrevista do Glover na Cover Baixo e do Paice na Modern Drummer (que eu vi ontem na banca, mas não comprei porque sempre fui mais afeito à guitarra).
STEVE MORSE, numa bela entrevista à revista Cover Guitarra. A revista também traz 14 trechinhos de músicas do Morse, incluindo Sometimes I Feel Like Screaming (finalmente aprendi a tocar a introdução no cabong) e cinco do Bananas: House of Pain, Silver Tongue, Bananas, Picture of Innocence e I've Got Your Number
O Marcel me mandou um scan da capa, visto que o site não está no ar. Mas eu ainda tenho que descobrir um canto pra hospedar a imagem antes de botar no ar. Se alguma alma caridosa o fizer, show de bola.
No The Highway Star, o Albertino avisa que tem entrevista do Glover na Cover Baixo e do Paice na Modern Drummer (que eu vi ontem na banca, mas não comprei porque sempre fui mais afeito à guitarra).
domingo, 19 de outubro de 2003
Glover: a finalidade do Deep Purple é a música
"A única coisq que eu sei sobre o DP é que ele sempre foi uma banda cuja finalidade é a música, acima de tudo. Aprendi há muito tempo que o DP era uma banda de músicos que queriam ser tão 'naturais' quanto possível. Em outras palavras, cada um de nós só precisava ser ele mesmo. Parece simples, mas às vezes as coisas mais fortes são as mais simples. Em toda sua existência, o DP também teve alguns músicos realmente talentosos que amam tocar e não são motivados primariamente pelas armadilhas do show business. Isso pode ser tanto bênção quanto maldição, mas pelo menos é uma bênção. Também tivemos a sorte de estarmos presentes no começo de uma nova era, algo que não pode ser planejado, e assim ganhamos alguma credibilidade por termos largado na frente."
ROGER GLOVER, definindo o Deep Purple
ROGER GLOVER, definindo o Deep Purple
Sail Away "deslumbrante" no remaster de Burn
Está andando o remaster de Burn. Segundo o Simon Robinson, o que já está pronto ficou poderoso, "com um trabalho deslumbrante em Sail Away, em particular". O remix deve ficar pronto em outubro e o disco em si sai no ano que vem, como edição especial de 30 anos de Burn.
Já estou preparando meus bolsos aqui. Vai ser minha terceira versão de Burn (a primeira foi em vinil e a segunda em CD normal). E que venha Stormbringer!
Já estou preparando meus bolsos aqui. Vai ser minha terceira versão de Burn (a primeira foi em vinil e a segunda em CD normal). E que venha Stormbringer!
sábado, 18 de outubro de 2003
Este é o Funky Claude
Todo mundo que realmente curte Deep Purple tem ao menos uma vaga idéia sobre quem é o Funky Claude mencionado na letra de Smoke on the Water: era um cara lá da Suíça que deu uma força sem tamanho ao Purple quando deu todo aquele rolo de o Grand Hotel queimar, e tal.
Mas quem é esse cara?
Claude Nobs é o maior agitador cultural da Suíça. Foi ele quem fundou o maior e mais famoso festival de jazz do mundo. Ele é um ex-chef de restaurante que virou o maior agitador cultural da Suíça. Desde 1956 ele trabalha pra secretaria de turismo de Montreux, e em 1965 foi aos EUA e descobriu que sua cidade era uma completa desconhecida na Gringolândia. Disse isso para seu chefe e o cara perguntou se ele tinha alguma idéia. Apaixonado por jazz, ele propôs a criação de um festival, e o Montreux Jazz Festival surgiu em 1967.
Por causa do festival, Nobs ficou amigão de gente tipo Miles Davis e Ella Fitzgerald, e ainda hoje trata os caras do Purple na base do "tu". Certa vez, o Miles Davis viu ele com uma camisa tunisiana e achou bonita. Nobs tirou a camisa e deu de presente pro mestre do jazz.
Foi ele que começou a experimentar com a amplitude do gosto do pessoal do jazz, em seu festival. Em 1969 ele convidou o Ten Years After e torceu uns narizes. "Eu não via limites - blues, r&b, gospel. Pra mim, jazz significa partilha emocional por instinto, um frescor improvisacional", disse ele à Time Magazine. Desde 1979 ele chama músicos brasileiros, começando com a Elis Regina. Nos anos 90, ele torceu narizes (inclusive o meu) ao convidar até o É o Tchan pra tocar lá. Redimiu-se quando por duas vezes chamou o Deep Purple.
Sobre o estado atual da música, e especialmente do jazz, ele diz:
"Sempre haverá músicos jovens. Mas o que é difícil de achar é um Coleman Hawkins, um Miles Davis. Mesmo o Wynton Marsalis — com toda sua força de improviso e técnica — não tem o mesmo nível de gênio como alguém menos perfeito como Miles. Fico pensando se todas essas tecnologias à disposição não diminui o nível de criatividade pura e simples."
Mas quem é esse cara?
Claude Nobs é o maior agitador cultural da Suíça. Foi ele quem fundou o maior e mais famoso festival de jazz do mundo. Ele é um ex-chef de restaurante que virou o maior agitador cultural da Suíça. Desde 1956 ele trabalha pra secretaria de turismo de Montreux, e em 1965 foi aos EUA e descobriu que sua cidade era uma completa desconhecida na Gringolândia. Disse isso para seu chefe e o cara perguntou se ele tinha alguma idéia. Apaixonado por jazz, ele propôs a criação de um festival, e o Montreux Jazz Festival surgiu em 1967.
Por causa do festival, Nobs ficou amigão de gente tipo Miles Davis e Ella Fitzgerald, e ainda hoje trata os caras do Purple na base do "tu". Certa vez, o Miles Davis viu ele com uma camisa tunisiana e achou bonita. Nobs tirou a camisa e deu de presente pro mestre do jazz.
Foi ele que começou a experimentar com a amplitude do gosto do pessoal do jazz, em seu festival. Em 1969 ele convidou o Ten Years After e torceu uns narizes. "Eu não via limites - blues, r&b, gospel. Pra mim, jazz significa partilha emocional por instinto, um frescor improvisacional", disse ele à Time Magazine. Desde 1979 ele chama músicos brasileiros, começando com a Elis Regina. Nos anos 90, ele torceu narizes (inclusive o meu) ao convidar até o É o Tchan pra tocar lá. Redimiu-se quando por duas vezes chamou o Deep Purple.
Sobre o estado atual da música, e especialmente do jazz, ele diz:
"Sempre haverá músicos jovens. Mas o que é difícil de achar é um Coleman Hawkins, um Miles Davis. Mesmo o Wynton Marsalis — com toda sua força de improviso e técnica — não tem o mesmo nível de gênio como alguém menos perfeito como Miles. Fico pensando se todas essas tecnologias à disposição não diminui o nível de criatividade pura e simples."
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sexta-feira, 17 de outubro de 2003
RADIO ONE, YOU'RE THE ONLY ONE... FOR ME (atualizada)
Estava lendo agora de madrugada sobre a Radio One da BBC, criada em 1967 e principal veículo para as grandes bandas de rock inglesas no final dos anos 60 e início dos 70, que são as que me importam. Naquele tempo, os músicos eram convidados a ir ao estúdio da rádio para gravar versões tão semelhantes quanto possível às que tivessem gravado para seus discos - tudo pra não pagar direitos autorais à gravadora, que eram (e são) caríssimos.
Dessas sessões saíram preciosidades como CDs duplos dos Beatles, do Jimi Hendrix (que gravou um maroto jingle cuja letra começava com o título deste post), do Led Zeppelin e de um monte de gente. O do Deep Purple só eu tenho, porque eu catei a pirataria toda e montei aqui no Seu Creysson. Ainda falta fazer o da primeira fase do Purple.
A história da rádio está neste site, com fotos impagáveis. Até 1967, não existiam rádios legalizadas que tocassem música pop no Reino Unido. Alguns jovens locutores botavam barcos no oceano e de fora dos limites marítimos de Albion transmitiam rock do bom. Daí o nome "rádios piratas", e foi assim que surgiu a primeira Kiss FM. A BBC, rede pública, reagiu a isso recrutando locutores das piratas e criando a Radio One no começo de outubro de 67. O dia era para o pop, a noite era pro rock - e foi daí que se espalhou o boom do rock britânico.
O site também tem perfis de alguns locutores da rádio, como John Peel (cuja voz aparece apresentando o Deep Purple In Concert 1970), que era um dos poucos caras na BBC que arriscava tocar punk e foi o primeiro cara que tocou um disco inteiro duas vezes seguidas. Foi ele quem resolveu dar um banho de água fria no Purple depois do single Black Night. Recebi uma resposta bastante consistente do Doug:
"Basicamente (e Nigel que me corrija se eu estiver errado), nos primeiros dias, era muitas vezes mais barato para a BBC convencer as bandas a regravar suas músicas exclusivamente para a BBC do que tocar constantemente as versões comercialmente lançadas, e por isso o Deep Purple e muitas outras bandas da época foram gravados diversas vezes. Entretanto, uma das razões pelas quais eu acredito que o Deep Purple perdeu popularidade na BBC foi uma briga deles com o DJ John Peel, que sentiu que a Mark 2 havia se vendido depois de ter um single de sucesso. :)"
Tommy Vance, um dos mais antigos apresentadores de programas de rock no rádio mundial, foi o cara que fez uma bela série de entrevistas com o Purple em 1984, quando o grupo voltou.
Tem um cara que colocou no ar uma lista das músicas banidas pela rádio. Tem coisas interessantes. Os Beatles tiveram trocentas músicas proibidas, o Purple nenhuma - provavelmente graças à técnica do Gillan e do Glover de fazer metáforas quase impenetráveis e beirando o nonsense.
Diz que em 1995 baixou na rádio uma ordem pra jogar no lixo todas as gravações com mais de cinco anos e centrar fogo no tal do britpop, que não me agrada. Por causa disso, a banda Status Quo processou a BBC. Perdeu na Justiça e não toca mais lá nem a pau e corda.
Dessas sessões saíram preciosidades como CDs duplos dos Beatles, do Jimi Hendrix (que gravou um maroto jingle cuja letra começava com o título deste post), do Led Zeppelin e de um monte de gente. O do Deep Purple só eu tenho, porque eu catei a pirataria toda e montei aqui no Seu Creysson. Ainda falta fazer o da primeira fase do Purple.
A história da rádio está neste site, com fotos impagáveis. Até 1967, não existiam rádios legalizadas que tocassem música pop no Reino Unido. Alguns jovens locutores botavam barcos no oceano e de fora dos limites marítimos de Albion transmitiam rock do bom. Daí o nome "rádios piratas", e foi assim que surgiu a primeira Kiss FM. A BBC, rede pública, reagiu a isso recrutando locutores das piratas e criando a Radio One no começo de outubro de 67. O dia era para o pop, a noite era pro rock - e foi daí que se espalhou o boom do rock britânico.
O site também tem perfis de alguns locutores da rádio, como John Peel (cuja voz aparece apresentando o Deep Purple In Concert 1970), que era um dos poucos caras na BBC que arriscava tocar punk e foi o primeiro cara que tocou um disco inteiro duas vezes seguidas. Foi ele quem resolveu dar um banho de água fria no Purple depois do single Black Night. Recebi uma resposta bastante consistente do Doug:
"Basicamente (e Nigel que me corrija se eu estiver errado), nos primeiros dias, era muitas vezes mais barato para a BBC convencer as bandas a regravar suas músicas exclusivamente para a BBC do que tocar constantemente as versões comercialmente lançadas, e por isso o Deep Purple e muitas outras bandas da época foram gravados diversas vezes. Entretanto, uma das razões pelas quais eu acredito que o Deep Purple perdeu popularidade na BBC foi uma briga deles com o DJ John Peel, que sentiu que a Mark 2 havia se vendido depois de ter um single de sucesso. :)"
Tommy Vance, um dos mais antigos apresentadores de programas de rock no rádio mundial, foi o cara que fez uma bela série de entrevistas com o Purple em 1984, quando o grupo voltou.
Tem um cara que colocou no ar uma lista das músicas banidas pela rádio. Tem coisas interessantes. Os Beatles tiveram trocentas músicas proibidas, o Purple nenhuma - provavelmente graças à técnica do Gillan e do Glover de fazer metáforas quase impenetráveis e beirando o nonsense.
Diz que em 1995 baixou na rádio uma ordem pra jogar no lixo todas as gravações com mais de cinco anos e centrar fogo no tal do britpop, que não me agrada. Por causa disso, a banda Status Quo processou a BBC. Perdeu na Justiça e não toca mais lá nem a pau e corda.
quinta-feira, 16 de outubro de 2003
Como eles constroem os setlists
Tá lá no Roger Glover:
"O fato infeliz da vida é que os fãs mais sofisticados sempre vão querer ouvir as músicas mais obscuras ou mais recentes, enquanto as turnês de verão na América e os festivais da Europa exigem que toquemos músicas mais reconhecíveis. Nós até tentamos incorporar o que se pode chamar de músicas 'lado B', como Mary Long, mas não funcionou. A dureza disso tudo é que os dois últimos discos [Purpendicular e Abandon] muito embora tenham valor duradouro para um fã, não geraram o alto nível necessário para tornar suas músicas reconhecíveis para o público em geral. Elas não foram sucesso! Agora, com o novo álbum, Bananas, há uma chance de que possamos romper essa barreira da aceitação e ter alguns novos clássicos. Pessoalmente, eu ainda gostaria de explorar algumas das músicas dos dois álbuns anteriores também, mas preciso que o resto da banda concorde. Nem sempre é uma tarefa fácil."
"O fato infeliz da vida é que os fãs mais sofisticados sempre vão querer ouvir as músicas mais obscuras ou mais recentes, enquanto as turnês de verão na América e os festivais da Europa exigem que toquemos músicas mais reconhecíveis. Nós até tentamos incorporar o que se pode chamar de músicas 'lado B', como Mary Long, mas não funcionou. A dureza disso tudo é que os dois últimos discos [Purpendicular e Abandon] muito embora tenham valor duradouro para um fã, não geraram o alto nível necessário para tornar suas músicas reconhecíveis para o público em geral. Elas não foram sucesso! Agora, com o novo álbum, Bananas, há uma chance de que possamos romper essa barreira da aceitação e ter alguns novos clássicos. Pessoalmente, eu ainda gostaria de explorar algumas das músicas dos dois álbuns anteriores também, mas preciso que o resto da banda concorde. Nem sempre é uma tarefa fácil."
Frases lapidares
"Só um ato do parlamento pode fazer o Deep Purple desistir de tocar até cair"
THE GUARDIAN, 13.fev.2002
THE GUARDIAN, 13.fev.2002
quarta-feira, 15 de outubro de 2003
O embaixador do inferno
Jon Lord ganhou em setembro, no Hell Blues Festival, o título de "Ambassador of Hell". Ele dedicou a homenagem a seu amigo Tony Ashton (com quem tocou na Paice, Ashton & Lord), que foi embaixador de Hell em 1998 e morreu em 2001.
Foi lá, em uma entrevista coletiva, que Lord deu umas cotoveladas no disco Bananas mas disse que acha que o Deep Purple vai durar até que a pilha acabe.
"Não há motivos para que o rock não possa ser tocado pelas pessoas que estão envelhecendo. É a música que pertencia a eles quando eram jovens, então por que é que eles não poderiam levá-la adiante enquanto envelhecem? Você não diria a um músico de jazz ou de blues que eles não poderiam mais tocar porque estão ficando velhos. Então não vejo razões pelas quais eles não pudessem continuar se tivessem vontade."
Lord disse que tinha saudade de tocar com Steve Morse, e alguém perguntou: "quando rola de novo?". Ele respondeu: "Bom, se o Don ficar doente, já sabe..."
Olha a fotinho do embaixador do inferno aí:
Foi lá, em uma entrevista coletiva, que Lord deu umas cotoveladas no disco Bananas mas disse que acha que o Deep Purple vai durar até que a pilha acabe.
"Não há motivos para que o rock não possa ser tocado pelas pessoas que estão envelhecendo. É a música que pertencia a eles quando eram jovens, então por que é que eles não poderiam levá-la adiante enquanto envelhecem? Você não diria a um músico de jazz ou de blues que eles não poderiam mais tocar porque estão ficando velhos. Então não vejo razões pelas quais eles não pudessem continuar se tivessem vontade."
Lord disse que tinha saudade de tocar com Steve Morse, e alguém perguntou: "quando rola de novo?". Ele respondeu: "Bom, se o Don ficar doente, já sabe..."
Olha a fotinho do embaixador do inferno aí:
terça-feira, 14 de outubro de 2003
Divagações musicais
Guardadas as diferenças óbvias, "Machine Head" é para o Deep Purple o que "Kind of Blue" foi para o Miles Davis. A simplicidade do riff de Smoke on the Water lembra o despojamento do tema básico de So What, aqueles dois acordes que se repetem. Sem falar em fraseados aparentemente imperceptíveis mas que se ouve com a familiaridade do som do vento, como a divagação de Jon Lord no teclado em Maybe I'm a Leo ou a de Coltrane em Blue in Green. Ou a repetição que, no tempo do vinil, fazia supor que o disco havia arranhado - tanto no riff do refrão de Space Truckin' quanto no solo de Davis em Flamenco Sketches.
Claro, nem todo mundo que gosta de Deep Purple vai gostar de Miles Davis e provavelmente vice-versa. Mas ouvir atentamente discos como esses é uma ótima explicação para o motivo de os artistas reunirem sua produção em álbuns. Bem sacado, o álbum mostra claramente as idéias que rolam na cabeça dos artistas num período determinado de tempo.
Há quem me pergunte "tá, mas que música do Deep Purple é boa?". Pessoalmente, não gosto desse tipo de pergunta, assim como não gosto de coletâneas por melhores que sejam. Elas desfiguram o trabalho de um artista pinçando apenas o que se tornou mais famoso - e desgastando pela repetição. Gosto é do álbum, com seus altos e baixos e preciosidades que não chegam a ficar famosas mas são uma delícia de descobrir.
Isoladamente, não tenho mais saco pra ouvir Smoke on the Water. No contexto de Machine Head, porém, entre Never Before e Lazy, a música volta a significar exatamente o que eu entendi dela quando tinha 15 anos e troquei o ingresso que tinha ganho do baixista do Roxette por um vinil de Machine Head na Megaforce. Cheguei em casa no final da tarde, com o disco dentro daquele saco preto com a mão prateada segurando um raio, e deitei sobre ele a agulha. Eu já conhecia Smoke on the Water, claro. Mas apenas depois que eu ouvi sobre o vazio, as águias e a neve e virei o disco e que entendi o que significava a fumaça sobre a água e o fogo no céu.
É o mesmo com o Kind of Blue. No meu tempo de solteiro morando sozinho, descobri em furtivos encontros o quanto o timing do Miles Davis era perfeito. Tenho So What em uma coletânea também - mas ali ela significa uma passagem entre um tema de Porgy & Bess e My Funny Valentine. Dentro do Kind of Blue a mesma música abre uma perfeita noite em boa companhia que sutilmente vai determinando um clima exato até que cai nos lençóis macios de Flamenco Sketches. E aí, meu amigo, o melhor é abrir o Torrontés enquanto Freddie Freeloader está na área.
Claro, nem todo mundo que gosta de Deep Purple vai gostar de Miles Davis e provavelmente vice-versa. Mas ouvir atentamente discos como esses é uma ótima explicação para o motivo de os artistas reunirem sua produção em álbuns. Bem sacado, o álbum mostra claramente as idéias que rolam na cabeça dos artistas num período determinado de tempo.
Há quem me pergunte "tá, mas que música do Deep Purple é boa?". Pessoalmente, não gosto desse tipo de pergunta, assim como não gosto de coletâneas por melhores que sejam. Elas desfiguram o trabalho de um artista pinçando apenas o que se tornou mais famoso - e desgastando pela repetição. Gosto é do álbum, com seus altos e baixos e preciosidades que não chegam a ficar famosas mas são uma delícia de descobrir.
Isoladamente, não tenho mais saco pra ouvir Smoke on the Water. No contexto de Machine Head, porém, entre Never Before e Lazy, a música volta a significar exatamente o que eu entendi dela quando tinha 15 anos e troquei o ingresso que tinha ganho do baixista do Roxette por um vinil de Machine Head na Megaforce. Cheguei em casa no final da tarde, com o disco dentro daquele saco preto com a mão prateada segurando um raio, e deitei sobre ele a agulha. Eu já conhecia Smoke on the Water, claro. Mas apenas depois que eu ouvi sobre o vazio, as águias e a neve e virei o disco e que entendi o que significava a fumaça sobre a água e o fogo no céu.
É o mesmo com o Kind of Blue. No meu tempo de solteiro morando sozinho, descobri em furtivos encontros o quanto o timing do Miles Davis era perfeito. Tenho So What em uma coletânea também - mas ali ela significa uma passagem entre um tema de Porgy & Bess e My Funny Valentine. Dentro do Kind of Blue a mesma música abre uma perfeita noite em boa companhia que sutilmente vai determinando um clima exato até que cai nos lençóis macios de Flamenco Sketches. E aí, meu amigo, o melhor é abrir o Torrontés enquanto Freddie Freeloader está na área.
segunda-feira, 13 de outubro de 2003
Ride the rainbow, crack the sky
A Deep Purple Appreciation Society botou no ar uma discografia ilustrada de Stormbringer. Foi o primeiro disco do Purple que eu ouvi, num vinil comido por traças (!), então tenho um carinho especial por ele.
Além das curiosas capas internacionais (como a argentina, em que o disco é renomeado Traetormentas, e da moçambicana, que é cor de laranja), a discografia traz algumas curiosidades que eu não sabia. Quais sejam:
1) Na Coréia do Sul, a faixa "Stormbringer" foi censurada e o disco foi renomeado "Soldier of Fortune". Será que foi por causa da "violência" da letra ("ride the rainbow, crack the sky, Stormbringer coming, time to die")? A imagem da capa, que tudo tem a ver com o título Stormbringer e com a letra da faixa vetada, foi mantida. Mais um exemplo de que toda censura é fundamentalmente burra.
2) O disco originalmente se chamaria Silence; a capa original tinha a imagem de uma mulher maquiada pedindo silêncio (é essa que vai aí do lado).
3) Quando foi decidido o nome Stormbringer, eles pensaram em usar a famosa foto que vai lá embaixo, em que uma audiência japonesa enfurecida destruiu a arena no penúltimo show do Ian Gillan no grupo. A imagem foi rejeitada por ser muito destrutiva.
4) A imagem definitiva da capa é uma pintura baseada numa foto famosa de um tornado nos EUA. Alguém conhece essa foto?
Há mais curiosidades sobre Stormbringer num artigo do xiru Giuliano Ventura para o qual eu dei uns pitacos. A coluna dele no site Backstage Pass é bem legal: chama-se "O Grito dos Excluídos" e faz resenhas de discos mezzo obscuros mas muito legais da história do rock.
Além das curiosas capas internacionais (como a argentina, em que o disco é renomeado Traetormentas, e da moçambicana, que é cor de laranja), a discografia traz algumas curiosidades que eu não sabia. Quais sejam:
1) Na Coréia do Sul, a faixa "Stormbringer" foi censurada e o disco foi renomeado "Soldier of Fortune". Será que foi por causa da "violência" da letra ("ride the rainbow, crack the sky, Stormbringer coming, time to die")? A imagem da capa, que tudo tem a ver com o título Stormbringer e com a letra da faixa vetada, foi mantida. Mais um exemplo de que toda censura é fundamentalmente burra.
2) O disco originalmente se chamaria Silence; a capa original tinha a imagem de uma mulher maquiada pedindo silêncio (é essa que vai aí do lado).
3) Quando foi decidido o nome Stormbringer, eles pensaram em usar a famosa foto que vai lá embaixo, em que uma audiência japonesa enfurecida destruiu a arena no penúltimo show do Ian Gillan no grupo. A imagem foi rejeitada por ser muito destrutiva.
4) A imagem definitiva da capa é uma pintura baseada numa foto famosa de um tornado nos EUA. Alguém conhece essa foto?
Há mais curiosidades sobre Stormbringer num artigo do xiru Giuliano Ventura para o qual eu dei uns pitacos. A coluna dele no site Backstage Pass é bem legal: chama-se "O Grito dos Excluídos" e faz resenhas de discos mezzo obscuros mas muito legais da história do rock.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2003
Paice: fui demitido pelo Coverdale
PURPLE NA FITA
O Albertino mandou pro The Highway Star a dica: a revista Batera & Percussão traz uma longa entrevista com o Ian Paice. Entre outras coisas (principalmente detalhes técnicos saborosos), ele revela que foi demitido do Whitesnake pelo Coverdale.
Resta esperar pra ver se as revistas de guitarra, baixo e teclado brasileiras aproveitaram os tios também.
No Velho Mundo, eles também estão a toda. Na revista Guitarist, a edição de novembro comemora com dez páginas os 35 anos da melhor banda do mundo. Teria até entrevista com o Blackmore, segundo o pessoal da DPAS. No site, infelizmente, não diz nada. Tem, porém, uma matéria antiga sobre os amplificadores do bruxo. A Guitar inglesa, que não tem seu conteúdo na internet, tem entrevistas com o Morse e com o Glover. Mesmo com a Classic Rock, que apresenta o Gillan. A Powerplay, que bota o Bananas como o álbum do mês, com nota 9, só tem o índice no ar.
Foda esse cenário britânico, né?
O Albertino mandou pro The Highway Star a dica: a revista Batera & Percussão traz uma longa entrevista com o Ian Paice. Entre outras coisas (principalmente detalhes técnicos saborosos), ele revela que foi demitido do Whitesnake pelo Coverdale.
Resta esperar pra ver se as revistas de guitarra, baixo e teclado brasileiras aproveitaram os tios também.
No Velho Mundo, eles também estão a toda. Na revista Guitarist, a edição de novembro comemora com dez páginas os 35 anos da melhor banda do mundo. Teria até entrevista com o Blackmore, segundo o pessoal da DPAS. No site, infelizmente, não diz nada. Tem, porém, uma matéria antiga sobre os amplificadores do bruxo. A Guitar inglesa, que não tem seu conteúdo na internet, tem entrevistas com o Morse e com o Glover. Mesmo com a Classic Rock, que apresenta o Gillan. A Powerplay, que bota o Bananas como o álbum do mês, com nota 9, só tem o índice no ar.
Foda esse cenário britânico, né?
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A rádio da cabeça do Blackmore
Olha este trecho da entrevista do Homem de Preto à Guitar Magazine, em 96:
"P: Começando lá por Burn e nos primeiros discos do Rainbow, seu jeito de tocar espelhou muito escalas tipo mesoeuropéias, meio húngaras.
R: Definitivamente. São minhas favoritas. Isso me emociona, essa coisa de paixão xigana. Basicamente os ciganos turcos, aquela coisa modal israelense. Adoro ouvir isso. Às vezes você liga a TV ou o rádio naquelas estações estrangeiras e ouve essas bandas turcas tocando, com aqueles instrumentos muito esquisitos e o cantor cantando aqueles semitons estranhos. Aquilo me motiva, pega bem no nervo."
P: Quando você foi exposto a isso pela primeira vez?
Não lembro. Não foi neste mundo. Sinto que foi há uns 400 anos, e que tem a ver com a minha crença na reencarnação. Existe alguma coisa naquilo que me leva de volta no tempo."
No DVD de The Making of Machine Head, o Jon Lord tira sarro disso. Diz que o Blackmore ouvia uma rádio húngara que só pegava na cabeça dele.
"P: Começando lá por Burn e nos primeiros discos do Rainbow, seu jeito de tocar espelhou muito escalas tipo mesoeuropéias, meio húngaras.
R: Definitivamente. São minhas favoritas. Isso me emociona, essa coisa de paixão xigana. Basicamente os ciganos turcos, aquela coisa modal israelense. Adoro ouvir isso. Às vezes você liga a TV ou o rádio naquelas estações estrangeiras e ouve essas bandas turcas tocando, com aqueles instrumentos muito esquisitos e o cantor cantando aqueles semitons estranhos. Aquilo me motiva, pega bem no nervo."
P: Quando você foi exposto a isso pela primeira vez?
Não lembro. Não foi neste mundo. Sinto que foi há uns 400 anos, e que tem a ver com a minha crença na reencarnação. Existe alguma coisa naquilo que me leva de volta no tempo."
No DVD de The Making of Machine Head, o Jon Lord tira sarro disso. Diz que o Blackmore ouvia uma rádio húngara que só pegava na cabeça dele.
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sábado, 4 de outubro de 2003
Blackmore se rende à guitarra
Primeiro era o nome do site oficial: de "Blackmore's Night Web Page" virou Ritchie Blackmore & Blackmore's Night Official Web Site". Depois, a Candice ganhou seu próprio site. Agora, o velho homem de preto voltou a pegar a velha Fender Stratocaster cor de creme pra tocar algumas músicas no palco (All For One, Village On The Sand e 16th Century Greensleeves). Tá lá na DPAS pra quem quiser ver, e foi de lá que eu roubei esta fotinha.
São sinais alentadores. Depois de seis anos tocando violão medieval, com resultados variando entre peças instrumentais sublimes e canções tipo new-age-de-balzaca-que-acredita-em-gnomos, depois de passar anos se vestindo feito os Sete Anões pra tirar fotos com a patroa, acho que muito em breve vamos voltar a ver o bom e velho resmungão brincar com eletricidade.
Eu não quero que ele volte ao Deep Purple, e certamente ele não volta. Mas um novo Rainbow cairia muito, mas muito bem. Torço pela carreira solo da patroa dele. Mas realmente não é o meu tipo de música.
Há 21, 22 anos, foi preciso o Blackmore ir à casa do Gillan no natal pra puxar as orelhas do grande vocalista e dizer que ele tava perdendo tempo com esse negócio de keeping a low profile com jazz-rock. Embora o som fosse muito legal, não atraía muito público. "Seu lugar é nos grandes estádios", disse Blackmore ao Gillan.
Quando eu ouvi vinte mil sardinhas abafarem o som do Purple no Gigantinho com seu canto, a primeira coisa em que pensei foi "viva Blackmore".
Alguém tinha que dar o mesmo tipo de puxão de orelha no homem de preto. Tenho certeza de que ele ouviria. Se alguém que estiver lendo isso for arriscar, diz pra ele tirar também aquele bigodinho bagaceiro.
São sinais alentadores. Depois de seis anos tocando violão medieval, com resultados variando entre peças instrumentais sublimes e canções tipo new-age-de-balzaca-que-acredita-em-gnomos, depois de passar anos se vestindo feito os Sete Anões pra tirar fotos com a patroa, acho que muito em breve vamos voltar a ver o bom e velho resmungão brincar com eletricidade.
Eu não quero que ele volte ao Deep Purple, e certamente ele não volta. Mas um novo Rainbow cairia muito, mas muito bem. Torço pela carreira solo da patroa dele. Mas realmente não é o meu tipo de música.
Há 21, 22 anos, foi preciso o Blackmore ir à casa do Gillan no natal pra puxar as orelhas do grande vocalista e dizer que ele tava perdendo tempo com esse negócio de keeping a low profile com jazz-rock. Embora o som fosse muito legal, não atraía muito público. "Seu lugar é nos grandes estádios", disse Blackmore ao Gillan.
Quando eu ouvi vinte mil sardinhas abafarem o som do Purple no Gigantinho com seu canto, a primeira coisa em que pensei foi "viva Blackmore".
Alguém tinha que dar o mesmo tipo de puxão de orelha no homem de preto. Tenho certeza de que ele ouviria. Se alguém que estiver lendo isso for arriscar, diz pra ele tirar também aquele bigodinho bagaceiro.
sexta-feira, 3 de outubro de 2003
Eu, tradutor do site do Gillan
Estou estreando como tradutor do site do Ian Gillan para o português. Passa lá! Pra ler o meu trabalho, tem que clicar na bandeirinha de Portugal (esses europeus...).
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sexta-feira, 26 de setembro de 2003
O cúmulo: Deep Purple na Caras
Sim. Tutty Vasques, o resenhista oficial da Caras, comenta que saiu na revista a foto:
"Seja lá quem for Andréa Prado, a amiga que levou Jô Soares ao show do Deep Purple tem estilo de causar inveja a Fernanda Young"
É aquela Caras que tem na capa o casamento da Donamarta do Petê. Alguém tem como escanear isso?
"Seja lá quem for Andréa Prado, a amiga que levou Jô Soares ao show do Deep Purple tem estilo de causar inveja a Fernanda Young"
É aquela Caras que tem na capa o casamento da Donamarta do Petê. Alguém tem como escanear isso?
quinta-feira, 25 de setembro de 2003
I hear the beating of your wings...
No show da Cidade do México, ontem, no espaço de tempo entre o fim de Smoke on the Water e o começo do bis, o Purple recebeu das mãos de Jean-Pierre Harrison os restos de três CDs que a astronauta Kalpana Chawla levou para ouvir no espaço: Machine Head, Purpendicular e Down To Earth (este, do Rainbow). Logo depois, antes de Hush, a banda tocou Contact Lost uma segunda vez.
O material doado à banda tem certificado de autenticidade da NASA. Acho que o Harrison é esse cara de barba. Troquei alguns emails com ele, mas sempre fico sem jeito na hora de responder.
O material doado à banda tem certificado de autenticidade da NASA. Acho que o Harrison é esse cara de barba. Troquei alguns emails com ele, mas sempre fico sem jeito na hora de responder.
quarta-feira, 24 de setembro de 2003
Não me chamo Walter, nem moro em Niterói
E aí, o que vocês acharam do Casseta e Planeta com o Deep Purple?
Tá rolando um belo debate lá no fórum. Já te cadastrou? Participa lá!
I'm sword! Speak seriously!
No site do Casseta, tem uma entrevista com o Gillan e uma com o Paice, que caiu numa piada velha por covardia. Tem também uma canja de House of Pain.
Tá rolando um belo debate lá no fórum. Já te cadastrou? Participa lá!
I'm sword! Speak seriously!
No site do Casseta, tem uma entrevista com o Gillan e uma com o Paice, que caiu numa piada velha por covardia. Tem também uma canja de House of Pain.
segunda-feira, 22 de setembro de 2003
No frigir dos ovos
Estadão: Gillan se veste como personagem de comédia
O Estadão resenha o show paulista, sem poupar elogios aos Hellacopters. O jornal aponta, com exatidão, que a escolha do mix de bandas foi "esquizofrênica". Acho que Hellacopters abrindo pro Deep Purple dava bem. Hellacopters abrindo pro Sepultura não fazia feio. Mas o Sepultura no meio não tinha nada a ver, embora muita gente goste de tudo isso.
Ao Deep Purple, são reservados alguns parágrafos meio irônicos. Grifos meus:
"À 0h17, entra a cereja do bolo, o Deep Purple. Tiozinhos vitaminados, têm energia e um hit parade para segurar qualquer show. O cantor Ian Gillan é o primeiro a entrar, filmando o público com sua câmera de vídeo. 'Vocês são inacreditáveis', ele diz. Gillan se veste que nem o Agustinho, de A Grande Família, as camisas excessivamente engomadas e o visual de cafa de periferia. É um grande boa-praça, e a voz ainda segura uma grande onda.
Com um solo vigoroso do 'dono da banda', o baixista Roger Glover, o Purple ataca Highway Star, e começa um outro show, com outro patamar de qualidade sonora - técnica, bem-entendido. O guitarrista Steve Morse brincou com citações de guitarra, tocando introduções de músicas dos Beatles ou Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, passando por Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Canções como Woman from Tokyo, Smoke on the Water, Black Night e Hush pagam o preço do ingresso. Hora de ir para casa, acabou a missa. "
Ao Deep Purple, são reservados alguns parágrafos meio irônicos. Grifos meus:
"À 0h17, entra a cereja do bolo, o Deep Purple. Tiozinhos vitaminados, têm energia e um hit parade para segurar qualquer show. O cantor Ian Gillan é o primeiro a entrar, filmando o público com sua câmera de vídeo. 'Vocês são inacreditáveis', ele diz. Gillan se veste que nem o Agustinho, de A Grande Família, as camisas excessivamente engomadas e o visual de cafa de periferia. É um grande boa-praça, e a voz ainda segura uma grande onda.
Com um solo vigoroso do 'dono da banda', o baixista Roger Glover, o Purple ataca Highway Star, e começa um outro show, com outro patamar de qualidade sonora - técnica, bem-entendido. O guitarrista Steve Morse brincou com citações de guitarra, tocando introduções de músicas dos Beatles ou Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, passando por Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Canções como Woman from Tokyo, Smoke on the Water, Black Night e Hush pagam o preço do ingresso. Hora de ir para casa, acabou a missa. "
Steve escreve em Porto Alegre
Em seu site, o Steve escreveu uma notes from the road ao deixar Porto Alegre. Ele menciona a imensa quantidade de entrevistas e participações na TV que o Purple fez e comenta: "um dos programas de TV envolvia dois comediantes com nomes que só se pode dizer na TV a cabo nos States". Heh.
Ele manifesta surpresa com o fato de bastante gente cantar junto algumas das músicas do novo disco, e se pergunta se tudo isso é resultado de cópias piratas do disco novo. Poxa, nas primeiras filas do Gigantinho éramos só eu e a Mila cantando. E Bananas chegou a ser o décimo mais vendido no site da Saraiva, então deve estar tendo alguma saída, não acham?
Mais pra frente ele até reconhece isso, atribuindo a uma vendagem possivelmente boa as pencas de convites para a TV. Ele reclama que sempre perguntam o motivo de o disco se chamar Bananas, e revela que cada vez eles inventam uma resposta mais estapafúrdia.
E é legal ver o Steve comentar sobre um fenômeno que eu sofri na pele: o empurra-empurra nas primeiras filas. Diz que na semana passada ele ficou apavorado ao ver a segurança empurrando a grade contra o público e as filas de trás esmagando cada vez mais os da frente contra a grade. Poxa, era fogo isso.
Ele manifesta surpresa com o fato de bastante gente cantar junto algumas das músicas do novo disco, e se pergunta se tudo isso é resultado de cópias piratas do disco novo. Poxa, nas primeiras filas do Gigantinho éramos só eu e a Mila cantando. E Bananas chegou a ser o décimo mais vendido no site da Saraiva, então deve estar tendo alguma saída, não acham?
Mais pra frente ele até reconhece isso, atribuindo a uma vendagem possivelmente boa as pencas de convites para a TV. Ele reclama que sempre perguntam o motivo de o disco se chamar Bananas, e revela que cada vez eles inventam uma resposta mais estapafúrdia.
E é legal ver o Steve comentar sobre um fenômeno que eu sofri na pele: o empurra-empurra nas primeiras filas. Diz que na semana passada ele ficou apavorado ao ver a segurança empurrando a grade contra o público e as filas de trás esmagando cada vez mais os da frente contra a grade. Poxa, era fogo isso.
domingo, 21 de setembro de 2003
Dias de vôo
Uma matéria da New York Times Magazine lembra os dias de glória do Starship 1, o avião usado por todas as grandes bandas entre 1973 e 1976 - palco e símbolo de toda espécie de excessos por parte das bandas. (Certa vez, no documentário Os Anos do Heavy Metal, perguntaram ao Steve Tyler, do Aerosmith, o que acontecera com o avião deles. "Subiu pelo nariz", ele respondeu.) Entre outros luxos, ele era equipado com uma suíte com cama queen-size e colchão d'água, lareira, telão, bar com teclado, cadeiras com assento de couro e duas aeromoças totosas chamadas Suzee e Bianca.
O Deep Purple também usou o avião, na turnê de 1974 (de California Jam), e não podia faltar na matéria. É a primeira vez em que vejo uma menção à banda no New York Times desde 1997, mas posso estar enganado. Os dois trechos em que os mestres aparecem são estes:
"Para os membros do Deep Purple e seus roadies, a maior vantagem era assistir filmes pornô no monitor de vídeo de último tipo e usar o Starship para atiçar as groupies ["atiradoras de elite", segundo o Tiago]. 'As meninas entravam no avião e voavam até onde quer que fosse o próximo show', lembra Bruce Payne, o empresário do grupo. 'Pais dentro do perímetro de dois Estados ligavam para a polícia'. Mas o baterista do Deep Purple, Ian Paice, não se arrepende. 'O Starship era um belo lugar para entrar para o clube da alta milhagem', diz."
"Paice tem boas lembranças de estar em Miami e, de repente, voar para Boston para jantar lagostas. 'Era um tempo em que tudo era factível', diz. 'E não tínhamos vergonha de gastar a grana'. Bruce Payne, o empresário da banda, rugia: 'Esse jantar provavelmente nos custou US$ 11 mil'."
Seu Casseta e os adoradores do Roxo Profundo
Confirmado para terça o Deep Purple no Casseta. Eles botaram no ar um vídeo bem legal: o Beto Silva é fã do Purple (inclusive mandou um email para o The Highway Star avisando sobre o programa, e com alguma sorte acessa este humilde blogue); o Hubert não gosta. olha a polêmica e uns trechos de House of Pain ao vivo no Casseta. Diz o Hubert que é uma pouca vergonha que o Purple tenha juntado mais gente no estúdio do que a Sheila Mello.
Já o Hélio de La Peña tirou o maior sarro de alguns amigos, que chamou de Adoradores do Roxo Profundo:
No carro, rumo ao Projac, fui tomando várias cervejas para entender os dogmas dessa religião e decorar as diversas formações por que passou a banda. Os dois fanáticos trocavam considerações sobre hits do passado como se fosse um duelo de repentistas. Citavam riffs clássicos da primeira fase, baladas da segunda fase, sucessos de quando eles voltaram... E eu que nem sabia que eles tinham ido!
Procurei extrair um pouco de cultura da experiência. Descobri que o baterista é canhoto, que o vocalista é meio estrela, o baixista é careca, o tecladista é brocha e que o guitarrista – como todos os guitarristas de rock – toca pra caralho.
A porta do estúdio tinha mais homem do que set de filmagem do Carandiru. Fucker lembrava que já gravamos com as duas Sheilas do Tchan, Xuxa, Luma de Oliveira, Sabrina do BBB, enfim, as maiores deusas do país, e nunca tanto marmanjo apareceu para ver as gravações. (...)
A banda chegou. Os coroas, vestidos em trajes civis, entraram no camarim sem ser notados. Mas quando reapareceram caracterizados de super-heróis do rock'n'roll, o tempo parou. Dividiram o corredor do estúdio em antes e depois de Deep Purple. Inebriados, tontos, desnorteados, os Adoradores do Roxo Profundo não queriam que aquele momento terminasse.
Não consegui ver meus amigos dentro do estúdio. Era muito mico pra eles ficar ao lado de um cara que não manja porra nenhuma daquilo, que nem sabia que Ian Gillan e Ian Paice não são a mesma pessoa.
Já o Hélio de La Peña tirou o maior sarro de alguns amigos, que chamou de Adoradores do Roxo Profundo:
No carro, rumo ao Projac, fui tomando várias cervejas para entender os dogmas dessa religião e decorar as diversas formações por que passou a banda. Os dois fanáticos trocavam considerações sobre hits do passado como se fosse um duelo de repentistas. Citavam riffs clássicos da primeira fase, baladas da segunda fase, sucessos de quando eles voltaram... E eu que nem sabia que eles tinham ido!
Procurei extrair um pouco de cultura da experiência. Descobri que o baterista é canhoto, que o vocalista é meio estrela, o baixista é careca, o tecladista é brocha e que o guitarrista – como todos os guitarristas de rock – toca pra caralho.
A porta do estúdio tinha mais homem do que set de filmagem do Carandiru. Fucker lembrava que já gravamos com as duas Sheilas do Tchan, Xuxa, Luma de Oliveira, Sabrina do BBB, enfim, as maiores deusas do país, e nunca tanto marmanjo apareceu para ver as gravações. (...)
A banda chegou. Os coroas, vestidos em trajes civis, entraram no camarim sem ser notados. Mas quando reapareceram caracterizados de super-heróis do rock'n'roll, o tempo parou. Dividiram o corredor do estúdio em antes e depois de Deep Purple. Inebriados, tontos, desnorteados, os Adoradores do Roxo Profundo não queriam que aquele momento terminasse.
Não consegui ver meus amigos dentro do estúdio. Era muito mico pra eles ficar ao lado de um cara que não manja porra nenhuma daquilo, que nem sabia que Ian Gillan e Ian Paice não são a mesma pessoa.
Chuva de cadeiras em São Paulo
Segundo a Folha, 33 mil caras foram ao Pacaembu ver o Purple no sábado.
É o Albertino quem conta. Pelo visto, a marcha da imbecilidade continuou em São Paulo, ao contrário do que garantiu um fã do Sepultura que entrou neste blogue e disse que o que eu presenciei era coisa de gaúcho...
"O show ontem foi marivilhoso, o set foi o mesmo dos últimos shows, com Space Truckin no lugar de Bananas. No solo do Airey teve um pequeno trecho de Mr Crowley,Aquarela do Brasil, Star Wars e uma música clássica, acho que do Vivaldi. Pena foi que quase no final de Haunted um imbecil jogou um negócio no rosto do Gillan. Pensei qté que ele ia parar de cantar, mas continuou. Não sei o que um débil mental desses tem na cabeça.
No Sepultura, além de haver uma invasão em massa do setor mais caro, houve uma chuva de cadeiras. Ainda bem que pelo visto ninguém se machucou. É ridículo querer fazer um show deles com cadeiras, estavam pedindo pra isso acontecer. Lamentável.
O Gillan cantou muito. O clima da banda no palco estava ótimo: um brincando com o outro, e o Morse sorriu praticamente o show inteiro. Dá gosto de ver eles tocando com tanta empolgação e harmonia.
Antes da Smoke o Morse tocou Sweet Child o Mine do Guns, Honky Tonk Women(Stones), Day Tripper(Beatles), Manic Depression(Hendrix).
Don Airey me surpreendeu: o solo dele foi bom demais. Eu conheço o trabalho dele há muitos anos pelas bandas e projetos onde tocou, mas não imaginava o quanto o cara toca. Em alguns desses momentos de sua carreira ele não tinha lá muito destaque, muitas vezes ele tocava e nem era considerado membro das bandas, apenas músico convidado. É claro que o mestre Lord faz muita falta e é por tudo que fez no Purple insubstituível, mas Don Airey está dando conta do recado."
O Zé Roberto dá mais detalhes:
"10 e 20 mais ou menos, entra o Sepultura e aí o bicho pegou. Eu estava em um setor meio distante (Setor G), e de onde eu estava, comecei a ver cadeiras voando no setor Vip Premium, (aquele dos convidados), arrancadas, desmembradas e atiradas longe pelos sem cérebro. Formou uma pilha enorme que os seguranças começaram a recolher. No nosso setor, som bom e ordem. Todos curtindo por incrivel que pareça. O Sepultura parecia que não acabava mais, mas acabou, e então passaram-se longos minutos de uma espera interminável, até que as 00:20, apagam-se as luzes e aí o estádio veio abaixo!!! Os primeiros acordes de Highway Star dão um arrepio de levantar até os pelos do nariz. Delírio total. É incrivel como podemos ver um Deep Purple super bem entrosado, com um bom humor incrivel entre todos. É como se eles tivessem formando a banda agora, com gás total. O Gillan era só alegria e estava num super astral, assim como o resto da banda. O set list foi o mesmo de Porto Alegre:
Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: (trechos de Guns n Roses, Rolling Stones, Led Zeppelin, AC/DC e Beatles)
Smoke on the Water
Bis:
Hush (com solo de bateria)
Black Night
Grande parte da platéia, ficou boiando com as músicas novas, mas é impressionante como Contact Lost ficou linda ao vivo. Haunted nem se fala. House of Pain uma porrada e I got your number, do cacete pra não falar outra coisa. Houveram dois mini solos de bateria do Ian Paice e um puta solo do Don Airey. Aliás falando nisso, acho que o Steve Morse poderia voltar a fazer com o Don Airey, aqueles duelos Guitarra/Teclado que fazia com o Jon Lord. O Pacaembú estava lotado e a vibração da platéia em algumas músicas como Perfect Strangers por exemplo, fizeram o Estádio tremer e ao terminar o showzaço do Deep Purple, eu nem lembrava mais quem tinha tocado antes. Meu amigo gravou os treis shows e eu estou curiosissimo pra ouvir. Tirou 80 fotos do Deep Purple, algumas de cima do palco e não vejo a hora dele revelar. Cheguei as 4 da matina em casa, quebrado e rouco, mas de alma lavada mais uma vez e dizendo: Long Live Rock n Roll, Long Live Deep Purple!!!!
Na volta pra casa, ouvindo o CD Bananas no carro, pensei nos Fãs de Curitiba e me senti muito triste, porque eles perderam o melhor show do ano. "
A Thaís também foi:
"o show começou demais, a banda estava alucinada com a platéia (amazing, unbeliaveble...), no começo uma energia muito boa e o show prometia ser daqueles muuuuuito intensos, mas eis que durante a Silver Tongue (acho), um IDIOTA qualquer lá da ala dos convidados jogou um troço qualquer na cara do Ian, bem no final da música e aquilo eu vi que foi um banho de água gelada no vocalista... o Roger, já no começo da outra música fez um sinal de "toma cuidado" para a platéia e até que depois eles conseguiram manter o ritmo, mas aquilo deu uma esfriada na banda, eu senti muito isso. Deu pra ver que o Gillan ficou p. mesmo, mas o show tinha que continuar então a coisa continupu acontecendo... ele interagia muito com a platéia. O Morse tocando com aquele carinho e olhava para a platéia como quem só tinha aquilo a oferecer e meio que mostrava os acordes, era muito legal. Glover uma simpatia, sempre... altíssimo astral para a banda. Paice com suas caras e bocas na bateria, demais tb... "
É o Albertino quem conta. Pelo visto, a marcha da imbecilidade continuou em São Paulo, ao contrário do que garantiu um fã do Sepultura que entrou neste blogue e disse que o que eu presenciei era coisa de gaúcho...
"O show ontem foi marivilhoso, o set foi o mesmo dos últimos shows, com Space Truckin no lugar de Bananas. No solo do Airey teve um pequeno trecho de Mr Crowley,Aquarela do Brasil, Star Wars e uma música clássica, acho que do Vivaldi. Pena foi que quase no final de Haunted um imbecil jogou um negócio no rosto do Gillan. Pensei qté que ele ia parar de cantar, mas continuou. Não sei o que um débil mental desses tem na cabeça.
No Sepultura, além de haver uma invasão em massa do setor mais caro, houve uma chuva de cadeiras. Ainda bem que pelo visto ninguém se machucou. É ridículo querer fazer um show deles com cadeiras, estavam pedindo pra isso acontecer. Lamentável.
O Gillan cantou muito. O clima da banda no palco estava ótimo: um brincando com o outro, e o Morse sorriu praticamente o show inteiro. Dá gosto de ver eles tocando com tanta empolgação e harmonia.
Antes da Smoke o Morse tocou Sweet Child o Mine do Guns, Honky Tonk Women(Stones), Day Tripper(Beatles), Manic Depression(Hendrix).
Don Airey me surpreendeu: o solo dele foi bom demais. Eu conheço o trabalho dele há muitos anos pelas bandas e projetos onde tocou, mas não imaginava o quanto o cara toca. Em alguns desses momentos de sua carreira ele não tinha lá muito destaque, muitas vezes ele tocava e nem era considerado membro das bandas, apenas músico convidado. É claro que o mestre Lord faz muita falta e é por tudo que fez no Purple insubstituível, mas Don Airey está dando conta do recado."
O Zé Roberto dá mais detalhes:
"10 e 20 mais ou menos, entra o Sepultura e aí o bicho pegou. Eu estava em um setor meio distante (Setor G), e de onde eu estava, comecei a ver cadeiras voando no setor Vip Premium, (aquele dos convidados), arrancadas, desmembradas e atiradas longe pelos sem cérebro. Formou uma pilha enorme que os seguranças começaram a recolher. No nosso setor, som bom e ordem. Todos curtindo por incrivel que pareça. O Sepultura parecia que não acabava mais, mas acabou, e então passaram-se longos minutos de uma espera interminável, até que as 00:20, apagam-se as luzes e aí o estádio veio abaixo!!! Os primeiros acordes de Highway Star dão um arrepio de levantar até os pelos do nariz. Delírio total. É incrivel como podemos ver um Deep Purple super bem entrosado, com um bom humor incrivel entre todos. É como se eles tivessem formando a banda agora, com gás total. O Gillan era só alegria e estava num super astral, assim como o resto da banda. O set list foi o mesmo de Porto Alegre:
Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: (trechos de Guns n Roses, Rolling Stones, Led Zeppelin, AC/DC e Beatles)
Smoke on the Water
Bis:
Hush (com solo de bateria)
Black Night
Grande parte da platéia, ficou boiando com as músicas novas, mas é impressionante como Contact Lost ficou linda ao vivo. Haunted nem se fala. House of Pain uma porrada e I got your number, do cacete pra não falar outra coisa. Houveram dois mini solos de bateria do Ian Paice e um puta solo do Don Airey. Aliás falando nisso, acho que o Steve Morse poderia voltar a fazer com o Don Airey, aqueles duelos Guitarra/Teclado que fazia com o Jon Lord. O Pacaembú estava lotado e a vibração da platéia em algumas músicas como Perfect Strangers por exemplo, fizeram o Estádio tremer e ao terminar o showzaço do Deep Purple, eu nem lembrava mais quem tinha tocado antes. Meu amigo gravou os treis shows e eu estou curiosissimo pra ouvir. Tirou 80 fotos do Deep Purple, algumas de cima do palco e não vejo a hora dele revelar. Cheguei as 4 da matina em casa, quebrado e rouco, mas de alma lavada mais uma vez e dizendo: Long Live Rock n Roll, Long Live Deep Purple!!!!
Na volta pra casa, ouvindo o CD Bananas no carro, pensei nos Fãs de Curitiba e me senti muito triste, porque eles perderam o melhor show do ano. "
A Thaís também foi:
"o show começou demais, a banda estava alucinada com a platéia (amazing, unbeliaveble...), no começo uma energia muito boa e o show prometia ser daqueles muuuuuito intensos, mas eis que durante a Silver Tongue (acho), um IDIOTA qualquer lá da ala dos convidados jogou um troço qualquer na cara do Ian, bem no final da música e aquilo eu vi que foi um banho de água gelada no vocalista... o Roger, já no começo da outra música fez um sinal de "toma cuidado" para a platéia e até que depois eles conseguiram manter o ritmo, mas aquilo deu uma esfriada na banda, eu senti muito isso. Deu pra ver que o Gillan ficou p. mesmo, mas o show tinha que continuar então a coisa continupu acontecendo... ele interagia muito com a platéia. O Morse tocando com aquele carinho e olhava para a platéia como quem só tinha aquilo a oferecer e meio que mostrava os acordes, era muito legal. Glover uma simpatia, sempre... altíssimo astral para a banda. Paice com suas caras e bocas na bateria, demais tb... "
sábado, 20 de setembro de 2003
Bronca curitibana
O Karl Ellwein foi mais um que perdeu a viagem:
"Cara, viajei 6 hrs de Londrina a Curitiba para ver o Purple... Vocês já sabem o resultado.... Pois bem. Até às 14.00hrs eu ainda ligava para um dos organizadores do evento, que me aconselhou a ir, por causa da liminar que poderia ser deferida pelo juíz... Eu estava com 30 pessoas ansiosas para ver o show. Resolvemos sair para a estrada, pois se esperássemos mais algum tempo demoraríamos muito para chegar... Se a gente não fosse e rolasse o show, não iriam devolver o dinheiro do ingresso. Resultado: Muitos se desentenderam por culpa de outras pessoas, pela péssima organização do evento, realmente desanimei em fazer novas excursões, foi uma experiência horrível. Chegamos lá e centenas de policiais para recepcionar a gente com cacetetes e armas... Inúmeras excursões voltando para suas cidades, todos deprimidos, enchendo a cara pra esquecer e descontando a raiva em outra coisa....E quem vai pagar as nossas despesas com a Van ??? Se fala muito em ingressos, mas e o pessoal de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Cascavel, Campo Mourão, Londrina ??? O que fazemos com os cerca de R$ 60,00 que cada um pagou na Van?? E com o choro da maioria do pessoal, do desgaste emocional ? Sugiro aqui que corramos atrás de nossos direitos através da Justiça, e que esses organizadores respondam judicialmente o que fizeram. Precisamos ser ressarcidos sim !!! Deixamos de ir a São Paulo, e agora vamos ver na TV e nos abalar mais ainda ???? Fica aqui registrado meu protesto..."
"Cara, viajei 6 hrs de Londrina a Curitiba para ver o Purple... Vocês já sabem o resultado.... Pois bem. Até às 14.00hrs eu ainda ligava para um dos organizadores do evento, que me aconselhou a ir, por causa da liminar que poderia ser deferida pelo juíz... Eu estava com 30 pessoas ansiosas para ver o show. Resolvemos sair para a estrada, pois se esperássemos mais algum tempo demoraríamos muito para chegar... Se a gente não fosse e rolasse o show, não iriam devolver o dinheiro do ingresso. Resultado: Muitos se desentenderam por culpa de outras pessoas, pela péssima organização do evento, realmente desanimei em fazer novas excursões, foi uma experiência horrível. Chegamos lá e centenas de policiais para recepcionar a gente com cacetetes e armas... Inúmeras excursões voltando para suas cidades, todos deprimidos, enchendo a cara pra esquecer e descontando a raiva em outra coisa....E quem vai pagar as nossas despesas com a Van ??? Se fala muito em ingressos, mas e o pessoal de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Cascavel, Campo Mourão, Londrina ??? O que fazemos com os cerca de R$ 60,00 que cada um pagou na Van?? E com o choro da maioria do pessoal, do desgaste emocional ? Sugiro aqui que corramos atrás de nossos direitos através da Justiça, e que esses organizadores respondam judicialmente o que fizeram. Precisamos ser ressarcidos sim !!! Deixamos de ir a São Paulo, e agora vamos ver na TV e nos abalar mais ainda ???? Fica aqui registrado meu protesto..."
Sobre Curitiba
É o Thyago quem manda bala:
Foi uma falta de respeito o que aconteceu hoje no estado do PR não só com as pessoas que compareceriam ao evento vindo perto ou de longe como pessoas que vieram de SC, mas também com as bandas que apesar de receberem eles estavam na cidade para fazer o que eles sabem fazer que é tocar suas músicas para o seu público. Nada contra o show ser cancelado, mas não como foi em cima da hora quando já existiam pessoas esperando na frente local escolhido para o show.
O que seria um orgulho para os fãs da boa música ter grandes músicos como os do DEEP PURPLE em nosso estado, acaba virando frustração e vergonha, da má organização do nosso estado e da nossa capital que tem orgulho de se auto denominar capital cultural da América, mas não tem um lugar capaz de receber um grande show deixando fãs de várias de idades na mão, e não é com a devolução do nosso dinheiro que ficaremos satisfeitos, não existe dinheiro que pague a emoção de ver seu ídolo tocando clássicos que só de ouvir já arrepiam. Foram três meses de contagem regresiva para nada. Só quem é fã sabe do que estou falando.
Foi uma falta de respeito o que aconteceu hoje no estado do PR não só com as pessoas que compareceriam ao evento vindo perto ou de longe como pessoas que vieram de SC, mas também com as bandas que apesar de receberem eles estavam na cidade para fazer o que eles sabem fazer que é tocar suas músicas para o seu público. Nada contra o show ser cancelado, mas não como foi em cima da hora quando já existiam pessoas esperando na frente local escolhido para o show.
O que seria um orgulho para os fãs da boa música ter grandes músicos como os do DEEP PURPLE em nosso estado, acaba virando frustração e vergonha, da má organização do nosso estado e da nossa capital que tem orgulho de se auto denominar capital cultural da América, mas não tem um lugar capaz de receber um grande show deixando fãs de várias de idades na mão, e não é com a devolução do nosso dinheiro que ficaremos satisfeitos, não existe dinheiro que pague a emoção de ver seu ídolo tocando clássicos que só de ouvir já arrepiam. Foram três meses de contagem regresiva para nada. Só quem é fã sabe do que estou falando.
Charge sobre Gillan no Casseta
O Charges.com.br botou no ar uma charge animada tirando sarro do Deep Purple ter ido ao Casseta e Planeta. A caricatura do Gillan está simplesmente HILÁRIA, e imagino que ele deva ter se sentido bem como diz a paródia. Claro que já mandei pro cara que administra o site do mestre, como não?
Saca só o que é a letra, cantada ao som de Smoke on the Water:
Com toda minha fama
Tô aqui bancando o otário
OK, eu gravo esse programa
Mas eu mato meu empresário
A sorte é que onde eu moro
Não passa esse canal
Oh, God, será que alguém assina na Inglaterra
Globo internacional
Oh, assim vai ter
E se eu fosse teu pai?
Oh, assim vai ter
Saca só o que é a letra, cantada ao som de Smoke on the Water:
Com toda minha fama
Tô aqui bancando o otário
OK, eu gravo esse programa
Mas eu mato meu empresário
A sorte é que onde eu moro
Não passa esse canal
Oh, God, será que alguém assina na Inglaterra
Globo internacional
Oh, assim vai ter
E se eu fosse teu pai?
Oh, assim vai ter
Gillan pedala o Jô
A entrevista do Deep Purple no Jô estava insossa. O Paice se divertiu muito falando da mulher dele. O Gillan estava com uma cara de "porra, maior roubada", e cochichava com o Don o tempo inteiro. Até que o Jô se dirigiu a ele e ele deu uma resposta perfeita:
-- E então, além de cantar, que outro papel você faz na banda?
-- Papel de bobo, às vezes...
-- E então, além de cantar, que outro papel você faz na banda?
-- Papel de bobo, às vezes...
Pra deixar claro
Olha só: eu não tenho nada contra Sepultura, inclusive gostava quando eu tinha uns 15 anos de idade. Ainda ontem à tarde tinha elogiado a música que eles gravaram com o Zé Ramalho para o filme Lisbela e o Prisioneiro, que ficou muito legal.
Mas só acho que animalices do tipo que eu vi no show, feitas por uma meia dúzia de centenas de caras que só foram lá pra ver o Sepultura, não são coisa de quem tá lá pra ver o show. Poxa, os caras nem viam os caras tocando - e eles tocam muito -, de tão preocupados que estavam em ver de onde vinha o soco seguinte. Tinha um baixinho de um metro e meio de altura que ficava com os punhos cerrados, na altura do rosto. Nem olhava pro palco, até porque tinha um monte de cabeças na frente; só ficava procurando roda punk pra se meter.
Isso é chato pra cacete, especialmente num ambiente em que tem vinte mil caras espremidos num espaço relativamente pequeno.
Mas só acho que animalices do tipo que eu vi no show, feitas por uma meia dúzia de centenas de caras que só foram lá pra ver o Sepultura, não são coisa de quem tá lá pra ver o show. Poxa, os caras nem viam os caras tocando - e eles tocam muito -, de tão preocupados que estavam em ver de onde vinha o soco seguinte. Tinha um baixinho de um metro e meio de altura que ficava com os punhos cerrados, na altura do rosto. Nem olhava pro palco, até porque tinha um monte de cabeças na frente; só ficava procurando roda punk pra se meter.
Isso é chato pra cacete, especialmente num ambiente em que tem vinte mil caras espremidos num espaço relativamente pequeno.
sexta-feira, 19 de setembro de 2003
Curitiba: o motivo
O Groucho, de Curitiba, esclarece:
"A última informação é que a prefeitura proibiu. Isso porque um show foi mal organizado uns 2 meses atras por aqui e 3 adolescentes morreram. Agora, ao invés de fiscalizar tudo certinho, o pessoal da prefeitura prefere ficar com medo que de alguma merda e os fãs que se fodam. Detalhe: a kaiser tirou o patrocinio e a responsabilidade pelo evento "
"A última informação é que a prefeitura proibiu. Isso porque um show foi mal organizado uns 2 meses atras por aqui e 3 adolescentes morreram. Agora, ao invés de fiscalizar tudo certinho, o pessoal da prefeitura prefere ficar com medo que de alguma merda e os fãs que se fodam. Detalhe: a kaiser tirou o patrocinio e a responsabilidade pelo evento "
Os mestres no celeiro de ases
Porto Alegre, 18 de setembro de 2003
Um concerto em três movimentos.
Primeiro Movimento: Andante
Ou "Razzle Dazzle, call it what you want"
Quando reunimos nosso grupo, já lá estava aquela multidão de gente de camiseta preta. Muitos com camiseta do Sepultura. Cabeças raspadas. Punks. Cabelos coloridos. Piercings heterodoxos. Tudo indicava que o bicho ia pegar lá dentro. Resolvemos deixar a fila passar e observar a fauna por uns instantes - tinha muito moleque barrado pela segurança por estar fazendo arruaça. Fomos tomar umas cervejas.
Só resolvemos entrar depois que já havia começado o show dos Hellacopters. Não nos interessava muito ver eles e o Sepultura, o que interessava era o prato principal. Então deixamos passar a fila e depois tentamos entrar. Primeira barreira: não podia levar máquina fotográfica, por exigência do patrocinador. "Até as TVs só vão poder filmar alguns segundos de cada show", disse alguém do marketing. Tivemos que deixar nossas câmeras num guarda-volumes da segurança. Sem problemas. Tudo pra ver o Deep Purple em paz.
Chegamos e já havia passado mais da metade dos Hellacopters. Do pouco que vimos, pareceu bem legalzinho. Mas não era o prato principal. Resolvemos aproveitar a pouca empolgação da massa com eles pra abrir caminho e tentar chegar mais perto do palco. E fomos chegando. E chegando. E chegando. E chegamos.
Segundo Movimento: Vivace
Ou "Fools die laughing still"
O bicho realmente pegou quando o Sepultura estava se preparando a tocar. A essa altura, já estávamos mais perto do palco, a uns cinco metros de distância. Descobrimos nos músculos o efeito de misturar os públicos de Sepultura e Deep Purple assim que alguns caras inventaram de brincar de fazer ola involuntária com a turma. Algum babaca empurrava de um lado e a platéia toda se desequilibrava. Até que alguém do outro lado se invocava e empurrava de volta. E nós no meio. Durante o show do Sepultura, surgiram vários focos de rebeldia no meio da platéia, em que grupos de pós-adolescentes descerebrados (menor de 18 não entra) faziam o que se chama de "roda punk": basicamente, praticavam o edificante esporte de dar e receber sopapos cordiais pelo amor ao barulho. Alguns homens fãs do Purple fizemos uma barreira humana para evitar que as meninas – a Mila e uma outra, que conseguiu levar máquina fotográfica – sofressem algum golpe. Chegamos a desenvolver um sismógrafo auditivo. Sabíamos que nas músicas "Territory", "Roots" e "Sepulnation" seria prudente reforçar a barreira, então ficamos atentos a alguns sinais. Fica fácil depois dos primeiros 15 minutos. Ao final do show do Sepultura, a coisa acalmou, apesar de alguns empurrões em massa. O importante era que sobrevivemos. O Deep Purple vale o sacrifício.
Terceiro Movimento: Presto
Ou "no matter what we get outta this..."
Finalmente, começou a preparação para o show do Purple. Enquanto os roadies ajustavam os instrumentos da banda e serventes desinfetavam o palco, alguns descerebrados remanescentes do show do Sepultura resolveram disparar insultos contra o que estava ajustando a bateria, porque estava "demorando demais". Sorte que o Sean não entende português e pena que os bobos não entendem que bom som precisa de regulagem, é diferente de sair destroçando de qualquer jeito (até o Sepultura sabe disso). Nós já estávamos descobrindo toda a emoção das sardinhas em lata. Havia apenas cinco filas de gente entre nós e o palco, e no final do show descobrimos que as cinco filas se apertavam em menos de 1,5 m². O setlist seria semelhante ao do Rio. Não tenho informações sobre como foi lá, mas em Porto Alegre tivemos DOIS solos de bateria. Numa entrevista antes da turnê brasileira começar, o Paice havia dito que não faria solos de bateria.
As luzes se apagaram lá pelas 0:10 – impossível olhar o relógio para saber ao certo. Os holofotes roxos iluminaram a cortina onde se lia o nome da banda. Paice subiu ao palco, sentou-se em seu banquinho e começou a fazer o que sabe melhor. Roger Glover veio logo em seguida e deu o ritmo. Highway Star, claro. Inicialmente, o baixo estava mixado muito alto, e pelo menos em Highway Star a gente quase só ouvia o baixo e as vozes da galera. Mais de 20 mil pessoas cantando a plenos pulmões cada verso da música. Os olhos do Gillan brilhavam ao ver a emoção toda. (Sim, as sardinhas privilegiadas podiam ver até o brilho dos olhos dele.) O mestre repetia toda hora o quanto éramos fantastic e amazing. Modéstia: fantástico e formidável é ele.
A Highway Star, seguiram-se Woman From Tokyo, que levantou a galera; Silver Tongue, que deixou muitos curiosos e poucos cantando; Lazy, que levantou de novo o povo. Então, Gillan pediu silêncio por um minuto, para que ele contasse brevemente a história do vôo STS-107, de Kalpana Chawla e de como a explosão da Columbia afetou o Deep Purple. Seguiu-se uma muitíssimo bem-sacada seqüência. Em Contact Lost, todos viram que Steve Morse não tem mãos, e sim uma enorme aranha que escala o braço da guitarra e faz o som da danada sorrir. Haunted, estou convencido, é uma espécie de homenagem a Kalpana. "All that's left is the ghost of your smile" lembra muito o que Ian escreveu em fevereiro ao homenagear os astronautas mortos - que só lembrava do sorriso de Kalpana. E Space Truckin' era a música que os heróis do espaço usavam como despertador. E lá se foram os 20 mil espectadores gritar o refrão: "COME ON! COME ON! LET'S GO SPACE TRUCKIN!" E foi aí que tivemos o primeiro solo de bateria da noite, para o deleite de milhares de pares de olhos arregalados.
I Got Your Number também não era muito conhecida do pessoal de lá, até por ser recente. Destaque, aqui, para o Gillan novamente. Com todo o respeito devido ao mestre, é a primeira vez em que eu o ouço acertar palavra por palavra de todas as músicas novas (em Lazy e Highway Star, por exemplo, ele vira versos de cabeça pra baixo há 31 anos). O pessoal tinha corrigido um pouco o volume do baixo na mixagem, mas nós ainda estávamos na frente do amplificador do Roger Glover. Isso só enfatizou como as músicas novas, especialmente, têm toda a malandragem nos hábeis dedos do senhor de bandana. Todas não: Well Dressed Guitar depende quase só dos dedos do Steve Morse, e in Morse we trust. Pena que quase não dava pra ouvir. Já falei que o baixo estava muito alto?
Acho que foi mais ou menos nessa fase do show que eu ouvi uma discussão feia à minha esquerda. Um troll exaltado queria ir mais pra perto da grade e gritava com uma moça: "Tu não entende nada de Deep Purple, eu sim; deixa eu passar!" E a moça era apenas a Mila, que traduz o THS para o português e ouve o Purple desde o berço - inclusive cantava de cor todas as músicas novas, nas quais o mané boiava. Se o simpático rapaz entende mesmo de Deep Purple, vai acessar o The Highway Star. Se estiver lendo esta resenha, fica o recado: cavalheirismo é sempre bom, mesmo num estádio superlotado e num canto onde todos são sardinhas.
House of Pain também agradou bastante a galera que ainda não conhecia. Muito mesmo. Também, com uma levada daquelas não tem como ficar indiferente.
Foi aí que as luzes se concentraram sobre Don Airey. O novo homem dos teclados do Purple não fez nada feio. Não diria que Jon Lord não faz falta, porque eu gosto muito dele. Mas o Don Airey traz um elemento novo muito sutil. Alguma energia extra, talvez. Citações diferentes. Começou com Beethoven. Alguns remanescentes da sepulnation vaiaram, e foi a primeira vez em que vi vaiarem isso - e olha que eu já ouvi uma penca de piratas. Coisas de show com Sepultura no meio. Entrou Aquarela do Brasil e o povo foi pro espaço durante o tema de Star Wars. Um pulinho pro lado e Airey estava no comando do Hammond, afundando os dedos na introdução de Perfect Strangers. E as vinte mil sardinhas que cantavam junto podiam lembrar, lembrar o nome deles, enquanto eles fluíam por nossas vidas, singravam mil oceanos e os frios, frios espíritos de gelo. A vida inteira, sombras de outros dias.
No riff-raff que precede Smoke on the Water desde pelo menos 1997, foi legal ver que ainda funciona a brincadeira do Steve. Eu invejo quem caiu - fui surpreendido num CD pirata há alguns anos, então ao vivo de verdade dilui um pouco o impacto depois de ouvir vários riff-raffs. Teve muito cara que se iludiu e achou que o Deep Purple ia tocar cover de Guns'n'Roses (que tem má fama entre os metaleiros mais "tradicionais", pelo menos por aqui), que ia sair cover de Led Zeppelin e de Jimi Hendrix. Vi algumas decepções, logo dissipadas com os quatro acordes mágicos que se tornaram a marca registrada do Purple. Eu já tinha participado uma vez de um coro de Smoke on the Water (no show de 97), mas nunca na frente do palco. Já tinha visto em vídeo, mas ver o Ian praticamente na minha frente com as mãos na cintura e reclamando "I CAN'T HEAR YOU, C'MON!" como um professor cobrando a letra do hino nacional é algo inesquecível.
No bis, tivemos Hush (com um razoável solo de bateria) e Black Night, com o Gigantinho tremendo com os ecos de ooô no riff. Mais tarde, comendo alguma coisa, decidimos nos reunir para uma comemoração anual do dia em que o Deep Purple esteve em Porto Alegre.
Então ficou assim o setlist:
Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: Sweet child O'Mine, Purple Haze, ?, Whole Lotta Love, ?
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush (com solo de bateria)
Black Night
Um concerto em três movimentos.
Primeiro Movimento: Andante
Ou "Razzle Dazzle, call it what you want"
Quando reunimos nosso grupo, já lá estava aquela multidão de gente de camiseta preta. Muitos com camiseta do Sepultura. Cabeças raspadas. Punks. Cabelos coloridos. Piercings heterodoxos. Tudo indicava que o bicho ia pegar lá dentro. Resolvemos deixar a fila passar e observar a fauna por uns instantes - tinha muito moleque barrado pela segurança por estar fazendo arruaça. Fomos tomar umas cervejas.
Só resolvemos entrar depois que já havia começado o show dos Hellacopters. Não nos interessava muito ver eles e o Sepultura, o que interessava era o prato principal. Então deixamos passar a fila e depois tentamos entrar. Primeira barreira: não podia levar máquina fotográfica, por exigência do patrocinador. "Até as TVs só vão poder filmar alguns segundos de cada show", disse alguém do marketing. Tivemos que deixar nossas câmeras num guarda-volumes da segurança. Sem problemas. Tudo pra ver o Deep Purple em paz.
Chegamos e já havia passado mais da metade dos Hellacopters. Do pouco que vimos, pareceu bem legalzinho. Mas não era o prato principal. Resolvemos aproveitar a pouca empolgação da massa com eles pra abrir caminho e tentar chegar mais perto do palco. E fomos chegando. E chegando. E chegando. E chegamos.
Segundo Movimento: Vivace
Ou "Fools die laughing still"
O bicho realmente pegou quando o Sepultura estava se preparando a tocar. A essa altura, já estávamos mais perto do palco, a uns cinco metros de distância. Descobrimos nos músculos o efeito de misturar os públicos de Sepultura e Deep Purple assim que alguns caras inventaram de brincar de fazer ola involuntária com a turma. Algum babaca empurrava de um lado e a platéia toda se desequilibrava. Até que alguém do outro lado se invocava e empurrava de volta. E nós no meio. Durante o show do Sepultura, surgiram vários focos de rebeldia no meio da platéia, em que grupos de pós-adolescentes descerebrados (menor de 18 não entra) faziam o que se chama de "roda punk": basicamente, praticavam o edificante esporte de dar e receber sopapos cordiais pelo amor ao barulho. Alguns homens fãs do Purple fizemos uma barreira humana para evitar que as meninas – a Mila e uma outra, que conseguiu levar máquina fotográfica – sofressem algum golpe. Chegamos a desenvolver um sismógrafo auditivo. Sabíamos que nas músicas "Territory", "Roots" e "Sepulnation" seria prudente reforçar a barreira, então ficamos atentos a alguns sinais. Fica fácil depois dos primeiros 15 minutos. Ao final do show do Sepultura, a coisa acalmou, apesar de alguns empurrões em massa. O importante era que sobrevivemos. O Deep Purple vale o sacrifício.
Terceiro Movimento: Presto
Ou "no matter what we get outta this..."
Finalmente, começou a preparação para o show do Purple. Enquanto os roadies ajustavam os instrumentos da banda e serventes desinfetavam o palco, alguns descerebrados remanescentes do show do Sepultura resolveram disparar insultos contra o que estava ajustando a bateria, porque estava "demorando demais". Sorte que o Sean não entende português e pena que os bobos não entendem que bom som precisa de regulagem, é diferente de sair destroçando de qualquer jeito (até o Sepultura sabe disso). Nós já estávamos descobrindo toda a emoção das sardinhas em lata. Havia apenas cinco filas de gente entre nós e o palco, e no final do show descobrimos que as cinco filas se apertavam em menos de 1,5 m². O setlist seria semelhante ao do Rio. Não tenho informações sobre como foi lá, mas em Porto Alegre tivemos DOIS solos de bateria. Numa entrevista antes da turnê brasileira começar, o Paice havia dito que não faria solos de bateria.
As luzes se apagaram lá pelas 0:10 – impossível olhar o relógio para saber ao certo. Os holofotes roxos iluminaram a cortina onde se lia o nome da banda. Paice subiu ao palco, sentou-se em seu banquinho e começou a fazer o que sabe melhor. Roger Glover veio logo em seguida e deu o ritmo. Highway Star, claro. Inicialmente, o baixo estava mixado muito alto, e pelo menos em Highway Star a gente quase só ouvia o baixo e as vozes da galera. Mais de 20 mil pessoas cantando a plenos pulmões cada verso da música. Os olhos do Gillan brilhavam ao ver a emoção toda. (Sim, as sardinhas privilegiadas podiam ver até o brilho dos olhos dele.) O mestre repetia toda hora o quanto éramos fantastic e amazing. Modéstia: fantástico e formidável é ele.
A Highway Star, seguiram-se Woman From Tokyo, que levantou a galera; Silver Tongue, que deixou muitos curiosos e poucos cantando; Lazy, que levantou de novo o povo. Então, Gillan pediu silêncio por um minuto, para que ele contasse brevemente a história do vôo STS-107, de Kalpana Chawla e de como a explosão da Columbia afetou o Deep Purple. Seguiu-se uma muitíssimo bem-sacada seqüência. Em Contact Lost, todos viram que Steve Morse não tem mãos, e sim uma enorme aranha que escala o braço da guitarra e faz o som da danada sorrir. Haunted, estou convencido, é uma espécie de homenagem a Kalpana. "All that's left is the ghost of your smile" lembra muito o que Ian escreveu em fevereiro ao homenagear os astronautas mortos - que só lembrava do sorriso de Kalpana. E Space Truckin' era a música que os heróis do espaço usavam como despertador. E lá se foram os 20 mil espectadores gritar o refrão: "COME ON! COME ON! LET'S GO SPACE TRUCKIN!" E foi aí que tivemos o primeiro solo de bateria da noite, para o deleite de milhares de pares de olhos arregalados.
I Got Your Number também não era muito conhecida do pessoal de lá, até por ser recente. Destaque, aqui, para o Gillan novamente. Com todo o respeito devido ao mestre, é a primeira vez em que eu o ouço acertar palavra por palavra de todas as músicas novas (em Lazy e Highway Star, por exemplo, ele vira versos de cabeça pra baixo há 31 anos). O pessoal tinha corrigido um pouco o volume do baixo na mixagem, mas nós ainda estávamos na frente do amplificador do Roger Glover. Isso só enfatizou como as músicas novas, especialmente, têm toda a malandragem nos hábeis dedos do senhor de bandana. Todas não: Well Dressed Guitar depende quase só dos dedos do Steve Morse, e in Morse we trust. Pena que quase não dava pra ouvir. Já falei que o baixo estava muito alto?
Acho que foi mais ou menos nessa fase do show que eu ouvi uma discussão feia à minha esquerda. Um troll exaltado queria ir mais pra perto da grade e gritava com uma moça: "Tu não entende nada de Deep Purple, eu sim; deixa eu passar!" E a moça era apenas a Mila, que traduz o THS para o português e ouve o Purple desde o berço - inclusive cantava de cor todas as músicas novas, nas quais o mané boiava. Se o simpático rapaz entende mesmo de Deep Purple, vai acessar o The Highway Star. Se estiver lendo esta resenha, fica o recado: cavalheirismo é sempre bom, mesmo num estádio superlotado e num canto onde todos são sardinhas.
House of Pain também agradou bastante a galera que ainda não conhecia. Muito mesmo. Também, com uma levada daquelas não tem como ficar indiferente.
Foi aí que as luzes se concentraram sobre Don Airey. O novo homem dos teclados do Purple não fez nada feio. Não diria que Jon Lord não faz falta, porque eu gosto muito dele. Mas o Don Airey traz um elemento novo muito sutil. Alguma energia extra, talvez. Citações diferentes. Começou com Beethoven. Alguns remanescentes da sepulnation vaiaram, e foi a primeira vez em que vi vaiarem isso - e olha que eu já ouvi uma penca de piratas. Coisas de show com Sepultura no meio. Entrou Aquarela do Brasil e o povo foi pro espaço durante o tema de Star Wars. Um pulinho pro lado e Airey estava no comando do Hammond, afundando os dedos na introdução de Perfect Strangers. E as vinte mil sardinhas que cantavam junto podiam lembrar, lembrar o nome deles, enquanto eles fluíam por nossas vidas, singravam mil oceanos e os frios, frios espíritos de gelo. A vida inteira, sombras de outros dias.
No riff-raff que precede Smoke on the Water desde pelo menos 1997, foi legal ver que ainda funciona a brincadeira do Steve. Eu invejo quem caiu - fui surpreendido num CD pirata há alguns anos, então ao vivo de verdade dilui um pouco o impacto depois de ouvir vários riff-raffs. Teve muito cara que se iludiu e achou que o Deep Purple ia tocar cover de Guns'n'Roses (que tem má fama entre os metaleiros mais "tradicionais", pelo menos por aqui), que ia sair cover de Led Zeppelin e de Jimi Hendrix. Vi algumas decepções, logo dissipadas com os quatro acordes mágicos que se tornaram a marca registrada do Purple. Eu já tinha participado uma vez de um coro de Smoke on the Water (no show de 97), mas nunca na frente do palco. Já tinha visto em vídeo, mas ver o Ian praticamente na minha frente com as mãos na cintura e reclamando "I CAN'T HEAR YOU, C'MON!" como um professor cobrando a letra do hino nacional é algo inesquecível.
No bis, tivemos Hush (com um razoável solo de bateria) e Black Night, com o Gigantinho tremendo com os ecos de ooô no riff. Mais tarde, comendo alguma coisa, decidimos nos reunir para uma comemoração anual do dia em que o Deep Purple esteve em Porto Alegre.
Então ficou assim o setlist:
Highway Star
Woman from Tokyo
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin' (com solo de bateria)
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well Dressed Guitar
House of Pain
Solo do Don Airey, incluindo Aquarela do Brasil e o tema de Star Wars.
Perfect Strangers
Riff-raff do Morse: Sweet child O'Mine, Purple Haze, ?, Whole Lotta Love, ?
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush (com solo de bateria)
Black Night
Curitiba cancelado?
Parece que Curitiba foi cancelado por motivos de segurança. Aguardem bombásticas informações.
Será que viram o rolo que é fazer show do Purple onde vai ter fãs do Sepultura?
Será que viram o rolo que é fazer show do Purple onde vai ter fãs do Sepultura?
Mais um viu
O Luíz Otávio Junges também estava lá no celeiro de ases e manda bala:
"cara, as palavras apoteótico e antológico são medíocres par descrever o que aconteceu no gigantinho. talvez tenha sido o melhor show que eu já vi em termos de interação público-banda. o pessoal do purple (os caras tão judiados mesmo, o gillan e o baixo são dois tios de cabelo branco) babou com a empolgação do público, que cantou praticamente todas as músicas. o gillan fez várias reverências pro publico, se curvando como que em adoração, batendo palmas e repetindo a todo momento: 'you are amazing! you are fantastic!' eu não tinha idéia da performance do gillan no palco - nesse show ele parecia uma criança que tinha ganhado o melhor presente do mundo. quanto aos músicos, os caras detonaram. morse (guitarra) sensacional, tecladista irrepreensível, paice (batera) fantástico. uma coisa que eu achei muito a fudê, que o dantinho falou que é normal nos shows, é que o baixo tava muito alto no início, e o glover toca muito, a galera delirou e acompanhou o ritmo do baixo, começando o show melhor do que isso seria impossível, e ao som de highway star, foi de pedir pra morrer - parecia um sonho, porra! e na finaleira, pra não deixar pedra sobre pedra, smoke on the water. qualidade do som excelente, sem eco (não sei o que eles fizeram, porque o felipe me disse que longe do palco dava eco no gigantinho, mas eu pelo menos não ouvi nada, nada)."
Ele também manda um aviso pros amigos furões: "mas o guga e o daniel são dois 0x0! arquibancada num show desses é pra matar! eu não vi vocês lá, mas depois do show vi que tinha uma ligação no celular. bom, pelo menos vocês estavam lá! mané que não foi, se fudeu. foram os 25 reais mais bem gastos dos últimos tempos."
Ô, Guga" Ô, Daniel! A melhor parte do show é juntar o povo pra curtir junto um momento único! Eu, pelo menos, de tempos em tempos me empolgava com um trecho da música, olhava pro lado e via um desconhecido com a mesma cara de bobo que eu e já dava aquele aperto de mão de estralar dedo...
"cara, as palavras apoteótico e antológico são medíocres par descrever o que aconteceu no gigantinho. talvez tenha sido o melhor show que eu já vi em termos de interação público-banda. o pessoal do purple (os caras tão judiados mesmo, o gillan e o baixo são dois tios de cabelo branco) babou com a empolgação do público, que cantou praticamente todas as músicas. o gillan fez várias reverências pro publico, se curvando como que em adoração, batendo palmas e repetindo a todo momento: 'you are amazing! you are fantastic!' eu não tinha idéia da performance do gillan no palco - nesse show ele parecia uma criança que tinha ganhado o melhor presente do mundo. quanto aos músicos, os caras detonaram. morse (guitarra) sensacional, tecladista irrepreensível, paice (batera) fantástico. uma coisa que eu achei muito a fudê, que o dantinho falou que é normal nos shows, é que o baixo tava muito alto no início, e o glover toca muito, a galera delirou e acompanhou o ritmo do baixo, começando o show melhor do que isso seria impossível, e ao som de highway star, foi de pedir pra morrer - parecia um sonho, porra! e na finaleira, pra não deixar pedra sobre pedra, smoke on the water. qualidade do som excelente, sem eco (não sei o que eles fizeram, porque o felipe me disse que longe do palco dava eco no gigantinho, mas eu pelo menos não ouvi nada, nada)."
Ele também manda um aviso pros amigos furões: "mas o guga e o daniel são dois 0x0! arquibancada num show desses é pra matar! eu não vi vocês lá, mas depois do show vi que tinha uma ligação no celular. bom, pelo menos vocês estavam lá! mané que não foi, se fudeu. foram os 25 reais mais bem gastos dos últimos tempos."
Ô, Guga" Ô, Daniel! A melhor parte do show é juntar o povo pra curtir junto um momento único! Eu, pelo menos, de tempos em tempos me empolgava com um trecho da música, olhava pro lado e via um desconhecido com a mesma cara de bobo que eu e já dava aquele aperto de mão de estralar dedo...
Primeira resenha
Esta não é a minha ainda (tá fogo o dia hoje), e sim do Marcos Resende. Ele sabe porque estava lá:
Foi um grande show do Purple. O show no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, começou no dia seguinte. Era para ser no dia 18, mas começou depois da meia-noite. Era zero hora e 15 ou 30 minutos, não lembro, quando o Deep Purple entrou no palco. Antes da meia-noite, até que não foi difícil aguentar o som dos suecos do Hellacopters, parecia divertido, mas sem conhecer as músicas é complicado. Na sequência, na hora do "barulho" do Sepultura me meti no bar do ginásio e ali fiquei enchendo a cara de Kaiser (argh!) e whiskey (Passport) e também conversando com velhos fãs do DP que aguardavam o grande momento da noite. O Gigantinho estava lotado nos espaços disponíveis na pista e arquibancada, e ficaram apenas alguns lugares vazios nas cadeiras numeradas. Mas a grande merda da noite foi o camarote da Kaiser que tirou parte da visão de quem estava num dos lados da arquibancada, fazendo com que esse povo só tivesse uma visão completa do palco através do telão. Como pista e arquibancada eram integradas, quando acabou o show do Sepultura, me meti na pista e consegui um bom lugar bem de frente pro palco. Não teve cadeira na pista. O show foi muito bom, mas havia algum problema no som. É tradicional que a acústica do Gigantinho é ruim, mas desta vez a qualidade até que foi suportável. No início estava difícil de ouvir o vocal do Gillan, mas depois da primeira música a mesa de som tratou de corrigir o problema. O público ficou enlouquecido na abertura com 'Highway Star'; depois com 'Knockin at Your Back Door'; 'Perfect Strangers', executada após o tema de Guerra nas Estrelas nos teclados de Don Airey (que teve alienígenas que acharam que era música do DP - hehe); na muito esperada 'Smoke On the Water', com o Ginásio inteiro cantado o refrão; e no final com as clássicas 'Hush' e 'Black Night'. Esses foram os grandes momentos da noite, o restante do show foi extremamente competente, mas não chegou a entusiasmar o público na sua totalidade. Agora, o que senti falta no palco foi a presença do Jonh Lord. Não adianta, o Don Airey é competente, mas o Jonh Lord é uma figuraça. Às vezes eu ficava olhando pro palco e imaginado o cara ali. Fora isso, foi um baita show do Deep Purple. Sem falar que o Steve Morse toca para caralho ! Eram 2 da madrugada quando o show acabou. Fiquei observando o ginásio esvaziar e tomei o rumo das ruas da cidade e também mais um pouco de cerveja. Tudo feito para celebrar este momento. O legal é que apesar da Kaiser que tomei no ginásio, e não dormir quase nada, não tive ressaca. Acho que fiquei bem por que fiquei com Deep Purple na cabeça. E Deep Purple não dá ressaca.
Agradecimentos para todos os verdadeiros fãs de rock que estiveram presentes nesta noite no Gigantinho; para o Bola ( foi bom voltar a falar contigo, um abraço !); para a turma do velho e bom rock (e que toca um Rush, of course) de Canela / Gramado - um abraço pra vocês ! ); e em especial pra Vivian, aquela menina que tem me feito voltar a sorrir - "At speed of love(...)nothing changes faster(...)".
And Special Thanks to
Ian Gillan
Roger Glover
Steve Morse
Don Airey
Ian Paice
"Smoke on the water, fire in the sky" (of Porto Alegre)
Foi um grande show do Purple. O show no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, começou no dia seguinte. Era para ser no dia 18, mas começou depois da meia-noite. Era zero hora e 15 ou 30 minutos, não lembro, quando o Deep Purple entrou no palco. Antes da meia-noite, até que não foi difícil aguentar o som dos suecos do Hellacopters, parecia divertido, mas sem conhecer as músicas é complicado. Na sequência, na hora do "barulho" do Sepultura me meti no bar do ginásio e ali fiquei enchendo a cara de Kaiser (argh!) e whiskey (Passport) e também conversando com velhos fãs do DP que aguardavam o grande momento da noite. O Gigantinho estava lotado nos espaços disponíveis na pista e arquibancada, e ficaram apenas alguns lugares vazios nas cadeiras numeradas. Mas a grande merda da noite foi o camarote da Kaiser que tirou parte da visão de quem estava num dos lados da arquibancada, fazendo com que esse povo só tivesse uma visão completa do palco através do telão. Como pista e arquibancada eram integradas, quando acabou o show do Sepultura, me meti na pista e consegui um bom lugar bem de frente pro palco. Não teve cadeira na pista. O show foi muito bom, mas havia algum problema no som. É tradicional que a acústica do Gigantinho é ruim, mas desta vez a qualidade até que foi suportável. No início estava difícil de ouvir o vocal do Gillan, mas depois da primeira música a mesa de som tratou de corrigir o problema. O público ficou enlouquecido na abertura com 'Highway Star'; depois com 'Knockin at Your Back Door'; 'Perfect Strangers', executada após o tema de Guerra nas Estrelas nos teclados de Don Airey (que teve alienígenas que acharam que era música do DP - hehe); na muito esperada 'Smoke On the Water', com o Ginásio inteiro cantado o refrão; e no final com as clássicas 'Hush' e 'Black Night'. Esses foram os grandes momentos da noite, o restante do show foi extremamente competente, mas não chegou a entusiasmar o público na sua totalidade. Agora, o que senti falta no palco foi a presença do Jonh Lord. Não adianta, o Don Airey é competente, mas o Jonh Lord é uma figuraça. Às vezes eu ficava olhando pro palco e imaginado o cara ali. Fora isso, foi um baita show do Deep Purple. Sem falar que o Steve Morse toca para caralho ! Eram 2 da madrugada quando o show acabou. Fiquei observando o ginásio esvaziar e tomei o rumo das ruas da cidade e também mais um pouco de cerveja. Tudo feito para celebrar este momento. O legal é que apesar da Kaiser que tomei no ginásio, e não dormir quase nada, não tive ressaca. Acho que fiquei bem por que fiquei com Deep Purple na cabeça. E Deep Purple não dá ressaca.
Agradecimentos para todos os verdadeiros fãs de rock que estiveram presentes nesta noite no Gigantinho; para o Bola ( foi bom voltar a falar contigo, um abraço !); para a turma do velho e bom rock (e que toca um Rush, of course) de Canela / Gramado - um abraço pra vocês ! ); e em especial pra Vivian, aquela menina que tem me feito voltar a sorrir - "At speed of love(...)nothing changes faster(...)".
And Special Thanks to
Ian Gillan
Roger Glover
Steve Morse
Don Airey
Ian Paice
"Smoke on the water, fire in the sky" (of Porto Alegre)
THS fecha os fóruns
O Dave Hodgkinson fechou os fóruns de discussão do The Highway Star. Pena mesmo. O fórum em português estava começando a deslanchar com uma turma boa, mas nos gringos tinha uns malas - sempre eles - que ferravam tudo.
E até a paciência do Paul Mann conseguiram estourar. Foi uma medida sábia, embora dolorosa. O único jeito de impedir os trolls de aparecerem é distribuir implantes de bom senso para toda a população mundial, feitos pela ONU.
Para a brasileirada que ficou órfã do fórum, quem vota a favor de abrirmos uma lista de discussão sobre o Deep Purple?
E até a paciência do Paul Mann conseguiram estourar. Foi uma medida sábia, embora dolorosa. O único jeito de impedir os trolls de aparecerem é distribuir implantes de bom senso para toda a população mundial, feitos pela ONU.
Para a brasileirada que ficou órfã do fórum, quem vota a favor de abrirmos uma lista de discussão sobre o Deep Purple?
Conclusões pós-show
1) O Sepultura devia ter acabado quando saiu o Max Cavalera. Assim eu não teria levado tanto chute e soco involuntário quanto levei de uns retardados que insistiam em fazer roda punk enquanto eu esperava o prato principal. Nunca mais vou a um show do Sepultura na minha vida (tá, eu não ia mesmo, mas ainda assim. Ainda assim). Se você for ao show do Purple no Kaiser Music, vá com um casaco bem grosso, não importa o calor.
2) Já falei alguma vez que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Pois é. Era eufemismo.
3) Nunca confie num palpite de gente que trabalha com marquetagem. Sério.
4) Pedimos informações a três caras diferentes da equipe de marquetagem. Apenas o terceiro prestou mais atenção na Camila que no Tiago, e apenas esse deu informações corretas. Conclusão politicamente incorreta da noite, após algumas esfihas no Habib's: dar informações erradas é coisa de viado.
5) A Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeçaaaaaaaa!!!! Ninguém pode negar.
6) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Mencionei também que era eufemismo? Pois é. Não só era eufemismo como eu também estava redondamente enganado. São maiores que a história grega, são o Deep Purple e lhes chega pra ser felizes no universo. They're space trucking 'round the stars.
7) Até que os Elecópetros são bem legaizinhos. Mas só a nível de até.
8) O Gillan lembrou de cada palavra das letras do disco novo do Deep Purple. Fato inédito e histórico.
9) In Morse we trust. E não foi apenas a primeira consoante que mudou no teclado do Purple. Veio vigor, com todo respeito ao Jon Lord.
10) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda que existe? Se não falei, deixo dito.
2) Já falei alguma vez que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Pois é. Era eufemismo.
3) Nunca confie num palpite de gente que trabalha com marquetagem. Sério.
4) Pedimos informações a três caras diferentes da equipe de marquetagem. Apenas o terceiro prestou mais atenção na Camila que no Tiago, e apenas esse deu informações corretas. Conclusão politicamente incorreta da noite, após algumas esfihas no Habib's: dar informações erradas é coisa de viado.
5) A Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeça, a Kaiser dá dor-de-cabeçaaaaaaaa!!!! Ninguém pode negar.
6) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda do mundo? Mencionei também que era eufemismo? Pois é. Não só era eufemismo como eu também estava redondamente enganado. São maiores que a história grega, são o Deep Purple e lhes chega pra ser felizes no universo. They're space trucking 'round the stars.
7) Até que os Elecópetros são bem legaizinhos. Mas só a nível de até.
8) O Gillan lembrou de cada palavra das letras do disco novo do Deep Purple. Fato inédito e histórico.
9) In Morse we trust. E não foi apenas a primeira consoante que mudou no teclado do Purple. Veio vigor, com todo respeito ao Jon Lord.
10) Já falei que o Deep Purple é a melhor banda que existe? Se não falei, deixo dito.
quinta-feira, 18 de setembro de 2003
Os senhores de Ipanema
O sobrinho de uma das gurias dos Purple Forums manda o relato do show no Rio:
Após 1 h. na fila, entrei. Me deparei com uma situação estranha: Não tinha mesas, só cadeiras. Aparece um comunicado nos telões dizendo que 'o artista pediu que as mesas fossem retiradas'. Purple é rock até o osso!!! O q aconteceu? Ninguém sentou nas cadeiras. Quem pagou mais caro ficou em pé, colado no palco, e os q pagaram $60 ficaram atrás de uma grade, a cerca de 25m do palco. Fiquei me lamentando de não ter pago $20 a mais p/ ficar colado no palco e tentar pegar uma das 37 palhetas, 4 baquetas e 5 toalhas que a banda tacou na galera.
O Deepestfan diz que o povo não quis nem saber:
Quando as luzes se apagaram, a galera saiu correndo pra frente do palco (no pequeno espaço entre a primeira fila das cadeiras e o palco) e aí já era....abrindo com Highway Star, a segurança ainda tentou, mas não deu pra conter a galera. Era um show de rock completo!!!! Muita gente da pista também invadiu....
O Purple tocou Space Truckin' desta vez, logo depois de Haunted - o que só acrescenta à minha idéia de que Haunted é uma homenagem à Kalpana Chawla ("all that's left is the ghost of your smile", diz a música; quando houve o acidente, o Gillan diz que da nave o que ele mais lembrava era do sorriso dela). Space Truckin' é muito legal, mas pra entrar eles tiraram Bananas - que é uma das músicas mais legais do novo disco. I've Got Your Number, que estava no bis, veio logo depois. O bis ficou com Hush e Black Night.
No solo do Airey, teve o tema de O Fantasma da Ópera, depois Chega de Saudade, o tema de Star Wars e algo que ele classificou como "alguns barulhinhos legais, uma dakelas músicas clássicas q tocam no desenho do Pernalonga" (possivelmente Chopin). Aí entrou Lazy. No Riff-Raff do Morse antes de Smoke on the Water, teve Sweet Child O' Mine, Little Wing, Back In Black, Here Comes the Sun e Whole Lotta Love.
O Marcel manda o setlist inteiro:
Highway Star
Woman from Tokio
Silver Tongue
Lazy
Contact Lost
Haunted
Space Truckin
I Got Your Number
Knockin at Your back Door
Well dressed Guitar
House of Pain
Perfect Strangers
Smoke on the Water
-----------------------------------
Hush
Black Night
quarta-feira, 17 de setembro de 2003
Glover na Zero Hora
Abaixo, a íntegra da entrevista com o Glover que saiu na Zero de hoje:
"Show
Entrevista: Roger Glover, baixista do Deep Purple
Discreto e eficiente como manda o arquétipo do baixista de rock, Roger Glover é uma das principais forças dentro do Deep Purple e um dos remanescentes da chamada formação clássica da banda, do início dos anos 70. Sóbrio, mas bem-humorado, Glover falou a Zero Hora por telefone dos Estados Unidos, onde mora. Leia a íntegra da entrevista:
Zero Hora – Vocês escolheram começar a turnê pelo Brasil, é importante tocar aqui?
Roger Glover – É importante ir a todos os lugares. É uma questão de negócios, os agentes decidiram marcar os shows, não é uma escolha nossa.
ZH – O repertório será diferente no Brasil?
Glover – O Brasil verá um Deep Purple bem diferente do das últimas turnês. Nos últimos dois anos, vínhamos tocando o mesmo repertório em turnês e festivais, não tínhamos um novo disco. Agora, vai mudar, temos um disco novo, e acho que muitas das músicas dele serão músicas de palco. Em um show em Berlim, já tocamos seis novas músicas, acho que foram bem, deveremos continuar.
ZH – Qual a interpretação para o título do novo CD, Bananas? É algo político?
Glover – Cada um interpreta de um jeito. A idéia original para Bananas veio de uma foto tirada no Vietnã. Eu vi a imagem em um jornal da Austrália, era um cara carregando um montão de bananas em uma bicicleta. É a foto na contracapa do encarte do CD. Eu vi aquilo e disse pro Ian Gillan, que estava do meu lado no avião: "É um ótimo título para um disco, vamos chamá-lo "Bananas". Era uma brincadeira, mas ele gostou. Isso foi há uns três anos, não achamos um nome melhor. Mas é o tipo da coisa sem maiores significados. Lembro de quando era guri, há muitos anos, gostei muito de uma música que ouvi no rádio, mas não lembro que tenha sido um grande sucesso, porque a banda tinha um nome estúpido: "The Beatles" (risos). Se você falar com Ian Gillan, ele dirá que é uma coisa política. A banana é um produto que sofre uma série de regulações na Inglaterra. Ian ficou brabo com essas regras, que a banana tem de ter um determinado tamanho e curva. Bananas de outros países não podem ser vendidas na Europa, porque não atendem às regras. Para o Ian, é uma coisa muito política. Para mim, apenas gosto da idéia da incongruência: algo tão simples como uma banana pode ser tão pesado em grande quantidade. "Bananas", em inglês, é também uma gíria para "ficar maluco". No final, para uma banda como o Deep Purple, é difícil que a maioria das pessoas saiba que ela exista, que dirá que lançou um novo álbum. Então, um nome controverso ajuda (risos).
ZH – Há outra letra mais crítica, Picture of Innocence, algo não muito comum nas canções do Deep Purple.
Glover – Temos estado muito envolvidos com política, de uma forma geral. Nunca nos dissemos de esquerda ou direita, nem pró ou contra algo. Achamos que não é nossa tarefa. Como banda, temos opiniões diferentes, é impossível dar um ponto-de-vista. Picture of Innocence não é bem sobre política, mas sobre como estamos sendo homogeneizados, transformados no mesmo. Na União Européia, temos tido de nos conformar com regras, mas as pessoas são diferentes, querem se expressar de formas diferentes. As culturas são muito importantes. No Brasil, vocês são orgulhosos da sua cultura, porque é brasileira, e de nenhum outro lugar. Eu venho de um país pequeno, o País de Gales, temos nossa cultura, somos diferentes, é bom ser diferente.
ZH – Hoje, a banda toda vive na Inglaterra?
Glover – Não. Três moram na Inglaterra e eu e Steve (Morse) moramos nos Estados Unidos.
ZH – Há muito tempo você vive na Inglaterra?
Glover – Steve vive há muito mais tempo que eu, uma vez que ele nasceu aqui. Uma das alegrias de ter uma banda é viajar pelo mundo. Quanto mais viajo, mais percebo algo que John Lennon disse: "países são apenas homens fazendo coisas". Países na verdade não existem, não há fronteiras. Não me vejo como um músico britânico. "Imagine não haver países. É fácil se você imaginar", disse Lennon. Eu gosto de diferentes culturas, mas não gosto da idéia de um país ser melhor que outro. Patriotismo me parece um desperdício de fôlego. Os americanos gostam de dizer: "somos o melhor país do mundo". E não é. Isso não é apenas inútil, é também perigoso, pode levar à guerra, ao medo das outras pessoas. As pessoas não gostam de mudanças. Em uma banda como o Deep Purple, sim, nós mudamos. Temos de mudar, se não morremos. Há quem diga: "oh, não, vocês têm que ser como eram em 1970". Não posso sê-lo, assim como quem diz isso também não pode.
ZH – Você mencionou mudanças. Os fãs esperam que vocês toquem hoje exatamente como nos anos 70, ou é diferente quando a banda está no palco?
Glover – É diferente quando estamos no palco. Coisas ótimas aconteceram nos anos 70. Reconhecemos isso, temos ótimas lembranças, temos um grande passado. Mas o passado não é importante, não existe mais. O que existe é agora e o futuro, e o futuro ainda nem chegou. Não pensamos no passado, pensamos no que estamos fazendo agora e no que fazer a seguir. E no palco há algo especial. Vi uma banda tocando outro dia em Nova York, e achei muito boa. Era uma jovem banda inglesa, todos na faixa dos 20 anos, chamada Stedment. Eu nunca tinha ouvido falar deles. No outro dia, fui comprar o disco deles. Ouvi e não achei bom o disco. Há algo na música tocada ao vivo, uma eletricidade, que faz do show a melhor situação para se ouvir música, quando se vê o músico tocando. Não sei o que nossos fãs esperam, mas quando vamos dar um show, queremos dar tudo de nossa habilidade musical. Somos músicos, tocamos diferentemente a cada noite, há muita expressão e experimentação rolando. Acho que os fãs do Deep Purple perceberam isso ao longo do tempo. Não somos apenas volume alto, há um pouco de inteligência rolando.
ZH – Há duas músicas no novo álbum em que Jon Lord aparece como autor. Elas parecem ser as mais elaboradas do disco.
Glover – São as que estavam há mais tempo rolando. Começamos a compor esse repertório há dois ou três anos, e Jon ainda estava na banda. Essas músicas nunca ficaram realmente acabadas, eram apenas idéias brutas. Quando fomos fazer o disco, retrabalhamos os temas. Não acho que haja razão para elas serem diferentes só por terem Jon Lord como um dos autores. Talvez sejam um pouco mais complicadas, talvez porque estivéssemos apenas nos divertindo. Mas a faixa Bananas é também bem complicada, acho que isso não quer dizer nada.
ZH – Mas é muito diferente compor sem Jon Lord?
Glover – Sim, mas não é necessariamente ruim. Eu gosto de Jon, tenho muito respeito por ele. Não comparamos Don (Airey) com Jon, são pessoas diferentes, assim como não comparamos Steve (Morse) com Ritchie (Blackmore). Alguns fãs adoram compará-los, mas se nós o fizermos não teremos vida (risos). Don traz seu próprio caráter à banda. Sim, sentimos falta de Jon, que era e é um músico soberbo, mas Don também é. A coisa funciona bem. Jon vinha pensando em sair da banda nos últimos quatro ou cinco anos, nesse período ele não estava realmente dentro da banda. O último ano e meio tem sido bem melhor, porque Don é o nosso tecladista de qualquer forma.
ZH – Como vocês se conheceram?
Glover – Eu conheci Don quando estava no Rainbow, entre 79 e 80, virou um bom amigo. Depois, não o vi por alguns anos. Nos falamos quando o Cozy Powell morreu. Don, Cozy e eu éramos muito próximos nos tempos do Rainbow. Quando John ficou doente em uma turnê, pensamos: quem consegue tocar a parte do John? Don foi a escolha óbvia. Ligamos para ele, enviei uma fita e disse: Você pode aprender isso em dois dias? (risos) Ele veio e tocou com a gente, então foi uma escolha natural.
ZH – Como é hoje a relação da banda com seus ex-membros, como Ritchie Blackmore? Ainda há atrito entre ele e a banda?
Glover – Não que eu saiba, mas até onde ele se importa, sim. Quer dizer, não há contato com ele. Ele, por meio de seu agente, tem se preocupado em que não usemos o nome dele para mostrar nossa música. Nós não nos importamos muito com isso, para nós não é tão importante. Mas, quando ele ainda estava na banda, não havia muita comunicação mesmo. Então, não haver comunicação agora não quer dizer nada. Também não há comunicação entre nós e Joe Lynn Turner ou Glenn Hughes ou David Coverdale.
ZH – Não se teve mais notícia de Nick Simper e Rod Evans?
Glover – Eu não tive, na verdade não lembro. Nick Simper tocou numa banda chamada Warhorse, ou coisa parecida. Para ser honesto, não sei o que ele está fazendo agora, acho que ele toca em alguma banda na Inglaterra, mas não acho que seja algo de muito sucesso. Rod Evans desapareceu, ninguém sabe onde está. Depois do Purple, ele também teve uma banda, chamada Captain Beyond. Acho que ele se mudou para os EUA, mas ninguém sabe onde ele anda agora.
ZH – Você mencionou antes que assistiu uma banda nova tocando. Você percebe a influência do Deep Purple nas bandas atuais?
Glover – Acho que se percebem influências, mas não só do Deep Purple. O som do Deep Purple veio da música dos anos 50. Não diretamente, mas crescemos ouvindo isso, foi uma impressão muito forte. Acho que, no final dos anos 60 e início dos 70, o que se viu foi o nascimento do hard rock, que não poderá nascer de novo. Acho que ainda se ouve a influência das grandes bandas daquele tempo, como Led Zeppelin, Black Sabbath and Deep Purple. Mas não tenho nenhum orgulho pessoal disso, acho que aconteceu de eu estar na banda certa no lugar certo e na hora certa.
ZH – Não é então nada específico, tipo "esses caras estão tocando guitarra igual a nós"?
Glover – Não muito. Sim, às vezes você ouve, mas não acho que seja problema. Acho que é bajulação.
ZH – Que tipo de música você gosta de ouvir hoje?
Glover – O mesmo tipo de música que eu gostava de ouvir ontem (risos). Vou explicar: eu gosto de canções, antes de mais nada. Se apresentarem boas canções, vou gostar, não interessa se é uma banda, um grupo de heavy metal, Mariah Carey, Radiohead ou Fritz the Cat. Não procuro música velha ou nova. É tudo música. Há muita música por aí com a qual não me ocupo muito, não porque seja música ruim, mas por ser música feita por máquinas, não por músicos. Você pode fazer uma boa canção com uma máquina, mas não acredito que uma máquina possa fazer uma boa música. As pessoas podem se expressar, não interessa se usem máquinas ou instrumentistas, mas depende de como se usa. Há quem use as máquinas muito bem. Não sou contra tecnologia, ela é legal, o que conta é como usar. O que interessa é se você se conecta emocionalmente com as pessoas. Quando você compõe algo que atinge uma outra pessoa, é o que realmente o que conta.
ZH – Como você mencionou, o Purple é sempre citado como uma das maiores bandas do hard rock, ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath. Como vocês lidavam com isso na época? Havia competição entre as bandas?
Glover – Não lembro de nenhuma competição entre as bandas. Eu era um fã de Led Zeppelin, um grande fã. Não sabia realmente muita coisa sobre o Black Sabbath, não era meu tipo de música. Mas a música do Led Zeppelin eu achava fantástica. Não havia competição. Sabe, quando você é uma banda jovem e não tem sucesso nenhum, você se compara com todo mundo. Quando você conquista o sucesso, de repente você está em seu próprio mundo. Nunca fui muito competitivo a ponto de pensar em ser melhor do que alguém, pensava em ser diferente, o melhor é ser diferente.
ZH – Ser você mesmo.
Glover – Sim, sendo você mesmo você será diferente, todos são únicos. E é algo difícil ser você mesmo. Quando eu tinha 12 anos e estava aprendendo a tocar guitarra, a primeira coisa que fiz foi aprender músicas dos outros, os sucessos da época. Aí, você está tentando ser outra pessoa. É um longo processo de tornar-se você mesmo, demanda tempo e experiência.
ZH – Posso imaginar. Você começou tocando baixo ou começou na guitarra e depois passou para o baixo?
Glover – Comecei no violão, tocando alguns acordes e cantando músicas folk e sucessos da época. No colégio, formamos uma banda e fui para o baixo, não porque queria, mas porque um garoto sabia mais acordes que eu, e o outro tinha uma guitarra elétrica. Eles começaram a tocar, então fui para o baixo (risos). Mas adorei, gostei muito.
ZH – Quais eram os sucessos da época?
Glover – A primeira música que toquei foi Rock Island Line, do Lonnie Donegan, antes do rock'n'roll, logo antes. Lonnie Donegan foi um artista maravilhoso, foi um dos primeiros a tocar blues e gospel na Inglaterra. Muitos garotos ingleses cresceram ouvindo Lonnie Donegan. Ele ensinou os Beatles, o Eric Clapton, o Jimmy Page, ele foi o primeiro herói de todos os ingleses. E meu também. Ele morreu no ano passado. Depois dele, vieram Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley e houve uma grande mudança no mundo, lá por 55, 56, foi quando o rock'n'roll nasceu. Eu tinha 12, 13 anos, era uma época fantástica e eu tinha a idade perfeita. Antes disso, ninguém se expressava emocionalmente. As músicas eram feitas muito cuidadosamente, e tocadas com muito cuidado. Aí Little Richard apareceu gritando, pensei "puxa, nunca vi isso, alguém gritar". Era um tipo de música novo, aberto e excitante. Os jovens disseram: sim, é uma ótima forma de expressão. Os mais velhos não gostaram muito, não gostaram de ver emoções expressas tão abertamente. Preferiam algo como Frank Sinatra, que é ótimo. A música era feita cuidadosamente, não era algo selvagem. Nem um pouco.
ZH – Isso leva a outra pergunta: muitos críticos parecem achar que foram os punks que inventaram a energia no rock. Mas o próprio Deep Purple era uma das bandas mais energéticas, e você lembrou que Little Richard já era selvagem nos anos 50. Qual foi a sensação quando o punk rock apareceu e tentou bater todas as bandas que já existiam, havia uma sensação de destruição?
Glover – Nunca me afetei muito com a música punk. Música punk tinha tudo a ver com energia e não muito a ver com música. O que é bom, eu ouvia Sex Pistols e achava ótimo, porque havia muita atitude. Eu não achava isso um problema. Talvez o seu problema seja dar atenção aos críticos (risos). Cada um tem um ponto de vista. Se você nasceu numa determinada época, vai lembrar do que aconteceu a partir dali. Rock'n'roll foi a primeira coisa que eu ouvi. Para muita gente, o punk rock foi a primeira coisa que se ouviu, e o que veio antes soa antiquado. É como eles vêem. Entendo isso assim: a música parece andar em ondas, ciclos, e não vejo o punk rock como um outro estilo de música, mas como uma batalha entre negócios e arte. Às vezes você não gosta disso ou daquilo, mas é arte. Às vezes, é algo criativo, feito por artistas, músicos, escritores, que criam de coração, e isso faz sucesso porque é forte. Aí o mundo dos negócios toma a arte e faz com que uma porção de gente a copie, porque faz sucesso. Aí, o produto se torna diluído. Aí vem uma nova onda de artistas e faz algo diferente. O punk foi parte desse movimento. O hard rock foi a manutenção de uma onda. Em 1969, queríamos continuar o que Cream e Jimi Hendrix tinham começado. Daí, a coisa floresceu e se tornou muito grande no início dos anos 70, mas, lá por 1975, a única outra alternativa era a música disco. Naturalmente, o punk rock era bem diferente da disco, e foi um novo choque, o rock era pop de novo. E a próxima mudança de volta ao pop foi o grunge, Seatlle. E é um processo contínuo.
ZH – Então, não existe isso de "o rock está morto"?
Glover – O rock é um tipo de música, como o são o jazz, o gospel e o clássico. A música clássica mudou muito. Você ouve música clássica dos séculos 15 e 16 e ouve a dos séculos 18 e 19, é muito diferente. É o mesmo tipo de música, você vê as similaridades. Mas a raça humana evolui e muda as coisas. A diferença do Vivaldi pro Stravinsky é grande. Quando Stravinsky apresentou A Sagração da Primavera pela primeira vez, em Paris, a obra foi vaiada, e hoje é vista como uma das maiores obras da música erudita. Foi vaiada porque as pessoas não entenderam, não estavam preparadas para a mudança. O rock'n'roll também sofreu mudanças. O Deep Purple teve seu papel, temos sorte de ter nosso espaço durante um longo tempo. Nunca poderemos ser tão inovadores como éramos nos 70, era um período especial, é impossível sermos como éramos, ninguém normal pode ser como era há 30 anos. Não é questão de dizer se somos melhores ou não, é diferente. Mudar é bom, é necessário, você muda de pele de tempos em tempos."
"Show
Entrevista: Roger Glover, baixista do Deep Purple
Discreto e eficiente como manda o arquétipo do baixista de rock, Roger Glover é uma das principais forças dentro do Deep Purple e um dos remanescentes da chamada formação clássica da banda, do início dos anos 70. Sóbrio, mas bem-humorado, Glover falou a Zero Hora por telefone dos Estados Unidos, onde mora. Leia a íntegra da entrevista:
Zero Hora – Vocês escolheram começar a turnê pelo Brasil, é importante tocar aqui?
Roger Glover – É importante ir a todos os lugares. É uma questão de negócios, os agentes decidiram marcar os shows, não é uma escolha nossa.
ZH – O repertório será diferente no Brasil?
Glover – O Brasil verá um Deep Purple bem diferente do das últimas turnês. Nos últimos dois anos, vínhamos tocando o mesmo repertório em turnês e festivais, não tínhamos um novo disco. Agora, vai mudar, temos um disco novo, e acho que muitas das músicas dele serão músicas de palco. Em um show em Berlim, já tocamos seis novas músicas, acho que foram bem, deveremos continuar.
ZH – Qual a interpretação para o título do novo CD, Bananas? É algo político?
Glover – Cada um interpreta de um jeito. A idéia original para Bananas veio de uma foto tirada no Vietnã. Eu vi a imagem em um jornal da Austrália, era um cara carregando um montão de bananas em uma bicicleta. É a foto na contracapa do encarte do CD. Eu vi aquilo e disse pro Ian Gillan, que estava do meu lado no avião: "É um ótimo título para um disco, vamos chamá-lo "Bananas". Era uma brincadeira, mas ele gostou. Isso foi há uns três anos, não achamos um nome melhor. Mas é o tipo da coisa sem maiores significados. Lembro de quando era guri, há muitos anos, gostei muito de uma música que ouvi no rádio, mas não lembro que tenha sido um grande sucesso, porque a banda tinha um nome estúpido: "The Beatles" (risos). Se você falar com Ian Gillan, ele dirá que é uma coisa política. A banana é um produto que sofre uma série de regulações na Inglaterra. Ian ficou brabo com essas regras, que a banana tem de ter um determinado tamanho e curva. Bananas de outros países não podem ser vendidas na Europa, porque não atendem às regras. Para o Ian, é uma coisa muito política. Para mim, apenas gosto da idéia da incongruência: algo tão simples como uma banana pode ser tão pesado em grande quantidade. "Bananas", em inglês, é também uma gíria para "ficar maluco". No final, para uma banda como o Deep Purple, é difícil que a maioria das pessoas saiba que ela exista, que dirá que lançou um novo álbum. Então, um nome controverso ajuda (risos).
ZH – Há outra letra mais crítica, Picture of Innocence, algo não muito comum nas canções do Deep Purple.
Glover – Temos estado muito envolvidos com política, de uma forma geral. Nunca nos dissemos de esquerda ou direita, nem pró ou contra algo. Achamos que não é nossa tarefa. Como banda, temos opiniões diferentes, é impossível dar um ponto-de-vista. Picture of Innocence não é bem sobre política, mas sobre como estamos sendo homogeneizados, transformados no mesmo. Na União Européia, temos tido de nos conformar com regras, mas as pessoas são diferentes, querem se expressar de formas diferentes. As culturas são muito importantes. No Brasil, vocês são orgulhosos da sua cultura, porque é brasileira, e de nenhum outro lugar. Eu venho de um país pequeno, o País de Gales, temos nossa cultura, somos diferentes, é bom ser diferente.
ZH – Hoje, a banda toda vive na Inglaterra?
Glover – Não. Três moram na Inglaterra e eu e Steve (Morse) moramos nos Estados Unidos.
ZH – Há muito tempo você vive na Inglaterra?
Glover – Steve vive há muito mais tempo que eu, uma vez que ele nasceu aqui. Uma das alegrias de ter uma banda é viajar pelo mundo. Quanto mais viajo, mais percebo algo que John Lennon disse: "países são apenas homens fazendo coisas". Países na verdade não existem, não há fronteiras. Não me vejo como um músico britânico. "Imagine não haver países. É fácil se você imaginar", disse Lennon. Eu gosto de diferentes culturas, mas não gosto da idéia de um país ser melhor que outro. Patriotismo me parece um desperdício de fôlego. Os americanos gostam de dizer: "somos o melhor país do mundo". E não é. Isso não é apenas inútil, é também perigoso, pode levar à guerra, ao medo das outras pessoas. As pessoas não gostam de mudanças. Em uma banda como o Deep Purple, sim, nós mudamos. Temos de mudar, se não morremos. Há quem diga: "oh, não, vocês têm que ser como eram em 1970". Não posso sê-lo, assim como quem diz isso também não pode.
ZH – Você mencionou mudanças. Os fãs esperam que vocês toquem hoje exatamente como nos anos 70, ou é diferente quando a banda está no palco?
Glover – É diferente quando estamos no palco. Coisas ótimas aconteceram nos anos 70. Reconhecemos isso, temos ótimas lembranças, temos um grande passado. Mas o passado não é importante, não existe mais. O que existe é agora e o futuro, e o futuro ainda nem chegou. Não pensamos no passado, pensamos no que estamos fazendo agora e no que fazer a seguir. E no palco há algo especial. Vi uma banda tocando outro dia em Nova York, e achei muito boa. Era uma jovem banda inglesa, todos na faixa dos 20 anos, chamada Stedment. Eu nunca tinha ouvido falar deles. No outro dia, fui comprar o disco deles. Ouvi e não achei bom o disco. Há algo na música tocada ao vivo, uma eletricidade, que faz do show a melhor situação para se ouvir música, quando se vê o músico tocando. Não sei o que nossos fãs esperam, mas quando vamos dar um show, queremos dar tudo de nossa habilidade musical. Somos músicos, tocamos diferentemente a cada noite, há muita expressão e experimentação rolando. Acho que os fãs do Deep Purple perceberam isso ao longo do tempo. Não somos apenas volume alto, há um pouco de inteligência rolando.
ZH – Há duas músicas no novo álbum em que Jon Lord aparece como autor. Elas parecem ser as mais elaboradas do disco.
Glover – São as que estavam há mais tempo rolando. Começamos a compor esse repertório há dois ou três anos, e Jon ainda estava na banda. Essas músicas nunca ficaram realmente acabadas, eram apenas idéias brutas. Quando fomos fazer o disco, retrabalhamos os temas. Não acho que haja razão para elas serem diferentes só por terem Jon Lord como um dos autores. Talvez sejam um pouco mais complicadas, talvez porque estivéssemos apenas nos divertindo. Mas a faixa Bananas é também bem complicada, acho que isso não quer dizer nada.
ZH – Mas é muito diferente compor sem Jon Lord?
Glover – Sim, mas não é necessariamente ruim. Eu gosto de Jon, tenho muito respeito por ele. Não comparamos Don (Airey) com Jon, são pessoas diferentes, assim como não comparamos Steve (Morse) com Ritchie (Blackmore). Alguns fãs adoram compará-los, mas se nós o fizermos não teremos vida (risos). Don traz seu próprio caráter à banda. Sim, sentimos falta de Jon, que era e é um músico soberbo, mas Don também é. A coisa funciona bem. Jon vinha pensando em sair da banda nos últimos quatro ou cinco anos, nesse período ele não estava realmente dentro da banda. O último ano e meio tem sido bem melhor, porque Don é o nosso tecladista de qualquer forma.
ZH – Como vocês se conheceram?
Glover – Eu conheci Don quando estava no Rainbow, entre 79 e 80, virou um bom amigo. Depois, não o vi por alguns anos. Nos falamos quando o Cozy Powell morreu. Don, Cozy e eu éramos muito próximos nos tempos do Rainbow. Quando John ficou doente em uma turnê, pensamos: quem consegue tocar a parte do John? Don foi a escolha óbvia. Ligamos para ele, enviei uma fita e disse: Você pode aprender isso em dois dias? (risos) Ele veio e tocou com a gente, então foi uma escolha natural.
ZH – Como é hoje a relação da banda com seus ex-membros, como Ritchie Blackmore? Ainda há atrito entre ele e a banda?
Glover – Não que eu saiba, mas até onde ele se importa, sim. Quer dizer, não há contato com ele. Ele, por meio de seu agente, tem se preocupado em que não usemos o nome dele para mostrar nossa música. Nós não nos importamos muito com isso, para nós não é tão importante. Mas, quando ele ainda estava na banda, não havia muita comunicação mesmo. Então, não haver comunicação agora não quer dizer nada. Também não há comunicação entre nós e Joe Lynn Turner ou Glenn Hughes ou David Coverdale.
ZH – Não se teve mais notícia de Nick Simper e Rod Evans?
Glover – Eu não tive, na verdade não lembro. Nick Simper tocou numa banda chamada Warhorse, ou coisa parecida. Para ser honesto, não sei o que ele está fazendo agora, acho que ele toca em alguma banda na Inglaterra, mas não acho que seja algo de muito sucesso. Rod Evans desapareceu, ninguém sabe onde está. Depois do Purple, ele também teve uma banda, chamada Captain Beyond. Acho que ele se mudou para os EUA, mas ninguém sabe onde ele anda agora.
ZH – Você mencionou antes que assistiu uma banda nova tocando. Você percebe a influência do Deep Purple nas bandas atuais?
Glover – Acho que se percebem influências, mas não só do Deep Purple. O som do Deep Purple veio da música dos anos 50. Não diretamente, mas crescemos ouvindo isso, foi uma impressão muito forte. Acho que, no final dos anos 60 e início dos 70, o que se viu foi o nascimento do hard rock, que não poderá nascer de novo. Acho que ainda se ouve a influência das grandes bandas daquele tempo, como Led Zeppelin, Black Sabbath and Deep Purple. Mas não tenho nenhum orgulho pessoal disso, acho que aconteceu de eu estar na banda certa no lugar certo e na hora certa.
ZH – Não é então nada específico, tipo "esses caras estão tocando guitarra igual a nós"?
Glover – Não muito. Sim, às vezes você ouve, mas não acho que seja problema. Acho que é bajulação.
ZH – Que tipo de música você gosta de ouvir hoje?
Glover – O mesmo tipo de música que eu gostava de ouvir ontem (risos). Vou explicar: eu gosto de canções, antes de mais nada. Se apresentarem boas canções, vou gostar, não interessa se é uma banda, um grupo de heavy metal, Mariah Carey, Radiohead ou Fritz the Cat. Não procuro música velha ou nova. É tudo música. Há muita música por aí com a qual não me ocupo muito, não porque seja música ruim, mas por ser música feita por máquinas, não por músicos. Você pode fazer uma boa canção com uma máquina, mas não acredito que uma máquina possa fazer uma boa música. As pessoas podem se expressar, não interessa se usem máquinas ou instrumentistas, mas depende de como se usa. Há quem use as máquinas muito bem. Não sou contra tecnologia, ela é legal, o que conta é como usar. O que interessa é se você se conecta emocionalmente com as pessoas. Quando você compõe algo que atinge uma outra pessoa, é o que realmente o que conta.
ZH – Como você mencionou, o Purple é sempre citado como uma das maiores bandas do hard rock, ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath. Como vocês lidavam com isso na época? Havia competição entre as bandas?
Glover – Não lembro de nenhuma competição entre as bandas. Eu era um fã de Led Zeppelin, um grande fã. Não sabia realmente muita coisa sobre o Black Sabbath, não era meu tipo de música. Mas a música do Led Zeppelin eu achava fantástica. Não havia competição. Sabe, quando você é uma banda jovem e não tem sucesso nenhum, você se compara com todo mundo. Quando você conquista o sucesso, de repente você está em seu próprio mundo. Nunca fui muito competitivo a ponto de pensar em ser melhor do que alguém, pensava em ser diferente, o melhor é ser diferente.
ZH – Ser você mesmo.
Glover – Sim, sendo você mesmo você será diferente, todos são únicos. E é algo difícil ser você mesmo. Quando eu tinha 12 anos e estava aprendendo a tocar guitarra, a primeira coisa que fiz foi aprender músicas dos outros, os sucessos da época. Aí, você está tentando ser outra pessoa. É um longo processo de tornar-se você mesmo, demanda tempo e experiência.
ZH – Posso imaginar. Você começou tocando baixo ou começou na guitarra e depois passou para o baixo?
Glover – Comecei no violão, tocando alguns acordes e cantando músicas folk e sucessos da época. No colégio, formamos uma banda e fui para o baixo, não porque queria, mas porque um garoto sabia mais acordes que eu, e o outro tinha uma guitarra elétrica. Eles começaram a tocar, então fui para o baixo (risos). Mas adorei, gostei muito.
ZH – Quais eram os sucessos da época?
Glover – A primeira música que toquei foi Rock Island Line, do Lonnie Donegan, antes do rock'n'roll, logo antes. Lonnie Donegan foi um artista maravilhoso, foi um dos primeiros a tocar blues e gospel na Inglaterra. Muitos garotos ingleses cresceram ouvindo Lonnie Donegan. Ele ensinou os Beatles, o Eric Clapton, o Jimmy Page, ele foi o primeiro herói de todos os ingleses. E meu também. Ele morreu no ano passado. Depois dele, vieram Little Richard, Chuck Berry, Elvis Presley e houve uma grande mudança no mundo, lá por 55, 56, foi quando o rock'n'roll nasceu. Eu tinha 12, 13 anos, era uma época fantástica e eu tinha a idade perfeita. Antes disso, ninguém se expressava emocionalmente. As músicas eram feitas muito cuidadosamente, e tocadas com muito cuidado. Aí Little Richard apareceu gritando, pensei "puxa, nunca vi isso, alguém gritar". Era um tipo de música novo, aberto e excitante. Os jovens disseram: sim, é uma ótima forma de expressão. Os mais velhos não gostaram muito, não gostaram de ver emoções expressas tão abertamente. Preferiam algo como Frank Sinatra, que é ótimo. A música era feita cuidadosamente, não era algo selvagem. Nem um pouco.
ZH – Isso leva a outra pergunta: muitos críticos parecem achar que foram os punks que inventaram a energia no rock. Mas o próprio Deep Purple era uma das bandas mais energéticas, e você lembrou que Little Richard já era selvagem nos anos 50. Qual foi a sensação quando o punk rock apareceu e tentou bater todas as bandas que já existiam, havia uma sensação de destruição?
Glover – Nunca me afetei muito com a música punk. Música punk tinha tudo a ver com energia e não muito a ver com música. O que é bom, eu ouvia Sex Pistols e achava ótimo, porque havia muita atitude. Eu não achava isso um problema. Talvez o seu problema seja dar atenção aos críticos (risos). Cada um tem um ponto de vista. Se você nasceu numa determinada época, vai lembrar do que aconteceu a partir dali. Rock'n'roll foi a primeira coisa que eu ouvi. Para muita gente, o punk rock foi a primeira coisa que se ouviu, e o que veio antes soa antiquado. É como eles vêem. Entendo isso assim: a música parece andar em ondas, ciclos, e não vejo o punk rock como um outro estilo de música, mas como uma batalha entre negócios e arte. Às vezes você não gosta disso ou daquilo, mas é arte. Às vezes, é algo criativo, feito por artistas, músicos, escritores, que criam de coração, e isso faz sucesso porque é forte. Aí o mundo dos negócios toma a arte e faz com que uma porção de gente a copie, porque faz sucesso. Aí, o produto se torna diluído. Aí vem uma nova onda de artistas e faz algo diferente. O punk foi parte desse movimento. O hard rock foi a manutenção de uma onda. Em 1969, queríamos continuar o que Cream e Jimi Hendrix tinham começado. Daí, a coisa floresceu e se tornou muito grande no início dos anos 70, mas, lá por 1975, a única outra alternativa era a música disco. Naturalmente, o punk rock era bem diferente da disco, e foi um novo choque, o rock era pop de novo. E a próxima mudança de volta ao pop foi o grunge, Seatlle. E é um processo contínuo.
ZH – Então, não existe isso de "o rock está morto"?
Glover – O rock é um tipo de música, como o são o jazz, o gospel e o clássico. A música clássica mudou muito. Você ouve música clássica dos séculos 15 e 16 e ouve a dos séculos 18 e 19, é muito diferente. É o mesmo tipo de música, você vê as similaridades. Mas a raça humana evolui e muda as coisas. A diferença do Vivaldi pro Stravinsky é grande. Quando Stravinsky apresentou A Sagração da Primavera pela primeira vez, em Paris, a obra foi vaiada, e hoje é vista como uma das maiores obras da música erudita. Foi vaiada porque as pessoas não entenderam, não estavam preparadas para a mudança. O rock'n'roll também sofreu mudanças. O Deep Purple teve seu papel, temos sorte de ter nosso espaço durante um longo tempo. Nunca poderemos ser tão inovadores como éramos nos 70, era um período especial, é impossível sermos como éramos, ninguém normal pode ser como era há 30 anos. Não é questão de dizer se somos melhores ou não, é diferente. Mudar é bom, é necessário, você muda de pele de tempos em tempos."
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